sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Obrigada tia Joana

Primeiro poema dedicado à minha linda M...

  • Ensaia um sorriso
  • e oferece-o a quem não teve nenhum.
  • Agarra um raio de sol
  • e desprende-o onde houver noite.
  • Descobre uma nascente
  • e nela limpa quem vive na lama.
  • Toma uma lágrima
  • e pousa-a em quem nunca chorou.
  • Ganha coragem
  • e dá-a a quem não sabe lutar.
  • Inventa a vida
  • e conta-a a quem nada compreende.
  • Enche-te de esperança
  • e vive à sua luz.
  • Enriquece-te de bondade
  • e oferece-a a quem não sabe dar.
  • Vive com amor
  • e fá-lo conhecer ao Mundo.

(Mahatma Gandhi)

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O clic

Sempre defendi e defendo que o mito da mãe apaixonadíssima pelo filho recém-nascido no momento do parto não é geral. Há mulheres que psicologica e emocionalmente precisam de mais algum tempo para se adaptar aquele novo ser totalmente dependente e que não conheciam de lado nenhum. E sempre achei que eu iria ser uma delas. Posso dizer que tal teoria confirmou-se. A M. nasceu, o pai veio trazer-ma para eu a ver e confesso que aquele sentimento puro não surgiu. É claro que com isto não quero dizer que não senti nada. Como seres humanos que somos, e por isso mesmo racionais, deixamos que as emoções nos invadam. Não sou assim tão fria. Mas aquele clic de que se fala não foi naquele momento. Foi na 2ª noite. Estávamos sozinhas no quarto do hospital - o pai já tinha ido para casa - era de madrugada e ela estava a passar um mau bocado. Deve ser aterrador nascer. Aquele espaço quentinho e só nosso desaparece e de repente não temos nada onde encostar, é todo um universo de espaço vazio por preencher. Dormia, mas um sono muito agitado. O meu instinto foi dar-lhe o dedo para ela agarrar (é mesmo fantástico o reflexo de preensão) e com outro dedo fazer festinhas na cara ao de leve. Ela acalmava e dormia mais tranquilamente. Passei a noite nisto. De cada vez que eu adormecia e deixava de ser uma presença activa no seu sono, ela gemia, ou melhor dava guinchinhos (o meu som preferido num recém-nascido, aliás). Ao fim de umas horas, deu-se o clic. Estava com ela ao colo - tinha acordado a chorar - e muito de repente fui invadida. É algo de estranho, que não dá pré-aviso e que nos entra alma dentro. E pronto, de repente, aquele ser pequenino que é a minha filha, a olhar para mim com aquele ar indefeso, passou também a ser a minha paixão.

Cagada geral!!!

Ontem à noite, a minha menina achou que era divertido brincar às fraldas... Eram 2h da manhã, tinha ela mamado e ficado satisfeita e já estávamos no processo difícil do arrotar (é um tormento). Arrotou ao mesmo tempo que deu dois estoiros na fralda. Lá se mudou a fralda que estava bastante inutilizada com o seu presente amigo para os pais. Acabada de vestir - a azáfama do body, das calças, das meias e do babygrow acaba por cansar, é muita roupa! - e limpinha, pego nela ao colo e ... zás! Outro bombardeamento! Toca de tirar roupa, limpar rabo e mudar de fralda. Veste novamente e pega novamente ao colo para ir para a cama dela. Mas não... Sua excelência, com um semi-sorriso, daqueles à sacana, emite mais uns sons pela via de baixo! Eu ainda quis acreditar que era apenas ar, mas o pai, mais descrente, confirmou que não. Era mais uma cagada... E por isso, vira o disco e toca o mesmo. Pensa-se que, à terceira é de vez, certo? Mas nãããããooooo... Como nossa amiga que é, ainda nos ofereceu mais uma prenda. Desta vez, desistimos e a fralda ficou. Na mamada seguinte, mudou-se. O sono não deu para mais...

domingo, 18 de novembro de 2007

Curso de preparação para o parto

Há já uns tempos que quero fazer esta referência. Infelizmente, já a faço depois do parto, mas nunca é tarde para estas coisas. Nos livros vem escrito que se deve fazer a preparação para o parto a partir das 27-28 semanas de gestação. Às 27 semanas comecei a procurar nos foruns na net, onde seria melhor, e por portas travessas e um caminho muito sinuoso acabei por ir parar à enfermeira Cristina. Dá o curso na Associação dos Francisquinhos, no Restelo, mesmo em frente ao EMGFA, começando por volta das 25 semanas e acabando com um curso pós-parto, com a respectiva ginástica. Até aqui nada de novo, quer dizer um pouco, porque o pós-parto costuma ser uma coisa à parte para quem quiser pagar mais. Fui falar com ela e percebi que apesar das condições físicas do espaço, não haveria melhor. Inscrevi-me sem pensar muito. Durante a semana há uma aula só para nós mulheres, para aprender tudo sobre respiração, o período expulsivo, marcar o erro e encaixar a criança. Ao sábado, há uma aula para os pais inclusive de puericultura, onde se aprende tudo sobre banhos, amamentação, cremes, pele, ranhocas e afins. Nenhuma aula teve alguma vez a duração de 1h30 como é suposto. Pelo menos mais uma hora e ao sábado temos direito a coffee break, com os bolinhos que nós mesmas levamos. A enfermeira XXL (é essa a sua imagem de marca, e quem a conhece percebe porquê) marca presença só por si. Tem uma paciência de Job para as perguntas mais ignorantes e bárbaras que possa haver, deixa-nos conviver e acima de tudo faz-nos sentir que não estamos sozinhas nesta aventura. Não me chegam as palavras para os elogios que lhe quero tecer, especialmente na amizade que ela revela para connosco, tanto às mães, como aos pais. Oferece coisas e amostras, e devo dizer que até agora foram as coisas que ela nos recomendou que nos têm safado. O telemóvel está sempre, mas SEMPRE, disponível, seja para que pergunta for (mesmo para qual a marca do leite de suplemento a comprar às 4h da manhã). Ninguém que eu lá conhecesse não fez o mesmo percurso que eu - assim que tivemos um sinal de parto ligámos imediatamente para ela e lá ficou ela de plantão a aguardar notícias (mais uma vez, não interessa a hora). Mas no meu caso em especial, quero e necessito de lhe fazer a homenagem. Para além de ter recebido os parabéns na maternidade pelo trabalho de parto que fiz durante as contracções (e este elogio é geral para as suas pupilas quando chega o dia), no 2º dia de vida da M., a amamentação não estava a correr muito bem. Ela adormecia ao fim de 2 sugadelas e era um tormento fazê-la comer. Perdeu 290g num abrir e fechar de olhos. Liguei-lhe e ela perguntou-me se podia lá ir. E apareceu. Com a tia Cristina, a M. mamou quase 1h seguida! Ensinou-me o que fazer e explicou que era normal esta dificuldade porque estamos a falar de um bébé com 37 semanas, que por ainda não ter o tempo todo, tem de ser ensinada a mamar. Não são todos que no domingo às 21h30 vão ao hospital ver uma quase desconhecida para a ajudar a dar de mamar... Para além disso, o telefone tem funcionado, com perguntas daqui da chata. Por isso, um grande saravá para ela e um muito obrigada! E garanto que nem eu, nem a M., alguma vez nos vamos esquecer do famoso "Tac, tac, tac!" das contracções a começar, do "tudo mole, tudo relaxado" e do "cha-cha-cha amachucado"...

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Nasceu!

A minha pipoquinha já cá está! Nasceu no sábado, dia 10, às 23h24, de cesariana. É claro que como eu sempre disse, tinha de demonstrar o seu mau feitio. As 40 semanas eram só no dia 30, o médico dizia que devia ser lá para dia 15-16, eu tinha o palpite dos dias 20s por causa da lua, o pai, coitado, desesperado que nascesse, achava que podia ser "amanhã" - ela desempatou, não fazendo a vontade a ninguém. Assim, depois de uma aula do curso de preparação para o parto, onde aprendemos tudo sobre a pele dos bébés e cuidados afins, de um magusto cheio de bébés nas instalações do dito curso e de uma ida a duas lojas em busca de cortinados para sua excelência, rebentaram-se-me as águas... Estava há meia-hora deitada no sofá, quando fui à WC e vi água a sair. Como sou esperta do cabeça, com os nervos, o que fiz? É claro! Comi um pacote de batatas fritas inteirinho, e dos grandes... Liguei ao médico, que me mandou ir andando para o hospital e pusemo-nos a caminho. É claro que como precavidos que somos, ainda não tínhamos feito o caminho para o dito, pelo que tivemos de pedir indicações 3 vezes... Chegados lá, fizeram-me o toque (de tudo foi definitivamente o pior) e a enfermeira ligou ao nosso amigo Dr. Chitas a dizer que o colo do útero estava completamente verde - "nem um dedo lá passa!". Assim, marcaram-me a cesariana para as 22h que era quando havia sala. Menos mau, pensei eu, são só 2 horas de espera. Foi quando me perguntaram o que tinha comido. As ditas batatas obrigaram-me a esperar - eram precisas 6 h de jejum!!! Começaram as contracções, o CTG ia mostrando 120/130, e eu a respirar (ou melhor, a arfar) como tinha aprendido no curso. O B. com os nervos, ao ver-me aflita com dores, a certa altura perguntou-me "mas tu não aprendeste mais nada?!" Chegou o médico às 22h30, falou com a anestesista e achou melhor antecipar um pouco a coisa. Mais valia vomitar um pouco do que ter contracções disse ele. Segui então para a sala de cesarianas. Agora, quem me conhece, sabe o quão a minha fobia às agulhas é grave. Felizmente, já me tinham posto o cateter e viram a minha figurinha, por isso, a própria enfermeira foi falar com a anestesista para avisá-la. Eu por minha vez, já totalmente em pânico (no sentido literal da palavra) expliquei que não conseguiriam fazer nada de mim sem o B. a segurar-me. Ele vinha do corredor tão esbaforido para me aguentar, que ia entrando com a roupa da rua, sem qualquer esterelização. Ainda levou um grito da enfermeira. Acabaram por me dar a desgraçada com o total e completo descontrolo da minha parte. Chorei e berrei como se estivesse a parir à séria. Em 3 partes, lá me enfiaram a coisa nas costas, com todos, inclusive o médico, de roda de mim a acalmar-me. Depois foram 20 min. com o B. sentado atrás de mim, a assegurar-me que não estava a ver nada, como me tinha prometido, para não lhe dar o treco. Quando o Dr. Chitas disse, "vai nascer", não é que o meu excelso marido se levantou e tirou fotos dela tipo coelho esfolado, pendurada pelos pés em cima da minha barriga. E pronto, enquanto me cosiam, o B. andou feito paparazzi a tirar fotos à menina e numa roda-vida para cá e para lá para me perguntar se estava bem. Foi ele que ma trouxe para a ver e a anestesista ainda nos tirou fotos aos 3. Quando se acabou e fomos para o quarto, levaram logo a M. connosco, para que lhe desse logo de mamar. E assim foi. Foi quando disse ao B. "É agora que começa a verdadeira aventura". E de facto, começou...

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

37 semanas acabadas de fazer

Mais uma visita ao Sr. Dr. Mediu a barriga, apalpou a cachopa pelo lado de fora, ouviu-lhe o coração e concluiu que a rapariga recomenda-se. Depois estreei-me no toque. É claro, que nada de extraordinário, não foi algo muito a sério, foi só um cheirinho. Com o B. a ver- ficou um pouco impressionado - lá andou a tentar apalpar a miúda. A conclusão: ainda está muito para cima, apesar de já ter a cabeça para baixo e continua na mesma posição maravilhosa da ponte (tem sempre o raio do pé espetado no lado direito da barriga de forma visível externamente - é a marca dela). A expressão usada pelo Dr. Chitas foi "tive de enfiar quase até cá acima para lhe sentir a cabeça", indicando o ombro como o "cá acima". O colo do útero está ainda a 80%,ou seja, ainda falta muito para que a je esteja preparada para o parto, o que é normal, tendo em conta as semanas. Assim, mais um papel com análises (eu que adoro picas) e mais uma consulta na próxima 3ª feira. O palpite deixado depois de alguma insistência minha - o homem só sabe dizer para eu ter calma - foi de que se ela não encaixar a cabeça no canal na próxima semana e meia, mais coisa, menos coisa, é porque já não deve encaixar, pelo que lá para as 38 semanas, se ela continuar com este mau feitiozinho, marca-se cesariana. No meu entender, é de esperar mais um pouco e dar tempo ao tempo, por isso, essa coisa do marcar já, se calhar não é bem assim. Enfim, a ver vamos. Para a semana aviltrarei eu o meu palpite para atirar o parto mais perto das 40 semanas. Não sei o que dirá. Veremos...

Rendi-me...

Cor-de-rosa... A cor que eu não queria adoptar genericamente para a minha filha. Porém, o marido com a mania das meninices e do mimoso tanto andou que lá conseguiu penetrar nesta minha mente teimosa. Isto das hormonas não tem graça nenhuma - ficamos mais moles e compassivas! E por isso, lá pintou o quarto de rosa (só duas paredes - o que é que pensam? Que me vendi totalmente?!) e conseguiu a decoração em volta da mesmíssima cor. Apaixonei-me pela Noukies, pela "querideza", pelos bonecos e pela qualidade - são hipo-alergénos e muuuuuuuito fofinhos. Adoptámos a Lola (o boneco rosa, pois está claro), depois de algumas tentativas minhas, é claro falhadíssimas, para adoptar o urso ou os índios. Nem o "olha que querido é o focinho do bicho" com ar de cão abandonado resultou. A sua princesa vai ter tudo a que tem direito. E pronto, comprámos o resguardo, a colcha e o xó-xó (para quem ainda não entende o linguajar parental, é o boneco que substitui a antiga fralda de pano amiga que ajuda o bébé a dormir... Eu sei, é todo um dicionário que é preciso quando se entra neste mundo!). Ficaram por comprar, sim porque isto de irmos ser pais sai caro, os bonecos de madeira para colar na estante, a régua e a aquela coisa que se pendura aos pés da cama. É claro que já estão na lista do Pai Natal, que já avisou que assim que apanhar a mãe controlada na maternidade vai perder a cabeça nas lojas - pelo menos foi querido, avisou...

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Afinal não sou assim tão original!!!

Quem me conhece sabe que sou fanática por BD, sobretudo a francófona - isso inclui Astérix, Spirou e Fantásio, Tintin (não tanto) e outros tantos. Pois o Público há uns tempos editou 9 livros inéditos em Portugal do Spirou e Fantásio, e é claro, apesar da incompreensão do marido, aqui a je lá foi religiosamente comprá-los todos. Pois ontem, a ler "O pânico na abadia" descobri que a aventura se passa em parte numa vila abandonada e supostamente assombrada chamada... Quintal das Couves!!! Afinal, não fui a primeira!!! Não deixa de ser engraçado descobrir que a minha imagem de marca de há 7 anos já tinha sido inventada em... 1972 - o ano em que eu nasci! Descobri o verdadeiro nome em francês que deu origem à tradução em português deste plágio tão vil - Peigneboeuf-les-Choux. Não percebo a tradução...

Etapa final

E pronto! Mandaram-me para casa. O médico diz que as contracções excessivas não são assim tão normais às 35 semanas, e que isso deve-se sobretudo a dois factores - ao vai-e-vem Lisboa/Sintra diário em para-arranca e a minha cabeça a stressar. Por isso, o remédio prescrito foi o mais antigo: repouso! Como diz a enfermeira onde estou a fazer o curso de preparação para o parto, virei dondoca. Só tem um problema - não tenho feitio para tal proeza... Já meti na cabeça as coisas que tenho de fazer para me entreter: a casa por arrumar (isto do instinto do ninho é mesmo verdade), o livro a ler e os passeios a fazer para não ficar enfiada em casa o dia inteiro. Senão vai correr mal, é tão certo como 2 e 2 serem 4... Quero ver se ainda consigo arranjar maneira de frequentar uma piscina qualquer para dar umas braçadas, sem stresses... De resto, está tudo bem com a minha M. Ainda não está com a cabeça encaixada, apesar de já estar de cabeça para baixo, e o prognóstico é o da 2ª quinzena de Novembro. São por isso, mais 2-3 semanas para descansar, porque depois vem aí o cansaço total. Na 3ª volto ao senhor doutor, para controlar a evolução da menina.