domingo, 18 de janeiro de 2009

Natal

Um dia cheio de polvo frito, rabanadas (que nós chamamos de fritas lá para cima), filhoses, doces e muita, muita confusão. O dia é infernal, com os entras e sais de toda a gente, os meus cunhados até à última a trabalhar na padaria (é a época de maior trabalho) e eu a tomar conta da pequenada com a ajuda do B. Calhou-me a mim cumprir o papel de tia e madrinha e dei banho às três, vesti e sequei o cabelo, dando-me a certeza da loucura que é ter mais do que um, com pouca diferença de idade, especialmente se forem terrabentas como as duas mais pequenas... O jantar na casa dos meus sogros é constituído por vários pratos: açorda de bacalhau, bacalhau cozido e arroz de polvo. A açorda é tradição da casa do sogro que a mulher respeita anualmente, o bacalhau porque faz parte da ceia de Natal na Beira Alta e o arroz de polvo porque sim. Confesso que já tenho saudades do bacalhau guizado que a minha avó do norte fazia na panela de ferro preto de três pernas à lareira, com colorau. As sobremesas são mais que muitas, mas nunca faltam duas coisas: o pudim de ovos e o doce de serradura. Gabo-me de este último ter sido importado por mim da minha família da Madeira para a tradição desta família. Sentamos-nos à mesa já tarde, por causa da mercearia e padaria que fecham tarde naquele dia, mas com muito barulho e gargalhadas pelo meio. Os presentes foram antecipados porque a pequenada já não aguentava mais, e lá se distribuiram. Primeiro a prima mais velha, depois a mais nova. A M. para o ano vai entrar nestas andanças, mas desta vez ficou-se entretida no meio dos papeis de embrulho, sem perceber o que se estava ali a passar. Com sorte, ainda há polvo frito, num dos pratos que a sogra escondeu pela casa - este ano foram 8 kg de polvo e, mesmo assim, houve guerra... No final, fica-se à conversa, já tudo meio a dormir, tendo eu ficado sossegada a ver um filme, para cumprir pelo menos uma das minhas tradições de Natal.

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