quarta-feira, 27 de maio de 2009

Pá e Vassoura

É uma das diversões preferidas em casa da avó: ir buscar a pá e a vassoura, gigantes para este ser pequenino, e tentar usar. Por vezes parece uma cena de filme cómico, com toda a gente a fugir do cabo da vassoura, que anda descontrolado de um lado para o outro, ao sabor das suas voltas e contravoltas. Esperemos que mantenha o gosto por ambas na adolescência!!!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Galaró

Dia de ginástica. Muita agitação como de costume. Uma corrida pelo tapete afora, um tropeção e... Pimba! Um mergulho com a testa direitinha ao alvo - o pilar de uma trave. Vi o galo crescer no meio da testa em segundos. Nem queria acreditar que era possível visualizar a coisa. A M. chorou ao colo e depois ficou parada, sem grandes reacções. Arrotou três vezes. Foi o suficiente para decidir levá-la às urgências (mãe de 1ª água, bem sei...). Fui a casa buscar o B., senão o drama seria maior, e seguimos para o hospital, onde por acaso estava a pediatra da M. de serviço. Tivemos sorte. Viu-a logo e explicou que estava tudo bem. A parte frontal é demasiado dura para fracturas, pelo que será muito difícil que uma mera pancada, mesmo que seca, cause maiores danos para além de galos. A zona parietal, sim, é que é de preocupar, pois fractura muito facilmente. A falta de reacção dela pode ter sido só a reacção à dor. Prescrição: muito gelo e Arnigel, um stick feito à base de arnica que é bom para nódoas negras e galos. Mais um susto. Pequenino.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Evoluída

Tem de ser... Não consigo não contar, mesmo que pareça que me estou a vangloriar... A tia S. é psicóloga e está a especializar-se em psicologia infantil, o que me permite ter muitas dicas do trabalho feito em casa com a nossa filha. Há uns tempos, contou-me que fez uma avaliação a uma criança com mais meio ano do que a M., o que nesta idade faz muita diferença em termos cognitivos. No final do teste, concluiu que aquela menina estava dentro dos parâmetros normais, na escala de 50 em 100. Mas também concluiu que ela sabia fazer menos coisas do que a M., o que implicava que ou o teste não estava bem feito, ou a M. é super inteligente. Questionou o seu professor e mentor, um supra-sumo na área em Portugal nesta matéria. Resposta: "a sua sobrinha não é super-dotada, está é sobre-estimulada. Se os pais quiserem e tiverem paciência conseguem pô-la a ler aos 4 anos.". Não vou tão longe, mas que inchei, inchei... Não tem explicação, o perceber-se o como se está a fazer um bom trabalho com os nossos filhos.

1, 2, 3

Há cerca de mês e meio, a minha tia estava a entretê-la enquanto eu lhe mudava a fralda. Pegou na mãozita dela e foi contando devagar os dedos - um, dois, três, quatro, cinco! Tantas vezes disse, que a M. tentou repetir o som. Ficámos espantadas, a minha tia em êxtase por ter iniciado a M. nos primórdios do contar. A partir daí comecei a contar tudo o que desse para contar - os degraus, os dedos, as bolas, não interessa. Não me estiquei para além do três, por achar já estar a pedir muito da filha. Hoje em dia, já conhece bem o 1, 2, 3, tentando imitar o som. Sai qualquer coisa como "hmmm, dêêê, têêês!". E se lhe perguntar quantos balões estão no livro, apesar de ainda não saber contar (também não é nenhum génio!!!) já percebeu a lógica e diz aleatoriamente "dêêê" ou "têêês". Boa!

Apenco

Mais uma...

  • - "A parede é branca. O puf é cor-de-rosa. A janela é transparente. "
  • - "Apenco!"

Pai à nora

É engraçado como ser-se macho faz tanta diferença. O B. é um pai dedicado, sem sombra de dúvidas - brinca, lê livros, dá de comer, adormece, enfim faz tudo com a filha, sem excepções. Porém, o pai tem muito mais dificuldade em perceber o que a filha diz do que eu. Às vezes, alguma palavra que para mim já é conhecida, para ele não é nada evidente. É certo que, por exemplo, as brincadeiras com ele são menores do que as minhas, pelo que não apanha certos pormenores. Mas não é só por isso. Eu faço por prestar atenção às palavras mal-amanhadas da M. para depois saber o que querem dizer. Se não tiverem um som parecido com a real, chego a repeti-las em voz alta para não me esquecer. Para além disso, parece que tenho um sexto sentido que me faz interpretar correctamente o pretendido pela petiz. O B. não consegue esta proeza. É hilariante a cara dele quando eu gozo com ele por não perceber a filha... No outro dia, por exemplo, a M. pediu ao pai "quio!" incessantemente, enquanto ele estava perto do frigorífico.

  • - "Leitinho? Agora?"
  • - "Quio! Quio!"
  • - "Sim, filha, já vais papar..."
  • - "Quio! Quio!". Ele olhou para mim com ar interrogativo, ao que eu expliquei: - "Queijo..."
  • - "Ahhhh! Queres queijo! Toma."

Gajos... :)

Toc! Toc! Toc!

Um dia, enquanto fazia o jantar, com a cadeira de comer da M. na cozinha para esta ter companhia sem estar ao colo, tive de inventar brincadeiras para a distrair, pois já estava a ficar irrequieta. A certa altura, lembrei-me da brincadeira americana do "Knock, knock! Who's there?" e experimentei. Bati com os nós do dedo no armário ao pé da M. e disse "Toc! Toc! Toc! Quem é? É a Madalena que quer ir para o colo!". Resultou. Ficou parada a olhar para mim e, depois de perceber o conceito com alguma repetição minha, imitou. Agora, de vez em quando lembra-se da brincadeira e começa. Bate com as costas da mão em alguma coisa, enquanto me desafia com um "Tó! Tó!". Eu pergunto quem é e ela responde "bebé!", ao que eu completo com uma frase, descrevendo o momento, como por exemplo, "é a madalena que tomou banho!". Estamos nisto ainda um bom bocado, tendo eu de fazer frases diferentes de cada vez que há um "toc! toc!". Dá jeito, sobretudo quando ela se está a portar mal, pois se eu usar essa frase, ela diz "shim!" e sossega por uns instantes, por vezes o suficiente para eu conseguir o que pretendo. O pai é que ainda não apanhou a brincadeira, ficando a miúda pelo "tó! tó!" sem resposta...

Papapapa!

Novo castigo... Sempre que entramos no carro, a M. pede "mais!". Comecei por lhe perguntar o que queria ela mais, até que aprendeu a pedir "mico!"... Ou seja, música, ou seja, os CDs dela, ou seja, horas de música infantil... Neste momento, o CD preferido é o do Concertos para bebés. Adora. Quando entra no carro, às vezes ainda nem entrou, já está a pedir o "papapapa". Durante o concerto ao vivo, há pelo menos uma música em que eles aprendem a noção de ritmo, batendo-se com as mãos nas pernas para acompanhar a melodia. Esta a M. já aprendeu muito bem. Em várias músicas do CD, as mais agitadas, ela vai batendo com as mãos nas pernas com um ar super divertido. Para além disso, já temos um início de cantoria, com a capacidade de entoar a melodia. Isto porque algumas partes do CD são com bebés que vão entoando uns pequenos "papapa", que ela já imita na perfeição. Com isto tudo, concluí que a M. gosta de música clássica, o que significa que tenho de me educar nesta área para aproveitar este início de gosto. Vai ser difícl, já que não percebo patavina do assunto, mas vou tentar!... Esperemos que o jeito para a música se mantenha. Até porque quem tem jeito para música, também tem jeito para a matemática, e isso sim, era algo que me faria muito feliz, tendo em conta a minha falta de jeito...

Imitar

Há já uns tempos que a M. gosta de nos imitar naquilo que consegue. Já há imenso tempo que tenta contrariar o biberão para aceder aos copos. Pode nem ter sede, mas se nos vir a beber, seja pelo copo ou pela garrafa, pede logo o "pó". Vamos experimentando, com pouca água no copo e a mão por baixo do queixo, para ela aprender a não derramar, mas ainda não é muito evidente. Costuma ter tanta ânsia em beber, que sorve e larga antes de tempo, ficando toda molhada no peito se não tivermos cuidado. Mas já é óptimo esta iniciativa toda! Com o tempo lá chegará.

Guerra para vestir

É um stress! Não se consegue vestir a M. sem se ficar enervado e a suar em bica. O normal é desatar aos saltos em cima da cama ou deitar-se de barriga para baixo de rabo espetado com cara de gozo. Pedir para ficar sossegada é mentira, vai dar ao mesmo que nada. Visto-a em movimento, enquanto vai mergulhando ou passando de gatas, quando consigo que o abanar de pé não tire as calças, até que me aborreço de vez e sento-a de costas para mim. Nem sempre isso é evidente, pois ao agarrar nela para a pôr em pé costuma transformar-se num esparguete cozido humano, escorregando até ao chão. A partir daqui não lhe dou grandes hipóteses de movimento, o que implica choradeira. Acaba por se calar e vestir mansamente o que falta - quase tudo - para se pôr a milhas assim que apanha uma aberta ou um descuido meu...

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Tem, tem!

Sempre que vejo a fralda da M. mais cheia, pergunto-lhe se tem cocó ou xixi. Antes, para não variar, ela dava-me sempre a resposta negativa com veemência. Se eu confirmasse o contrário, respondia-lhe sempre "tem, tem!". Aprendeu assim, tal e qual. Agora a resposta à mesma pergunta não é um mero sim, mas antes um "Tem, tem!" simples e conciso.

Diálogo

Um dos primeiros diálogos, que calhou ser com o pai, há cerca de um mês. Ficámos ambos sem palavra. Acho que foi a primeira vez que nos apercebemos como já se consegue comunicar com a nossa filha.

  • - "Pai! Pai! 'eitinho!"
  • - "Queres leitinho?"
  • - "Quê'u!"
  • - "E a fralda? Não precisa de ser mudada?"
  • - "Shim!"

Bem sei, bem sei. Nada de extraordinário. Acho que só percebe quem já passou por esta etapa, em que deixamos de ouvir palavras soltas, que são respostas meio entabuladas às nossas perguntas simplificadas para o efeito, para conseguirmos um diálogo, mesmo que curto e sem grandes elaborações. É demais!!!

Boa!

A M. tem uma forma gira de me mostrar que já me topou. Quando lhe pergunto alguma coisa que implica apontar para o objecto solicitado, para ver se já percebeu, ela prontamente aponta e, sem hesitações ou expressão de maior contentamento diz "Boa!", dispensando-me do elogio. Mudei de registo e passei a dizer que linda ou muito bem. Não é que a miúda também mudou de registo? Agora diz "'inda! Bem!"!!! Até parece que me está a gozar, tipo "dahhhh!".

Previdente

A M. é muito previdente. Aprendeu com a primeira explicação que o aquecedor queima, apontando à distância, enquanto repete "tá quen!". Na banheira, depois de duas escorregadelas assustadoras, não sai de cima do tapete, ficando com os dedos dos pés à beirinha, a pedir-me o brinquedo que está fora do alcance. Em Quiaios, explicámos-lhe no primeiro dia que a lareira fazia um dói-dói muito, muito grande e que só podia estender a mão para lá para perceber como estava quente do sofá, distância mais do que segura. Nem tentou chegar perto - ao longe aponta e diz "dói-dói!". Demonstrou curiosidade pelo caixote do lixo, pelo que optei por lhe tirar logo a ideia, antes que... Segurei-a e expliquei-lhe que era caca e que fazia dói-dói na barriga. Agora, passa por um e diz logo "caca!". Boa M.!

Dião!

É fanática por aviões. Desde que lhe mostrámos uma vez um no céu, não quer outra coisa. Quando vê um, grita "Dião!" e depois começa o seu incansável "Maisss! Maisss!". Passa que tempos de nariz no ar, à procura de mais aviões, exigindo-nos a sua presença, como se fôssemos capazes de sacar aviões do bolso por artes mágicas. E é difícil fazê-la perceber de que não há mesmo mais. O que vale é que, por vezes, lá aparece de facto mais um para a contentar...

Ateta

É a palavra que a M. usa para os pronomes demonstrativos e indefinidos que conhece, ou seja, quando se quer referir a esta/aquela/a outra (serve para o masculino também). Exemplos práticos:

  • - Tem uma bola na mão e quer aquela - aponta para a bola enquanto repete ateta;
  • - O lápis da mão esquerda e este lápis na mão direita - mostra o primeiro, dizendo tis, mostra o segundo, dizendo ateta;
  • - Pergunta pelos avôs - pergunta pelo avô, ao que eu respondo que não está. Pergunta então pelo outro avô, dizendo ateta.

É preciso saber decifrar o código!!!

terça-feira, 12 de maio de 2009

Mais palavras

Já são imensas e começa a ser difícil apontar todas, por isso ficam as mais usadas:

  • ua - lua ou rua
  • ento - vento
  • tchu - chuva
  • eiti'u - leitinho
  • paia - praia / papaia
  • má -mar
  • pé - pedra
  • té - terra
  • qué - café
  • au - óculos
  • big'o - umbigo
  • nai - sinal
  • tantas
  • bio - libro
  • tso-tso - xó-xó (cavalitas)
  • inda - linda
  • bem
  • aqui
  • ali
  • piu - pássaro
  • cóuo - colo

Igualzinha, igualzinha...

Pode ser chapada ao pai, mas tem duas características muito minhas. A primeira é rir por antecipação. Quando percebe que vamos fazer uma brincadeira ou cócegas, basta a cara para ela se desmanchar à gargalhada, porque ela não faz por menos. Lembro-me muitas vezes de um colega de faculdade que topou o meu fraco e de vez em quando olhava para mim com cara de asneira, dizia o meu nome com tom misto de gozo e aviso e... espetava o dedo indicador à frente do meu nariz. Não havia vez, mesmo, que eu não me desmanchasse ali mesmo, com uma gargalhada parva non-stop, que entrava num círculo fechado, impedindo-me de parar facilmente. A segunda é ser do contra. Sempre que me perguntam alguma coisa, seja se quero comer ou se gosto de algo, a primeira palavra que assoma na minha mente e que maioritariamente sai da boca é não. Por vezes, é sem pensar, sem realmente achar que não. A M. é igualzinha. A primeira resposta é sempre não. Mesmo se a pergunta for: "queres papa?". Depois, espanto-me e pergunto outra vez. Ela então arrepia caminho e já diz que sim, visto que como criança que é ainda não tem aquela mania de "já disse que não e por isso agora não volto atrás para não parecer contraditória e prefiro ficar a ver comer"...

Dar a escolher

Já sabe o que quer, sem grandes dúvidas. Muitas vezes, já lhe dou a escolher a fruta da sobremesa. Opto por duas, mostro-lhas e deixo-a decidir. Ela fica toda contente e não pede sempre a mesma coisa, sabendo variar, mesmo que todas as noites uma das opções seja banana. Também nos livros, já lhe dou essa liberdade. Todos os meses, compro-lhe um livro no hipermercado com a ajuda da M. Vou com ela até à secção da livraria, escolho três e mostro-lhos, perguntando-lhe qual ela quer. Olha para os três com ar interessado e selecciona um, raramente voltando atrás na decisão. Quando a M. escolhe, pergunto-lhe se é aquele mesmo que quer, ao que normalmente obtenho um sim verbal e um acenar de cabeça convicto. E atenção! Nada de fitas ou birras porque quer todos. Percebe que é só um. Uma das vezes, vi uma senhora a olhar pelo canto do olho com um ar de "Está parva! Então a miúda lá sabe o que quer com aquela idade! aquilo ainda vai dar para o torto...". Depois de ela assistir à cena até ao fim, fiz um ar de "Viste? Toma!", seguindo caminho e deixando-a parada com cara de espanto. Mania que as pessoas têm de que criança implica burrice!!!

Ritual nocturno

Todas as noites temos o ritual de ir para a cama: a M. lava os dentes, toma as gotas do fluor, mudo-lhe a fralda e deixo-a escolher até quatro livros. Ela lá vai até à estante, dizendo ou tirando, quando consegue, os livros pretendidos para aquela noite, confirmando com um sim convicto de cabeça. É engraçado como esta criança tão pequena já sabe tão bem o que quer. Alguns dos livros já têm nomes. Por exemplo, os do Ruca ou o do Noddy são "Cuca" e "Nódi", "A mão pintada" é a "mão", um desdobrável sobre as cores que acaba com um balão é o "bão" e por aí afora. Depois, sentamos-nos na cama de visitas, que ainda está no quarto dela, e leio-lhos um a um. A M. não gosta de os ouvir ao colo - tem antes de se sentar ao meu lado, encostada, ou melhor, refastelada, no meu flanco esquerdo, chuchando violentamente, enquanto massaja as orelhas da Lola. No final da leitura, ou quando dá sinais de cansaço por já não ser capaz de ouvir o livro até ao fim, declaro o fim da sessão, pego nela ao colo e vamos à sala dar um beijinho de boa-noite ao pai. Dá o beijinho prontamente e depois, durante uns tempos, logo a seguir, quando saímos da sala enquanto o pai lhe vai dizendo para dormir bem, começava a fazer cara de choro e desatava num pranto só visto. Um choro sentido, convicto e sonoro, mas sem guerras, como alguém resignado à sua sorte. Arranjei uma forma de a acalmar e convencer de que está na hora da cama com as ovelhas fluorescentes que estão coladas na parede por cima da sua cama. Basicamente, perguntava-lhe quem é que estava à espera dela para fazer ó-ó, ao que ela me respondia por entre o choro "mé-mé!". E eu lá lhe explicava que elas já estavam fartas de esperar para dormir com ela e ela parava com a fita, pedia-me miminhos por instantes e para atirar de seguida o corpo para o lado, para se deitar. A certa altura, era de tal forma, que ela assim que entrava no quarto, antes que eu dissesse alguma coisa, dizia logo por entre os soluços, "mé-mé!!!", assumindo que aquele era o seu desgraçado destino. Era mesmo cómico. Com o tempo, habituou-se à ideia e hoje em dia, já não chora. Só tem uma exigência, ou melhor duas: tenho de ser eu a cumprir o ritual e quando a deito depois do meu beijo de boa-noite, tenho de me sentar no puff até ela adormecer, sem grandes fitas. Ou seja, tenho pelo menos para cerca de uma hora de ritual nocturno todos os dias, mas sabe-me bem...

A curiosidade...

...neste caso não matou o gato, mas enfureceu um formigueiro inteirinho. A M. achou que aquele monte de terra tinha um ar estranho, ou talvez apetitoso, não sei especificar. Ainda tentámos agarrar-lhe a mão, mas já não fomos a tempo. Assim, que levantou a parte de cima do formigueiro, eram aos milhares, mínimas, a sairem em catadupa do buraco. E está claro, que muitas delas subiram mãos e pernas acima da malvada que lhes rebentou com o tecto. Era ver a M. a correr e a abanar-se toda, enquanto gritava aflita, "Ai! Ai! Ai! Ai! Ai!!!". Acho que aprendeu a lição, porque há uns tempos, quando ela ia a deitar a mão a outro monte de terra, relembrei-lhe a experiência, segurando-a e perguntando-lhe: "Não mexas... Não te lembras das formigas da terra?", parou, avaliou e olhando para mim com ar entendido, respondeu, "Tsi!", seguindo em frente...

Primas

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Cena de filme

Os nossos cunhados e sobrinhas foram passar uma semana a Paris, tendo ido nós buscá-los ao aeroporto no regresso. Passo a descrever a cena, digna de um guião de filme meloso. Imaginem a coisa com banda sonora e em câmara lenta, á moda dos anos 80... A M. estava a brincar com o tio Filipe no átrio das chegadas, quando vimos a família aparecer na porta. Chamei a M. e disse-lhe para ver quem vinha lá. A Matilde, por sua vez, vinha ao colo da mãe com ar ensonado e cansado, escondendo a cara no seu cabelo. A minha cunhada, do seu lado, também lhe perguntou quem estava ali. A M. olhou para cima, à procura e viu. Esboçou um sorriso rasgado, de orelha a orelha, e começou a correr na direcção do fim da rampa, a rir um bom rir, gritando "Bebé!". Em simultâneo, a Matilde espreitou por entre o cabelo da mãe e viu a prima à sua procura. Soltou um guinchinho de felicidade e começou a tentar mergulhar para o chão, de tal forma que a mãe teve dificuldade em não deixá-la cair. Assim que a pousou em segurança, desatou a correr rampa abaixo, enquanto ri-a à gargalhada e dizia "Ma'ena!" sem parar. Chegaram ao pé uma da outra ao mesmo tempo, pararam, esboçaram um sorriso, não sei como, ainda maior e deram um abraço gigante, do tamanho do mundo. Assim ficaram um instante, para a seguir seguirem à sua vida, de mão dada, por exigência da minha filha. Deixaram-nos a todos parados a ver, sem grande reacção, embevecidos com tamanha felicidade e amizade. Foi bonito. Só tive pena de não ter a câmara de filmar para registar um momento único, que poucos realizadores conseguirão reproduzir. Acham que estou a exagerar? Talvez, mas num centésimo. Tenho testemunhas que não me deixam mentir...

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A M. ainda não se revelou invejosa. Se está a comer alguma coisa, mesmo algo que ela adora, se lhe pedirmos, não importa quem, em regra, cede de boa vontade e sem hesitações. Com a prima mais nova, partilha duas coisas que ela ama de paixão: o milho e o colo do pai. Quanto ao primeiro, a nossa pipoca não o pode ver. Exclama "mi'ú!" vezes sem conta, perseguindo-nos qual perdigueiro a cheirar o rasto, nem que seja para nos vencer pelo cansaço e quando vence, agarra na caixinha com o dito com afinco, devorando-o tal e qual o pai faz com as pipocas: a uma rapidez alucinante. A Matilde também gosta de milho, pelo que quando uma vê, tem de haver para as duas, senão temos guerra. Guerra porque a M. não se chateia nada que haja só uma caixa - isso não a atrapalha nada pois, desde que acessível, não compreende o drama de outros também de lá comerem. Até porque ela come bem mais depressa do que qualquer um, ficando sempre a ganhar... Já a prima, com mais um ano, não acha tanta graça a tal brincadeira. Assim, damos duas caixinhas e torcemos os dedos para que a M. não seja demasiado expedita a comer o dela, senão a prima terá de fugir para não ver o seu rico milho desaparecer num ai. Quanto ao segundo - o colo do pai - é para a M. outro assunto pacífico. Desde que a M. esteja por perto, a prima, que não come nada, fica com apetite. Mas é um apetite especial: tem de ser ao colo daquele que está a dar de comer à M., ou seja, regra geral, o B. É vê-la a fazer birra porque não quer comer, até que o B. lhe pergunta "e ao colo do tio queres comer? O tio dá a papa". É o que ela quer ouvir. Lá vai ela para a perna livre do B. e este tem de se safar a dar de comer às duas, dando-lhe um especial gozo ser o predilecto evidente das mais novas, nem que seja por aquele fugaz momento. A M. também não se chateia com a coisa. Vai comendo as colheradas que o pai lhe dá à vez. Quando é a vez da colherada da prima, não se atrapalha: vai com a mão e fica o problema resolvido... É assim mesmo, filha!

Ovos de chocolate

A vantagem desta Páscoa sobre todas as próximas que virão? Os ovos e as amêndoas de chocolate que a M. recebeu. Ou melhor, que os pais receberam. E eu que já não recebia guloseimas na Páscoa, este ano foram tantas!... É que a nossa filha ainda não sabe o que é chocolate. Desconfia que aquela coisa que levamos à boca deve ser boa - pudera! Come-se! -, mas certezas, certezas, não tem. Quando a avó chegou e lhe pôs nas mãos um ovo da Kinder gigante, eu exclamei - "Uma bola torta! Que giro! Dá cá que a mãe guarda". Ela sem tempo para muito e sem grandes hipóteses, cedeu e ficou a olhar para aquilo intrigada, enquanto desaparecia da sua vista. Ainda não foi desta que fiz o gostinho ao dedo da avó... :)

Páscoa

Fomos para Quiaios, em vez do tradicional fim-de-semana em Penedono, substituindo o problema de gerir as visitas ao avô e o stress de cumprir obrigações que me enervam de sobremaneira, por um fim-de-semana prolongado ao pé da praia, com muita brincadeira e liberdade. Não podia ter sido melhor. A M. fartou-se de correr, sujar e brincar, sem prisões e muito jardim. Estreámos a roupa nova, encomenda da avó, comprada de propósito na Tiffosi (fiquei fã da loja...) em Aveiro - as pessoas do Norte têm de facto outro trato... Uma saia rodada creme, com duas fivelas de lado, uma camisa branca e um colete de malha salmão com um lacinho na cintura - um must de menina. A família juntou-se no domingo por estarmos ali, já que os meus cunhados iam a caminho do aeroporto para Paris e pararam para um almoço ao meio-dia, permitindo à M. brincar com as suas primas. Foi a melhor Páscoa da minha vida!!! A sério!...