quarta-feira, 25 de junho de 2008

Linda...

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Espalhem a Notícia - Sérgio Godinho

Espalhem a notícia

do mistério da delícia

desse ventre

espalhem a notícia do que é quente

e se parece

com o que é firme e com o que é vago

esse ventre que eu afago

que eu bebia de um só trago

se pudesse

Divulguem o encanto

o ventre de que canto

que hoje toco

a pele onde à tardinha desemboco

tão cansado

esse ventre vagabundo

que foi rente e foi fecundo

que eu bebia até ao fundo

saciado

Eu fui ao fim do mundo

eu vou ao fundo de mim

vou ao fundo do mar

vou ao fundo do mar

no corpo de uma mulher

vou ao fundo do mar

no corpo de uma mulher bonita

A terra tremeu ontem

não mais do que anteontem

pressenti-o

o ventre de que falo como um rio

transbordou

e o tremor que anunciava

era fogo e era lava

era a terra que abalava

no que sou

Depois de entre os escombros

ergueram-se dois ombros

num murmúrio

e o sol, como é costume, foi um augúrio

de bonança

sãos e salvos, felizmente

e como o riso vem ao ventre

assim veio de repente

uma criança

Eu fui ao fim do mundo

eu vou ao fundo de mim

vou ao fundo do mar

vou ao fundo do mar

no corpo de uma mulher

vou ao fundo do mar

no corpo de uma mulher

Falei-vos desse ventre

quem quiser que acrescente

da sua lavra

que a bom entendedor meia palavra

basta, é só

adivinhar o que há mais

os segredos dos locais

que no fundo são iguais

em todos nós

Eu fui ao fim do mundo

eu vou ao fundo do mim

vou ao fundo do mar

vou ao fundo do mar

no corpo de uma mulher

vou ao fundo do mar

no corpo de uma mulher

domingo, 22 de junho de 2008

Roer o fio

No último dia de praia, conseguiu pôr o pai de castigo e a mando dela. Sentada, tendo como apoio a coxa do pai, descobriu um fio vermelho com uma bolinha de ferro na ponta, óptima para roer - era o fio dos calções de banho do B. Roeu, e roeu, e tornou a roer, e fez daquilo um entretém duradouro. Queria roer a ponta, mas como se tratava de um fio, de cada vez que o segurava mais a meio, a bola caía, o que a enervava e por isso dava gritinhos e chorava de frustração. O B. para além de não se poder mexer, senão o fio desviava-se do objectivo da M., ainda tinha de a acalmar de vez em quando. Mas o que nos impressionou nem foi esta brincadeira. Foi o facto de a certa altura, tendo a bola caído novamente, perante a incapacidade imediata de segurar na bola outra vez, a M. com uma genica levada da breca e com um ar muito irritado, dar um grito de chateada e atirar o fio para o chão, como quem grita "que nervos!!!"... Estão a ver o feitiozinho, não estão?...

Restaurante

Estreou-se nas férias. Desafiados pelo tio, fomos a uma marisqueira atrás de um rodízio de marisco a € 17/pessoa, bebidas excluídas. O D. Fininho, em Cantanhede, faz jus à fama que tem e aproxima-se perigosamente das parrilhadas de Vigo (nham! nham!...). Veio uma travessa gigante de marisco para a mesa, com gambas grandes fritas, gambas cozidas, gambas pequeninas com alho, ameijoas, mexilhões com natas, sapateira, ostras, navalheiras e perceves e ainda nos pediram desculpa porque o bloqueio dos camionistas não permitia pôr tudo a que tínhamos direito... Depois de esvaziada, esta travessa é levada para a cozinha para encher outra e outra vez, até rebentarmos de marisco. Acho que ficou provado nesse dia que a M. não é alérgica aos bichos, tendo em conta a quantidade que eu comi mesmo antes da mamada da noite... A nossa M. portou-se divinalmente. Não chorou, não dormiu e entreteve-se sozinha, porque isto de comer marisco, é com as mãos, por isso não deu muito para brincar com ela. Observou e mirou tudo e todos que lá estavam, nomeadamente duas meninas que brincavam, tendo ficado encantada com a mais nova, que teria o seu ano e meio. No final, recebemos os parabéns do dono do restaurante, que logo no início, ao explicar como funcionavam, aconselhou a que numa próxima ida não levássemos o bebé por causa da confusão e do barulho permanente.

Soneca da manhã

A M. tem por hábito dormir (quando dorme) duas sestas durante o dia - ao final da manhã e depois do lanche. Na semana de férias, cumpriu a primeira e antecipou em maioria a segunda para depois do almoço, por causa do calor e do cansaço. Todos os dias, por volta das 10h, dava-lhe o sono e começava a chorar com a birra do sono no meio da praia. Se já em casa mal consigo domesticar o marido para não a adormecer ao colo, então fora de casa... Pegava nela, levava-a para a beira da água e conversava baixinho. Ela enroscava-se debaixo do queixo e ali ficava, a adormecer ao som da voz serena do pai e das ondas que rebentavam de mansinho só para ela. Não me meti - foi um ritual bonito de se assistir todos os dias àquela hora.

Sentou-se sem cair!

Foi no dia 14 de Junho. A praia e aquela areia fofinha deram jeito para treinar.

Desajeitada

A minha sogra tem um edredão que serve de tapete de actividades gigante da M. Estendemos-lo no chão da sala, pomos almofadas em toda a volta e um de nós deita-se no chão ao pé dela. Estava sentada quando eu lhe fiz uma palhaçada qualquer. Riu-se. Ao rir, caiu para trás com um ar muito espantado. O ar era impagável!...

Banho connosco

Experimentámos depois da praia, uma banhoca na banheira com um de nós, já de banho tomado, é claro, e de fato-de-banho vestido. Da primeira vez comigo, da vez seguinte com o pai, que tem de experimentar tudo (e ainda bem!). Pudemos encher mais a banheira, pois estava segura por nós, pelo que deu para lhe dar a noção do boiar e de alguns movimentos dentro de água. Foi divertido - não sei bem quem mais é que gostou da experiência, se ela, se nós. Eu sentei-a de costas para mim primeiro e levantei-a um pouco, o que imediatamente teve como consequência ela começar a dar às pernas como se fosse uma rã. É fantástico como o instinto nos é inato! Depois virei-a de frente para mim e com as mãos por baixo deixei-a a flutuar. Primeiro, estranhou e olhou em torno a tentar perceber o que se estava a passar, depois riu-se e deixou-se levar por mim. Com o pai, as brincadeiras foram outras: bater com as mãos na água para molhar tudo e todos, ficar de pé na banheira para cuscar tudo e observar tudo muito seriamente encostada ao seu mais que tudo. Para repetir!

Papa com água

Provou na semana de férias, pois não era prático levar o meu leite congelado para a Figueira. Para não ser diferente, adorou e quer mais como com tudo o que leva à boca de comida. Eu, pela minha parte, descobri que é mais fácil de fazer - fica mais depressa com a consistência de papa, enquanto que as feitas com leite parecem sempre mais aguadas. Agora que regressou a casa, voltou às não lácteas sem se queixar - fizemos as contas: se continuar a mamar sem percalços, temos leite para quase 3 meses de papa... Venha leite congelado!!!

Espelhos

A minha sogra tem uma catrefada de espelhos espalhados pela casa - um em cada uma das entradas, um em cada quarto e um em cada WC. A M. já gostava de se ver ao espelho, sorrindo para si mesma. Na casa de praia mudou um pouco o registo: agora, olha, ri-se e esperneia, fazendo uma festa enorme à coisa. Depois, olha para nós encantada e volta a olhar para o nosso reflexo. Também já nos direcciona o olhar através dos espelhos. Tenta lá chegar e quando deixamos, dá uma data de pancaditas com a mão deliciada. Resultado: no último dia, o pai andou de pano na mão a limpar os espelhos todos porque estavam cheinhos de dedadas e mãozadas da M.

I'm the Queen of the world!

Até parece que a M. viu o Titanic e o DiCaprio a gritar na popa (ou proa? Já não me lembro...) do barco... Agora que descobriu que é mais giro estar sempre de pé - com a nossa ajuda, é claro - um dia, na praia, agarrou-se ao guarda-sol, olhou para um lado e gritou "eihhhh!", olhou para o outro e fez o mesmo, esticando-se toda e ficando toda direita. Não sei se foi a grandeza da coisa, se a alegria, se pura e simplesmente feitio, mas foi engraçado de ver.

Praia

O primeiro e segundo dia não estavam bons para a praia - muuuuuuuuito vento tornou a praia fria. Ainda por cima, como somos principiantes nestas coisas, não tinhamos tenda para proteger. Fomos, mas atrasados (para variar), pelo que a praia já só seria para 1 hora de gozo, pois às 11h já não são horas para meninos pequeninos (nem niguém, já agora) levar com aqueles raios solares. Nem 1 hora estivemos. Estava um gelo. A M. nem percebeu muito bem o que era aquilo. No terceiro dia, melhorou e nós já tínhamos a famigerada tenda comprada. Deitámos a M. no meio de 2 toalhas para não ir parar à areia e montámos a dita. Depois, peguei nela e dei-lhe a conhecer a areia como deve de ser: sentei-a na respectiva e deixei cair em cima das mãos e dos pés. Adorou! De tal maneira, que a certa altura, começou a agarrar punhados de areia e desajeitadamente a levá-la à boca. Foi um fartote de rir para mim ver a filha a ficar com a boca cheia de areia e o pai, já a ficar zangado, a ralhar comigo porque ainda tinha menos juízo do que ela... A seguir, para parar com a brincadeira, o pai pegou nela ao colo e levou-a até á beira da água. Estava bandeira vermelha e um mar gelado (só para não variar...). Mesmo assim, a medo, o B. decidiu molhar-lhe os pés para ver a reacção. Voltou a adorar! Sempre que vinha uma onda, esperneava e dava aos pés como que a dizer baixa-me, baixa-me! Não chegou a tomar banho dia nenhum porque a água é gélida e no último dia, que até estava melhor e até eu fui a banhos, tinha acabado de comer a papa, por isso tivemos receio de uma congestão. Mas ficou comprovado que nós (mais o pai) vamos passar algumas horas de frio a segurá-la na água mais tarde...

Morder

Mamou, mordeu, sorriu com um "ehhh!" e voltou a morder, por esta ordem. Disse-lhe que não antes da segunda mordidela, mas ela foi e... mordeu outra vez, com o consequente sorriso acompanhado do "ehhh!", a mostrar os dentes de desenho animado. Voltei a dizer que não com ar zangado. Repetiu-se a cena, só que da terceira não chegou a morder - só abriu a boca, fez que ia fechar os dentes e olhou para mim. Como continuei de cara fechada a dizer não, franziu o sobrolho, sem perceber o que se estava a passar. O meu erro? Dizer não e deixar repetir - a pobre criança ficou sem perceber lá muito bem o que se estava a passar...

Despique

Na semana de férias descobri que a M. adora desafios. Ela faz "Hummmmm!!!!", esticando-se toda e cerrando os punhos, com ar malandro e divertido. Uma vez imitei-a. Ela deliciada, repetiu, e eu voltei a imitá-la. Daí para a frente foi vê-la a ela a fazer vários sons diferentes sempre da mesma forma e a mim a imitá-la à minha maneira. O pai também já faz e chega a provocá-la começando ele o jogo, assim como o tio (como não podia deixar de ser). Vamos entrando no desafio até um de nós se cansar. Normalmente, somos nós, pelo que não sei até que ponto esta brincadeirinha não é má ideia. Mas ela, ou melhor, nós divertimo-nos tanto!...

Prrrrfhhhpt!!!

O tio e a namorada tentaram, mas felizmente a M. teve mais juízo. Não é que os desgraçados andaram toda a semana a tentar ensiná-la a cuspir a comida. Era só verem o prato a ser preparado e lá começavam eles de volta dela, qual abelhinhas de volta das flores - "M! Prrrrfhhhhpt". Repetiam e repetiam, comigo a refilar e a fazer avisos e ameaças, sem qualquer efeito. A M. olhava para eles e sorria - com os olhos, porque a boca estava demasiado ocupada a abrir e fechar para emborcar a refeição. Não conseguiram. A sorte é que a M. é uma comilona de primeira água e adora comer, não tendo tempo por vezes para sequer saborear a comida, quanto mais para ainda a desperdiçar... Senão era banho de sopa e fruta todos os dias. Bem sei que os produtos naturais fazem bem à pele, mas não exageremos!...

Tio

Até à semana das férias (veremos a partir de agora), vivia na casa de praia o tio recém-licenciado. O meu cunhado mais novo, que eu fiz questão que tivesse um papel preponderante na vida da M. e por isso o convidei para padrinho, é o tio maluco - alcunha aposta pela sobrinha mais velha que o ama de paixão - e desempenha bem o seu papel, fazendo jus ao nome. A M. não parece ser excepção na perdição por este. Já bem pequenina, era o único que a controlava - tinha ela um mês acabados de fazer e já ninguém a calava quando tinha fome com excepção desta ave rara que calmamente pegava nela ao colo e conversava com ela - não à maneira do bebélez e sem bidu-bidus. Ela refilava e ele respondia-lhe - "tens razão, a mãe nunca mais vem", ela voltava a emitir um som e ele voltava à carga "é, nunca mais vem". Há qualquer coisa nele que fascina os míudos. Com 6 meses e meio, a M. já dá mais pica. Ri-se das piadolas e graçolas que lhe fazemos, por vezes com gargalhadas sonoras e reage, provocando-nos quando nos cansamos. Assim, o tio desempenhou o seu papel às mil maravilhas. Pregou-lhe sustos infindos, só para a ver a rir à gargalhada depois. Nem sempre media o volume do grito e às vezes viamos a desgraçada a dar saltos e abrir muito os olhos na cadeirinha e só depois sorrir. Até a mim, que não tenho tantos problemas com estas "brincadeiras parvas", como diz o pai, me doia o coração por vezes... Descobriu as cócegas nos pés e brincava com a chucha - tirava-lha e fazia que lha ia pôr na boca, nunca o concretizando. A M. ficava de boca aberta à espera, com um ar de expectativa, e quase que fechava quando a via vir. Vá lá, a frustração nunca a levou a chorar. Junto com a namorada, punham-se do lado de fora da janela e apareciam a fazer "cucu!" vezes sem conta só para ela, e recebiam em troca sorrisos e gargalhadas de derreter. Brincavam com a vaquinha Lola, o dou-dou dela, já sua amiga quase inseparável, pondo-a em cima da cabeça a tapar-lhe os olhos e depois tirando-a de repente para a fazer rir. No final, pode-se dizer que a terapia do riso funcionou - a M. vê o tio e até esperneia de felicidade!

Aventuras das férias

Fomos uma semana para casa dos meus sogros ao pé da Figueira da Foz experimentar pela primeira vez a praia. Ficam aqui as aventuras desses dias.

Ri-se com o nariz

Descobriu que, se franzir o sobrolho e o nariz e respirar com força, consegue emitir um som engraçado. Por isso, agora, ri-se muitas vezes assim. Costuma usar este método quando quer muito uma coisa. Olha fixamente para o que for (o prato de comida ou o iogurte por exemplo) e começa-se com aquilo. É de chorar a rir...

Suspiro

Por vezes, se lhe fizerem uma festa na cara quando está a dormir, esboça um pequeno sorriso. Se for eu, a resposta é mais gratificante ainda - dá um valente suspiro. Saio do quarto com um sorriso estampado na cara...

Lavar os dentes

Já tem 2 em baixo, por isso a conselho do meu dentista, já os lava. Não com escova e pasta de dentes, mas com uma compressa e água. Não é fã. Ao princípio achava graça - aquelas massagens na gengiva com ela a tentar morder tinha a sua piada. Mas com o tempo perdeu-a toda. Primeiro porque lhe lavo antes a cara com uma compressa para retirar o excesso de creme hidratante de fruta ou de papa que tem nos bigodes e depois porque me parece que a compressa não lhe sabe ao que ela quer. O dentista até disse que se conseguisse (foi esperto - fez a ressalva) lhe devia lavar a língua, para tirar os resíduos todos, mas isso nem pensar. Acho que tenho de mudar de estratégia...

Pai doente X mãe só para mim

O pai ficou doente. Quando regressámos do fim-de-semana do baptizado, à conta da busca quase infrutífera do fato certo em Viseu, fiquei constipada. De mim passou para a filha. Desta passou para o pai. Eu reagi relativamente bem, a filha mais ou menos, o pai ficou de molho à séria... Por causa disso, fiquei uma semana com a filha só para mim. Depois de jantarmos as duas, pegava nela e ia para cima da cama de visitas que ainda está no quarto dela, e brincava até à hora do banho e da mamada, com o pai no quarto ao lado, de molho, a morrer. Foram inúmeras as brincadeiras que tive de inventar para a entreter e como não tenho coragem de a deixar presa na cadeirinha entregue a si mesma (ainda não temos parque), eram cerca de 2h30 de palhaçada todas as noites com sua excelência. Era o upa para se levantar com a minha ajuda, era o escorrega nas minhas pernas, era o cavalinho e o xó-xó, eram as cócegas, era a formiguinha a passear no seu corpo, era o força! para a encorajar a ficar de gatas e muitos da-da-das. Ficávamos as duas exaustas... A consequência de tanto tempo só nós duas, foi que depois não queria outra coisa... Também graças ao estado de desgraça do pai, fomos as duas para o quarto dela dormir - se adoeço agora, acaba-se o leite. Assim, estreou a cama dela na véspera de irmos embora de férias, mas com batota, porque eu fiquei na cama ao lado...