quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Os pais também são maus exemplos

Ontem fui ver o meu pai antes de irem para a terra - foram hoje e só voltam daqui a 1 mês. Contam-se pelos dedos de uma mão as vezes que vi o meu pai desde que engravidei, e mesmo dessas, apenas duas foi ele que foi ter comigo, porque estive doente em casa um mês e meio, senão é Maomé que tem de ir à montanha... Achei que era simpático dar-lhe a oportunidade de mais uma espreitadela à barriga antes de ela nascer. Enganei-me. Começaram por implicar comigo porque não ia lá jantar, não interessando nada para o caso o facto de ter uma prima do B. em casa à minha espera - como a minha tia sabiamente salientou, qual era o mal de ela jantar sozinha, em minha casa, sendo ela minha convidada... Depois, continuaram com o problema de não ter levado um PC velho, mas ainda funcional, para a terra por não ter cabido no carro. Mas afinal que raio levava eu no carro para não caber lá um caixote com um computador e um monitor lá dentro?! É claro que aqui a tontinha ainda justificou e explicou o que levou para efectivamente não caber. Finalmente, como uma grávida de 7 meses é uma potencial candidata a enervar-se - até lhe faz bem (sobretudo à pele) - o meu pai achou divertido acusar-me que o tinha expulso da minha casa, porque lhe pedi para não aparecer sem avisar. Mas atenção! Este avisar é grave... É que eu não percebi que durante o dia ou mesmo às 8h da noite, é normal chegar a casa dos nossos filhos e, sem tocar à campainha, meter a chave à porta e entrar como se a casa fosse nossa. Realmente foi uma falha minha não ter percebido tal conceito... Mea culpa, mea mui grande culpa! (direi eu batendo com a mão no peito). Enfim, resumindo, uma visita a casa do pai pode tornar-se uma aventura entusiasmante e cheia de surpresas novas. É claro que a visita durou apenas e tão-só meia hora (e já foi muito, tendo em conta), quando saí de lá ainda ouvi da tia um "tem uma hora feliz" num tom choroso (é que nem há telefones para falar durante um mês!) e ao entrar no elevador, fiz uma mossa na parede com um pontapé... Isto tudo para chegar a uma conclusão: espero sincera e francamente, e sublinho con ênfase esta frase, nunca, mas NUNCA entrar neste tipo de jogo de guerra com a minha filha. Não quero ser uma pessoa amarga, rancorosa, que guarda as coisas e não diz nada para mais tarde as atirar à cara, por as ter remoído durante tanto tempo até as ter elevado ao quociente a dobrar. Espero conseguir ter a capacidade para dialogar, sem gritos, tentar perceber o porquê que está por detrás de determinada atitude que me desagradou mais, antes de tirar conclusões precipitadas que giram em torno do meu umbigo. Espero conseguir ter a capacidade de demonstrar o carinho e amor que sinto por ela, estar sempre presente e não desaparecer da vida dela. E espero acima de tudo, que ela nunca deseje que eu desapareça da vida dela. Essa é a maior prova de que algo falhou no nosso papel de mãe ou pai. Procuro sempre, e faço-o desde que me conheço (ou melhor desde que esta relação impossível com o meu pai existe), guardar bem guardadas estas memórias, não para ficar ressentida, mas para aprender a lição. Para saber o que é errado e o que deve ir para a lista do "Nunca fazer". E repito-o ao marido e aos amigos. Não vá alguém andar distraído...

3 comentários:

Dob's disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dob's disse...
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Dob's disse...

Je suis sure que tu seras une maman formidable, aimante, compréhensive et respectueuse vis à vis des pensées et idées de ta fille. Aimer c'est respecter et moi qui te connait très bien, je sais que tu aimes en respectant. Par ailleurs, tu es quelqu'un de franc, d'honnête. Alors, ne doutes pas de toi. Tu seras vraiment une maman formidable et ta fille sera fière de toi
Bisous Vir...