Não interessa o quê, nem quando, a M. adora. Temos de comer sempre às escondidas, facto que tira a graça a qualquer eventual gelado que queiramos saborear. Assim que se apercebe que existe algum tipo de alimento nas imediações, estica logo o pescoço e começa a dar estalinhos com a boca. Se nos tentarmos refugiar atrás do seu carrinho, faz um esforço enorme para espreitar para trás - por vezes, vêem-se uns olhos pequeninos e brilhantes, acompanhados por uns "uhs!" insistentes, a tentar ultrapassar a barreira da pala do seu carrinho. Eu acho que noutra vida deve ter sido um cão - parece que tudo o que vai à boca lhe cheira! Isto fez com que as horas de refeição fossem um castigo para nós. O pequeno-almoço, imediatamente a seguir à mamada do acordar, era inteiramente preenchido por côdeas de pão umas atrás das outras, que por não serem muito duras, iam num ápice. Quanto ao almoço e ao jantar... Da primeira vez, demos-lhe antes o almoço no quarto e depois fomos tratar de nós. Uma grande asneira! Passou o almoço todo a gemer e aos saltos no carrinho, subindo e descendo com a ajuda dos calcanhares (os pés parecem os do Charlot!...). Calava-se com côdeas de pão, o que a nós dava a impressão de um bebé que passa fome e se alimenta dos bocadinhos que lhe caiem no regaço... Ao jantar, aqueci o boião e levei-o para a sala de refeições. Enquanto o pai lhe dava de comer, eu servia-me (era self service) e começava a comer. Quando o boião de fruta já tinha ido todo, o B. ia tratar de si, deixando a filha a pedir mais, para cima e para baixo, como que a fazer ginástica para "desmoer". Era então que muito devagarinho, eu lhe dava bocadinhos de melão ou melancia, já preparados para o efeito. Era vê-la a suspirar de satisfação de cada vez que sentia o sabor doce daquela fruta extra. No final da semana, já todos os presentes assíduos da sala de refeições nos conheciam e começavam-se a rir assim que nos instalávamos numa mesa. Depois, era ouvir sempre os mesmos comentários: "realmente, o normal é ver bebés que não querem comer!", ou "até dá gosto de ver!", ou "mas que linda, a papar tudo!". Como a maioria pertencia a uma faixa etária acima dos 50, portanto quase todos avós ou com memórias dos filhos agora adultos, ouvimos umas quantas histórias, a maior parte de comparação. Tão pequenina e já tão popular!...
Há 8 anos
1 comentário:
É assim mesmo M.!!! Tal e qual como a M. cá de casa! Até dá gosto e, apesar de tudo, desejo mais que tudo que continue assim, pelo menos até aos 10 anos. A preocupação é muita quando não querem ou não gostam de comer! Já nos basta tantas outras preocupações... certo? :-)
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