Já aprendeu a dizer adeus. Levanta a mão e baixa os dedos, enquanto diz "Tau!". Para se despedir, ou opta por este ou pelo atirar do beijinho, que ainda se fica pela mão na boca. Mas graças a este "tau", pudemos assistir ao nascimento de uma estrela. E com um futuro promissor na carreira de actriz dramática. Senão vejam se não tenho razão. O ritual para se deitar é sempre o mesmo: abrimos as camas (a dela e a nossa), vamos buscar os seus amigos inseparáveis - a pêpê e o dôdô - sentamos-nos no puf a ler os livros que ela escolhe, apagamos a luz do quarto dela e vamos à sala dar um beijinho de boa noite a quem lá está. Distribui mansamente todos os beijinhos solicitados, não importa a quem. Quando chega a vez do pai, faz beicinho e começa a chorar. Um choro típico de quem já sabe o que a espera e não quer, mas que remédio. Depois, vou com ela ao colo para o quarto e acalmo-a até ela pedir para se deitar na cama. Até aqui, nada de extraordinário. Porém, ha duas particularidades dignas de menção: primeiro, já aprendeu que ao entrar no quarto, vou-lhe perguntar quem está à sua espera para fazer ó-ó, referindo-me às ovelhas fluorescentes que estão coladas na parede por cima da cama dela. Agora, a malandra já diz "ah, memés!" por entre o choro quando entra no quarto, já não conseguindo eu por isso qualquer efeito de acalmia. Segundo... Quando entro no quarto com ela a chorar, ao encostar a porta, a minha filha vira-se para ela e, com a mão em posição, vai dizendo com um ar desoladíssimo - "Tau pai, Tau!" com vários soluços à mistura. Parece que vai para a guerra e que nunca mais o vai voltar a ver. Não há noite que eu não me ria, escondendo a cara no seu cabelo, para não a frustrar...
Há 8 anos
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