A minha filha já palra. Começou no dia 1 de Fevereiro com o tio mais novo, que fiz questão de convidar para padrinho por achar que era a pessoa ideal para seu compincha. Estava a choramingar, ou melhor a refilar com o desgraçado do arroto preguiçoso, e ele pegou nela para eu poder tomar banho e vestir. Foi de repente. Olhou para ele com um ar muito sério, depois sorriu como de costume e começou numa conversa que nunca mais acabava. Tem um palrar cantado e faz uns sons de chorar a rir, e ele não se descoseu e foi-lhe respondendo para a fazer falar mais. Resumindo, com os encantos, não me adiantou de nada ele segurá-la. Não fui tomar banho, nem me vestir, para assistir ao espectáculo. E que espectáculo!
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008
Viagem infernal...
Nunca mais! É que nunca mais. Não volto a fazer uma viagem de mais de 2 horas com a M. para lado nenhum enquanto for assim pequenina! No regresso do fim-de-semana voltámos por Coimbra para visitar mais 2 tias (a família dele é composta no total por 15 tios...). Decidimos assim porque era inevitável parar para a M. mamar e achámos que entre uma bomba de gasolina e a casa de alguém, mais valia a segunda. Enganámos-nos. A viagem, que começou às 17h00, correu bem até lá, com ela sempre a dormir. O desgraçado do cunhado até vinha aflito para ir à casa-de-banho e não se atreveu a parar o carro, não fosse ela acordar porque já passava da hora da mamada. Mamou na tia n.º 1 e foi arrotar para a tia n.º 2 (são vizinhas). O problema foi o arroto... As casas estavam gélidas, mas a n.º 2 era pior. Por causa disso, e porque a M. estava a ficar gelada, o B. ficou cheio de pressa e quis ir embora. Com claros indícios da parte da M. que os arrotos ainda não estavam todos cá fora (chega a estar 2 horas a arrotar e bolsar, tal é a sofreguidão) e com os meus sucessivos avisos de que era asneira. Resultado: desatou num berreiro na bomba de gasolina de Pombal, onde tinhamos parado para comer qualquer coisa (não comia desde o almoço e já eram 8h da noite). Tirei-a da alcofa, pus a arrotar, sairam mais uns quantos e, com as pressas do pai, metemo-nos à estrada outra vez. Nem 10 min... Berrou outra vez. Fui a fazer ginástica até Leiria, de joelhos em cima do banco para a tentar acalmar com beijinhos, conversa, cantoria e a chucha, enfim o que me lembrei. Em Leiria, arrotou mais um bocado e parecendo mais calma, arrancámos outra vez. Pois. Já adivinharam. Chorou outra vez. Mais ginástica da minha parte, mais nervos do pai, uns quantos semi-gritos entre os 2 à conta do stress (ninguém se lembrou do trato), até Santarém. Em Santarém arrotou, bolsou e... Chorou com fome! Já estava na hora dela, que entretanto já tinha chegado à conta de tanta paragem. Toca de pôr a mamar e voltar ao ciclo vicioso do arroto. Para animar as hostes, enquanto ela mamava, desafiei o marido e o cunhado a jogar aos nomes de animais por ordem do abecedário, jogo que acabou à chegada a Lisboa, na letra U. Depois de arrotar umas quantas vezes, tentei deitá-la na alcofa, mas não dei ordem de partida, para ver a reacção. Se se contorcesse era sinal de que ainda não estava. O B. para testar as capacidades soporíferas do carro deu umas voltas à bomba (deve ter sido interessante de ver). Contrariando-me, como ela não chorava, apesar de não estar sossegada, arrancou novamente. A lógica foi: também não custa nada parar em Aveiras, também já só faltava visitar esta... Pois. O problema eram as minhas costas que já não iam a achar graça nenhuma à brincadeira. Mas vá lá. Dessa vez quem se enganou fui eu. A M. adormeceu 2 km depois e veio até Lisboa assim. Mas como uma desgraça nunca vem só, ainda consegui rebentar a garrafa de litro de água que ia aos meus pés, ensopando as minha botas e o carro queixou-se com falta de gasóleo logo a seguir a termos passado Aveiras, último sítio possível para abastecer até casa (o B. com o stress da filha nem se lembrou de tal pormenor até ele dar sinal de si). Felizmente, ainda deu. Em Santarém, tinha apontado a chegada a casa lá para a 1h da manhã. Enganei-me em meia-hora para menos. Pareceu uma viagem feita há muitos, muitos anos atrás, quando ainda não havia auto-estrada e tinhamos de ir pela nacional até à terra, demorando com isso umas módicas 7 horas de caminho. Nunca, nunca mais. Aprendi a lição: os bébés tão pequenos não fazem viagens tão grandes...
Parabéns avó!
A minha sogra fez anos na 5ª feira e os filhos decidiram fazer-lhe uma surpresa. Assim, combinou-se um jantar em Viseu, ao que ela foi ao engano, para lá chegar e ver a família inteira à sua espera - os filhos, as noras e as netas. Foi engraçado de ver a sua reacção, mas mais cómico foi o meu sogro, que de parvo não tem nada, a entrar no restaurante a dizer "eu é que tinha razão!". O homem adivinhou! E ainda bem, porque à cautela, fizeram a nossa cama de lavado e deixaram o aquecimento ligado, não fosse o diabo tecê-las... Senão estaria um frio pouco simpático quando chegássemos com a piolha. O jantar correu lindamente e o fim-de-semana também. Aproveitámos e convidámos o padre para o baptizado, que para mal dos meus pecados o B. faz questão que seja o mesmo que nos casou. O raio do homem escolheu a leitura da mulher submissa para o casório! A ver vamos o que vai fazer desta vez... Mas como nos casou e aos meus pais, ele achou que devia seguir para a 3ª geração... As visitas foram mais que muitas, até porque ainda faltavam algumas tias-avós para conhecer a M. e por isso desta teve de ser. Estava com medo que a garota se constipasse, mas parece ser das resistentes - aguentou o frio de rachar nas várias saídas (também ia dentro de um saco térmico e levava 2 mantas de lã em cima...), as casas frias dos velhotes que não ligam ao aquecimento porque já estão habituados aquele clima e até ao fumo da lareira da aldeia. Conheceu a Bisa (avó do B.) que chorou de emoção ao vê-la e a avózinha (ama do B.), que com 98 anos ainda segura nela ao colo na boa! A coitada teve de vestir o vestido de lã que aquela tinha feito, juntamente com as botas e o gorro com 2 ponpons, um de cada lado, para lhe dar esse prazer. Não comento a figura, mas posso dizer que ficou o registo fotográfico para o futuro - é uma arma e pêras para uma adolescente rebelde um dia mais tarde... No sábado, porém, a M. estava exausta. Com tanta saída e visitas, à noite ainda teve de levar com um jantar de família, que incluiu 2 primas, uma com 6 e outro com ano e meio, histéricas com a sua presença. a minha filha é um anjo de pacatez. Apenas se ri quando nos metemos com ela e fica no seu canto sem chatear ninguém, mesmo quando 2 crianças a incomodam permanentemente. Ainda por cima, estamos a falar de uma família muito activa e faladora - a confusão foi mais que muita, com tudo aos gritos e a televisão a fazer de música de fundo. Aguentou-se bem. O pior foi depois ao final da noite para dormir. O cansaço era tal que fez a verdadeira birra de sono. Eu, desesperada com dores (de período e desaranjo intestinal, tudo ao mesmo tempo) e o B. cansado até mais não, quem a conseguiu acalmar foi a avó. Depois de hora e meia nos nossos colos, embalos e canções, sempre a chorar, assim que passou para o colo da avó, calou-se e adormeceu. Nem deu para ficar frustrado. Agradecemos mortos de cansaço e dormimos até de manhã. A M. deixou dormir das 00h00 às 9h00, tendo mamado pela última vez às 21h30! Cansaço é uma expressão pouco realista...
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Passeio
Hoje fomos fazer a visita às duas tia-avós do meu lado. Primeiro fomos à querida: sorriu por dá cá aquela palha, foi ao colo e lá ficou a ouvir espantada a pronúncia madeirense. Aproveitou e fez uma cagada monumental. Estava toda pirosa com um vestido de ganga e um casaco traçado vermelho (cache-coeur), eis senão quando, a madame decidiu aliviar a tripa de ontem, hoje e amanhã. Tive de lhe dar um semi-banho e mudar a roupa toda - TODA! Foi até às orelhas, quer dizer, sem exagero, foi até ao umbigo e até meio das costas... Depois, já atrasadas (é elementar meu caro Watson...), fomos à outra tia. Não usei adjectivo de propósito. A boa da M. entrou em casa e viu o avô. Riu-se como de costume. Chegou a tia-avó... Fez beicinho três vezes e chorou!!! Já é a segunda tentativa e deu no mesmo. Da outra vez também chorou. A teoria (da tia, é claro) é que tenho de a levar mais vezes a casas de outras pessoas, porque não está habituada e estranha. Não tive coragem de dizer que é só ali e só com ela. Faz-me lembrar o Mico. O gato ao princípio também não podia estar ao pé dela. Era o Garfield em versão cinzenta e sem lasanha. Era tipo cão com o meu pai e servia-me de almofada. Mas com ela, ficava no corredor e se ela tivesse a infeliz ideia de passar à frente dele, ele eriçava-se, bufava e fugia. E ela não se metia com ele. Atravessava-se à sua frente. Costuma-se dizer que os animais e as crianças detectam à distância a bondade e a maldade. Sem comentários...
Gracinhas
Já se ri com 2 sons. Agora passou do "Ãhhh" sorridente quando nos responde para "a-hãããã" com uns olhos rasgados de felicidade e muito atentos. E o beicinho é de derreter! Quando vai chorar, com o sobrolho franzido faz primeiro um beicinho perfeito com o lábio inferior, sem emitir qualquer som. Repete umas duas ou três vezes. Depois, se o aviso não for suficiente, então sim, abra a goela e chora. É claro que o aviso do beicinho nunca resulta. A pobre da minha filha não percebe que aquele beicinho nos faz rir. Mas rir à séria. Ninguém resiste. Ela por vezes até mostra um ar misto de choro e riso de tão baralhada que fica com a nossa reacção! Para além disso, adora festas na cara. Quando lhe afago a cara, ela até inclina a cabeça com aqueles olhos penetrantes a brilhar, como quem diz, "Hum!!! Tão bom!" É engraçado como as coisas são. Antes de ser mãe, mesmo durante a gravidez, quando ouvia este tipo de comentários todos babosos, achava parvo. Quer dizer, não era bem parvo, era mais não perceber qual era a graça, para chegar ao ponto de ter de se divulgar e esperar que os outros se riam da mesma maneira de quem conta. Percebia que os pais achassem graça, mas tanta?! Agora percebo. Um sorriso, um trejeito das sobrancelhas, um saltar na espreguiçadeira de contentamento... Felizmente o pai acha tanta graça quanto eu, por isso à noite obtenho a reacção desejada no nosso íntimo de pais babados - ver alguém a achar o nosso filho o supra-sumo por causa de algo tão simples. A graça deriva de dois grandes factores: primeiro e sobretudo porque são nossos filhos e o que sentimos por eles tem essa consequência, o orgulho e um derreter soberbo, segundo porque pela primeira vez acompanhamos na primeira pessoa a evolução de um indivíduo. É fascinante ver como um ser humano, que nasce apenas com instintos básicos de sobrevivência, de dia para dia vai apreendendo a realidade que o rodeia. Nesta fase vemos o desenvolver das reacções no seu mais genuíno. É o sorrir, o espanto, o descobrir do carinho, o irritar-se, a dor, a tristeza, a solidão. Só quem já é pai percebe, não porque acha a mesma graça que nós, mas porque já passou pelo mesmo e se recorda ainda de como foi com o seu.
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
Avô
Hoje adormeceu no colo do avô. Agora que já reage a estímulos, o avô já se aguenta mais de 20 min cá em casa. Antes via-a, estava com ela ao colo uns minutos e punha-se a andar. Agora já brinca com ela, alivia nos arrotos e até a adormece! Não há como um bébé para fazer um pai visitar a filha...
Ai!
Fui ontem pela 2ª vez ao osteopata... Não imaginam os estalos que o meu pescoço e as minhas costas deram. O homem disse-me que tenho uma série de vértebras rodadas e teve de as pôr no sítio. Foi no mínimo interessante perceber como a coluna consegue estalar... Para a semana vai terminar a terapeutica manipulativa e pensa que ficarei apenas com dores musculares - às quais, é claro, nada há a fazer. É giro ver como se acha natural uma mãe de uma criança de 2 meses e meio ter dores nas costas, estas são normais, balelas! Que é isso de choradinho, isso não é nada!... De qualquer maneira, agora já me consigo deitar de costas sem dores. Que alívio!
11h da manhã!!!
No sábado foi nosso privilégio dormir até às 11h non-stop! Vejam lá se ela não sabe que o pai precisa de descansar ao fim-de-semana...
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Gritos
Na minha casa sempre foi hábito gritar. Primeiro com a minha avó materna, que coitada era surda e não ouvia nada (e só nessas circunstâncias, porque a minha mãe, pelo seu simples carácter doce, não permitia tal coisa), depois com a tia e com o pai, por causa do mau feitio, da revolta pela perda, da adolescência descontrolada, da viuvez desesperada, eu sei lá... Quando demos conta, todos gritavam uns com os outros por dá cá aquela palha. E é claro, a minha mãe já lá não estava para contrariar essa tendência. Quando conheci o B., este não gritava. Ao fim de uns anos a conviver com a minha família, aprendeu. É algo que se aprende fácil, fácil. Dei por nós a levantar o tom de voz, mesmo que sem discussão, só porque nos irrita o não ter percebido a explicação, só porque temos de repetir alguma frase mais do que 2 vezes. Enfim, tontices sem jeito nenhum, que se entranharam nesta casa também. Entendam-me. O levantar a voz nem sempre se explica por estarmos zangados. É apenas a reacção infeliz derivada da falta de paciência pura. Lembro-me de em conversa com um amigo, este uma vez me dizer que na casa dele, ao contrário, quando se grita é um escândalo. É-lhe tão estranho tal fenómeno que fica chocado se alguém cai nessa tentação. Agora que a M. nasceu, tal objectivo está no topo da minha lista infindável de coisas que imagino para ela. Não QUERO do fundo do coração que a M. ache normal gritar ou levantar a voz. Assim, entre nós assumimos esse compromisso: se um grita, seja por que for, o outro obriga a repetir mais baixo e exige um pedido de desculpa. Não se tem vindo a revelar fácil contrariar um defeito já tão enraizado em nós. Mas temos tentado. Não sei se por já ser mãe e sentir o peso da responsabilidade sobre os ombros, ou se por já ter 35 e a idade fazer perceber que a vida são 2 dias e temos de a viver da melhor forma, mas aflige-me que a minha filha, tão pequenina, assimile tal tendência nesta casa. Fazemos o melhor, sempre, e acredito que o vamos conseguir. É só mais uma tarefa entre as milhares a que nos propusemos quando a M. nasceu.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Observar um anjo
A imagem que tenho de um anjo é a de um ser sereno e belo. Ver um bébé a dormir é observar isso mesmo. A calma, a tranquilidade que transparece nas suas caras e a respiração que mal se ouve dão-nos um sentimento de paz que nos completa e faz esquecer por momentos o que de mau nos transtorna. É uma boa terapia... (a não ser, é claro, quando somos mães com algumas paranóias e de vez em quando, como não se mexe, temos de pôr o dedo por baixo do nariz para ter a certeza que ainda respira... Mas não acorda!!!)
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Gluglugluglu!
Até hoje aquilo que mais faz rir a minha tão doce M. Imaginem um gelado cremoso ao sol a derreter - somos nós com a resposta dela ao glugluglu...
Mãe...
Ser-se mãe dá-nos uma perspectiva diferente da realidade. As preocupações são outras, as notícias do telejornal são vistas com outros olhos, enfim, tudo aquilo que se diz, confirma-se. Umas sentem-no mais na pele, outras menos. Eu penso que consigo relativizar e não exagero nessa mudança (penso eu de que!!!). Mas ser mãe deu-me também outra coisa. Descobri, ou melhor, sinto mais na pele as saudades da minha propria mãe. É que isto de ser mãe não traz mais sapiência. Pelo contrário. Traz-me mais dúvidas, mais receios, que vêm junto com a receita do gostar e do amor incondicional acrescido. E as dúvidas não são só as de aprache - como faço isto ou aquilo para a M. São também dúvidas quase existenciais - afinal em que me tornei, como me vou revelar neste novo papel. Só quem nos conhece a alma consegue responder, ou pelo menos tentar responder, a estas questões. E esse alguém, regra geral, é a mãe. Sei que no meu caso, esta teoria confirma-se. Apenas a minha mãe, tendo em conta a relação que tinhamos, o conseguiria fazer hoje. Ao darmos miminhos e carinhos ao nosso filho, remetemos a nossa memória para aquilo que recebemos previamente - é um facto confirmado: aquilo que recebemos é aquilo que mais tarde saberemos dar. Por isso, tenho saudades das festas e beijinhos daquele sorriso morno e moreno da minha mãe e das conversas no nosso QG que era a casa-de-banho. Mas isso, como tudo, tem uma vantagem (porque acredito que tudo na vida tem algo de positivo, nem que seja a lição que aprendemos do que não podemos fazer) - dou extra-mimos à minha filha por dois motivos: primeiro para satisfazer a própria necessidade de lhe transmitir da melhor maneira o que sinto por ela e segundo para garantir que ela não terá as mesmas dificuldades que eu tive em mostrar sem medos e vergonhas o seu lado afectivo. O meu tão grande desejo de ter uma menina, era por isso mesmo - continuar aquilo que a minha mãe tão bem começou e não chegou a acabar porque aos meus 10 anos foi para outro lado - e os planos são muitos!!! Com alguma tristeza, mas sobretudo com muita determinação, um beijo, mãe...
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Vacinas : (
A minha valente foi ao castigo outra vez. Para quem não sabe, desde que nascem até aos 6 meses os bébés levam pelo menos com uma todos os meses. Felizmente temos a enfermeira amiga que nos faz o favor de dar as picas no centro de saúde dela ou no sítio da ginástica pós-parto fora de horas. Assim, o pai também pode ir. É que quem me conhece também conhece a minha fobia às agulhas. Fobia. E não medo, esquisitice ou mania. Fobia no sentido do dicionário. Pareço um boneco dos Looney Tunes a querer atravessar a parede e deixar a silhueta no lugar. Quem me controla agora é o B. - segura-me e não me deixa fugir... Agora que sou mãe, descobri que aquela teoria de se ao filho doi, doi à mãe, é verdade. E olhem que doi mesmo!!! Portanto, a minha fobia das agulhas também funciona em relação à M., logo o B. também de ir. Cabe ao desgraçado segurá-la e aguentar com a pica in loco. Eu mantenho-me à distância, sem olhar, e quando ela chora, qualquer coisa aperta-se cá dentro (não sei bem que órgão é...). A M. chora é claro, mas depois o colo e os miminhos do pai ou da enfermeira resultam e em pouco tempo ela cala-se. Na 4ª, lá fomos nós os 3 às ditas. As vacinas dos 2 meses são horrivéis porque podem dar reacção - uma é conhecida como a penta por ser para 5 doenças ao mesmo tempo. Avisados que estávamos dos efeitos secundários viemos para casa. Febre não teve, mas o dia seguinte foi infernal... Não consegui fazer rigorosamente nada. Almocei às 4 da tarde porque decidi deixá-la chorar um bocado enquanto fazia a refeição e a comia. À noite ainda foi pior. Chorava desalmadamente. Até doía o coração ver a criança que por natureza não chora naquele estado. Felizmente foi só um dia mau. Hoje já está boa e já acordou com o seu sorriso de aprache! Ufa! Que alívio!
Toda sorrisos
A acreditar n' "O segredo", a minha filha saiu tal e qual como eu desejei. Come e dorme lindamente, não faz grandes birras (contam-se pelos dedos de uma mão), não é muito dependente do colo e, sobretudo, é de uma simpatia a toda a prova. Nunca vi tal coisa. A rapariga desfaz-se em sorrisos para toda a gente e atira-nos com um charme que conquista o coração mais empedrenido. Agora, descobriu que a chucha não tem só a função para que foi criada. A chucupa, como carinhosamente lhe chamo, também é um brinquedo. Se lhe dermos a chucha, a primeira reacção costuma ser um sorriso rasgado. Depois ninguém resiste cá em casa em roçá-la no lábio inferior para repetir a brincadeira, mesmo que o nosso objectivo inicial ao dar a dita seja o de acalmar e adormecer. Ela ri-se, emite uns sons de derreter (pelo menos a nós pais, que achamos gracinha a tudo) e dá um saltinho e torce-se toda como se lhe estivessemos a fazer cócegas. O pai descobriu um truque giro - basta fazer-lhe "glegleglegle" umas quantas vezes e o resultado é o mesmo. É de chorar a rir. E aqueles "agus" e "arres" que ela junta ao espectáculo são a cereja no cimo do gelado...
Saiu a mim!!!
A M., com os seus singelos 2 meses, puxou à mãe. À noite, depois da mamada das 9-10h, quer converseta e não dorme até à mamada seguinte. O pai põe-lhe a chucha e ela ri-se, dá às pernas, agita-se, atira literalmente o seu charme para cima de nós - e resulta. Depois da última mamada, estamos, eu e ela, porque o pai vai dormir para ir trabalhar de manhã, acordadas até às 2-3h da matina. Mas não me chateia nada! É que depois, é de enfiada até de manhã. E quando digo de manhã, nunca é antes das 9 horas! Já esticou um dia até às 10h30! Quando lhe dá para acordar mais cedo, depois de mamar compensa com uma soneca até à hora de almoço!... Ela até parece que sabe que tem de se abastecer melhor, porque na última mamada da noite, em vez dos 20 min de aprache, vai à meia-hora a encher o bandulho, para garantir que não lhe dá a fome antes! É mesmo minha filha, a valente!!!sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
El Corte Inglês...
Aproveito para fazer má publicidade daquela coisa. Em Setembro, aproveitámos uma campanha de promoções nos artigos para bébés e comprámos a mobília do quarto da M. A entrega da cama era no final do mês e a cómoda no final de Novembro. Tive esperanças de que esta chegasse antes da M. nascer (estava previsto para 30). Pois. A cama, depois de muitos telefonemas e ameaças do B., acabou por ser entregue. Numas condições deploráveis. Marcaram para a tarde de um dia de semana (eu estava em casa mesmo), e chegaram às 8h20 da noite porque telefonei a perguntar se tinham feito algum desvio pelo centro do país para dar com o sítio. Vinha um fulano sozinho, com a cama montada. Felizmente o elevador estava a funcionar, porque senão o desgraçado tinha sido obrigado pelo B. a subir os andares necessários para a trazer, com a fúria com que já estava. Chegado à porta, chegou à brilhante conclusão de que não passava pela porta de entrada de maneira nenhuma! Liga o B. para lá e enviam um chefezeco com uma chave de fendas para desmontar e montar novamente no quarto. O B., à procura de sarilhos para descarregar, e com aquele olhar de lince dele, vai e... descobre um defeito - a tinta estava lascada de lado. Liga novamente para lá e descobre que não havia mais camas e só daí a 2 meses é que havia outra! Foi de ameaça - a mulher ia parir no seguinte de cesariana marcada (para castigo, nasceu mesmo!) e a cama era precisa JÁ! Desencataram uma e entregaram-na intacta no dia 9 de Novembro, portantos, com um atraso de mês e meio. A cómoda nunca mais vinha e acabaram por ligar mesmo nos últimos dias de Novembro a dizer que tinha chegado, não tinha defeitos e que podíamos ir pagá-la. Lá fomos. A entrega foi feita e mais uma vez o B. de olho de águia, espreita e... Pimba! Mais uma vez vinha com defeito!!! Liga para lá, grita e grita e às tantas oiço-o perguntar "Mas está a brincar comigo?", ao que lhe responderam "Estou"! Nesse momento, os olhos dele eram de um leão com um espinho espetado na pata, ou de um cão enraivecido. Escusado será dizer que o nome da pobre criatura que se atravessou à frente foi anotado e meia hora depois ele estava no Corte Inglês a exigir o dinheiro de volta. Resumindo: fomos à loja onde tinhamos visto a mobília e onde tinham sido simpatiquíssimos, comprámos, pagámos e entregaram-nos a dita, tudo no mesmo dia. De bónus, descobrimos que a cama veio da loja deles - foi lá que o Corte Inglês foi desencantar a cama para nós, depois daquela trapalhice toda...
2 meses!!!
A esta hora, há 2 meses atrás, estava a tentar assimilar a realidade de já ser mãe - parece que foi há 2 séculos atrás. Fomos à sra dra no dia dos "anos" e já vai em 5,330 kg e 57 cm, ou seja, está no percentil 50 de comprimento e no 75 de peso... O comentário da tia enfermeira um dia antes tinha sido que ela está uma texuga - as minhas costas e os tendões das minhas mãos e braços confirmam-no. Já não é a bébézona recém-nascida fofinha por pequenina, mas sim uma bochechuda que se tem vindo a revelar simpatiquíssima. Desfaz-se em sorrisos a toda a hora, com qualquer pessoa que se meta com ela e mesmo no meio de algum choro pouco sério, tipo birra de sono ou início de fome. Tem momentos em que ela nem sabe o que há-de fazer - se rir, se chorar - se nos metermos com ela e brincarmos com o beicinho, ela não resiste a rasgar a boca num daqueles bem grandes. São aliás 2 as características mais definidas na M. até agora: a simpatia e a determinação. Costumo dizer que se for tão determinada em tudo na vida como é para comer tem a vida feita!
O pai só ouviu há poucos dias o choro de fome - é instantâneo, sem qualquer tipo de pré-aviso ou de que vai acontecer e é brutal, é essa a palavra. Ele ficou aflito com aquele choro enquanto eu me ria e punha a mama à la carte de serviço - este eu já sei identificar e já não me aflige. Parece que a estão a matar. E quando a ponho em posição para mamar, ainda sem levantar a camisola, já está de boca aberta e calada pronta para a refeiçãozeca... E aquele beicinho! Eu derreto-me com o beicinho! Às vezes, chego a ser má e deixo chorar só mais um bocadinho só para o ver... Mama bem, dorme 6/7 horas por noite e felizmente as cólicas à séria não voltaram. Durante o dia já não é só come e dorme. Já quer conversa, apesar de não ter de ser no colo (graça'a'dêus, meu irmão!!!) e desmancha-se com cócegas na famigerada bochecha. É claro que toda a bela tem um senão - o arroto é um inferno: não sai e farta-se de bolsar. É glutona e mamona demais e depois sofre as consequências... Posso dizer que tivemos muita, mas muita sorte com a criança que nos calhou na rifa - que o teu anjo da guarda e a tua avó te mantenham assim!...
É oficial!!!
A minha filha já abençoou as 3 divisões principais da casa com a sua maneira bem especial - de esguicho! Já aqui deixei a prova dos 9 da façanha no nosso quarto. Depois disso, o tapete da sala já tem um merecido lugar no quadro de honra das nódoas e hoje foi a vez do quarto dela! Felizmente, à cautela, tinha desviado a coque do caminho de potenciais munições (ainda por cima emprestada) - foi um tiro certeiro até ao armário encostado à parede... Isto tudo porque fui tentando vários locais para o muda-fraldas: primeiro a nossa cama, depois a mesa da sala, graças às minhas costas feitas não num, mas sim em 3 oitos e agora finalmente com a cómoda no quarto dela, o lugar definitivo para tais manobras. Do tapete não fiquei com recordação, mas do quarto dela aqui fica o registo.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
Estar com uma Depressão e andar deprimida...
É um dado conhecido que as puerpéreas estão sujeitas à já tão famosa depressão pós-parto. Nos cursos de preparação para o parto, pelo menos os bons, explicam e re-explicam o conceito, todos os livros falam nisso e os futuros pais tremem só de pensar que a sua querida mulher pode cair na esparrela. Também estou convencida de que a maioria dos homens acha que isso só acontece às outras - "Não, a minha mulher vai ficar tão feliz com o bébé que não vai sentir nada disso!...". O meu foi avisado. Eu suspeitava que eu seria mais uma das desafortunadas a cair nesse, chamemos-lhe abismo. O B. estava em pânico como não podia deixar de ser. No curso, com a nossa querida enfermeira/professora percebeu que não é mito, nem patranha e que podia ser, a sua mulher podia muito bem, sem motivo aparente, passar por ela. Assim, no primeiro mês desfez-se. Já falei nisso noutro post, não vou entrar em pormenores. E resultou. Realmente, tenho hoje consciência que não deprimi graças a ele. Mas... Chegou o mês negro do ano, ao mesmo tempo que ele foi trabalhar e ao mesmo tempo que baixou as guardas, convicto que desta já nos tinhamos safado. Trabalhou 3 semanas e ficou de férias outras duas. Aqui a boa da je aguentou-se bem à bronca sozinha em casa, sempre na expectativa de que o pai voltaria em breve a tempo inteiro por mais uns dias. Era aliás essa a minha expectativa. É aqui que entra uma das características do ser humano - criar expectativas... As minhas, como sempre, foram altíssimas. Resultado: gorou-se-me o plano! As férias não correram exactamente como esperava. Fui caindo, caindo, até chegar o fatídico dia 20 mais os seus mal-fadados 35. Ia mostrando sorrisos, é claro. Sabia que o conhecimento de que não andava bem iria provocar o pânico puro. A partir daí foi a descer. Resultado: a tristeza invadiu a minha alma devido à enorme carência apenas colmatada pelo marido - agora a falta da mãe foi elevada ao quociente 30. Depois de 3 guerras feias cá em casa e de ter deitado cá para fora o que me vai na alma, a coisa melhorou. Ele percebeu que as guardas têm de se manter levantadas e eu percebi que consigo ultrapassar isto se não guardar cá dentro. Não há como racionalizar para andar em frente. É aliás a minha sorte - tudo está habituado a que eu seja o rochedo, e eu vou conseguindo sê-lo - está-me no sangue, apesar dos ameaços... Por isso também concluí que não é depressão, que depende da minha cabeça e as carências e tristezas podem ser debeladas com a ajuda de uma carinha bochechuda que se desfaz em sorrisos. Mas atenção! Não se pense que um filho faz milagres - tudo o resto também conta!!!