É um stress! Não se consegue vestir a M. sem se ficar enervado e a suar em bica. O normal é desatar aos saltos em cima da cama ou deitar-se de barriga para baixo de rabo espetado com cara de gozo. Pedir para ficar sossegada é mentira, vai dar ao mesmo que nada. Visto-a em movimento, enquanto vai mergulhando ou passando de gatas, quando consigo que o abanar de pé não tire as calças, até que me aborreço de vez e sento-a de costas para mim. Nem sempre isso é evidente, pois ao agarrar nela para a pôr em pé costuma transformar-se num esparguete cozido humano, escorregando até ao chão. A partir daqui não lhe dou grandes hipóteses de movimento, o que implica choradeira. Acaba por se calar e vestir mansamente o que falta - quase tudo - para se pôr a milhas assim que apanha uma aberta ou um descuido meu...
quinta-feira, 14 de maio de 2009
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Tem, tem!
Sempre que vejo a fralda da M. mais cheia, pergunto-lhe se tem cocó ou xixi. Antes, para não variar, ela dava-me sempre a resposta negativa com veemência. Se eu confirmasse o contrário, respondia-lhe sempre "tem, tem!". Aprendeu assim, tal e qual. Agora a resposta à mesma pergunta não é um mero sim, mas antes um "Tem, tem!" simples e conciso.
Diálogo
Um dos primeiros diálogos, que calhou ser com o pai, há cerca de um mês. Ficámos ambos sem palavra. Acho que foi a primeira vez que nos apercebemos como já se consegue comunicar com a nossa filha.
- - "Pai! Pai! 'eitinho!"
- - "Queres leitinho?"
- - "Quê'u!"
- - "E a fralda? Não precisa de ser mudada?"
- - "Shim!"
Bem sei, bem sei. Nada de extraordinário. Acho que só percebe quem já passou por esta etapa, em que deixamos de ouvir palavras soltas, que são respostas meio entabuladas às nossas perguntas simplificadas para o efeito, para conseguirmos um diálogo, mesmo que curto e sem grandes elaborações. É demais!!!
Boa!
A M. tem uma forma gira de me mostrar que já me topou. Quando lhe pergunto alguma coisa que implica apontar para o objecto solicitado, para ver se já percebeu, ela prontamente aponta e, sem hesitações ou expressão de maior contentamento diz "Boa!", dispensando-me do elogio. Mudei de registo e passei a dizer que linda ou muito bem. Não é que a miúda também mudou de registo? Agora diz "'inda! Bem!"!!! Até parece que me está a gozar, tipo "dahhhh!".
Previdente
A M. é muito previdente. Aprendeu com a primeira explicação que o aquecedor queima, apontando à distância, enquanto repete "tá quen!". Na banheira, depois de duas escorregadelas assustadoras, não sai de cima do tapete, ficando com os dedos dos pés à beirinha, a pedir-me o brinquedo que está fora do alcance. Em Quiaios, explicámos-lhe no primeiro dia que a lareira fazia um dói-dói muito, muito grande e que só podia estender a mão para lá para perceber como estava quente do sofá, distância mais do que segura. Nem tentou chegar perto - ao longe aponta e diz "dói-dói!". Demonstrou curiosidade pelo caixote do lixo, pelo que optei por lhe tirar logo a ideia, antes que... Segurei-a e expliquei-lhe que era caca e que fazia dói-dói na barriga. Agora, passa por um e diz logo "caca!". Boa M.!
Dião!
É fanática por aviões. Desde que lhe mostrámos uma vez um no céu, não quer outra coisa. Quando vê um, grita "Dião!" e depois começa o seu incansável "Maisss! Maisss!". Passa que tempos de nariz no ar, à procura de mais aviões, exigindo-nos a sua presença, como se fôssemos capazes de sacar aviões do bolso por artes mágicas. E é difícil fazê-la perceber de que não há mesmo mais. O que vale é que, por vezes, lá aparece de facto mais um para a contentar...
Ateta
É a palavra que a M. usa para os pronomes demonstrativos e indefinidos que conhece, ou seja, quando se quer referir a esta/aquela/a outra (serve para o masculino também). Exemplos práticos:
- - Tem uma bola na mão e quer aquela - aponta para a bola enquanto repete ateta;
- - O lápis da mão esquerda e este lápis na mão direita - mostra o primeiro, dizendo tis, mostra o segundo, dizendo ateta;
- - Pergunta pelos avôs - pergunta pelo avô, ao que eu respondo que não está. Pergunta então pelo outro avô, dizendo ateta.
É preciso saber decifrar o código!!!
terça-feira, 12 de maio de 2009
Mais palavras
Já são imensas e começa a ser difícil apontar todas, por isso ficam as mais usadas:
- ua - lua ou rua
- ento - vento
- tchu - chuva
- eiti'u - leitinho
- paia - praia / papaia
- má -mar
- pé - pedra
- té - terra
- qué - café
- au - óculos
- big'o - umbigo
- nai - sinal
- tantas
- bio - libro
- tso-tso - xó-xó (cavalitas)
- inda - linda
- bem
- aqui
- ali
- piu - pássaro
- cóuo - colo
Igualzinha, igualzinha...
Pode ser chapada ao pai, mas tem duas características muito minhas. A primeira é rir por antecipação. Quando percebe que vamos fazer uma brincadeira ou cócegas, basta a cara para ela se desmanchar à gargalhada, porque ela não faz por menos. Lembro-me muitas vezes de um colega de faculdade que topou o meu fraco e de vez em quando olhava para mim com cara de asneira, dizia o meu nome com tom misto de gozo e aviso e... espetava o dedo indicador à frente do meu nariz. Não havia vez, mesmo, que eu não me desmanchasse ali mesmo, com uma gargalhada parva non-stop, que entrava num círculo fechado, impedindo-me de parar facilmente. A segunda é ser do contra. Sempre que me perguntam alguma coisa, seja se quero comer ou se gosto de algo, a primeira palavra que assoma na minha mente e que maioritariamente sai da boca é não. Por vezes, é sem pensar, sem realmente achar que não. A M. é igualzinha. A primeira resposta é sempre não. Mesmo se a pergunta for: "queres papa?". Depois, espanto-me e pergunto outra vez. Ela então arrepia caminho e já diz que sim, visto que como criança que é ainda não tem aquela mania de "já disse que não e por isso agora não volto atrás para não parecer contraditória e prefiro ficar a ver comer"...
Dar a escolher
Já sabe o que quer, sem grandes dúvidas. Muitas vezes, já lhe dou a escolher a fruta da sobremesa. Opto por duas, mostro-lhas e deixo-a decidir. Ela fica toda contente e não pede sempre a mesma coisa, sabendo variar, mesmo que todas as noites uma das opções seja banana. Também nos livros, já lhe dou essa liberdade. Todos os meses, compro-lhe um livro no hipermercado com a ajuda da M. Vou com ela até à secção da livraria, escolho três e mostro-lhos, perguntando-lhe qual ela quer. Olha para os três com ar interessado e selecciona um, raramente voltando atrás na decisão. Quando a M. escolhe, pergunto-lhe se é aquele mesmo que quer, ao que normalmente obtenho um sim verbal e um acenar de cabeça convicto. E atenção! Nada de fitas ou birras porque quer todos. Percebe que é só um. Uma das vezes, vi uma senhora a olhar pelo canto do olho com um ar de "Está parva! Então a miúda lá sabe o que quer com aquela idade! aquilo ainda vai dar para o torto...". Depois de ela assistir à cena até ao fim, fiz um ar de "Viste? Toma!", seguindo caminho e deixando-a parada com cara de espanto. Mania que as pessoas têm de que criança implica burrice!!!
Ritual nocturno
Todas as noites temos o ritual de ir para a cama: a M. lava os dentes, toma as gotas do fluor, mudo-lhe a fralda e deixo-a escolher até quatro livros. Ela lá vai até à estante, dizendo ou tirando, quando consegue, os livros pretendidos para aquela noite, confirmando com um sim convicto de cabeça. É engraçado como esta criança tão pequena já sabe tão bem o que quer. Alguns dos livros já têm nomes. Por exemplo, os do Ruca ou o do Noddy são "Cuca" e "Nódi", "A mão pintada" é a "mão", um desdobrável sobre as cores que acaba com um balão é o "bão" e por aí afora. Depois, sentamos-nos na cama de visitas, que ainda está no quarto dela, e leio-lhos um a um. A M. não gosta de os ouvir ao colo - tem antes de se sentar ao meu lado, encostada, ou melhor, refastelada, no meu flanco esquerdo, chuchando violentamente, enquanto massaja as orelhas da Lola. No final da leitura, ou quando dá sinais de cansaço por já não ser capaz de ouvir o livro até ao fim, declaro o fim da sessão, pego nela ao colo e vamos à sala dar um beijinho de boa-noite ao pai. Dá o beijinho prontamente e depois, durante uns tempos, logo a seguir, quando saímos da sala enquanto o pai lhe vai dizendo para dormir bem, começava a fazer cara de choro e desatava num pranto só visto. Um choro sentido, convicto e sonoro, mas sem guerras, como alguém resignado à sua sorte. Arranjei uma forma de a acalmar e convencer de que está na hora da cama com as ovelhas fluorescentes que estão coladas na parede por cima da sua cama. Basicamente, perguntava-lhe quem é que estava à espera dela para fazer ó-ó, ao que ela me respondia por entre o choro "mé-mé!". E eu lá lhe explicava que elas já estavam fartas de esperar para dormir com ela e ela parava com a fita, pedia-me miminhos por instantes e para atirar de seguida o corpo para o lado, para se deitar. A certa altura, era de tal forma, que ela assim que entrava no quarto, antes que eu dissesse alguma coisa, dizia logo por entre os soluços, "mé-mé!!!", assumindo que aquele era o seu desgraçado destino. Era mesmo cómico. Com o tempo, habituou-se à ideia e hoje em dia, já não chora. Só tem uma exigência, ou melhor duas: tenho de ser eu a cumprir o ritual e quando a deito depois do meu beijo de boa-noite, tenho de me sentar no puff até ela adormecer, sem grandes fitas. Ou seja, tenho pelo menos para cerca de uma hora de ritual nocturno todos os dias, mas sabe-me bem...
A curiosidade...
...neste caso não matou o gato, mas enfureceu um formigueiro inteirinho. A M. achou que aquele monte de terra tinha um ar estranho, ou talvez apetitoso, não sei especificar. Ainda tentámos agarrar-lhe a mão, mas já não fomos a tempo. Assim, que levantou a parte de cima do formigueiro, eram aos milhares, mínimas, a sairem em catadupa do buraco. E está claro, que muitas delas subiram mãos e pernas acima da malvada que lhes rebentou com o tecto. Era ver a M. a correr e a abanar-se toda, enquanto gritava aflita, "Ai! Ai! Ai! Ai! Ai!!!". Acho que aprendeu a lição, porque há uns tempos, quando ela ia a deitar a mão a outro monte de terra, relembrei-lhe a experiência, segurando-a e perguntando-lhe: "Não mexas... Não te lembras das formigas da terra?", parou, avaliou e olhando para mim com ar entendido, respondeu, "Tsi!", seguindo em frente...
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Cena de filme
Os nossos cunhados e sobrinhas foram passar uma semana a Paris, tendo ido nós buscá-los ao aeroporto no regresso. Passo a descrever a cena, digna de um guião de filme meloso. Imaginem a coisa com banda sonora e em câmara lenta, á moda dos anos 80... A M. estava a brincar com o tio Filipe no átrio das chegadas, quando vimos a família aparecer na porta. Chamei a M. e disse-lhe para ver quem vinha lá. A Matilde, por sua vez, vinha ao colo da mãe com ar ensonado e cansado, escondendo a cara no seu cabelo. A minha cunhada, do seu lado, também lhe perguntou quem estava ali. A M. olhou para cima, à procura e viu. Esboçou um sorriso rasgado, de orelha a orelha, e começou a correr na direcção do fim da rampa, a rir um bom rir, gritando "Bebé!". Em simultâneo, a Matilde espreitou por entre o cabelo da mãe e viu a prima à sua procura. Soltou um guinchinho de felicidade e começou a tentar mergulhar para o chão, de tal forma que a mãe teve dificuldade em não deixá-la cair. Assim que a pousou em segurança, desatou a correr rampa abaixo, enquanto ri-a à gargalhada e dizia "Ma'ena!" sem parar. Chegaram ao pé uma da outra ao mesmo tempo, pararam, esboçaram um sorriso, não sei como, ainda maior e deram um abraço gigante, do tamanho do mundo. Assim ficaram um instante, para a seguir seguirem à sua vida, de mão dada, por exigência da minha filha. Deixaram-nos a todos parados a ver, sem grande reacção, embevecidos com tamanha felicidade e amizade. Foi bonito. Só tive pena de não ter a câmara de filmar para registar um momento único, que poucos realizadores conseguirão reproduzir. Acham que estou a exagerar? Talvez, mas num centésimo. Tenho testemunhas que não me deixam mentir...
Partilhar
Ovos de chocolate
A vantagem desta Páscoa sobre todas as próximas que virão? Os ovos e as amêndoas de chocolate que a M. recebeu. Ou melhor, que os pais receberam. E eu que já não recebia guloseimas na Páscoa, este ano foram tantas!... É que a nossa filha ainda não sabe o que é chocolate. Desconfia que aquela coisa que levamos à boca deve ser boa - pudera! Come-se! -, mas certezas, certezas, não tem. Quando a avó chegou e lhe pôs nas mãos um ovo da Kinder gigante, eu exclamei - "Uma bola torta! Que giro! Dá cá que a mãe guarda". Ela sem tempo para muito e sem grandes hipóteses, cedeu e ficou a olhar para aquilo intrigada, enquanto desaparecia da sua vista. Ainda não foi desta que fiz o gostinho ao dedo da avó... :)
Páscoa
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Drops of Jupiter
A minha avó materna deu-me uma vez o melhor conselho, adaptado à realidade do século 21, está claro, que já algum dia recebi: acaba de tirar o curso, viaja durante dois anos e conhece o mundo, volta, arranja emprego e compra casa. Só depois, casa-te. Filhos só dois anos depois de casada. Uma senhora nascida em 1905 tinha esta visão... Por isso, levanta voo, sonha, descobre-te e conhece o mundo. Descobre a amizade e o amor, vive, não sobrevivas e nunca, mas nunca te esqueças de que a felicidade está em ti, independentemente de tudo o mais. É o meu maior conselho... Eu cá estarei para te dar a mão, para te empurrar no meio do medo do teu primeiro voo e para aplaudir todas as conquistas que obtenhas.
- Drops of Jupiter - Train
- Now that she's back in the atmosphere
- With drops of Jupiter in her hair, hey, hey
- She acts like summer and walks like rain
- Reminds me that there's time to change, hey, hey
- Since the return from her stay on the moon
- She listens like spring and she talks like June, hey, hey
- Tell me did you sail across the sun
- Did you make it to the Milky Way to see the lights all faded
- And that heaven is overrated
- Tell me, did you fall for a shooting star
- One without a permanent scar
- And did you miss me while you were looking at yourself out there
- Now that she's back from that soul vacation
- Tracing her way through the constellation, hey, hey
- She checks out Mozart while she does tae-bo
- Reminds me that there's time to grow, hey, hey
- Now that she's back in the atmosphere
- I'm afraid that she might think of me as plain ol' Jane
- Told a story about a man who is too afraid to fly so he never did land
- Tell me did the wind sweep you off your feet
- Did you finally get the chance to dance along the light of day
- And head back to the Milky Way
- And tell me, did Venus blow your mind
- Was it everything you wanted to find
- And did you miss me while you were looking for yourself out there
- Can you imagine no love, pride, deep-fried chicken
- Your best friend always sticking up for you even when I know you're wrong
- Can you imagine no first dance, freeze dried romance five-hour phone conversation
- The best soy latte that you ever had . . . and me
- Tell me did the wind sweep you off your feet
- Did you finally get the chance to dance along the light of day
- And head back toward the Milky Way
Doente
A M. apanhou gastrenterite outra vez. Mesmo em casa, mais protegida, estas doenças apanham-na na esquina desprevenida, e por um lado ainda bem. Desta vez, o que mais nos afligiu foram os vómitos, já que eram a dormir e de barriga para cima. Na primeira manhã, quem deu conta foi a ama que ao chegar, foi espreitá-la e nos chamou a perguntar o que era aquilo. Era uma massa arrocheada espalhada pela cama e cabelo da M. A coitada vomitou o jantar que incluia uvas e acabou por adormecer outra vez sozinha, sem ninguém por perto, acabando por ficar com aquela nhanhisse pegajosa seca. Senti um peso de culpa de 5 toneladas a cair-me em cima. Como foi possível eu não ter ouvido, não ter acordado? O cansaço era muito, mas caramba, a minha filha vomitou e teve de safar-se sozinha, durante a noite, com a cara, o cabelo e a cama sujos... Fui trabalhar com os pés pesados e com aquela imagem na cabeça. Horrível... Durante o dia, muita diarreia e falta de apetite, da praxe nestas coisas. Nessa noite, deitei-a e fui espreitando. Vomitou outra vez, de cabeça para cima. Foi um repuxo que caiu em cheio na cara. Assustada, chorou desalmadamente. Foi preciso dar-lhe banho a meio da noite e depois de muito mimo, creme e roupa lavada, decidi - dormi com ela na cama do tio, o tio ficou no sofá e o pai na nossa cama. Não quis correr o risco de ela se engasgar com o próprio vómito. Foi um sono solto, cortado às 3h com uma descarga de diarreia, com uma filha que se virava e revirava no canto dela, sem se chegar a mim. No dia seguinte, ainda com o ritual da diarreia diurna, tive de chegar tarde a casa, assim como o B. A minha tia, que foi lá jantar pelo seu dia de anos, ficou com ela depois da ama sair. Ligou-me a dizer que a M. tinha feito diarreia, que estava toda borrada e se eu demorava muito. Como continuava atrasada, disse-lhe o que lhe devia vestir e liguei para o B. para se despachar. Quando este chegou a casa, meia-hora depois, estava a M. aos saltos em cima da cama, de fralda, sem roupa, embrulhada numa toalha toda borrada, que foi limpando a porcaria que saiu para fora da fralda e que a titi nem detectou (ainda me perguntam porque não confio neles para ir passar férias...). Nessa noite, voltou a vomitar na cama às 5h, pelo que o B. decidiu levá-la para a nossa cama. Dormi mal, com ela às voltas. Tive medo que ficasse com a manha de dormir connosco, mas temos sorte - a M. continua a preferir dormir sozinha e parece que percebeu que aquilo foi uma excepção devido à doença. Já passou, mas foi uma aventura e tanto...
Colecção de bolas
O meu pai está a desempenhar cada vez mais o seu papel de Avô, ou seja, o de mimar, mimar, mimar. Ele e a minha tia foram um dia lá a casa e, para não variar, levaram a M. à rua para passear. Perto de nossa casa há uma papelaria, que entre muitas outras coisas, vende bolas. Umas bolas pequenas, mesmo a jeito da mão de um bebé de 18 meses, de várias cores e desenhos e que saltam q.b.. Escuso de voltar a explicar o quanto a nossa filha adora bolas. Diz quem viu, que se colou à montra da loja e com a cara e as mãos escarrapachadas no vidro, ia repetindo incessantemente - "Bola! Bola! Bola!". A titi não resisitiu e entrou. Comprou não uma, mas duas bolas para gáudio da petiz. Quando cheguei a casa, veio à porta exibir a sua nova aquisição, enquanto se ouvia o meu pai a resmungar: "Pois. Não podias ter comprado só uma. Tinham de ser logo duas! Habitua-a, habitua-a e depois me dirás...". Ouvi o sr. coronel falar e achei normal - essa era a sua função de pai, certo? No dia seguinte... Cheguei a casa e tinhamos avô outra vez. Desta feita, a M. apareceu à porta com, não duas, mas três bolas! A ama por entre sorrisos lá me explicou que desta vez tinha sido o avô, que escondido na sala, não se dignava dar-me a honra da sua presença. Sorri e entrei. Meti-me com ele. "Mais uma?!". "Ela não largava a montra e não se calava com as bolas!..." "Hum... Então a teoria é bonita, mas é só para a tia?..." "Oh! Pfffff!....", fez ele, enquanto encolhia os ombros e me virava as costas. Sem comentários... :)