Aprendeu graças às minhas perguntas. Quando dou de comer à M., pergunto-lhe várias vezes se "é boa, a papa". Ela sorri, aquiescendo. Já é uma pergunta impensada, nem dando por ela, sendo mais conversa para a entreter do que outra coisa. Não é que no outro dia, a comer o jantar, a certa altura diz com um ar convicto "É boa!", olhando para o pai, como que aprovando o pitéu por ele preparado. Ficámos parvos e demos uma gargalhada conjunta, conseguindo com isso que ela repetisse a façanha. Agora, tudo "é boa!" - a papa verdadeira e a papa de brincar com os tachinhos, assim como tudo aquilo que lhe agrada. Vou-lhe tentando ensinar a diferença entre boa e bom, conseguindo, por exemplo, que ela já saiba que o pai é bom e não boa. Mais uma gracinha para todos se divertirem quando ela come - já não bastava a felicidade ao ver a comida a chegar, a satisfação com que come, os suspiros e os apontares felizes para a comida, agora também aprova, dando-lhe sempre uma classificação de "é boa", juntando-lhe uma imitação de mastigar barulhento de pontuação máxima (tipo um miam! miam! de BD). Saca sempre risos e gargalhadas a quem vê pela primeira vez. É mesmo comilona!
domingo, 29 de março de 2009
Morangos
Depois de tentarmos a carne de porco sem qualquer problema de alergias, passei aos morangos, ficando a faltar o marisco (só aos 18 meses) e os frutos secos (aos 2 anos). Foi a avó que os levou para Quiaios para a neta provar e digamos que ainda bem que esta não desenvolveu nenhuma alergia. Adorou. Comeu tudo e quis mais, não nos largando enquanto não o conseguiu. Come-os sozinha, com as mãos, ficando com as bochechas todas lambuzadas de vermelho e as unhas parecem saídas de uma tentativa frustrada de tirar verniz vermelho. Naquela noite, fez umas borbulhas em volta da boca, ficando eu sem saber se deveria atribuir aos morangos ou à VASP. Acabei por chegar à conclusão de que foi da segunda, pois os morangos foram comidos ao almoço e seria estranho que a reacção fosse tão demorada, e porque depois comeu mais e não houve mais nenhum sintoma. Hoje em dia, quando vê os "mu" delira e até dá saltinhos de satisfação tal é a alegria de os ir degustar.
VASP
A vacina dos 15 meses... A primeira dada no braço, com a seguinte introdução da tia XXL: "esta dói muito! Parecem vidrinhos a entrar!...". Nem comento o que me custou, especialmente tendo em conta a minha fobia. O B. segurou na M., como em todas as outras picadelas, enquanto eu tentava não ver. Desta vez, tive de me armar em forte e distraí-la com um brinquedo enquanto a querida tia amiga lhe espetava o braço por detrás, para ela não dar conta. Chorou, mas já no fim da dose, muito graças à distracção e à rapidez e eficiência da tia piquita. Depois, foram o colinho, os miminhos e as bolinhas homeopáticas para os dentes, doces e inofensivas, que a calaram. Vá lá, não ficou ofendida com a enfermeira, não lhe guardando rancor, e o choro foi de pouca dura. É uma valentona - mais do que a mãe, no que toca a picas! Avisados de uma possível reacção ao fim de 5-6 dias, ficámos de sobreaviso para febre e eventuais borbulhas pelo corpo que desapareceriam da mesma forma como apareceriam. De facto, no final da semana, à noite, senti-a mais quente, fui medir a temperatura e estava com 38º, apesar de não demonstrar nenhum outro sintoma e sem quebra na sua energia. Pusemos-lhe um Ben-U-Ron e passou. No dia seguinte, à noite, apareceram umas borbulhas pequenas e vermelhas em torno da boca, que no dia seguinte já não existiam, pelo que a vacina passou por nós quase sem mazelas. Ufa!
sábado, 28 de março de 2009
Vacinas
Ainda não referi aqui nenhuma vacina da M. Talvez por ter fobia, na verdadeira acepção da palavra a agulhas, mas penso que merece o comentário. Foi sempre o B. que a segurou em tudo o que implicou picas. Não é que eu não seja capaz, mas a minha aflição seria no mínimo contraproducente para a criança. Assim, o ritual é ir ter com a tia Piquita, como ela própria se intitula nestas situações, e enquanto eu passarinho algures pela sala sem ver ou ser vista pela filha, o B. despe as calças, segura na perna dobrada e a XXL faz o que tem a fazer. A M. regra geral, não é de grandes choros. Se chora, não é por muito tempo, e perdoa sempre à sua amiga sem a bata branca vestida, não lhe guardando qualquer rancor, até hoje - e as vacinas são quase todos os meses! Depois de levar a pica, dirijo-me a ela e tento dar-lhe colinho para a acalmar, mas o B. nem sempre me dá esse direito, até porque se não seguro para o mau, também não tenho legitimidade de segurar para o bom. Está bem, não faz mal. O que interessa é que a nossa pipoca é uma valentona e faz ver à mãe nesta área... Quanto a reacções, foram poucas as vezes que fez, se bem me recordo, só na dos 2 meses é que a febre atacou.
Não há 2 sem 3
Fomos passear com a M. para o jardim, levando a bola, objecto indispensável em qualquer passeio em locais com outras bolas - é a única forma de evitar que ela fique pasmada a olhar ou mesmo chorar por as querer. A certa altura, baixou-se para a apanhar e com as pressas e a trapalhice já de carácter, fê-lo com demasiada força, levando a cabeça ao chão. Ficou com a testa vermelha, mas nada de extraordinário. Mais tarde, já em casa, estava com a M. às cavalitas, e porque já pesa, tirei-a levantando-a, o que fez com que desse com a cabeça dela precisamente na saliência da janela da cozinha, pondo-a a chorar. A testa, já vermelha da tarde, ficou mais um pouco, estando a zona mais sensível das duas pantufadas sofridas. À noite, em cima do sofá com o B. ao lado, na fracção de segundos em que ele se distraiu, tropeçou nos pés e foi direitinha com a cabeça à parede, que é de tinta de areia, provocando raspões desagradáveis. Resultado: muito choro e lágrimas depois, com o saco do gelo na testa, ficou com um galo a cantar meio arranhado, pois testa nenhuma resiste a tanta pancada no mesmo sítio no mesmo dia. Foi obra, especialmente nossa!...
Ati!
É o correspondente a "coisa", palavra que nós adultos tanto gostamos de usar quando não sabemos o nome de algo. Quando a M. não sabe o nome ou não consegue dizer, aponta e diz "ati!". Costuma ser uma boa solução. Se não resulta, pego nela e levo-a até ao sítio que ela está a apontar e peço-lhe que me mostre o que quer dizer com aquilo. Pacientemente, lá me leva até ao objecto da sua atenção e eu com um "ah!", lá lhe digo o nome, para ela a seguir, sorrir e fazer um "ãhhh" de satisfação. Diálogos simples, mas eficazes, apenas compreendidos pela mãe e a sua bebé, que precisam de dicionário para o restante mundo, inclusive o pai.
quarta-feira, 18 de março de 2009
Se fosse uma música dos U2, qual seria?
É só uma das minhas bandas favoritas, apesar de a ter descoberto já tarde na vida (apesar de pertencer à geração que viveu os anos 80 em plena adolescência, só lhes reconheci o mêrito e talento aos 23...). A música em questão é fantástica e de facto diz muito de mim, mas... já foi mais verdade. Hoje em dia, por vezes traio a minha própria natureza e contrario esse optimismo de uma forma mesmo inconsciente. Coisas dos 30 e tal...
Você é… ‘Beautiful Day’: Carpe Diem é o seu lema. Ou, como cantam as grandes filósofas Azucar Moreno, “solo se vive una vez”. Não perde uma oportunidade para se rir, mesmo que seja à sua própria conta, quando revê os vídeos daquela noite de karaoke num bar da Moita. Em dia de temporal, você é pessoa para cantarolar pela rua fora esta canção: “It's a beautiful day Sky falls, you feel like It's a beautiful dayDon't let it get away”
segunda-feira, 9 de março de 2009
Conversa
Esta semana, o avô veio cá a casa à tarde e levou-a à rua. Depois de se ir embora, tentei cortar as unhas À M., com ela sentada ao meu colo, tentando distraí-la com conversa para que a guerra não fosse muita. Fui-lhe dizendo que tinha tido imensa sorte por ter tido a companhia do avô naquele dia, narrando as aventuras do dia, que já me tinham sido relatadas. A certa altura, perguntei-lhe quem tinha ido à rua com o avô e para meu espanto, respondeu-me "bebé". Contente com a resposta e testando a sua capacidade para conversar, perguntei-lhe o que tinha visto com o avô na rua, convicta de que já lhe estava a pedir muito. Obtive mais uma vez resposta, desta feita "Cão! Pomba!". Acho que eu é que não quero ver que ela está a crescer...
E esta, hein?!
De manhã, enquanto lhe mudava a fralda, como ela refilava por não querer estar ali, fui-lhe dizendo que o pai estava a fazer o leite e que mais valia ela sossegar para o conseguir beber mais depressa - sempre foi um bom estratagema para a acalmar. Desta vez, disse um não peremptório. Espantada, perguntei-lhe se não queria o leite. Respondeu-me prontamente com um não cristalino. Não queria acreditar - ela adora o biberão da manhã, ficando tão impaciente que chora enquanto este não chega às suas mãos. Perguntei-lhe então se preferia a papa como pequeno-almoço. O não retumbante repetiu-se. Passei então ao ataque e questionei: "Então e pão? Queres pão?". A cara iluminou-se e no meio de um sorriso de orelha a orelha, saiu um "tsiiii!". Lamento, filha, mas foi ao leite que tiveste direito e não foi por isso que refilaste!...
Espelho
Já aqui contei que a M. é vaidosa, mostrando apreço sempre que lhe dizemos que está linda. Pois... Na semana passada, pus-lhe uma fita no cabelo e depois de a convencer a ficar com ela na cabeça, exclamei que estava linda. Ela fez a cara do costume e foi para o chão. Foi então que começou a apontar para a porta e a dizer "bebé!". Como o normal é perceber que vai ver a sua amiguinha quando vamos à rua, e era o caso, lá lhe expliquei, que não, que iamos à rua, mas que daquela vez não ia ver a Gui. Mas ela continuava com aquilo e eu sempre a explicar o mesmo. A certa altura, a M. foi para a porta da casa-de-banho enquanto repetia a sua ladainha. Percebi. Queria ver-se ao espelho, sendo que desta vez, a bebé era ela. Lá a levantei ao nível do espelho e ela pôde apreciar o quão bonita estava de fita na cabeça, algo que ainda levou uns tempos. Fartei-me de rir sozinha! No dia a seguir, pediu-me para lhe pôr a mochila dela às costas, uma coisa em pano com uma boneca de totós bem engraçada. Acedi ao pedido e lá lha pus. Voltou ao mesmo, desta feita, indo direitinha à casa-de-banho, a apontar para o espelho. Ali ficou um bom bocado, a apreciar o perfil para melhor ver a sua mochila, com um ar de vaidoseira só visto. Eu, está claro, fomentei a coisa, repetindo com ênfase que estava linda. Acho que o pai vai ter sorte e ter a menina mariquinhas que sempre quis. :)
Canca
Adora ir para cima da nossa cama para a palhaçada. Quando me vê puxar a colcha, vem a correr, a pedir "canca!". Quando lhe fazemos a vontade, põe-se em pé, atrevassando de um lado para o outro, a rir por ter um chão tão mole debaixo dos pé. Adora atirar-se de cabeça, dando mergulhos sem se magoar, assim como deixar-se cair de rabo para sentir as molas a saltarem. Nós entramos no jogo, fazendo-a cair e saltando para que o nosso peso a faça balançar, rindo-nos com ela no processo. A mim, faz-me alguma impressão, pois estou sempre a ver quando é que ela cai da cama abaixo ou bate com a cabeça nas partes de madeira, mas vou alinhando na brincadeira, sempre a saltar para a apanhar. Já chega a ser quase um ritual antes da hora de dormir, não se tornando rotina por ser algo que a excita imenso e dificulta o adormecer depois.
Nossa cama
Por causa da tosse, a M. não conseguia dormir em condições, acordando de madrugada a chorar irritada. Na sexta-feira, optei por tentar levá-la para ao pé de nós para ver se acalmava, quebrando a regra de não a habituar à nossa cama. Era muito cedo e tive pena, pois ela estava cheia de sono e não conseguia dormir. Adormeceu, virada ao contrário, como na cama dela, de pés para cima e cabeça para baixo. Acordou connosco, já tarde, no sábado de manhã e com um ar de felicidade por abrir os olhos no meio de nós. Na noite seguinte, foi o B. que fez o mesmo, dizendo-me que quando ela adormecesse ia deitá-la na cama dela. Foi uma noite pior. Eu acordei ene vezes com a tosse e a procura da pepê ou da Lola, enquanto o B. dormia de costas para nós a sono solto. Mais uma vez, a M. acordou ao contrário entre nós, mas quentinha por não estar sozinha na cama. Receei que na terceira noite fosse acordar para ir para a nossa cama, mas não. A nossa M. é boa menina e ganha poucos vícios. E confesso que me souberam bem aquelas manhãs com ela ao pé de mim...
Engordou!!!
Com as idas à praia, com aquele sol fabuloso e traiçoeiro, a M. ficou constipada, com uma tosse chata, o olho a chorar e o nariz cheio de ranhoca. A amiga XXL proibiu a piscina e lá nos ensinou o "muito, muito soro" na vista e nariz e o Maxilase três vezes ao dia, durante cinco-seis dias, até ser necessário incomodar a pediatra. Passou-se o fim-de-semana e chegados a segunda-feira, continuava com uma tosse seca. Optámos por ligar à pediatra, que nos mandou lá ir. A M. portou-se lindamente, não chorando e nem sendo preciso vir para o meu colo para ser auscultada. A médica estava encantada com aquela criança, que apesar do ar desconfiado a olhar para o estetoscópio, não se manifestou e deixou fazer tudo sem refilices. Só na parte da boca, para ver a garganta, é que foi preciso segurá-la e ouve vontade de choro, que passou assim que a sô dra parou com a tortura. Era vê-la no final a bater na engenhoca e a dizer "mau-mau!"... A Dra. Margarida, depois de confirmar que a M. já estava quase boa da constipação, ensinou-me o que fazer em situações destas - como auscultar e que ruídos procurar para identificar a pieira, o que dar (Oxolamina - um bom antitussígeno), como avaliar as ranhocas e como combatê-las com Unimer hipertónico (o do elefante e não o da girafa, por ser melhor). Finalmente, alguém que se interessa a sério e que demonstra profissionalismo a toda a prova!!! Depois, tendo em conta a última consulta, voltou a medi-la e a pesá-la. Em três semanas, a M. voltou a aumentar de peso, para 12,020 kg, subindo de percentil - já ultrapasou ligeiramente o 90!!! A pediatra apenas pigarreou e mostrou um ar um pouco mais preocupado, mas não voltou a impor limites, consciente de que eu estou em cima da coisa. Já cortei o biberão da noite, por não ser necessário, e agora que descobri que a ama gosta de lhe pôr papa no biberão da manhã (...), também o proibi, não querendo saber da sua cara de "mas ela assim tem fome!...". Se há coisa que a M. não tem, é fome, pois alimenta-se bem e não se queixa entre refeições. Há que haver regras, caramba!!! Ah! Faltava contar: a pediatra se já era fã da nossa piquena, agora ainda ficou mais, deliciando-se com as suas saídas e no final comentando "esta miúda é um prato!". Tinha de ser, certo?... ;)
Pampa
Já sabe que a televisão tem um canal que lhe interessa para além do Baby TV: o canal Panda. Adora o boneco gigante e pára tudo quando ele aparece. Quanto à bonecada, ainda prefere o outro canal, mas já identifica genericamente os desenhos animados com o nome daquele, independentemente do canal. Começo até a achar que já está a ficar um pouco viciada na caixa preta, pois de manhã, pouco depois de acordar, se vir a televisão, aponta e diz "Pampa!", insistindo bastante, a ver se tem sorte. A ama já tem ordem para não haver muita televisão durante o dia e nós evitamos, só a ligando nos seus canais preferidos antes do banho e depois do jantar para a acalmar um bocado, preparando a ida para a cama.
domingo, 8 de março de 2009
Frases
Já tenta e eu pasmo...
Como estávamos sozinhas em casa, enquanto eu tomava banho, pu-la na cadeira de comer que levei para a casa-de-banho, apetrechada de lápis e papel para ela se entreter. Durante o duche, ouvi:
- "Mãe! Pai? Papa, pão! Mãe? Bã!"
Tradução: Mãe! O pai? Foi comprar papa e pão! E a Mãe? Está a tomar banho!
Estante dos livros
Pê!
Apesar da M. já mastigar tudo, sem necessidade de se passar a comida, o B. continua a gostar de lhe fazer o miminho da papinha. Assim, quando é ele a preparar a fruta, costuma triturá-la na máquina das sopas, que tanto jeito deu e que agora serve para isto mesmo. A M., assim que ouve o "rrrrrrr" da máquina, a meio da refeição, aponta logo para a porta e exclama "Pê!", palavra universal que serve para designar fruta e que ela adora. Como ela aprendeu a identificar o barulho, a espertalhona!...
Apontar
Agora, passa a vida nisto. Aponta para tudo e espera que lhe digamos o nome. Parece mesmo que está a aprender, pois a maior parte das vezes, aponta consecutivamente para as mesmas coisas, fazendo-me sentir um disco riscado, de tal forma repito as palavras - parede, tecto, porta, pai, mão, parede, tecto, porta, pai, mão... Ufa!
Ai! Ai! Ai! Ta-tau!
Quando a M. se porta mal, com o objectivo de fazê-la parar com o disparate, o B. disse-lhe algumas vezes "Ai! Ai! Ai! Tau-tau!". Nem foram muitas vezes, pois ele nem é de repreender muito e muito menos assim. Não é que a miúda aprendeu e agora repete, tipo papagaio a expressão?! Chega ao cúmulo de bater em si própria, enquanto o diz, independentemente de nós lho dizermos ou não... E nem sempre é meiga!!! Resumindo: agora o tau-tau, que nunca chegou a ter o efeito de repreensão, é mais uma brincadeira para a M.. Assim, não vale!
Carnaval
Cumpre todas as ordens
Na ginástica recebi os parabéns da professora por a M. já cumprir as ordens todas. Atira para a frente e tenta atirar para cima, anda, corre, tenta saltar, dá pontapés e até tenta andar com um saco de feijões em cima da cabeça (a segurá-lo como é óbvio!). Só lhe falta uma coisa, que nem por nada lhe apetece sequer tentar: a preensão. Não se pendura na barra e nem quer saber. Há-de lá chegar.
Não corto, não corto, não corto!!!
O cabelo da M. continua a crescer devagarinho e uniformemente, excepto... o caracol! Já sei lá quanta gente me disse para cortá-lo, pois fica espetado sozinho, não fazendo sentido. Não quero nem saber! Não corto, não corto, não corto!!! Deixá-lo espetado. O restante cabelo há-de um dia ficar do tamanho daquele e depois já não se nota. É o meu caracol de estimação!...
Mai!
Por lhe perguntarmos quando está a comer se não quer mais, descobriu mais uma palavra, que por sinal lhe dá imenso jeito. Agora quando quer mais é só pedir. Usa é a palavra também para pedir outras coisas, mesmo que ainda não tenha recebido nada antes e não seja apenas uma repetição, como por exemplo para pedir música assim que entra no carro. Por vezes, torna-se difícil perceber o que ela quer afinal, por não haver um primeiro pedido de algo. Com o tempo, lá chegaremos.
Toma! Toma! Toma!
A minha tia estava a brincar com a M. em cima do sofá e ensinou-lhe mais uma das suas. A M. estava de bruços, virada de rabo para ela, e a minha tia decidiu dar-lhe palmadas a brincar na fralda, enquanto dizia "Toma! Toma! Toma". A M. aprendeu. Depois desse dia, era vê-la pela casa a bater na Lola ou num boneco e a dizer exactamente o mesmo, na perfeição. O problema foi que ela não distingue as coisas e por isso fazia o mesmo connosco. Foi uma trabalheira para ela perceber que na mãe e no pai não se bate...
Bebé
A M. já se reconhece e vê-se como uma pessoa autónoma da nossa. Quando se vê ao espelho ou numa fotografia, que já sabe que é dela, é o que diz: "bebé!". E se o pai lhe perguntar quem é a coisa mais linda cá de casa, ela, com ar maroto, responde a sorrir, meia a olhar para baixo, "bebé!".
Já está!
A M. usa muito esta expressão para se despachar. Se já não lhe apetece comer mais, se não quer ficar mais tempo deitada a mudar a fralda (mesmo que ainda não esteja), se não quer molhar a cabeça. Enfim, as ocasiões são várias. A última: deitei-a e como ela não queria dormir, apesar da hora, depois de algumas cambalhotas, levantar e sentar, deitou-se e de olho bem aberto disse "já está!". Tipo: "ok, ganhaste. Já dormi. Agora já posso sair?"...
sábado, 7 de março de 2009
Novo hábito
Como não achava que fosse um bom hábito deixá-la adormecer tão tarde, mesmo recuperando de manhã as horas perdidas à noite, optei por tentar incutir-lhe um novo horário de sono. Comecei por aproveitar duas noites seguidas, em que o cansaço da ginástica e da natação foi tal que adormeceu na cadeira de comer por volta das 22h30, sem biberão. Como não acordou durante a noite com fome, aproveitei a onda e comecei a deitá-la mais cedo. Não correu mal. Andámos a tentar a sorte por volta das 22h30/23h00, para devagarinho ir reduzindo a hora para mais cedo. Desde que eu vá com ela e fique no quarto até ela adormecer está tudo bem. Mesmo que refile um pouco ao princípio, depois de perceber que eu fico ali, acaba por encostar à box e ao fim de, no máximo, meia-hora adormece. Por vezes, precisa de um pouco de mimo primeiro, enrolando-se em mim antes de ir para a cama. Eu dou-lho e espero que ela me peça, por iniciativa própria, para ir para a cama. O senão: tenho de ser eu, senão chora e chama por mim - o B. não tem autorização para a ir deitar... Resultado: quando não adormeço com ela no quarto, ganhamos todos. Ela horas de sono e nós tempo à noite para nós. As noites já são outra vez seguidas e as manhãs começam cedinho, por volta das 7h30. As sestas dependem: por vezes são logo de manhã depois do leite bebido e a fralda mudada, por vezes depois de almoço. É conforme, não havendo regras com a M. Mas não se pode ter tudo!...
Puf
Farta de ficar com o rabo quadrado por me ter de sentar no chão à espera que a M. adormeça e achando que seria algo de que ela ia gostar, encomendei um puf à tia C., de um rosa forte, para combinar com os cortinados. Quando o vi, assustei-me: tem um metro de diâmetro e pareceu-me gigante. Trouxe-o para casa e mostrei-o à M. O meu pai estava cá e começou logo a brincar com ela em cima dele, a fazer escorregas e cambalhotas. Resultado: a M. adorou a coisa. Do que mais gosta é de se atirar contra ele de braços abertos, pois sabe que não se aleija. Para além disso, gosta que eu a ponha lá em cima e vá ajeitando as bolinhas ao seu corpo. Ela vai subindo e descendo com os movimentos, e fica encaixada como se estivesse num pequeno trono. O seu pequeno trono. Depois dou-lhe os brinquedos que ela pede - normalmente os tachinhos - e lá fica ela a brincar connosco dali de cima. Para além disso, agora já tenho onde me sentar para a adormecer. É fofinho, quentinho, molda-se a nós e é suficientemente grande para me enroscar nele. Só tem um mal: muitas vezes adormeço também...
Beijinho à esquimó
Uma das últimas coisas que a ama lhe ensinou, que a M. reconhece como "dá-me um narizinho". Aproxima a cara e abana a cabeça para esfregar o nariz no nosso. É algo que a diverte bastante.
Reconhece
... a nossa roupa, que está para lavar: tira os boxers do B. e diz "pai!", apanha uma meia minha e diz "mãe!". É giro como não se costuma enganar. Agora é o carro. Iamos a sair e eu dizia-lhe que íamos para o carro para passear, ao que ela apontou para o nosso, no meio dos outros, e disse "popó!". Coincidência? Talvez. Mas eu gosto de acreditar que tenho uma filha esperta... ;)
Bicho carpinteiro
Tem-no de certeza e bastante!!! A M. não pára um segundo, nem sequer quando está sentada. Se eu a sentar ao meu colo no chão enquanto lhe tento ler um livro, ela pura e simplesmente não sossega. Ora põe as pernas para um lado, ora põe para o outro, ora se vira de barriga para baixo, ora se levanta para cair de chofre, ora se deita e escorrega pelas minhas pernas abaixo, ora... Cansados? Também eu fico! É impressionante como ela não sabe o que são mais do que 5 segundos quieta. Sem exagero! Um dia que tenha de aprender a brincar ao "Macaquinho do Chinês" vai perder na certa! Ficar como uma estátua é pedir-lhe muito! A quem sai? A mim, pois está claro. Eu até a ler era assim: começava sentada direita no sofá e acabava de pernas para o ar, encostadas às costas do sofá, e de cabeça no chão - literalmente! O que eu mais oiço contarem-me era que as minhas pernas não sossegavam um bocadinho, mesmo quando estava presa na cadeirinha. Onde será que já vi esse filme?!
Escondidos
O meu pai veio passar a tarde com ela cá a casa. Aliás, a M. tem tido o privilégio de muita brincadeira com o avô A. nestes últimos tempos. Parecem dois miúdos e por vezes nem sei qual o pior... Naquele dia, quando cheguei a casa do trabalho, vi os dois à janela a ver as vistas. Estacionei e subi para casa. Quando saí do elevador, estavam os dois escondidos atrás da esquina, com o meu pai a dizer-lhe baixinho para não fazer barulho, para aparecerem quando eu desse sinal de vida (atenção - só apareceram, sem gritinhos, nem cucus. Seria pedir demasiada abertura ao sr. coronel :) ). Depois, riram-se os dois e a minha filha em vez da costumeira festa de boas-vindas que me faz, ignorou-me e seguiu caminho para ao pé do avô para fazer cambalhotas!...
Faz de conta
A avó comprou-lhe no chinês um conjunto de objectos de cozinha - pratos, talheres, frigideira, copos, tachos. Isto porque em casa dela, a M. não fazia outra coisa que não fosse brincar com uns parecidos da prima. Foi o melhor presente que já lhe deram, depois da bola (que também foi a avó que lhe deu...). Não larga aquilo nem por nada. Quando quer brincar, vai buscar a lata do leite onde eu lhe arrumei esta tralha, e enquanto vai dizendo "iá papa!" vai fazendo de conta que come com a colher. Vem nos trazer o prato ou a panela e faz de conta que nos dá de comer. Depois traz o copo e obriga-nos a fazer que bebemos. Houve uma manhã que foi ter com o pai à cama só para lhe dar a "iá papa!"... A nossa princesa já tem brincadeiras de menina e acima de tudo, o que me surpreende é a sua capacidade de imitar e já brincar ao faz de conta. É de facto, giro acompanhar estes pormenores da sua evolução.
Estufa Fria
Lembrei-me da minha infância e como me levavam com alguma frequência à Estufa Fria e ao parque infantil respectivo, por morarmos muito perto dali. Há um lago com patos e gansos e o jardim tem galos, galinhas e pavões. Eu adorava lá ir dar pão aos patos e aos peixes (na altura também havia cisnes) e depois dependurar-me nas barras para aprender a fazer cambalhotas com o meu pai. Assim, fomos com a M. ao jardim da minha infância, para repetir com ela a experiência. Foi um sucesso. Levámos pão num saquinho e, tal como no meu tempo, sentei-a no muro de pedra e atirei o pão aos nossos enfartados amigos (já não se fazem patos como antigamente! Parecia que nos estavam a fazer um favor!...), fomos ver os outros bichos e deixámo-la andar à vontade. Como o lago fica junto à Alameda Eduardo VII, depois do iogurte do lanche, começámos a descê-la. Se dependesse da M., iamos a pé até ao Rossio! Andou, andou, andou, e não queria subir a Alameda - só descer. Fez as delícias de muita gente, especialmente de alguns velhotes solitários que esperavam ver algo que lhes despertasse o interesse de um banco de jardim (é mesmo triste...). Não chegámos a ir ao parque infantil, experimentar o escorrega, pois estava imensa gente, tudo maior do que ela e podia correr mal. Quando a pusemos no carro, vimos uma M. feliz e cansada. Aliás, estávamos todos três cansados! Foi de facto uma excelente tarde!
Lápis de cor
Como ainda tenho os lápis de cor da minha infância (É verdade! Fazia colecção para ter as cores todas e mais algumas, chegando a surripiar alguns na escola por ser uma cor que eu ainda não tinha...), achei que seria engraçado mostrar à M. aquelas coisas mágicas, que fazem riscos numa folha de papel. Sentei-a na cadeira de comer e puxei daquele novo brinquedo. Risquei e fiz desenhos e ela adorou. Tentou segurar num, mas não conseguiu por não ter força para riscar. Isto porque em vez de tentar segurá-la com a mão toda, tentou imitar-me, segurando-o já com os dedos. Demorou alguns dias a perceber onde aplicar a força, mas agora já domina a coisa e já gatafunha pelo papel afora. Por vezes, ela vai-nos dando lápis a lápis para nós riscarmos um bocado, dizendo a cor à vista. Mas o normal, é pedir-nos que façamos desenhos para ela adivinhar. Ainda por cima têm de ser bonecos que ela identifique... Como ninguém cá em casa nasceu artista, nem sempre é evidente, mas pelo menos a colher e a tigela, o gato, o peixe, a pêra, a sua Lola, o sol, o pato, o caracol e o pássaro ainda se consegue fazer... De todos os desenhos possíveis, o que ela gosta mais é o da mão. Ponho a mão dela ou a minha em cima do papel e contorno os dedos, por forma a que ela fique desenhada. Adora a meio do processo tirar a mão depressa, como se estivesse a pregar uma partida. Hoje em dia, passa a vida a pedir para ir para a cadeira de comer, apontando para a gaveta onde os lápis estão escondidos. Foi uma brincadeira com sucesso. Tenho mesmo de lhe comprar uns lápis próprios para bebés, para poder sair da cadeira e não correr riscos...
sexta-feira, 6 de março de 2009
Concerto para bebés
Pela primeira vez, soltou-se e largou à aventura para o meio do palco para ouvir melhor os instrumentos. O normal é ficar junto a nós, mesmo que a curiosidade já aperte. Mais uma vez se viu como ela gosta de ir a este espectáculo, que já se tornou numa rotina mensal cá em casa.
Parapeito e popós
A nossa sala, assim como o quarto dela, têm um grande defeito: as janelas vão até 50 cm do chão e têm um parapeito interior muito acessível. A M., graças à sua genica imparável, descobriu um sítio fantástico para se empoleirar. Ainda por cima é uma janela com vista para os popós que ela tanto gosta. Agora, em vez de 50, são precisos 500 olhos para a vigiar, e temos de rapidamente descobrir uma solução para estas janelas tão acessíveis...
quinta-feira, 5 de março de 2009
Palmada no rabo
No entanto, já comprovei que uma palmada no rabo também surte efeito, ao contrário da palma da mão. Não sei se por parecer mais uma palmada (na mão confesso que às vezes mais parece uma festa com mais força...), se por ter um maior factor de surpresa, se pura e simplesmente ela entende assim porque sim. O que é certo é que há uns dias, apanhei-a a esticar o dedo para a tomada, para tentar tirar a protecção, acto por mais do que uma vez condenado e repreendido (e o quanto!...). Fui por detrás e sem qualquer pré-aviso, dei-lhe uma palmada no rabo de fralda, enquanto soltava um não forte. Ficou espantada, ponderou chorar, mas não o fez e veio ter comigo aflita, para se agarrar às minhas pernas, a dizer "mamã! mamã!". Como quem me pede muitas desculpas. Voltei-lhe a explicar o mesmo de sempre, com muitos nãos à mistura e ela pareceu perceber, pois por alguns tempos, evitou tomadas.
Palmada versus castigo
Sou apologista de uma boa palmada no rabo quando estritamente necessário, optando pelos castigos e a compreensão do porquê na maioria das vezes. Como a M. ainda não tem idade para perceber castigos, comecei por nãos veementes e decididos, mostrando-lhe que estava efectivamente zangada com determinada atitude. A minha filha basicamente borrifou-se para o assunto e o normal é continuar, nem que seja numa de desafio, como reacção. A palmada na palma da mão vem então para primeiro plano. Resultado? Uma gargalhada... Sonora... É assim. A M. não tem medo das palmadas e como não damos com força, o resultado é provocar mais a moçoila. Tentei então segurá-la. Quando está a mexer em algo que não deve, ao fim de alguns avisos, seguro-lhe nas mãos, por forma a ela ficar imobilizada. Desespera. Fica pior do que eu sei lá, chora, atira-se para trás e contorce-se para se soltar. Fico inamovível e após algum choro, pergunto-lhe calmamente se já se acalmou. É engraçado como isto costuma ter um efeito tão positivo. De lágrimas gordas a cairem-lhe dos olhos, olha para mim e tenta auto-dominar-se. Chega a engolir em seco para conseguir parar de chorar, quando percebe que essa é a forma de atingir a liberdade. Como é possível alguém tão pequeno já ter esta capacidade de compreensão... Uma das vezes, pude comprovar como este método é eficaz com a M. Estava sentada em cima da mesa da sala a brincar comigo. Quando descobriu o centro de mesa com folhas e pétalas secas foi um ver se te avias. Meteu logo a mão lá dentro apesar das minhas negas. Retirei-lhe a mão três vezes. À quarta, nem dei pré-aviso. Segurei-lhe nas duas mãos e ali ficámos até ela se acalmar. Como não tenho nenhuma filha prodígio ou que fuja à norma para a idade e que é teimosa como as mulas, é claro que voltou a meter a mão lá dentro, espalhando tudo. Voltei ao mesmo mais uma vez, só a soltando quando parou com o cinema. Expliquei-lhe que não mais uma vez e deixei-a no mesmo sítio, mesmo ao lado da tentação. Tive de esconder a cara por várias vezes... A M. olhava para o centro de mesa e de soslaio para mim, chegando a levantar a mão na sua direcção. Eu nunca me pronunciei ou manifestei. O certo é que o medo de ficar sem se mexer outra vez, impediu-a sempre de levar avante os seus planos, não voltando a lá meter a mão. É claro que no fim, dei-lhe os parabéns e fiz uma festa cheia de palmas por se ter portado tão bem. A educação pela positiva tem muitos mais frutos do que aquela que apenas oprime e realça a negativa... Penso eu de que...
Educar...
É a parte mais díficil de ser-se pai: educar. Tem muito que se lhe diga e nesta matéria as opiniões são tantas e tão diferentes que por vezes é quase como a religião e a política - deviam ser banidas das conversas sociais para evitar discussões. Ser-se Pai implica ser-se mais do que um amigo, implica ser-se uma figura de autoridade, que serve de farol e ao mesmo tempo de âncora a uns seres que nos imitam a nossa vida inteira. O não é uma palavra essencial (como a tia S. diz, é contingente) e a firmeza e coerência das nossas atitudes como pais e pessoas são fundamentais. Parte de nós germinar uma planta, que terá de crescer sozinha, com o seu próprio esforço, mas em torno da nossa estaca, que a orienta sempre para cima ou para a frente, graças à sua rectidão. Quando estes pequeninos nos olham com uns olhos de cão abandonado, nos desafiam com um sorriso malandro para nos desmancharmos com o disparate ou choram com verdadeiras lágrimas de crocrodilo a rolarem cara abaixo ainda se torna mais díficil a tarefa. Porém, sou da opinião que não devemos ceder e quebrar perante tais desafios. Quando é não, é não até ao fim, mesmo que a certa altura já não nos apeteça continuar com aquilo. Cá em casa, o não é mais firme na boca de um de nós. Um de nós descamba mais depressa e rola pelos olhos doces da filha que nos tentam qual Medusa. Nem sempre, mas às vezes, encarreira outra vez e tenta não descarrilar mais, apoiando-se numa maior firmeza do outro. Só espero que com isto, um de nós não esteja condenado a ser o mau da fita. Até porque não é isso que faz com que eles gostem mais ou menos de nós. Faz sim com que tenham mais ou menos respeito, mais ou menos necessidade de conquistar, por não sermos um dado tão adquirido e garantido.
Puca- puca-puca!
No ioga para bebés, aprendi alguns exercícios que tento repetir em casa. Um deles é o comboio. Sento-anas minhas pernas de costas paa mim, levanto e desço as pernas para acompanhar o ritmo e vou dizendo "pouca-terra! pouca-terra!". A certa altura, levanto-lhe o braço e desço como se puxasse uma corda, gritando "uh-uh!", imitando assim o antigo apitar do Quim. Há já uns tempos, que oiço a M. a dizer baixinho e divertida "puca-puca-puca!" sem parar. Eu achava que era um som como outro qualquer até ao dia em que o associei. Fiz-lhe a brincadeira do comboio e ela imitou-me com aquele "puca-puca-puca!", arrematando com um "uuuhhh!" fininho. São de facto verdadeiras esponjas as crianças.
Imitações
São de chorar a rir! Já imita o cão, a vaca e a ovelha com os típicos "ão! ão!", "mu!" e "mé mé!". É engraçado como ela distingue o nome do som desta última. Apesar de usar a expressão "mé-mé" para ambos, o balir é mais demorado. O gato faz "aaauuuu!", o galo faz "cócó!" e o pato faz "cá-cá!". Até o perú faz "pu-pu!". Até aqui tudo normal. Depois, passamos aos engraçadinhos, que gostamos de mostrar ao mundo, para babarmos com as suas apetências. O tigre tem um som parecido com um limpar de garganta arrastado. O macaco faz um "uh! uh!" muito, muito agudo e baixinho. E o nosso preferido, com 12 pontos, é o porco. Franze o nariz, põe a boca em bico e tenta roncar como nós fazemos. E costuma sair um som muito parecido! O seu ar, de cara toda franzida a tentar imitar o porco vale a pena ver.
Olhos de azeitona
Não me canso de os mirar. Tem uns olhos escuros, muito expressivos e sorridentes, que não param de observar tudo e todos. Fazem-me lembrar as azeitonas pretas, que quase reluzem por serem carnudas e escuras, tão perfeitas que dão vontade de comer mesmo não se gostando. São assim os olhos da nossa princesa, espelhos de uma alma cheia de energia e movimento. É o meu desejo que estes olhos lindos nunca deixem de sorrir, como agora, como se tivessem uma gargalhada pendurada a querer sair.
Adormeceu sentada
Uma destas noites, depois de muitas voltas e viravoltas na cama e um deita-te mais ríspido da minha parte, a M. acabou por sossegar da ginástica nocturna e ficou sentada na cama de mão dada comigo de fora das grades da cama. Ali ficou, encostada aos pés da cama, a chuchar na sua pêpê, muito sossegadinha e séria, a observar-me, sentada no chão ao lado da sua cama. Encostei a cabeça aos joelhos para descansar e acabei por passar pelas brasas uns minutos. Quando voltei a levantar a cabeça, a M. ainda estava na mesmíssima posição, só que os seus olhinhos observadores a brilharem no meio do escuro já não se viam. Apercebi-me de uma respiração mais pesada, aproximei-me e vi-a a dormir sentada na mesma posição inicial. Coitadinha, rendeu-se ao João Pestana, mas só porque já não teve forças para mais...
Propriedade exclusiva
Sou eu. O pai não tem autorização para me agarrar por muito tempo ou me abraçar. A M. vem logo, logo direitinha a nós, agarra no braço ou na perna do pai e começa a puxar enquanto chama por mim. É cá uma ciumenta!!!
Ai! Ai!
Desengane-se quem pensa que a expressão é nossa quando ela se porta mal. Também não é nenhuma interjeição de dor. Dou um doce a quem adivinhar, antecipando já a resposta, por ter a firme certeza que ninguém adivinha: é parte do refrão da canção da "Saia da Carolina". É uma das suas músicas preferidas e quando quer que a cantemos, levanta os braços em jeito de rancho folclórico e exclama "Ai! Ai!". Aliás, a nossa filha deve ter herdado os genes lá de chima do pai, pois quando quer que alguém lhe cante algo, levanta os braços e gira o tronco como que a dançar. Parece mesmo que anda no rancho, tal como o B. andou, e que vai dançar o "Vira". E se não é esta canção, é outra qualquer que faça parte do nosso reportório. O que lhe interessa é que haja cantoria para ela poder dançar, algo que ela definitivamente adora. Por vezes, estamos nisto eu sei lá quanto tempo, atendendo às solicitações infindáveis da madame. A avó e a minha tia também já alinham, pondo-nos a todos a cantar às suas ordens.
Noites aos bochechos
Andou uma semana com um horário manhoso à brava. Apesar de adormecer tarde e a más horas, acordava às 4h, às 6h e um dia outra vez às 7h00. Não percebi o porquê até hoje. Só sei que não achei gracinha nenhuma! Felizmente, já passou.
Sono leve
É quase impossível não acordar a M. de manhã se fizermos barulho. Por barulho entenda-se, não algo mais forte, mas sim por exemplo o som de deslizar da porta do roupeiro do quarto dela. Se nos esquecemos de tirar o casaco à noite, é certinho que ela vai acordar connosco, por mais cuidado que se tenha ao abri-la. Já à noite, depende. Virá-la logo a seguir a ter adormecido, não costuma provocar reacções, mas já desisti há muito de lhe tentar mudar a fralda ou dar-lhe o biberão a meio da noite. Vira-se de barriga para baixo e começa literalmente aos coices até acordar por completo. Depois, é um castigo para adormcer outra vez.
Thi-thi!
Hoje em dia já não sou senhora dos meus domínios. A casa-de-banho então é local interdito à solidão. Se para lá for, é certinho que a M. vem atrás no micro-segundo imediatamente a seguir, não importa o que estiver a fazer no momento. Assim, tive de me habituar a partilhar um sítio, que para mim era sagrado (já percebo o que queria dizer a mãe do meu afilhado, quando há uns anos largos, me disse que quando eu tivesse filhos eu ia ver que a casa-de-banho deixaria de ser um domínio exclusivo...). À conta disso, a M. aprendeu mais um conceito: o xi-xi. Quando me vê sentada na sanita, olha para mim, arreganha os dentes e com ar maroto exclama "thi-thi!". Eu lá lhe explico que é isso mesmo e que ela também faz, só que para a fralda. Quero acreditar que em tudo, se pode tirar algo de positivo, desta feita uma pré-aprendizagem do futuro penico. Quem sabe... Se calhar não estou a delirar... :)
quarta-feira, 4 de março de 2009
Pombas
Fui passear para o jardim com ela. Deixei-a ir a pé para poder disfrutar do passeio à séria, implicando com isso passar o tempo todo (sem exagero) a controlar as mãos, que apanhavam tudo do chão com um único objectivo - a boca -, assim como a evitar tombos e fugidas para sítios menos próprios. Já por várias vezes, nos apercebemos que ela adora animais. Não importa quais. Pássaros, como já aqui contei, é uma das suas paixões, conseguindo detectá-los no ar, bem lá longe, da janela de casa. Costumo pensar que a minha filha vive com a cabeça lá em cima e, não sei porquê, identifico-a com uma das minhas personagens preferidas: Fernão Capela Gaivota. Neste nosso passeio, vimos algumas pombas no jardim. Apontava para elas e tentava apanhá-las, é claro, sem sucesso. Comecei a dizer-lhe para as chamar, enquanto eu própria o fazia. "Pomba! Anda cá! Pombinha!". Pouco tempo depois, saiu-lhe mais uma palavra: "Pomba". Assim, tal e qual. Sem bebelês pelo meio. Depois, era vê-la, a andar na sua direcção enquanto dizia "Pomba! Popita! Cá!". Foi um fartote de plumas naquela tarde e mais algum linguajar aprendido pelo caminho...
Pede em condições
A M. tem o péssimo hábito de pedir as coisas com gemidos. Quando não sabe o nome do que pretende ou quando já está a pedir há tempo demais (o que para ela são só alguns segundos), aponta e começa a gemer, tipo "ãh! ãh! ãh!" em versão de disco riscado. A ama tenta explicar-lhe que aquele "ãhãhãh" não se faz, mas sem sucesso. Quanto a mim, já descobri o truque. Costumo parar, olhar para ela e calmamente digo-lhe para pedir em condições. Ela imediatamente pára com os gemidos de solicitação e emite um "ahhhhhhh!...." baixinho e longo, carregando nos "h". Como se tivesse acabado de beber algo fresquinho e lhe tivesse sabido bem, com uma entoação de malandrice e não de saciada. Como nem sempre lhe dou o pretendido, o normal é voltar aos gemidos. O engraçado, é que agora, por vezes já nem preciso de lhe dizer para pedir em condições. O meu olhar e mão levantada resultam por si só e lá solta ela aquele "ahhhhhh!..." já tão típico. É um começo...
Jeito para o teatro
A M. agora dá-se a uma grande encenação quando é contrariada. Se lhe negamos algo, faz como todos os outros bebés: chora, ou melhor, faz que chora. É uma lamechiche perfeitamente distinta do choro a sério, que não convence ninguém. Até aqui nada de novo. O cómico é a forma como ela o expressa. Costuma levar as mãos à cara, e enquanto abana o corpo para a frente e para trás, vai dizendo "ah bebé! ah bebé!", com um ar desoladíssimo. Imaginem uma carpideira em ponto pequenino e com imenso talento. É a M... Chego a ter de me esconder para ela não me ver rir à gargalhada, não me conseguindo controlar de todo quando ela começa com isto. Como não é suposto gozar com a cara dela e nem é o mais pedagógico, eu tento, juro que tento. Mas nem sempre consigo. Quando não aguento e rebento à sua frente, fica danada comigo e chora mais ainda. Depois, passa por ter de lhe perguntar o que se passa e calmamente lhe explicar que a chorar não vai conseguir nada. Ela acaba por se acalmar, mas o jeito para o teatro está lá. Se calhar, temos uma Eunice Muñoz cá em casa e não sabemos!...