O que a amizade tem de bom quando é verdadeira, é que podemos estar décadas sem falar, mas ela persiste para lá do tempo. Por vezes sentimos que os amigos desapareceram, que nos sentimos sozinhos, e de repente aparece aquele alguém que acena lá do fundo, com um sorriso quente e nos aquece o coração. Eu estava habituada a estar rodiada de pessoas. Era tão impossível encontrarem-me em casa, que me ofereceram um telemóvel (confesso que fui uma das últimas resistentes a esta tecnologia) só para poderem falar comigo. De repente, a vida mudou, os amigos dispersaram - e eu tive a pontaria de preservar os Amigos que sairam da minha terra e foram para lá longe - ou por este ou aquele motivo desligaram. E assim, dei por mim sozinha, sem ninguém com quem estar. Não quero com isto ser ingrata para com os resistentes, apenas não me habituo à ideia de que dos 30 malucos que contavam comigo para nos encontrarmos, nem que fosse no cinema, apenas restam por perto os dedos de uma mão, e destes, a maioria, como é aliás normal, tem uma vida que não permite grandes convívios. Os meus últimos desabafos passam muito por aí. Por vezes sentimo-nos sedentos de contacto humano e de amizade - ou pelo menos demonstrações desta, porque sabemos que ela está lá. A conversa, a compreensão, o saber ouvir, a parvoice e o disparate. E agora, que mais preciso, apareceu aquela mão amiga do passado, que nunca esqueci e que nunca me esqueceu. Um obrigada para ela do fundo do coração e que o tempo nos permita provar que a amizade é um dos bens mais valiosos que preservamos...
Há 8 anos