sexta-feira, 28 de novembro de 2008

17h30...

No dia a seguir aos anos da M. recomeçou o horário completo... Acabou-se a saída às 15h30, acabaram-se aquelas horas extra a brincar, a passear e a ir para a esplanada com a filha. Estava deprimida, com uma neura só. Fiz um esforço para controlar a vontade de chorar, que já há uns tempos se quer expandir pela contrariedade que me é imposta diariamente. Naquele dia, às 17h30 em ponto, tinha fogo a queimar-me as solas dos sapatos, e fugi para o carro ainda com o pim! do relógio de ponto a soar atrás de mim. Não consegui nessa semana deixar o carro à porta da estação de comboios e obriguei-o a percorrer todos os dias os quase 30 km de um percurso que inclui o IC19. Agora, o dia acaba já de noite, o frio aperta e a terra de eleição do Eça de Queirós não é a minha. Agora, chego a casa às 18h30, a correr, para não chegar atrasada para a ama me entregar o testemunho. Nos dias da ginástica, nem tenho tempo de dizer olá - quase a chegar, dou um toque de telemóvel para que desçam com a minha encomenda preciosa e sigo caminho com ela a chorar porque a mãe não a cumprimentou condignamente. Nos dias da natação tive de me render às evidências e chego quase no fim para ajudar o pai a dar banho, secar e vestir a pipoca. É isso ou impedi-la de usufruir destes pequenos luxos de que tanto gosta. Não há direito ter filhos para os outros os verem a crescer...

Confesso...

Ok! Ok! Faltou dizer... E parece-me que devo ser honesta para contigo... Ser-se Pai é o papel mais difícil de se interpretar neste teatro da vida. É um emprego a tempo inteiro, um part-time a todo o tempo, uma função que conjuga responsabilidade e diversão. Ensina-se e aprende-se todos os dias. É extremamente difícil conseguir perceber se estamos a fazer bem, se é isto ou aquilo que devemos ensinar, repreender, evitar, proibir ou permitir. Talvez só daqui a muitos anos, quando te tornares numa adulta (espero eu que responsável, inteligente, meiga e amiga), consigamos perceber se o nosso trabalho foi bem concretizado. Trabalho esse que não acaba na tua vida adulta. Continua enquanto cá estivermos, para te dar apoio, ajuda e acompanhamento no que for preciso, apesar de a um outro nível bem diferente. Agora, a preocupação são os alicerces, a fundação. É essa base que deve ser bem esculpida, bem moldada e muito, muito bem fundeada para te dar um fio a seguir daqui a uns anos, quando começares a querer fazer sozinha e te achares a dona do mundo. Confesso: muitas vezes fazêmo-lo às apalpadelas, sem certezas, ou pelo menos com muitas dúvidas, mas sempre, sempre com a plena consciência da nossa responsabilidade. Isso sempre. Por isso, tem sempre presente que qualquer falha foi sem intenção, sem maldade. E sim, confesso: adoro ser mãe. E sim, confesso: estou arrependida de ter esperado tanto tempo. E sim, confesso: se pudesse, eram mais vinte...

Nota da autora: serão negados quaisquer factos aqui relatados e qualquer comentário acerca destas afirmações será objecto de total indiferença (afinal tenho de manter a minha imagem!!!)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

O meu um ano depois

Uma palavra era suficiente para quem me conhece no meu mais íntimo ser: mudei. Ou melhor, Mudei. De Mulher independente, irrequieta e inconformada passei a Mulher e Mãe, muito menos independente, por ter um ser totalmente dependente de mim, com uma capacidade de sentir diferente. Acho que foi essa capacidade que mais mudou em mim: o sentir. Agora, custam-me certas notícias sobre crianças, muito mais do que a impressão social de uma mente esclarecida. Reporto muita coisa ao "e se fosse comigo? e se fosse com a minha filha?". É estranho como isso acontece. A consciência do Mal passa a isso mesmo - Consciência. Com sentir misturado. Também mudei na capacidade de exprimir esse sentir. Já se ouve da minha boca expressões como "meu amor" (só para ti, filha. O teu pai ainda não teve essa sorte...). Apesar de ainda só o conseguir na presença tão somente do teu pai. Terceiros ainda não têm esse privilégio (talvez o tempo ajude)... Estou ainda mais preocupada com o futuro, com o que a História nos reserva e sobretudo, o que reserva à tua geração. Dói-me ver as asneiras da humanidade, que comprometem muitas vezes um futuro risonho aos adultos do amanhã - os sacrilégios contra o planeta, a natureza, a sociedade como ela existe. Os princípios e a ética de ontem transformam-se em algo por vezes incompreensível e até inexistente. Mas também dou muito mais valor ao que já se conseguiu evoluir agora para depois. Aplaudo com muito mais satisfação os sucessos da ciência, da tecnologia, da esperança que surge na forma de tanta coisa, desde umas eleições a mais uma espécie protegida. Em resumo: continuo eu no meu âmago mais íntimo, continuo rebelde e a desejar ser diferente, a querer sempre mais, a acreditar no mesmo, mas mais moderada nas atitudes, mais virada para aquilo que agora me é de mais importante: a família. A minha perspectiva, no fundo, mudou, mais orientada para ti.

O teu um ano depois

Passou-se um ano. Tenho tanta e mais alguma coisa para dizer... Está a acabar uma etapa e a começar uma nova era. Nasceste antes do tempo, impaciente desde o início, um ser pequenino com nota 10, que na primeira noite dormiu agarrada ao meu polegar como se já soubesses que aquele era o teu porto de abrigo. Começaste por ser uma menina muito sossegada, que dormia noites inteiras, e dava dias fabulosos. Eras a minha companhia na tua alcofa, a dormir ou muito quietinha a olhar para mim com esses olhos inquisidores. De uma boa-disposição a toda a prova, muito cedo, revelaste-te uma menina sempre sorridente, seguindo a tua mãe, conhecida por estar sempre a rir. A tua primeira gargalhada saiu cristalina e ficou para sempre gravada nas nossas mentes, e ainda hoje é uma das tuas características mais marcantes. Simpática é a palavra que mais oiço da boca de estranhos, para quem tu sorris por nada e por tudo. És uma apaixonada pelas pessoas, fã n.º 1 do teu querido papá, sabendo que eu não fico atrás, pois a festa quando chego a casa é igualzinha. O tio Pipe é o teu ídolo e o avô A. não lhe fica atrás, sendo para eles que fazes uma pequena guerra para lhes saltares para o colo. Não páras um segundo, sempre a mexer, sempre a gatinhar casa fora, à procura de mais alguma coisa e sempre, sempre a querer a nossa atenção, a não ser, é claro, que aches que não precisas de nós. Já não dormes como dormias, pregando-nos partidas de vez em quando (demasiadas, a meu ver) por causa da pêpê ou por causa de alguma saudade maior do pai ou da mãe. Revelas inteligência na forma como apreendes aquilo que te ensinamos, na forma como contornas algum obstáculo, chegando a nos "esnobar" com o teu sorriso quando vês o caldo entornado. Continuas "à frente" para a tua idade, como diz a tia S., e para nós hás-de ser sempre a n.º 1. Estás sempre cheia de apetite, sempre a querer provar o que te parece de comer, mesmo que não o seja, provocando sorrisos e "ohs!" surpreendidos de quem ainda não te conhece. Num ano transformaste-te numa quase menina, mas ainda és o nosso bebé. Seis palavras para te descrever: sorriso, cativante, esfomeada, determinada, irrequieta e caracol (que a todos deslumbra pela sua determinação em se manter sozinho do teu lado direito da cabeça...).

Esféricos

Como já disse, os balões e as bolas são uma das suas paixões. Agora, os balões passaram de "gapã" para "bão". Já a bola é a "bê", "bo" ou "ba"...

Os seus novos amigos

Nas nossas viagens, adquirimos o hábito de trazer um peluche típico do sítio para o nosso afilhado. Assim, trouxemos-lhe um camelo da Tunísia, uma rena da Finlândia e na lua-de-mel, um canguru da Austrália. Como já íamos com algumas intenções na calha, dessa vez, também trouxemos para nós. Vieram um canguru, um koala e um ornitorrinco da Austrália e uma ovelha da Nova Zelândia. Quando decorei o quarto da M. deixei alguns dos meus bonecos, nomeadamente estes, até porque foram já comprados a pensar nela... Já aqui contei o como é complicado convencê-la a estar quieta para mudar a fralda. O normal é ter de lhe dar para as mãos algo que a entretenha e mesmo isso não surte grande efeito. Agora, está na onda da ovelha e do ornitorrinco, vá-se lá saber porquê. Quando nos dirigimos paa o muda-fraldas, começa a apontar freneticamente para a estante a pedir o "mé-mé". Lá lhe dou a ovelha (que descobrimos 4 anos depois que tem um botão para a fazer balir...) e ela aponta imediatamente a seguir para o que está ao lado - o ornitorrinco, que à falta de melhor, também é "mé-mé". E assim, lá lhe vou conseguindo mudar a fralda sem grandes revoluções, comendo muitas vezes o desgraçado do ornitorrinco algum creme à mistura...

Dedeira

A pediatra mandou começar a lavar os dentes, dando-me a hipótese do flúor em gotas. O B. foi à farmácia, e lá inteligentemente, sugeriram comprar o flúor E uma dedeira e respectiva pasta de dentes para a habituarmos em mais uma rotina. Assim, veio artilhado com os meios certos para começar a tratar dos dentes da filha. Não sabíamos como ia a M. reagir aquela coisa estranha dentro da boca dela. Testámos ao jantar daquele dia. Adorou! Quando chega a hora de limpar a boca, começa a ficar excitada e ri-se de entusiasmo quando vê a dedeira a postos. Deixa limpar a boca a custo e depois abre a boca para saborear aquela coisa mista de banana e morango. Mas, mais do que saborear, ela gosta de... morder!!! É preciso um cuidado enorme para não nos fincar o dente quando menos esperamos, e mesmo com um ar zangado e a dizer ai! ai! ai! ai! (o meu modo de lhe fazer ver que está errada), nem sempre me escapo a uma boa trincadela... O que vale é que, com o tempo, tem vindo a aprender, e já reduziu o hábito canino. No final, salta de contente por ver que vêm aí as gotas. Põe a língua de fora e impacientemente deixa cair 4 gotas que quase a fazem salivar. Eu conto-as em voz alta e no fim, enquanto fecho o frasco ela olha para mim e com ar sabido diz-me: "já tá!".

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Vestido novo

Quando era criança tinha um ritual anual: em Dezembro tinha direito a escolher um vestido novo para estrear no meu dia de anos e voltar a usar no dia da consoada. Normalmente, era um dia animado: iamos 4 à procura da fatiota nova - os meus pais, a minha avó e eu. Também normalmente, as opiniões dividiam-se naturalmente em duas facções: eu e o meu pai gostávamos de um e a minha mãe e a minha avó gostavam de outro. É claro que o desempate era feito pela aniversariante, por isso, o meu pai vinha sempre para casa inchadíssimo por ter mais uma vez acertado... Achei por bem sugerir ao B. instituir esta mesma tradição para a nossa M. Assim, sem qualquer hipótese de conversações, o pai B. assumiu o cargo de comprador oficial da fatiota de festa da filha. Começámos por ir ao Corte Inglês, mas não encontrámos nada que nos dissesse algo. À noite, o B. espreitou a net. Descobriu na Jacadi a colecção "Petite Parisienne" e sentenciou - é este. No dia seguinte, fomos à loja. Depois de algumas tentativas frustradas a descrever uma roupa vista na net, cheguei eu e dei a referência. A senhora foi buscá-lo lá dentro. Veio tudo - o vestido, o body, o gorro e até o cachecol (contra a minha vontade por saber de antemão que não iria ser usado...). Chegou a casa inchado por a sua filha ir igual a uma princesa. Mas houve alguém triste com isto tudo... A minha sogra, nesse mesmo dia, ligou-me a pedir um favor: ir à loja e comprar "o vestido mais lindo que lá houver", como presente da avó... Ainda tentei convencer o B. a prescindir da titularidade da compra, mas em vão. Ficou a avó com o 2º lugar: oferecer o casaco...

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Dormiu com o pai...

Ontem, o B. foi deitá-la. Como não esperou que ela acalmasse primeiro, foi prendado com um choro cheio de soluços à mistura. Não resistindo, tirou-a da cama e pô-la em cima da outra, de visitas, que ainda está no seu quarto. Ali estiveram os dois até à meia-noite, hora em que fui ver se o pai não tinha aterrado por ali mesmo, para descobrir que afinal a menina estava a dormir encostadinha a ele. Hoje de manhã, ainda tentou uma teoria no mínimo interessante: é que esta noite ela não acordou. Ora, isso só podia ser porque ontem não adormeceu a chorar!... Já ouvi desculpas melhores... ;)

Balões

Ama de paixão balões mal cheios para que não os consiga rebentar com o seu agarrar pouco meigo! Farta-se de rir enquanto gatinha velozmente atrás deles. Ontem, durante uma brincadeira, deu-lhes um nome. Ao meu interminável repetir do "balão!", ela respondeu "gápã!", fixando-se firmemente nesta nova palavra. O "pinnnn" também foi usado, mas menos. Dizem que só os pais é que detêm o lêxico dos filhos nos primeiros anos. Não sei não!...

Bolas

Não sei se não será futebolista... Não pode ver uma bola que fica logo maluca. Põe-se no chão e ela vai gatinhando a uma velocidade razoável enquanto vai dando pantufadas com as mãos para a ver rebolar à sua frente. Em casa só tinha uma de pano com um guizo que ela já brinca ao atira comigo na perfeição. Este fim-de-semana, como a avó lhe queria comprar uma coisa qualquer, sugeri uma bola pequena das princesas da Disney, em vez de mais um boneco. Fez as suas delícias e chega a querer ir para dentro do parque porque ela lá está... A sua paixão por bolas é de tal maneira que na semana passada, no hipermercado, começou a ficar quase histérica a apontar para as melancias. Não estava a ver o porquê de tal felicidade por causa de uma fruta que ela não reconhece como tal. Só depois é que percebi: eram bolas!...

Dois passos!

No fim-de-semana, a brincar com o tio F., quis vir ter comigo. Estendi-lhe as mãos e o tio pregou-lhe a partida. Conforme ela deu o passo em frente na minha direcção, ele largou-a e ela muito depressa deu dois passos sem se apoiar a nada. Hoje, repetiu a façanha. Agarrada ao sofá, estendi-lhe as mãos e incentivei-a a vir ter comigo. A rir, voltou-se de frente para mim e deu mais dois passos inteirinhos sem mãos! Também hoje, no The Little Gym, deixei-a seguir caminho, enquanto a vigiava, quando a vi em pé segura a uma almofada enorme para cambalhotas. Quando se soltou, ficou propositadamente dois segundos em pé sem se apoiar. Um pequeno passo para o homem, mas um passo de gigante para um bebé... Pode ser que ainda faça a vontade ao pai e comece a andar no seu dia de anos...

Banheira

Fica louca quando vê a água da banheira a correr. Põe-se em pé a apontar e a pedir para ir lá para dentro o quanto antes. Depois de entrar, fica em pé a chapinhar na água e só depois é que se senta. Os seus brinquedos são sempre os mesmos: o pato da Imaginarium (do qual já aqui falei), o termómetro de água que nunca usámos quando era recém-nascida e que tem a forma de um peixe amarelo e o livro do flutuar (uma bóia amarela em forma de estrela com o peixe chamado Pompeu e que ela quase que já diz bem - "pompê"). Para a conseguir esfregar da cintura para baixo, a técnica é sempre a mesma: começo a atirar água para as costas e para a barriga e ela automaticamente levanta-se e agarra-se à borda da banheira. Dá-me o tempo suficiente de a lavar em condições. Depois, divertimos-nos um bocadinho por nada com a água e os brinquedos. É sempre um bom momento.

Treino para a natação

A banheira tem servido de treino para os dias de natação. O chap, chap, chap é com o bater das mãos e dos pés na água. Agora já se vê água a sair para fora e ela achar normal os salpicos na cara quando a violência do gesto o justifica. Também o deitar de costas é ensaiado. Aviso-a de que a vou deitar e ponho-lhe a mão nas costas. Ela acede deitar-se para trás segura por mim. Mas só um bocadinho!... Parece que estão a resultar, pois já identifica os gestos e não refila muito com o deitar de costas... Amanhã verei os frutos destes meus ensinamentos caseiros.

Natação

A semana passada, estreou-se nos mergulhos. Até agora, sendo a mais pequenina da turma, apenas tinha autorização para se sentar à beira da piscina para se deixar cair nos meus braços, sem mergulhar a cabeça. Desta vez, juntou-se aos colegas de água e ao cair foi mesmo abaixo. Ao sair da água, vinha a fazer os prfff típicos de quem tem água a mais na cara, mas não houve pirolitos, nem choradeira. A professora Ana fartou-se de a aplaudir e ao fim de duas vezes achou que era suficiente. Quanto às outras actividades, adora todas, desde o barquinho (anda aos esses na água virada de frente para mim) ao gatinhar por cima do colchão até ao outro lado, onde eu estou (costuma ser o exemplo para a M. grande da turma, que tem medo de tudo. A coitada da miúda passa a vida a ouvir: "olha a M. pequenina! Ela está a fazer e tu não!"...). A professora de vez em quando faz umas maldades com o regador, para eles perderem o medo da água na cara e a M. nem reage - as nossas investidas na nossa banheira com a água na cabeça surtiram efeito. O chap, chap, chap das mãos e dos pés ainda precisam de mais treino e nem sempre são cumpridos. Para além disso, não gosta de nadar de costas, lutando para se virar quando chega a essa parte. A sua colaboração nem sempre é a desejada - quando é preciso pôr o esparguete debaixo dos braços, passa a vida a tentar tirar aquilo, o que para mim implica um esforço enorme para não a deixar cair de cabeça na água... Adora a bola amarela. Passa a vida a tentar chegar aquela coisa que não pára quieta um bocadinho e que é demasiado grande para conseguir agarrar. Ah! E adora comer o material das aulas - os pesos de esferovite então é à dentada! O cômputo final é extremamente positivo.

Pêpê!

Foi o pai que ensinou. Chucha, alias chupeta, alias, pêpê. Já o diz na perfeição e basta ela cair por qualquer motivo e põe-se logo a olhar para o chão e a dizer com um ar interrogativo - "pêpê?...". E estamos a ficar viciadas na dita. Cheira-me que vai ser um caso sério perder a dependência...

A galinha do vizinho

Ementa para o jantar:

  • sopa de bróculos sem sal - após algumas colheres: "hum... ainda se come, mas deve haver melhor..."
  • massinha com perú cozido sem sal - após algumas colheres: "isto até parece bom, mas há qualquer coisa que está errada..."
  • papaia - a meio da sobremesa: "ok, ok! Isto é docinho... Eu até gosto, mas mesmo assim..."

Não insistimos. Achei que o lanche tinha sido mais pesado ou que pura e simplesmente não tinha fome. Como a M. come sempre bem, não nos preocupámos, deixando um biberão meio preparado para a ceia, mesmo que estivesse já a dormir. Assim, sentámos-nos à mesa a jantar. Cardápio: peixe com batatas assados no forno. A M. espreitou para o prato do pai e... Começou a gemer, a debruçar-se toda sobre a cadeira de comer e a fazer tanto barulho, que mal nos ouvíamos. O que vale é que a pediatra já autorizou o sal. Aliás, é esse o motivo da greve de fome da nossa filha - já tem termo de comparação por ir petiscando dos nossos pratos enquanto comemos. Depois de saber o que é bom, o paladar refinou. Resultado? O B. não jantou, tendo a M. papado tudinho do seu prato. Conclusão? Comida sem sal e só cozida? Comam-na vocês!!!

Demasiado arisca

Na segunda, a M. acordou antes de eu tomar banho. Fui buscá-la e levei-a para ao pé do pai, para que este tomasse conta dela enquanto a ama não chegava. O B., no quentinho da cama, não se querendo levantar logo, especialmente porque estava frio, tentou. Abraçou-a e com muitos miminhos, enfiou-a para debaixo dos lençóis, enquanto a segurava nos seus braços. Hum-hum... A M. debateu-se, torceu-se, contorceu-se e conseguiu. Sentou-se e desatou a passarinhar cama afora com os seus dadás bem sonantes. Foi uma boa tentativa, mas a nossa filha é demasiado arisca para essas façanhas, pai!...

É mesmo do contra!

No sábado tive de acordar às 7h30. A M. achou por bem só acordar às 9h30. No domingo, tinha a manhã por minha conta. A M. estava a pino às 7h20... Irra, filha! Podias ser mais amiga da mãe!!!

Pede a guitarra

O tio F. também estava em Quiaios. Como de costume, tivemos festa e guitarrada. A M. fartou-se de dançar e até experimentou dedilhar naquelas cordas duras. No final do fim-de-semana, já quase de partida, estava a M. ao colo da avó (que fez o gostinho ao dedo e adormeceu-a ao colo), quando viu a guitarra em cima do armário. Apontou, olhou para a avó e fez um "ãhhh" de quem pede. A avó perguntou-lhe se era a guitarra que queria, ao que ela voltou a apontar e desta vez... abanou-se como que a dançar. Como quem, toca lá aquilo que eu quero dançar!...

Neta de padeiro

É mesmo!!! Já por mais de uma vez frisei aqui a sua vontade de comer permanente. Desde que descobriu o pão e o termo que se usa para o denominar, não quer outra coisa. Se me vê entrar na cozinha vai direitinha à zona da caixa do pão, levanta-se e encostada ao armário começa a gritar "pãínnn! pãíinnnn!!!", enquanto aponta, toda esticadinha para o sítio da sua veneração. Aliás, tem dias em que tudo o que seja de comer é "pãíinnn"... É de tal maneira, que já cheguei ao cúmulo de ligar para a minha sogra um desses dias em que a M. andava para trás e para a frente na sala, atrás de mim, a gritar por mais "pãíinnn" só para ela ouvir a nova proeza da sua neta... O avô padeiro e a avó que não consegue resistir a uma côdea de pão (estão-se sempre a rir para ela...) deliram ao vê-la tão desesperada por pão, sentindo uma consanguinidade mais vincada pelo facto de a neta ser a fã n.º 1 daquele alimento, que eles tão bem conhecem por o terem fabricarem tantos anos.

Tirei as teimas

No fim-de-semana fomos até Quiaios ter com os avós. Naquela casa, a M. dorme no nosso quarto, numa cama de grades, ainda do tempo dos anteriores proprietários. No sábado, esteve na brincadeira com a avó e o tio até à meia-noite e depois fomos todos nos deitar. Foi uma festa! Quando se apercebeu de que para além dela, nós também íamos e ainda por cima no mesmo quarto que ela, ali mesmo ao lado, viu-se a alegria espelhada na sua cara. Esteve ainda um bom bocado a atirar a Lola para o chão, entretendo-se a ver o pai a apanhá-la vezes sem conta, para lha atirar para dentro da cama outra vez. A certa altura, não conseguindo ler mais nada, apaguei a luz e deixei-os neste atira-apanha, enquanto o pai jogava mais um pouco no telemóvel. Acabou por adormecer sem qualquer tipo de fita. Às 3h da matina, acordámos com o seu choro. Chorava de tal forma, que nos obrigou a levantar aos dois para preparar o biberão, que acabei por lhe dar eu. Adormeceu na mimalhice do meu colo outra vez, quase uma hora depois. Achei que por aquela noite já estava e aconcheguei-me no bem bom dos lençóis quentinhos numa noite bem fria. Meia-hora depois, acordei com os seus gemidos. Estava a querer chorar, ainda a dormir, fazendo sons meios aflitos. Ao fim de alguns minutos, chorou mesmo e acabou por acordar outra vez. O pai desta vez acalmou-a e ela caiu até de manhã. São mesmo pesadelos. Resta saber se à conta deles, não vai ganhar alguma manha...