Uma palavra era suficiente para quem me conhece no meu mais íntimo ser: mudei. Ou melhor, Mudei. De Mulher independente, irrequieta e inconformada passei a Mulher e Mãe, muito menos independente, por ter um ser totalmente dependente de mim, com uma capacidade de sentir diferente. Acho que foi essa capacidade que mais mudou em mim: o sentir. Agora, custam-me certas notícias sobre crianças, muito mais do que a impressão social de uma mente esclarecida. Reporto muita coisa ao "e se fosse comigo? e se fosse com a minha filha?". É estranho como isso acontece. A consciência do Mal passa a isso mesmo - Consciência. Com sentir misturado. Também mudei na capacidade de exprimir esse sentir. Já se ouve da minha boca expressões como "meu amor" (só para ti, filha. O teu pai ainda não teve essa sorte...). Apesar de ainda só o conseguir na presença tão somente do teu pai. Terceiros ainda não têm esse privilégio (talvez o tempo ajude)... Estou ainda mais preocupada com o futuro, com o que a História nos reserva e sobretudo, o que reserva à tua geração. Dói-me ver as asneiras da humanidade, que comprometem muitas vezes um futuro risonho aos adultos do amanhã - os sacrilégios contra o planeta, a natureza, a sociedade como ela existe. Os princípios e a ética de ontem transformam-se em algo por vezes incompreensível e até inexistente. Mas também dou muito mais valor ao que já se conseguiu evoluir agora para depois. Aplaudo com muito mais satisfação os sucessos da ciência, da tecnologia, da esperança que surge na forma de tanta coisa, desde umas eleições a mais uma espécie protegida. Em resumo: continuo eu no meu âmago mais íntimo, continuo rebelde e a desejar ser diferente, a querer sempre mais, a acreditar no mesmo, mas mais moderada nas atitudes, mais virada para aquilo que agora me é de mais importante: a família. A minha perspectiva, no fundo, mudou, mais orientada para ti.
Há 8 anos
1 comentário:
Como somos parecidas, mana!
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