Tem mais duas formas de me desmanchar, para além de desviar o assunto para alguma gracinha. Uma é apontar para alguma coisa com muito interesse. Por exemplo, faz isso desde que descobriu a torneira do bidé. Abre-a e enfia a mão até ao cotovelo, ficando encharcada. Como já sei o que pretende, quando a vejo entrar na casa-de-banho, vou atrás e espero. Quando já está em pé, em frente ao bidé, a olhar para a torneira com cara de quem viu o Pai Natal, digo-lhe que não. Ela vai tentando uma e outra vez, primeiro pedindo-me autorização apontando, depois levando lá a mão ou aproximando-se sorrateiramente de lado, e eu sempre firme, vou-lhe recusando a vontade. Até que fico zangada e ponho uma voz mais ríspida. Ela vai e aponta para a banheira com um "ãh!" de interessada impressionante, com um ar muito entusiasmado, como que a dizer que aquele disparate todo não é nada, o que importa é que quer tomar banho! A outra forma de me dar a volta resulta com muito mais eficácia... Quando a coisa já está preta, olha para mim, arreganha a boca, ficando os dentes de baixo à mostra e dá uma gargalhada com a cara toda franzida. Quando me faz isto, não consigo. Regra geral, tenho de esconder a cara para não estragar, mas a espertalhona já me apanha fácil, fácil. Como diz a tia S., sabe-a toda e eu estou tramada...
Há 8 anos
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