quarta-feira, 8 de abril de 2009

Drops of Jupiter

A minha avó materna deu-me uma vez o melhor conselho, adaptado à realidade do século 21, está claro, que já algum dia recebi: acaba de tirar o curso, viaja durante dois anos e conhece o mundo, volta, arranja emprego e compra casa. Só depois, casa-te. Filhos só dois anos depois de casada. Uma senhora nascida em 1905 tinha esta visão... Por isso, levanta voo, sonha, descobre-te e conhece o mundo. Descobre a amizade e o amor, vive, não sobrevivas e nunca, mas nunca te esqueças de que a felicidade está em ti, independentemente de tudo o mais. É o meu maior conselho... Eu cá estarei para te dar a mão, para te empurrar no meio do medo do teu primeiro voo e para aplaudir todas as conquistas que obtenhas.

  • Drops of Jupiter - Train
  • Now that she's back in the atmosphere
  • With drops of Jupiter in her hair, hey, hey
  • She acts like summer and walks like rain
  • Reminds me that there's time to change, hey, hey
  • Since the return from her stay on the moon
  • She listens like spring and she talks like June, hey, hey
  • Tell me did you sail across the sun
  • Did you make it to the Milky Way to see the lights all faded
  • And that heaven is overrated
  • Tell me, did you fall for a shooting star
  • One without a permanent scar
  • And did you miss me while you were looking at yourself out there
  • Now that she's back from that soul vacation
  • Tracing her way through the constellation, hey, hey
  • She checks out Mozart while she does tae-bo
  • Reminds me that there's time to grow, hey, hey
  • Now that she's back in the atmosphere
  • I'm afraid that she might think of me as plain ol' Jane
  • Told a story about a man who is too afraid to fly so he never did land
  • Tell me did the wind sweep you off your feet
  • Did you finally get the chance to dance along the light of day
  • And head back to the Milky Way
  • And tell me, did Venus blow your mind
  • Was it everything you wanted to find
  • And did you miss me while you were looking for yourself out there
  • Can you imagine no love, pride, deep-fried chicken
  • Your best friend always sticking up for you even when I know you're wrong
  • Can you imagine no first dance, freeze dried romance five-hour phone conversation
  • The best soy latte that you ever had . . . and me
  • Tell me did the wind sweep you off your feet
  • Did you finally get the chance to dance along the light of day
  • And head back toward the Milky Way

http://www.youtube.com/watch?v=AlTcf3zhD8k&feature=related

Doente

A M. apanhou gastrenterite outra vez. Mesmo em casa, mais protegida, estas doenças apanham-na na esquina desprevenida, e por um lado ainda bem. Desta vez, o que mais nos afligiu foram os vómitos, já que eram a dormir e de barriga para cima. Na primeira manhã, quem deu conta foi a ama que ao chegar, foi espreitá-la e nos chamou a perguntar o que era aquilo. Era uma massa arrocheada espalhada pela cama e cabelo da M. A coitada vomitou o jantar que incluia uvas e acabou por adormecer outra vez sozinha, sem ninguém por perto, acabando por ficar com aquela nhanhisse pegajosa seca. Senti um peso de culpa de 5 toneladas a cair-me em cima. Como foi possível eu não ter ouvido, não ter acordado? O cansaço era muito, mas caramba, a minha filha vomitou e teve de safar-se sozinha, durante a noite, com a cara, o cabelo e a cama sujos... Fui trabalhar com os pés pesados e com aquela imagem na cabeça. Horrível... Durante o dia, muita diarreia e falta de apetite, da praxe nestas coisas. Nessa noite, deitei-a e fui espreitando. Vomitou outra vez, de cabeça para cima. Foi um repuxo que caiu em cheio na cara. Assustada, chorou desalmadamente. Foi preciso dar-lhe banho a meio da noite e depois de muito mimo, creme e roupa lavada, decidi - dormi com ela na cama do tio, o tio ficou no sofá e o pai na nossa cama. Não quis correr o risco de ela se engasgar com o próprio vómito. Foi um sono solto, cortado às 3h com uma descarga de diarreia, com uma filha que se virava e revirava no canto dela, sem se chegar a mim. No dia seguinte, ainda com o ritual da diarreia diurna, tive de chegar tarde a casa, assim como o B. A minha tia, que foi lá jantar pelo seu dia de anos, ficou com ela depois da ama sair. Ligou-me a dizer que a M. tinha feito diarreia, que estava toda borrada e se eu demorava muito. Como continuava atrasada, disse-lhe o que lhe devia vestir e liguei para o B. para se despachar. Quando este chegou a casa, meia-hora depois, estava a M. aos saltos em cima da cama, de fralda, sem roupa, embrulhada numa toalha toda borrada, que foi limpando a porcaria que saiu para fora da fralda e que a titi nem detectou (ainda me perguntam porque não confio neles para ir passar férias...). Nessa noite, voltou a vomitar na cama às 5h, pelo que o B. decidiu levá-la para a nossa cama. Dormi mal, com ela às voltas. Tive medo que ficasse com a manha de dormir connosco, mas temos sorte - a M. continua a preferir dormir sozinha e parece que percebeu que aquilo foi uma excepção devido à doença. Já passou, mas foi uma aventura e tanto...

Colecção de bolas

O meu pai está a desempenhar cada vez mais o seu papel de Avô, ou seja, o de mimar, mimar, mimar. Ele e a minha tia foram um dia lá a casa e, para não variar, levaram a M. à rua para passear. Perto de nossa casa há uma papelaria, que entre muitas outras coisas, vende bolas. Umas bolas pequenas, mesmo a jeito da mão de um bebé de 18 meses, de várias cores e desenhos e que saltam q.b.. Escuso de voltar a explicar o quanto a nossa filha adora bolas. Diz quem viu, que se colou à montra da loja e com a cara e as mãos escarrapachadas no vidro, ia repetindo incessantemente - "Bola! Bola! Bola!". A titi não resisitiu e entrou. Comprou não uma, mas duas bolas para gáudio da petiz. Quando cheguei a casa, veio à porta exibir a sua nova aquisição, enquanto se ouvia o meu pai a resmungar: "Pois. Não podias ter comprado só uma. Tinham de ser logo duas! Habitua-a, habitua-a e depois me dirás...". Ouvi o sr. coronel falar e achei normal - essa era a sua função de pai, certo? No dia seguinte... Cheguei a casa e tinhamos avô outra vez. Desta feita, a M. apareceu à porta com, não duas, mas três bolas! A ama por entre sorrisos lá me explicou que desta vez tinha sido o avô, que escondido na sala, não se dignava dar-me a honra da sua presença. Sorri e entrei. Meti-me com ele. "Mais uma?!". "Ela não largava a montra e não se calava com as bolas!..." "Hum... Então a teoria é bonita, mas é só para a tia?..." "Oh! Pfffff!....", fez ele, enquanto encolhia os ombros e me virava as costas. Sem comentários... :)

Medicação - dúvidas

Como a constipação deixou-me algumas dúvidas, mandei um e-mail à pediatra para perceber algumas coisas. Como me parece útil, aqui fica…

Ben-U-Ron: serve para febre e dores - Brufen: serve para febre e dores, tem acção anti-inflamatória que o ben-u-ron não tem - Oxolamina: serve para tosse seca/irritativa - Maxilase é anti-inflamatório - Actifed: p/ o ranho

Quando tem febre deve dar em primeiro lugar o ben-u-ron. Pode fazer ben-u-ron de 6/6 horas se tiver febre. Se a febre voltar com um intervalo inferior a 6 horas, deve dar Brufen. O brufen pode dar no máximo 3xdia (8/8 horas). O oxolamina é um xarope para a tosse e deve ser dado 5ml de 8/8 horas. É independente do ben-u-ron e brufen e pode ser dado ao mesmo tempo. Se tem muito ranho deve dar actifed 5ml 1 a 2 x dia. O oxolamina e actifed podem dados durante 5 a 7 dias seguidos.

Não há diferença entre o Ben-U-Ron supositório e o xarope - deve dar 5ml do xarope ou 250mg supositório.

Supositórios

A M. constipou-se. Como tinha bastante febre, demos-lhe Ben-U-Ron, alternado com Brufen. Mas como fomos ensinados com supositórios, pensámos que seria melhor continuar com a mesma linha de procedimento. Pela primeira vez, a M. reagiu. O primeiro fui eu que pus e a M. choramingou. Lá a distraí e ela esqueceu até ao dia seguinte a experiência. Na manhã seguinte, comigo ao lado, a ama fez o mesmo. Chorou, enquanto dizia "Dói-dói!". Durante uns tempos, a M. ganhou repulsa ao muda-fraldas, alapando-se a nós sempre que tentávamos mudar a fralda no dito. Tinhamos de ir para cima da cama do tio, para a convencermos, e mesmo isso era difícil...

Letícia

A Lúcia tem uma filha com 3 anos. Já nos pediu autorização para a levar duas vezes, tendo tido como resultado uma enorme diversão para a M. por ter tido só para si uma amiguinha para brincar um dia inteirinho. Como a experiência foi positiva para a nossa filha, concordámos dizer à Lúcia que podia levar a filha de tempos a tempos - ou um dia por semana ou de 15 em 15 dias, conforme lhe desse jeito. Desta forma, a M. aprende a lidar e conviver com outras crianças, sem ser naquelas horas estipuladas na ginástica e na natação. Ainda por cima, a Letícia é mais velha, obrigando-a a gerir as suas capacidades sociais. O B. comunicou-o à ama, que apesar de não parecer muito interessada, lá apareceu uma sexta-feira com a filha. A M. delirou. Passaram o dia na brincadeira e quando cheguei a casa, a M. estava extasiada com a "bebé", chamando-me para a ver vezes sem conta. Percebi porque é que a Lúcia não está muito disponível para repetir a experiência com mais frequência. Estava com uma cara de cansaço por demais evidente, muito porque a filha é algo mexida. Julgo que o melhor termo para a definir é beirão - é terrabenta... Não pára um segundo, sempre a a falar e, muitas vezes, tentando contrariar as ordens da mãe. Quando comentei com a ama que parecia cansada, o comentário foi: "prefiro 4 Madalenas a 1 Letícia...". Pois... Esperemos que isto não invalide mais visitas da amiguinha lá a casa.

Birras

Já começa a querer fazê-las... E das beras... Chora sempre que é contrariada, com um volume em crescendo, correndo-lhe lágrimas gordas cara abaixo, atira-se para trás, por vezes chega a tentar bater. Tantas vezes nos zangámos por causa desta última atitude que agora levanta a mão, olha para nós de soslaio e finge que a parede, a mesa, a cadeira, whatever, é mau-mau. A parte do choro está mais difícil. O meu olhar reprovador ou ignorá-la continuam a ter sucesso. Já percebeu que tem de se acalmar quando lhe levantamos a mão em sinal de stop. É engraçado vê-la a tentar controlar o choro sozinha, engolindo em seco, para pedir outra vez o que quer, com mais calma. Se lhe dizemos que não outra vez, às vezes descamba. O B. cede facilmente, com um "oh, filha!" um deixar cair dos braços de vencido e com muitas tentativas de distração com o intuito de parar o choro. Eu bem me zango com o pai para ignorar ou impor-se, mas com pouco sucesso. Ele já percebeu a lógica, mas tem uma grande incapacidade de a aplicar na prática. Ela já percebeu as regras do jogo e está diariamente a testar os limites. Eu não quero uma filha irritante e mimada!!! Ai! Ai! Ai!

Sestas

A M. não gosta de dormir, é algo mais do que assente. A noite já está controlada, já havendo um ritual mais ou menos estabelecido. Durante o dia, já a conversa é outra... Com a ama, tem dias que nem dorme, muito, penso eu, porque esta não quer perder muito tempo com o assunto - estamos a falar de talvez perto de uma hora ou mais - e muito porque não consegue gerir as visitas do meu pai, que não têm hora certa e são imprevisíveis. Ao fim-de-semana, temos mais sorte. Como temos mais tempo, saímos, brincamos e cansamos. Para além disso, temos o embalo do carro como um extra bastante vantajoso. Assim, connosco, a M. chega a dormir sestas de 2 horas depois de almoço. Preocupada com o regime de sono da nossa pipoca, pedi conselhos à pediatra. Disse-me que as 9/10h de sono nocturno lhe pareciam bem, mas que a sesta do dia era essencial e não devia falhar. Disse-me o que eu já sabia - criar um horário sempre igual, que com a repetição cria o hábito. Falei com a Lúcia e dei-lhe instruções: todos os dias tem de dormir pelo menos uma sesta. Já a pensar nas férias da praia e na saída desta às 10h30/11h00 e nos fins-de-semana em que queremos passear à tarde, orientei-a para o horário da manhã, antes do almoço. Ao mesmo tempo, impus ao meu pai a regra do telefonema prévio antes da visita, para saber se está a dormir ou não. A M. já vai dormindo de manhã, mas muitas vezes só dorme meia hora. À tarde, a Lúcia também já vai conseguindo convencê-la a ir até ao país dos sonhos, mas não me parece muito evidente. A ver vamos se não sai à mãezinha que, desde muito cedo, deixou de dormir sesta, contrariando as regras todas...

N.º 5!!!

Mudou outra vez de número de fraldas! Ainda tentámos resisitir uns tempos, mas a M. já ficava marcada nas virilhas. Desisti do n.º 4 (dos 9 aos 15 kg) quando a M. um dia, veio ter comigo, a apontar para a fralda e a puxá-la enquanto se lamentava. Agora, passámos para as fraldas dos 13 aos 18 kg e apesar de ela parecer ter um rabiosque um pouco maior, já não se queixa. Não cresças tão depressa, caramba!!!

Uma máquina

Há duas frases na ginástica que ficaram mais presentes na minha memória: o prof. Rodrigo comentar ironicamente que a M. está cada vez mais levezinha, sempre que pega nela para exemplificar qualquer exercício e o comentário da prof. Vi a falar com uma amiga quando viu a M. a entrar na sala. Apontou para ela e disse: "a M. é uma máquina! Faz tudo o que lhe mandam sem hesitações!". Sorri agradecida e entrei atrás da M. Mas cá por dentro, babei... :)

Comeu sozinha

Já sabe comer sozinha, usando tanto a mão direita como a esquerda para agarrar na colher. Eu não imponho nada, mas tendencialmente acaba na mão direita. Pode ser que seja como eu que só uso a esquerda para cortar direito com tesoura, tal e qual como a minha mãe. Agora, tem dias. Por vezes começa e acaba com a colher, outras vezes acaba com a mão. Quando está para aí virada, come tudo sozinha e sem grandes badalhoquices. Até sopa já marchou só pela mão dela! É claro, que é preciso ter paciência e sobretudo um pano à mão para limpar tudo o que saltou fora, mas mesmo assim, está muito bem. Boa! Como ela própria diz, depois de nos ouvir a dizer-lho várias vezes.

Não!

Já usa em mais duas situações: quando a água está quente na banheira e quando encostamos à boca a colher com a comida dela para ver se está quente. Não gosta nada! Mas depois se lhe pedirmos um bocadinho, a maior parte das vezes até oferece e não refila...

Óiá!

Já diz olá. É por demais cómico ouvi-la a repeti-lo como uma menina bem mandada sempre que lho pedimos. Então ao telefone com a avó, é vê-la a fugir à nossa frente, com o telefone encostado ao ouvido, a dizer "tou? óiá!". Boa, filha!

Já pede colo

A M. descobriu que se esticar os braços para cima e pedir com ar de cãozinho abandonado "cóuo" costuma ter sorte...

Jerónimo de Sousa

Estava a M. sentada na cadeira de comer, eis senão quando, apontou para a televisão e exclamou "Ô!" toda satisfeita. Olhei e quando vi o Jerónimo de Sousa a falar no telejornal soltei uma gargalhada. A nossa pipoca confundiu estes dois homens que em nada são iguais, a não ser numa cara mais comprida e num cabelo meio grisalho. A minha tia disse que era dos óculos, pois está claro.

Avô

Tem uma loucura só vista pelo avô A. De tal maneira, que houve um dia que calei o choro do ir para a cama, dizendo-lhe que tinha de dormir, pois depois do ó-ó grande o avô ia lá a casa para ir à rua com ela. Parou logo de chorar, perguntou "Ô?". Eu confirmei e ela conformada deitou-se sem mais arrelias. Adora ir passear com ele para a rua e passa tardes na rua atrás dos pombos, e do cão, e dos outros "bebés", pelo menos de acordo com o relato que ela me faz a posteriori. Este por sua vez, já não sabe passar um dia sem ir lá a casa para brincar com ela. Vai disfarçando, dizendo que não pode ir todos os dias da semana senão ela fica mal habituada, mas depois aparece, muito porque é ele que já está habituado... Descobriu na nossa dispensa um pacote de milho para pipocas que levou sumiço numa tarde com as pombas, para no dia seguinte trazer outro comprado. Pelo que percebi, agora tem sempre milho no carro. Como diz a minha sogra, as pombas de Telheiras são tão finas que não comem um milho qualquer, mas sim um de pipocas... A regra de ouro dos passeios com o avô é simples: desde que não leve nada à boca a M. pode fazer o que quiser, pelo que quando chego a casa, ela está disfarçada de filha de cigano. As unhas negras, as mãos sem explicação, a roupa tão suja que chega a ser preciso tira-nódoas para terra e relva e até a cara está coberta de terra. Ou seja, ficar badalhoca é a regra imposta pela brincadeira entre neta e avô. O meu pai está tão encantado por aquela Sereia, que no dia a seguir a ralhar com a minha tia por esta lhe ter comprado duas bolas só porque a M. se colou à montra, chegou a casa com uma terceira bola. A lógica do "habitua-a mal, habitua e vais ver" pelos vistos só se aplica aos outros. Ele é excepção. E quando me meti com ele, perguntando para que era mais uma bola, ele encolheu os ombros e respondeu: "Ela não saía da montra! É uma loucura por bolas!", soprando desconfortável. Hum-hum...

Música do Manel

Há uns largos meses atrás, expliquei aqui que cantava a música"Olha a bola Manel" do José Barata Moura para adormecer a M. Tinha um efeito soporífero eficaz, mesmo que demorado. No outro dia, tentei outra vez o mesmo truque. A M. estava excitadíssima e, quando a deitei, estava literalmente aos saltos e semi-cambalhotas na cama. Percebi que não ia correr bem e como ela passava a vida a tirar as meias só para me desafiar, optei por tirá-la da cama e, à media luz, mudá-la para um babygrow com pés. Ao mesmo tempo, ia falando baixinho e fazendo festinhas para a sossegar. Resultou. A certa altura, estava a M. sentada no muda-fraldas, de chucha na boca, com olhos de sono e muito sossegadinha a olhar para mim. Lembrei-me daquela bebé que adormecia com as minhas cantorias e tentei a sorte. Assim que comecei a cantar "Olha a bola Manel", os seus olhos escureceram, a cara fechou e fez um beicinho de cortar o coração. Chorou! A M. chorou com aquela música porque associou a ir dormir e isso era o que ela não queria. Já tentei mais vezes sem ser na hora de dormir e o resultado não é muito positivo. Uma das minhas músicas de infância preferidas parece ter sido banida...

http://www.youtube.com/watch?v=Zf7KIEKQT4c

Tau

Já aprendeu a dizer adeus. Levanta a mão e baixa os dedos, enquanto diz "Tau!". Para se despedir, ou opta por este ou pelo atirar do beijinho, que ainda se fica pela mão na boca. Mas graças a este "tau", pudemos assistir ao nascimento de uma estrela. E com um futuro promissor na carreira de actriz dramática. Senão vejam se não tenho razão. O ritual para se deitar é sempre o mesmo: abrimos as camas (a dela e a nossa), vamos buscar os seus amigos inseparáveis - a pêpê e o dôdô - sentamos-nos no puf a ler os livros que ela escolhe, apagamos a luz do quarto dela e vamos à sala dar um beijinho de boa noite a quem lá está. Distribui mansamente todos os beijinhos solicitados, não importa a quem. Quando chega a vez do pai, faz beicinho e começa a chorar. Um choro típico de quem já sabe o que a espera e não quer, mas que remédio. Depois, vou com ela ao colo para o quarto e acalmo-a até ela pedir para se deitar na cama. Até aqui, nada de extraordinário. Porém, ha duas particularidades dignas de menção: primeiro, já aprendeu que ao entrar no quarto, vou-lhe perguntar quem está à sua espera para fazer ó-ó, referindo-me às ovelhas fluorescentes que estão coladas na parede por cima da cama dela. Agora, a malandra já diz "ah, memés!" por entre o choro quando entra no quarto, já não conseguindo eu por isso qualquer efeito de acalmia. Segundo... Quando entro no quarto com ela a chorar, ao encostar a porta, a minha filha vira-se para ela e, com a mão em posição, vai dizendo com um ar desoladíssimo - "Tau pai, Tau!" com vários soluços à mistura. Parece que vai para a guerra e que nunca mais o vai voltar a ver. Não há noite que eu não me ria, escondendo a cara no seu cabelo, para não a frustrar...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Tio Filipe

Mudou-se para Lisboa e está temporariamente lá em casa, partilhando o quarto com a M. Não podiam ter dado melhor presente à criança. É uma loucura com ele e a tia S. e a excitação é tal que por vezes a hora de dormir não é evidente. Era "Ti", passou a "Tio", com uma especial entoação no "o" da palavra, quase parecendo um "Tiu". Brincam todos os dias e tem direito a miminhos extra. É de tal maneira, que o pai já passou para terceiro plano... Quando sente a chave na porta, exclama "Tio!", ao que eu explico que não e questiono quem será então. Resposta: "Pi!", referindo-se à namorada dele, a tia Sofia. Só quando lhe dou outra nega e volto a perguntar quem será, é que ela acerta na mouche e lá diz "Pai!"... As primeiras noites foram pacíficas, sem a M. se aperceber que o tio partilhava o quarto com ela - ela deita-se depois e acordava primeiro. Ao fim de uns dias, ela começou a acordar antes dele sair, apercebendo-se de que ele estava ali. Resultado: a meio da noite, estando as camas perpendiculares entre si, a M. levanta-se, agarra-se à barra lateral e olhando para a cama dele, chama "Tio?". Ele, acorda estremunhado, mexe-se sem falar (senão "tinhamos conversa para a noite toda!!!") e ela literalmente volta a aterrar. Diz o tio que a ouve a cair na cama como um peso morto, para logo depois ouvir a respiração de quem dorme. A consequência disto, é termos um tio cansado de manhã, que não ouve o despertador, porque ainda não está habituado a estas andanças nocturnas de um bebé pequeno. Isso e um inchaço enorme por ter um papel tão importante na vida da sobrinha, para além de provocar o riso e o gozo de todos nós...

Em cima de nós

A M. não pára quieta - já ficou aqui bem registado. Mas o não estar quieta quando ouve uma história ou quando tem de estar em pé, perto de nós, ou seja, situações em que, supostamente, deve estar sossegada (conceito que desconhece por completo), significa normalmente uma coisa: pisar os nossos pés. Tem uma necessidade parva de subir para cima de nós, indo pisando as uvas, como quem está a fazer vinho, macerando simpaticamente com os seus 12 kg e meio as bases do nosso corpo. Se estivermos meios estendidos com as pernas esticadas, vai pernas e tudo! Oh M., tu tem dó!!!