segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Maldito arroto!!!!

À conta das cólicas e de uma noite infernal até às 5h30 da manhã em pranto, eu e o pai andámos feitos loucos a navegar na net até encontrar as gotas maravilha: Gripe Water, que só se vendem em 2 ou 3 sítios no país, sendo um deles em Oeiras. Fomos a correr comprar no próprio dia e resultou. A M. não voltou a chorar com "dô de baguiga". Mas toda a bela tem senão... Agora, o que não estava a funcionar bem eram os arrotos. O efeito das gotas, receita indiana e adaptada pelos ingleses, que a usam à "ene" anos, é tão somente dilatar as bolhas de ar que se encontrem no interior destes seres tão pequeninos para as forçar a sair, por serem tão grandes. Ora, por baixo saiem e muito bem, mas por cima... Era um tormento. Chegava a ficar de mamada para mamada (um espaço de 3 h mais ou menos) sem dormir agoniada com o arroto. Depois de várias tentativas e testes, cheguei à conclusão que era mesmo das benditas gotas. Assim, fui reduzindo o xarope de 6 vezes ao dia - antes de cada mamada - para uma só vez - depois da última mamada da noite, para ter um intervalo de 6 horas até à seguinte (é verdade! já dormimos 6 horas de noite porque a M. já faz intervalos de 8h entre a última e a primeira mamada da manhã!!! É linda a minha menina, não é?). Já não a vemos a espremer-se, nem a a contorcer-se - parecia quase do circo tal eram as voltas que dava ao tronco e cabeça. Arrota normalmente e já me deixa descansar entre mamadas e o melhor é que até suspira de satisfação a dormir - é um consolo...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Merci Virginia!!!

Frère Jacques! Uma boa amiga mandou o "Frère Jacques" à M. dentro de um gatinho fofinho. Aos anos que não ouvia a música e é daquelas que faz parte do meu imaginário e que queria que também fizesse do da M. Já está ao lado dela na cama, para quando for mais crescidinha puxar o rabo ao estimado animal e ouvir aquela melodia.

Je t'embrasse très fort, mon amie!

Fui a um jantar

Vi gente adulta! Tive conversas inteligentes! Quer dizer, mais ou menos, porque o tema da conversa foi a M. e o parto. É fantástico como por vezes nos revemos nos outros. Antes de ter a M. perguntava a todas as puerpéreas como tinha sido o parto. Se doeu, se durou muito tempo, se foram muitos pontos... Agora, passei para o outro lado. Ao chegar ao restaurante, mal me tinha sentado, e já me estavam a perguntar pela experiência pouco agradável que é o parto. Espero ter elucidado alguma coisa, mas desconfio que não, pois no meu caso foi de cesariana - o que se bem me lembro desilude quem pergunta (o pensamento, mesmo que não exteriorizado, costuma ser "ah, isso já sei. Só doi depois e costuma ser pior a recuperação"). Mas o que importa é que saí, à noite, sozinha, para estar com amigos! O pai, é claro, ficou em casa com a menina e dois biberões de leite tirado durante o dia com a bomba (nao fosse o diabo tecê-las, deixei 2 para não haver stresses). Quando estava a sair de casa, ainda ouvi o pai dizer à filha enquanto lhe mudava a fralda, com um ar resignado - "a tua mãe é uma galdéria, filha, tu depois vais ver... A tua mãe é uma galdéria". O que vale é que sei que é da boca para fora e que ela vai ser igual a mim, para me fazer companhia... E para saberem, cheguei às 00h45 por causa de obras na 2ª circular!!!

Prevariquei...

Pois é... A Maria do "não lhe peguem ao colo que fica com manha" e do "põe-a na cama para não se habituar à nossa" resvalou. Uma destas manhãs, depois do pai ter ido embora ganhar o pilim, dei-lhe de mamar quase a dormir com ela ao colo. Depois, foi a muda da fralda e os famigerados soluços que quase sempre aparecem depois. Aqui a je, podre de sono, lá a pendurou ao ombro, como de costume, visto ser a posição do "tira-soluços", e mais uma vez ia adormecendo. Vai daí, depois dos soluços, não convencida que os arrotos e os bolsares já tinham acabado, não a quis pôr logo no berço (dá muito trabalho pôr e tirar do berço de cada vez que ela agonia!), e claro, com esta desculpa esfarrapada em mente... Adormeci com ela na nossa cama : ) Mea culpa, mea culpa, mea mui grande culpa (digo eu a bater com a mão no peito convictamente). Devo dizer que me soube que nem ginjas acordar com a minha joia ao meu lado, com aquele ar sereno e tranquilo que transmite paz ao mundo. Se o pai visse, era na hora que me dava cabo da cabeça - todos os dias é contrariado por mim à conta do excesso de mimos e maus hábitos (é verdade, sou mesmo a má cá de casa). Mas não prevariquei em tudo... Antes que ela acordasse, pu-la no berço para não ficar com ideias...

Um mês!!!

Atrasados, mas quero aqui deixar os parabéns à minha pipoca por já ter feito um mês de vida. Foi à sra. dra. que nos deu os parabéns pela menina que temos - já ia em 3620kg (e 4 dias depois já pesava 3840kg!) e 52 e meio cm, como o pai faz questão de frisar! Continua a mesma boa menina de sempre - come muito bem e dorme ainda melhor. Parece um anjinho e vai sofrendo sem refilar muito as tropelias que lhe fazemos como pais inexperientes que somos... No outro dia o pai a dar-lhe banho apanhou um valente susto com ela. Ao virá-la para lavar as costas algo aconteceu que a fez chorar imenso (ele suspeita que lhe mergulhou a cara sem querer na água por uns segundos) . Ora, a sua princesa adora, mas simplesmente ama de paixão, água (assim que a pomos na água fica com um ar de compenetração incrível - até parece que está a absorver alguma energia positiva daquele elemento! Basta tirá-la da banheira e começa a chorar por a terem tirado do bem bom...), por isso chorar enquanto ainda na banheira não é normal. A sua reacção (do pai) foi das melhores: tirou-a da água, pô-la na toalha que já estava em cima da cama à sua espera e ficou a olhar para ela com um ar muito aflito sem lhe tocar! Em vez de a acalmar e enrolá-la na toalha, não, ficou ali parado, inerte, com uma cara de pânico que só vista! Lá a embrulhei eu e acalmei-a e lá parou com a choradeira. Os pedidos de desculpa do pai foram mais que muitos e ela, parecendo que percebia, olhava-o com uma cara muito séria como quem diz - está bem, desta vez passa, mas vê lá! Cá para mim, foi só um susto. Quando a virou, assustadiça como o pai, não estava à espera e por isso, pumba! Estremeceu e chorou. Nada que uma boa mamada de leite quentinho logo a seguir não a tivesse reconfortado... ; )

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Vaquinha Mimosa!!!

O tormento das gretas nos mamilos... Devo dizer que uma das piores coisas em termos de dor física no nascimento de um bebé são as mamas. A subida do leite e os respectivos bolos que se formam e só se desfazem com uma massagem bem dolorosa e os mamilos que não estão preparados para tanta lambidela e vão ferindo até ficarem gretas do tamanho de crateras lunares são experiências pouco relatadas por quem já foi mãe não sei porquê. Só se pensa na parte do parto e talvez no depois do parto com tudo amachucado, mas a parte das mamas, ninguém ou poucas comentam. Quanto a mim, que tive a M. de cesariana, só me posso queixar das respectivas... No dia em que subiu o leite, não tive febre, nem tive dores horrorosas. Mas já ia preparada para o pior e estava bem ensinada pela XXL amiga. Assim, sentei-me no rebordo da banheira e literalmente cozi as minhas amigas com água o mais quente possível. Ao fim de um acto muito anti-ecológico (gastei litros e litros de água), chamei o marido, mordi uma fralda de pano e sujeitei-me às massagens, ou melhor amassadelas, para desfazer cada um dos bolos. Doeu, mas isso junto com o esvaziar das mamas no dia a seguir com uma bomba eléctrica, resolveu e não voltei a ter mais problemas desses. Agora as gretas... Chorei. Chorei vários dias seguidos de cada vez que dava a mama à minha filha. O B. dava-ma para mamar e eu encolhia-me toda só com o medo e a antecipação da dor. Houve um dia, em que ele, às 3h da manhã, chegou a dizer que assim não valia a pena e que ia comprar suplemento à farmácia. Mas aqui a je é muito teimosa. Então já tinha sofrido dias a fio, de 3 em 3 horas, com aquilo e agora ia desistir? Ou bem que nem tinha tentado ou então aquilo havia de passar. Agora chorar para depois não ter valido a pena, é que não!!! Por isso, com a ajuda da XXL mais uma vez, fui tirando com a bomba eléctrica e alternava mama direita, mama esquerda. A dor continuou. A pediatra conheceu-me e disse que dar de mamar é suposto ser um prazer e não um sacrifício (sábias palavras) por isso mais valia dar só de biberão o meu leite enquanto não sarassem as duas por completo. A medo, lá cedi. Bebé que se habitue à tetina do biberão facilmente perde a pega da mama e depois o leite vai-se. Já me tinha resignado a, se fosse preciso, tirar leite em todas as mamadas até aos 4 meses se isso acontecesse. A M. esteve 3 dias seguidos só a biberão com o meu leite. O stress era imenso, até porque a M. pequenina, e sabendo o que é bom, não gostava do biberão - é muito sófrega, engasgava-se e ficava agoniada por ter ingerido 70 ml de leite em menos de 2 minutos. Depois, a parte do esterelizador a cada mamada, o tirar do leite a cada mamada com a bomba... Uma chatice. Mas consegui. Ao fim de um mês, já só dou mama à minha filha. Hoje mantenho a bomba por um motivo - tenho tanto leite que dou de mamar e ainda tiro diariamente em média 90-120 ml para congelar. Só da esquerda saiem 6 esguichos de cada vez! E só tiro na mamada da manhã e se for preciso, para completar a conta, mais uma vez durante o dia. A minha alcunha passou a ser Vaquinha Mimosa! Resumindo: valeu a pena o esforço. Fica o remédio para quem sofra do mesmo: pôr vaselina e depois a pomada Lansinoh específica para gretas e nunca esquecer de limpar muito bem antes de cada mamada. Também ajudou pôr violeta de gensiana durante uns dias - fica tudo roxo e sai mal da roupa, mas não é preciso limpar (corrige problemas associados com a infecção de fungos como a candidíase).

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Super pai, super marido

Apesar dele ainda não saber que este blogue existe, presto-lhe aqui a devida homenagem. O B. tem-se revelado até hoje tudo aquilo que sempre pensei convictamente que um homem deve ser no seu papel de pai e marido. Desde que a M. nasceu tem-se desfeito em miminhos, nunca se esquecendo da mãe, apesar do deslumbramento com a filha. Tirou os 5 dias uteis de licença de paternidade, aos quais juntou os 15 corridos da licença parental. E ainda bem que o fez! Teria corrido muito mal se tal não tivesse acontecido. A enfermeira XXL do curso tinha o palpite certo de que eu seria uma das mães em depressão pós-parto, e tal só não aconteceu porque o meu querido marido se desfez em 3 ou 4 pessoas, todas com uma paciência de Job, para atender à mãe e à filha até hoje. Já voltou ao trabalho, mas o pequeno-almoço na cama ainda se mantém, as tarefas caseiras, nomeadamente as refeições, também (agora já vou conseguindo gerir o tempo entre mamadas, desde que, é claro, a minha rica filha mo permita) e acima de tudo os beijinhos e miminhos ainda sobram para mim! Perdidamente apaixonado pela filha - transformou-se em pai galináceo (mais do que galinha...) - ainda se afirma diariamente apaixonado por mim. Não imaginam como essas palavras e/ou gestos se tornaram importantes agora... Tem dias que parecemos umas baratas tontas, a sacar da vaquinha mimosa para fora, com a mão na fralda e outra a limpar o bolsar daquele Arroto. Se ninguém nos lembrar que somos algo mais do que isso com veemência, podemo-nos esquecer. Por isso, sim, como me aconselhou, e bem, uma boa amiga, apesar dos seus defeitos, tenho de me lembrar sempre de tudo o que de bom ele tem e hiper-valorizá-lo quando estiver zangada por qualquer coisa. E é claro, sentir o sabor na boca de como também estou "apeixonada" por ele... Um beijo meu amor

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Obrigada tia Joana

Primeiro poema dedicado à minha linda M...

  • Ensaia um sorriso
  • e oferece-o a quem não teve nenhum.
  • Agarra um raio de sol
  • e desprende-o onde houver noite.
  • Descobre uma nascente
  • e nela limpa quem vive na lama.
  • Toma uma lágrima
  • e pousa-a em quem nunca chorou.
  • Ganha coragem
  • e dá-a a quem não sabe lutar.
  • Inventa a vida
  • e conta-a a quem nada compreende.
  • Enche-te de esperança
  • e vive à sua luz.
  • Enriquece-te de bondade
  • e oferece-a a quem não sabe dar.
  • Vive com amor
  • e fá-lo conhecer ao Mundo.

(Mahatma Gandhi)

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O clic

Sempre defendi e defendo que o mito da mãe apaixonadíssima pelo filho recém-nascido no momento do parto não é geral. Há mulheres que psicologica e emocionalmente precisam de mais algum tempo para se adaptar aquele novo ser totalmente dependente e que não conheciam de lado nenhum. E sempre achei que eu iria ser uma delas. Posso dizer que tal teoria confirmou-se. A M. nasceu, o pai veio trazer-ma para eu a ver e confesso que aquele sentimento puro não surgiu. É claro que com isto não quero dizer que não senti nada. Como seres humanos que somos, e por isso mesmo racionais, deixamos que as emoções nos invadam. Não sou assim tão fria. Mas aquele clic de que se fala não foi naquele momento. Foi na 2ª noite. Estávamos sozinhas no quarto do hospital - o pai já tinha ido para casa - era de madrugada e ela estava a passar um mau bocado. Deve ser aterrador nascer. Aquele espaço quentinho e só nosso desaparece e de repente não temos nada onde encostar, é todo um universo de espaço vazio por preencher. Dormia, mas um sono muito agitado. O meu instinto foi dar-lhe o dedo para ela agarrar (é mesmo fantástico o reflexo de preensão) e com outro dedo fazer festinhas na cara ao de leve. Ela acalmava e dormia mais tranquilamente. Passei a noite nisto. De cada vez que eu adormecia e deixava de ser uma presença activa no seu sono, ela gemia, ou melhor dava guinchinhos (o meu som preferido num recém-nascido, aliás). Ao fim de umas horas, deu-se o clic. Estava com ela ao colo - tinha acordado a chorar - e muito de repente fui invadida. É algo de estranho, que não dá pré-aviso e que nos entra alma dentro. E pronto, de repente, aquele ser pequenino que é a minha filha, a olhar para mim com aquele ar indefeso, passou também a ser a minha paixão.

Cagada geral!!!

Ontem à noite, a minha menina achou que era divertido brincar às fraldas... Eram 2h da manhã, tinha ela mamado e ficado satisfeita e já estávamos no processo difícil do arrotar (é um tormento). Arrotou ao mesmo tempo que deu dois estoiros na fralda. Lá se mudou a fralda que estava bastante inutilizada com o seu presente amigo para os pais. Acabada de vestir - a azáfama do body, das calças, das meias e do babygrow acaba por cansar, é muita roupa! - e limpinha, pego nela ao colo e ... zás! Outro bombardeamento! Toca de tirar roupa, limpar rabo e mudar de fralda. Veste novamente e pega novamente ao colo para ir para a cama dela. Mas não... Sua excelência, com um semi-sorriso, daqueles à sacana, emite mais uns sons pela via de baixo! Eu ainda quis acreditar que era apenas ar, mas o pai, mais descrente, confirmou que não. Era mais uma cagada... E por isso, vira o disco e toca o mesmo. Pensa-se que, à terceira é de vez, certo? Mas nãããããooooo... Como nossa amiga que é, ainda nos ofereceu mais uma prenda. Desta vez, desistimos e a fralda ficou. Na mamada seguinte, mudou-se. O sono não deu para mais...

domingo, 18 de novembro de 2007

Curso de preparação para o parto

Há já uns tempos que quero fazer esta referência. Infelizmente, já a faço depois do parto, mas nunca é tarde para estas coisas. Nos livros vem escrito que se deve fazer a preparação para o parto a partir das 27-28 semanas de gestação. Às 27 semanas comecei a procurar nos foruns na net, onde seria melhor, e por portas travessas e um caminho muito sinuoso acabei por ir parar à enfermeira Cristina. Dá o curso na Associação dos Francisquinhos, no Restelo, mesmo em frente ao EMGFA, começando por volta das 25 semanas e acabando com um curso pós-parto, com a respectiva ginástica. Até aqui nada de novo, quer dizer um pouco, porque o pós-parto costuma ser uma coisa à parte para quem quiser pagar mais. Fui falar com ela e percebi que apesar das condições físicas do espaço, não haveria melhor. Inscrevi-me sem pensar muito. Durante a semana há uma aula só para nós mulheres, para aprender tudo sobre respiração, o período expulsivo, marcar o erro e encaixar a criança. Ao sábado, há uma aula para os pais inclusive de puericultura, onde se aprende tudo sobre banhos, amamentação, cremes, pele, ranhocas e afins. Nenhuma aula teve alguma vez a duração de 1h30 como é suposto. Pelo menos mais uma hora e ao sábado temos direito a coffee break, com os bolinhos que nós mesmas levamos. A enfermeira XXL (é essa a sua imagem de marca, e quem a conhece percebe porquê) marca presença só por si. Tem uma paciência de Job para as perguntas mais ignorantes e bárbaras que possa haver, deixa-nos conviver e acima de tudo faz-nos sentir que não estamos sozinhas nesta aventura. Não me chegam as palavras para os elogios que lhe quero tecer, especialmente na amizade que ela revela para connosco, tanto às mães, como aos pais. Oferece coisas e amostras, e devo dizer que até agora foram as coisas que ela nos recomendou que nos têm safado. O telemóvel está sempre, mas SEMPRE, disponível, seja para que pergunta for (mesmo para qual a marca do leite de suplemento a comprar às 4h da manhã). Ninguém que eu lá conhecesse não fez o mesmo percurso que eu - assim que tivemos um sinal de parto ligámos imediatamente para ela e lá ficou ela de plantão a aguardar notícias (mais uma vez, não interessa a hora). Mas no meu caso em especial, quero e necessito de lhe fazer a homenagem. Para além de ter recebido os parabéns na maternidade pelo trabalho de parto que fiz durante as contracções (e este elogio é geral para as suas pupilas quando chega o dia), no 2º dia de vida da M., a amamentação não estava a correr muito bem. Ela adormecia ao fim de 2 sugadelas e era um tormento fazê-la comer. Perdeu 290g num abrir e fechar de olhos. Liguei-lhe e ela perguntou-me se podia lá ir. E apareceu. Com a tia Cristina, a M. mamou quase 1h seguida! Ensinou-me o que fazer e explicou que era normal esta dificuldade porque estamos a falar de um bébé com 37 semanas, que por ainda não ter o tempo todo, tem de ser ensinada a mamar. Não são todos que no domingo às 21h30 vão ao hospital ver uma quase desconhecida para a ajudar a dar de mamar... Para além disso, o telefone tem funcionado, com perguntas daqui da chata. Por isso, um grande saravá para ela e um muito obrigada! E garanto que nem eu, nem a M., alguma vez nos vamos esquecer do famoso "Tac, tac, tac!" das contracções a começar, do "tudo mole, tudo relaxado" e do "cha-cha-cha amachucado"...

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Nasceu!

A minha pipoquinha já cá está! Nasceu no sábado, dia 10, às 23h24, de cesariana. É claro que como eu sempre disse, tinha de demonstrar o seu mau feitio. As 40 semanas eram só no dia 30, o médico dizia que devia ser lá para dia 15-16, eu tinha o palpite dos dias 20s por causa da lua, o pai, coitado, desesperado que nascesse, achava que podia ser "amanhã" - ela desempatou, não fazendo a vontade a ninguém. Assim, depois de uma aula do curso de preparação para o parto, onde aprendemos tudo sobre a pele dos bébés e cuidados afins, de um magusto cheio de bébés nas instalações do dito curso e de uma ida a duas lojas em busca de cortinados para sua excelência, rebentaram-se-me as águas... Estava há meia-hora deitada no sofá, quando fui à WC e vi água a sair. Como sou esperta do cabeça, com os nervos, o que fiz? É claro! Comi um pacote de batatas fritas inteirinho, e dos grandes... Liguei ao médico, que me mandou ir andando para o hospital e pusemo-nos a caminho. É claro que como precavidos que somos, ainda não tínhamos feito o caminho para o dito, pelo que tivemos de pedir indicações 3 vezes... Chegados lá, fizeram-me o toque (de tudo foi definitivamente o pior) e a enfermeira ligou ao nosso amigo Dr. Chitas a dizer que o colo do útero estava completamente verde - "nem um dedo lá passa!". Assim, marcaram-me a cesariana para as 22h que era quando havia sala. Menos mau, pensei eu, são só 2 horas de espera. Foi quando me perguntaram o que tinha comido. As ditas batatas obrigaram-me a esperar - eram precisas 6 h de jejum!!! Começaram as contracções, o CTG ia mostrando 120/130, e eu a respirar (ou melhor, a arfar) como tinha aprendido no curso. O B. com os nervos, ao ver-me aflita com dores, a certa altura perguntou-me "mas tu não aprendeste mais nada?!" Chegou o médico às 22h30, falou com a anestesista e achou melhor antecipar um pouco a coisa. Mais valia vomitar um pouco do que ter contracções disse ele. Segui então para a sala de cesarianas. Agora, quem me conhece, sabe o quão a minha fobia às agulhas é grave. Felizmente, já me tinham posto o cateter e viram a minha figurinha, por isso, a própria enfermeira foi falar com a anestesista para avisá-la. Eu por minha vez, já totalmente em pânico (no sentido literal da palavra) expliquei que não conseguiriam fazer nada de mim sem o B. a segurar-me. Ele vinha do corredor tão esbaforido para me aguentar, que ia entrando com a roupa da rua, sem qualquer esterelização. Ainda levou um grito da enfermeira. Acabaram por me dar a desgraçada com o total e completo descontrolo da minha parte. Chorei e berrei como se estivesse a parir à séria. Em 3 partes, lá me enfiaram a coisa nas costas, com todos, inclusive o médico, de roda de mim a acalmar-me. Depois foram 20 min. com o B. sentado atrás de mim, a assegurar-me que não estava a ver nada, como me tinha prometido, para não lhe dar o treco. Quando o Dr. Chitas disse, "vai nascer", não é que o meu excelso marido se levantou e tirou fotos dela tipo coelho esfolado, pendurada pelos pés em cima da minha barriga. E pronto, enquanto me cosiam, o B. andou feito paparazzi a tirar fotos à menina e numa roda-vida para cá e para lá para me perguntar se estava bem. Foi ele que ma trouxe para a ver e a anestesista ainda nos tirou fotos aos 3. Quando se acabou e fomos para o quarto, levaram logo a M. connosco, para que lhe desse logo de mamar. E assim foi. Foi quando disse ao B. "É agora que começa a verdadeira aventura". E de facto, começou...

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

37 semanas acabadas de fazer

Mais uma visita ao Sr. Dr. Mediu a barriga, apalpou a cachopa pelo lado de fora, ouviu-lhe o coração e concluiu que a rapariga recomenda-se. Depois estreei-me no toque. É claro, que nada de extraordinário, não foi algo muito a sério, foi só um cheirinho. Com o B. a ver- ficou um pouco impressionado - lá andou a tentar apalpar a miúda. A conclusão: ainda está muito para cima, apesar de já ter a cabeça para baixo e continua na mesma posição maravilhosa da ponte (tem sempre o raio do pé espetado no lado direito da barriga de forma visível externamente - é a marca dela). A expressão usada pelo Dr. Chitas foi "tive de enfiar quase até cá acima para lhe sentir a cabeça", indicando o ombro como o "cá acima". O colo do útero está ainda a 80%,ou seja, ainda falta muito para que a je esteja preparada para o parto, o que é normal, tendo em conta as semanas. Assim, mais um papel com análises (eu que adoro picas) e mais uma consulta na próxima 3ª feira. O palpite deixado depois de alguma insistência minha - o homem só sabe dizer para eu ter calma - foi de que se ela não encaixar a cabeça no canal na próxima semana e meia, mais coisa, menos coisa, é porque já não deve encaixar, pelo que lá para as 38 semanas, se ela continuar com este mau feitiozinho, marca-se cesariana. No meu entender, é de esperar mais um pouco e dar tempo ao tempo, por isso, essa coisa do marcar já, se calhar não é bem assim. Enfim, a ver vamos. Para a semana aviltrarei eu o meu palpite para atirar o parto mais perto das 40 semanas. Não sei o que dirá. Veremos...

Rendi-me...

Cor-de-rosa... A cor que eu não queria adoptar genericamente para a minha filha. Porém, o marido com a mania das meninices e do mimoso tanto andou que lá conseguiu penetrar nesta minha mente teimosa. Isto das hormonas não tem graça nenhuma - ficamos mais moles e compassivas! E por isso, lá pintou o quarto de rosa (só duas paredes - o que é que pensam? Que me vendi totalmente?!) e conseguiu a decoração em volta da mesmíssima cor. Apaixonei-me pela Noukies, pela "querideza", pelos bonecos e pela qualidade - são hipo-alergénos e muuuuuuuito fofinhos. Adoptámos a Lola (o boneco rosa, pois está claro), depois de algumas tentativas minhas, é claro falhadíssimas, para adoptar o urso ou os índios. Nem o "olha que querido é o focinho do bicho" com ar de cão abandonado resultou. A sua princesa vai ter tudo a que tem direito. E pronto, comprámos o resguardo, a colcha e o xó-xó (para quem ainda não entende o linguajar parental, é o boneco que substitui a antiga fralda de pano amiga que ajuda o bébé a dormir... Eu sei, é todo um dicionário que é preciso quando se entra neste mundo!). Ficaram por comprar, sim porque isto de irmos ser pais sai caro, os bonecos de madeira para colar na estante, a régua e a aquela coisa que se pendura aos pés da cama. É claro que já estão na lista do Pai Natal, que já avisou que assim que apanhar a mãe controlada na maternidade vai perder a cabeça nas lojas - pelo menos foi querido, avisou...

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Afinal não sou assim tão original!!!

Quem me conhece sabe que sou fanática por BD, sobretudo a francófona - isso inclui Astérix, Spirou e Fantásio, Tintin (não tanto) e outros tantos. Pois o Público há uns tempos editou 9 livros inéditos em Portugal do Spirou e Fantásio, e é claro, apesar da incompreensão do marido, aqui a je lá foi religiosamente comprá-los todos. Pois ontem, a ler "O pânico na abadia" descobri que a aventura se passa em parte numa vila abandonada e supostamente assombrada chamada... Quintal das Couves!!! Afinal, não fui a primeira!!! Não deixa de ser engraçado descobrir que a minha imagem de marca de há 7 anos já tinha sido inventada em... 1972 - o ano em que eu nasci! Descobri o verdadeiro nome em francês que deu origem à tradução em português deste plágio tão vil - Peigneboeuf-les-Choux. Não percebo a tradução...

Etapa final

E pronto! Mandaram-me para casa. O médico diz que as contracções excessivas não são assim tão normais às 35 semanas, e que isso deve-se sobretudo a dois factores - ao vai-e-vem Lisboa/Sintra diário em para-arranca e a minha cabeça a stressar. Por isso, o remédio prescrito foi o mais antigo: repouso! Como diz a enfermeira onde estou a fazer o curso de preparação para o parto, virei dondoca. Só tem um problema - não tenho feitio para tal proeza... Já meti na cabeça as coisas que tenho de fazer para me entreter: a casa por arrumar (isto do instinto do ninho é mesmo verdade), o livro a ler e os passeios a fazer para não ficar enfiada em casa o dia inteiro. Senão vai correr mal, é tão certo como 2 e 2 serem 4... Quero ver se ainda consigo arranjar maneira de frequentar uma piscina qualquer para dar umas braçadas, sem stresses... De resto, está tudo bem com a minha M. Ainda não está com a cabeça encaixada, apesar de já estar de cabeça para baixo, e o prognóstico é o da 2ª quinzena de Novembro. São por isso, mais 2-3 semanas para descansar, porque depois vem aí o cansaço total. Na 3ª volto ao senhor doutor, para controlar a evolução da menina.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Árvore genealógica

Estou a fazer um diário para a minha filha. Basicamente estou a tentar deixar-lhe um legado do seu passado, que inclui não só a sua família, como as aventuras e desventuras da sua gravidez, do seu parto e dos seus primeiros anos de vida. Resume-se àquela informação à qual não temos acesso, a não ser que nos contem ou que a nossa memória não retém. Deve-se ao facto de ainda hoje eu própria ter muitas lacunas nessa área - as minhas fontes de informação são muito limitadas e tenho a frustração de não saber certas coisas que gostaria de saber, tal como qual o prato preferido da minha mãe, se eu era um bébé muito chorão, e por aí adiante. Entre outras coisas quero fazer uma árvore genealógica para a Madalena situar os tios, primos e afins, um dia em que a minha própria memória comece a falhar. Vai daí, uma colega toda desenrascada com as nets, descobriu este site fantástico. Deixo-vos esta referência - pode ser que achem graça. http://www.meusparentes.com.pt/

sábado, 27 de outubro de 2007

Uma ginasta de 2 kilos e 700!!!

Fiz a ecografia das 35 semanas na 5ª feira. Pois é. A miúda está com 2,7 kg, portantos no percentil 75, a cabeça está já completamente encaixada e está numa posição digna da mãe ex-ginasta e ex-bailarina que tem - está a fazer a ponte! Ou seja, tem a cabeça em baixo, a coluna contorna todo o lado esquerdo da minha barriga e os pés estão do outro lado, à direita. Esticadinha, que encolhida não tem gracinha nenhuma - é mesmo o paizinho... Mas o pormenor engraçado, é que tem a cabeça virada para fora, como se tivesse feito a ponte. À conta disso, estou o dia inteiro com contracções de Braxton-Hicks - costumo dizer que a barriga parece um calhau permanente - e sinto uma pressão enorme por baixo da barriga. Os pés estão espetados para fora e consigo brincar com eles com muita facilidade. Ela espeta aqui, eu empurro para dentro, e ela vai, e... espeta ao lado! Passamos o dia neste jogo da apanhada. É desconfortável, mas reconfortante. Sei que está cá e boa de saúde. Para além disso, já aprendi a refilar com ela com algum humor - normalmente é o meu típico "raios partam a miúda, que não está sossegada". Choco alguns, mas não faz mal. Sei que ela sabe que estou a meter-me com ela. Enfim, resumindo, a cachopa está no bom caminho para nascer da forma natural sem grandes complicações. Na 3ª feira já sei a sentença do médico - quando e como!... Depois vos direi.

Amizades antigas

O que a amizade tem de bom quando é verdadeira, é que podemos estar décadas sem falar, mas ela persiste para lá do tempo. Por vezes sentimos que os amigos desapareceram, que nos sentimos sozinhos, e de repente aparece aquele alguém que acena lá do fundo, com um sorriso quente e nos aquece o coração. Eu estava habituada a estar rodiada de pessoas. Era tão impossível encontrarem-me em casa, que me ofereceram um telemóvel (confesso que fui uma das últimas resistentes a esta tecnologia) só para poderem falar comigo. De repente, a vida mudou, os amigos dispersaram - e eu tive a pontaria de preservar os Amigos que sairam da minha terra e foram para lá longe - ou por este ou aquele motivo desligaram. E assim, dei por mim sozinha, sem ninguém com quem estar. Não quero com isto ser ingrata para com os resistentes, apenas não me habituo à ideia de que dos 30 malucos que contavam comigo para nos encontrarmos, nem que fosse no cinema, apenas restam por perto os dedos de uma mão, e destes, a maioria, como é aliás normal, tem uma vida que não permite grandes convívios. Os meus últimos desabafos passam muito por aí. Por vezes sentimo-nos sedentos de contacto humano e de amizade - ou pelo menos demonstrações desta, porque sabemos que ela está lá. A conversa, a compreensão, o saber ouvir, a parvoice e o disparate. E agora, que mais preciso, apareceu aquela mão amiga do passado, que nunca esqueci e que nunca me esqueceu. Um obrigada para ela do fundo do coração e que o tempo nos permita provar que a amizade é um dos bens mais valiosos que preservamos...

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Sonhos...

Há dias assim. A malta lembra-se de todos os sonhos que foi construindo na sua cabeça desde pequena. Uns foi perdendo com o fim da ingenuidade infantil, outros foi guardando como puras utopias que sabem bem e outros ainda que vai fomentando e acreditando que um dia vai conseguir. O problema é quando não se consegue acreditar muito neles porque as coisas não correm nesse sentido. O sol até brilha lá fora, mas qualquer coisa em nós não nos deixa olhar para as coisas com predisposição para andar para a frente. Os blues instalam-se e nós ficamos encarcerados numa cela de pessimismo e tristeza sem explicação. Esperamos que quem nos rodeia nos mime um pouco e pergunte se está tudo bem, mas como isso não acontece, a cela acaba por ficar mais escura ainda. Só tenho pena que a interpretação geral seja explicar com a gravidez este estado de espírito - nem sempre as hormonas aos saltos explicam tudo...

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Contagem decrescente

Não, não sou eu. Eu tenho uma bola de futebol escondida debaixo da camisola. De costas nem se percebe que estou grávida e já lá vão quase 8 meses... Até a Catarina Furtado me elogiou a barriguinha dias antes de dar entrada na maternidade! Estou em 34 semanas, pelo que a coisa está-se a aproximar velozmente. Não tenho nada a sensação que nunca mais, e que estou farta e pesada, como a maioria das grávidas nesta fase. Por mim aguentava mais uns tempos. Devo confessar que me assusta mais o depois que o durante. O parto assusta, mas tem de ser. O problema são as mazelas depois, o amamentar que não é nenhum sonho, o sono que fica em crédito e nunca mais se cobra e o ram-ram da mama/arroto/fralda/adormecer em non-stop durante as 24h do dia. Isso sim, assusta a sério. Mas como diz o outro, estando em sintonia com o universo, eu SEI que a minha filha vai ser um bébé calmo e querido que vai comer e dormir bem para me dar espaço (pouquinho, mas algum) para dormir e descansar também... ; )

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Os pais também são maus exemplos

Ontem fui ver o meu pai antes de irem para a terra - foram hoje e só voltam daqui a 1 mês. Contam-se pelos dedos de uma mão as vezes que vi o meu pai desde que engravidei, e mesmo dessas, apenas duas foi ele que foi ter comigo, porque estive doente em casa um mês e meio, senão é Maomé que tem de ir à montanha... Achei que era simpático dar-lhe a oportunidade de mais uma espreitadela à barriga antes de ela nascer. Enganei-me. Começaram por implicar comigo porque não ia lá jantar, não interessando nada para o caso o facto de ter uma prima do B. em casa à minha espera - como a minha tia sabiamente salientou, qual era o mal de ela jantar sozinha, em minha casa, sendo ela minha convidada... Depois, continuaram com o problema de não ter levado um PC velho, mas ainda funcional, para a terra por não ter cabido no carro. Mas afinal que raio levava eu no carro para não caber lá um caixote com um computador e um monitor lá dentro?! É claro que aqui a tontinha ainda justificou e explicou o que levou para efectivamente não caber. Finalmente, como uma grávida de 7 meses é uma potencial candidata a enervar-se - até lhe faz bem (sobretudo à pele) - o meu pai achou divertido acusar-me que o tinha expulso da minha casa, porque lhe pedi para não aparecer sem avisar. Mas atenção! Este avisar é grave... É que eu não percebi que durante o dia ou mesmo às 8h da noite, é normal chegar a casa dos nossos filhos e, sem tocar à campainha, meter a chave à porta e entrar como se a casa fosse nossa. Realmente foi uma falha minha não ter percebido tal conceito... Mea culpa, mea mui grande culpa! (direi eu batendo com a mão no peito). Enfim, resumindo, uma visita a casa do pai pode tornar-se uma aventura entusiasmante e cheia de surpresas novas. É claro que a visita durou apenas e tão-só meia hora (e já foi muito, tendo em conta), quando saí de lá ainda ouvi da tia um "tem uma hora feliz" num tom choroso (é que nem há telefones para falar durante um mês!) e ao entrar no elevador, fiz uma mossa na parede com um pontapé... Isto tudo para chegar a uma conclusão: espero sincera e francamente, e sublinho con ênfase esta frase, nunca, mas NUNCA entrar neste tipo de jogo de guerra com a minha filha. Não quero ser uma pessoa amarga, rancorosa, que guarda as coisas e não diz nada para mais tarde as atirar à cara, por as ter remoído durante tanto tempo até as ter elevado ao quociente a dobrar. Espero conseguir ter a capacidade para dialogar, sem gritos, tentar perceber o porquê que está por detrás de determinada atitude que me desagradou mais, antes de tirar conclusões precipitadas que giram em torno do meu umbigo. Espero conseguir ter a capacidade de demonstrar o carinho e amor que sinto por ela, estar sempre presente e não desaparecer da vida dela. E espero acima de tudo, que ela nunca deseje que eu desapareça da vida dela. Essa é a maior prova de que algo falhou no nosso papel de mãe ou pai. Procuro sempre, e faço-o desde que me conheço (ou melhor desde que esta relação impossível com o meu pai existe), guardar bem guardadas estas memórias, não para ficar ressentida, mas para aprender a lição. Para saber o que é errado e o que deve ir para a lista do "Nunca fazer". E repito-o ao marido e aos amigos. Não vá alguém andar distraído...

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Um repente

Este fim-de-semana fomos lá acima fazer a última visita sem a M. Estivemos com as sobrinhas, com a sra. Z. e com alguns amigos. Quando nos despedimos foi um "até para o ano" que espantou tudo e toda a gente. Lá tivemos de explicar que no próximo mês e meio não é lá muito inteligente andar a fazer 400 km para lá e outros tantos para cá e que depois de nascer não vou levar a miúda a passear em pleno inverno para a terra onde o frio foi inventado e muito menos irei eu com 3 semanas de puerpéreo meter-me em aventuras. Algumas mulheres diziam que sim com a cabeça, mas os olhos diziam "que mariquinhas!...". Não me ralei. Este ano, o Natal e o fim de ano vão ser para curtir a família em casa. Quem quiser que apareça. O caminho tem dois sentidos! Tanto dá para o ir como para o vir, por isso... Quando vinhamos a caminho de Lisboa, às 10h da noite para fugir ao trânsito, tive de repente a percepção que quando lá voltar já serei mãe. Sentimento muito estranho... Tenho repentes destes de vez em quando que me fazem entrar num misto de pânico e surpresa. Ao descer a serra e ver aquelas luzinhas ao longe ao longo do vale, vieram-me não sei quantas reminiscências à ideia - fiquei nostálgica. Ainda por cima fizemos o regresso por Trancoso, percorrendo por isso o caminho que fizemos no dia em que nos conhecemos e outra vez uma semana depois quando começámos a namorar. Quem diria que 8 anos depois iria estar a passar ali com uma M. a calcar-me a costela direita, tirando-me quase o ar. Enfim, regressámos a casa depois de 4 horas de caminho e estes sentimentos ficaram outra vez amolecidos e recalcados, até à próxima vez que me surgir outra situação que me faça aperceber o que me está a acontecer. Até lá vou vivendo o dia-a-dia com uma ideia meio ténue do ir ser mãe, que de dia para dia se está a tornar maior. Que surpresas me espererão? A ver vamos...

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

30 semanas

Pois é. A minha menina foi tirar mais umas fotografias numa ecografia que já estava para ser feita há uns tempos. Está óptima, de cabeça para baixo, mas inclinada (segundo o médico no bom caminho) e no percentil 75. Já vai em 1,8 kg e o pai já está muito mais contente - afinal a filha vai ser grande. Já lhe disse que não deve gostar muito de mim. Ela tem tempo de crescer!!! Cá fora! Mas o médico lá me descansou e explicou que pode ser só um surto de crescimento (coitadinha ainda não tinha crescido muito com estas minhas dietas forçadas) e que normalize até às 35 semanas, regressando ao percentil 50. Mas palpita-me que era pura psicologia da parte dele. Cheira-me que a "piquena" vai mesmo ser grande - também tem a quem sair, o pai mede 1,86m... De resto, está de boa saúde e recomenda-se, mexe e remexe, adora doces, para não ser a excepção, e ainda me deixa dormir (linda menina!). Vê-la no ecrã ao vivo (e não a cores porque achámos que era desnecessário a eco 4D - temos de deixar a surpresa para o dia D) a mexer não tem explicação. A cara do marido, que devia ser igual à minha, disse tudo, mais do que qualquer palavra - um sentimento de ternura e pertença enorme e o pressentimento de que essa força de sentir ainda não é nada, há-de ser bem maior...

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Gravidez

Pois é. Grávida. De 7 meses. Quem me conhece sabe como estas duas realidades não jogavam - eu + gravidez. Foi premeditado, muito pensado e mesmo muito desejado. Mas o meu lado rebelde e independente, somado ao facto de ter sido abençoada por uma fertilidade impressionante (foram precisas duas semanas apenas para conseguir engravidar) e à falta de apoio familiar e mesmo de amigos, não me permitiram gozar na plenitude esta gravidez que no fundo, no fundo (e é difícil admiti-lo) já era muito esperada. Isso misturado com uma crise vesicular grave que me obrigou a parar 1 mês e meio em pleno verão, não veio ajudar em nada. Assim, a expectativa de que quando começasse a sentir uma vida dentro de mim me permitisse assimilar o facto saiu frustrada. Só agora, com 7 meses de gestação é que me estou realmente a aperceber de que tudo o que conheço como vida está prestes a mudar. Vem aí alguém que dependerá completamente de mim e do pai, a minha relação com o meu marido vai necessariamente mudar, a minha posição na família vai mudar, enfim, o meu mundo vai deixar de rodar em torno de mim e do homem que amo, para girar em torno de mais uma. É estranho só agora ter assimilado este facto - estou grávida. Até aqui era como se algo estivesse para acontecer, mas sem saber efectivamente o quê, sempre com o espírito do "logo se vê". Agora começaram as aulas de preparação para o parto, as compras do enxoval, do berço, da cadeirinha, dos biberões e das chupetas. A barriga já treme de tanto se mexer, já me custa calçar os sapatos e o marido fala com a barriga sem motivo aparente. Percebi. Ou melhor, assimilei. É difícil. Ter um feitio destes e de repente ter de assumir que se está feliz por perder um pouco da nossa independência... Raio de feitio este!!!

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Raio de nome!

Pois é. Porquê quintal das couves? Todos acham muita graça ao meu email e todos me perguntam o porquê deste nome tão estranho. Simples. Há uns anos largos atrás, quando comecei a intrusar-me no mundo da net (era um bicho estranho e mal-compreendido) tentei criar um endereço electrónico no famosíssimo Hotmail. É claro que o meu nome já estava mais do que usado e não me apetecia usar iniciais porque a minha cabeça desmiolada ia-se esquecer de certeza da opção feita. Tantas tentativas foram, que acabei por me irritar. E experimentei o apelido que quase de certeza ninguém tem - quintal - e depois aparvalhei. Quintal? Quintal de quê? Das couves, é claro! E este pegou. Por incrível que pareça ainda ninguém se tinha lembrado deste ;) Ficou e teve tanto sucesso que foi ficando. Hoje em dia todos me conhecem por quintaldascouves, por isso porque não o blogue também ficar com a minha marca de água?!

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Principiante

Sempre fui muito anti-net no que toca a partilhar a nossa pessoa com desconhecidos no mundo inteiro. Porém, descobri por mero acaso o blog de uma grande, grande amiga e achei que se ela pode, eu também posso. Nunca fui de diários, mas sempre gostei muito de escrever. Coisas soltas num papel qualquer, que depois passava a limpo para o livrinho próprio para esse efeito. Ela eram poemas, eram frases minhas ou de outros mais esclarecidos do que eu, mesmo pequenos textos. Eram só para mim, ninguém tinha direito a ler, com excepção feita ao marido, ainda namorado, como prova do meu amor... Com o tempo, fui perdendo esta apetência, esta faculdade quase inata de escrever só porque sim. Hoje, dou por mim a precisar de falar e a sentir que é mais fácil se escrever. Quando estou feliz, quando estou zangada, quando me sinto injustiçada ou mesmo quando quero dar uma lição de moral a alguém. Sai mais fluído. Por isso, optei por criar um blogue. Não sei se alguém o vai descobrir, mas será bem-vindo se vier com intenções sérias e vontade de me ouvir e conversar um bocadinho. Que fique assente que é apenas para este efeito que o criei - para falar, ouvir e ser ouvida - mais nada. E com isto me vou por agora, já com imensas coisas por dizer - ou melhor escrever.