sexta-feira, 11 de abril de 2008
Pai artista
Abuuuuu!
Descobriu uma nova forma de se expressar - faz boca de velhinha desdentada e vai fazendo movimentos como se estivesse a falar sem som. Depois, com a mesma boquinha começa a fazer "abuuuuu!" e diverte quem a vê. Não tarda aprende a fazer o mesmo com a sopa. Depois é que é ver sopa a voar!...
20 minutos de qualidade
Dizem os psicólogos que bastam 20 min por dia de tempo de qualidade com os pais para que as crianças sejam estáveis emocionalmente e serem felizes. A M. deve ser um poço de felicidade e equilíbrio. Todos os dias, tanto eu, como o pai brincamos com ela bem mais do que isso. Então agora que estou a trabalhar, o resto da tarde é da exclusividade da minha filha. Começo com colo e miminhos, passo à palhaçada e depois à ginástica no seu tapete de actividades. Não sei quem se diverte mais, nem do que é que ela gosta mais - se das cócegas na barriga ou no pescoço, se do se sentar e deitar com a minha ajuda, do virar de barriga para baixo e ver o mundo de outra perspectiva, ou se do se mirar ao espelho. O ritual do banho à noite com o pai já traz diferenças, com o sentar-se na banheira, o agarrar a compressa com que foi lavada e o bater dos pés na água ajudada por ele. Depois, a brincadeira do secar com a toalha por mim e dos "pfreeeeee!" que fazem cócegas naquela barriga destapada. Só sei que chega à noite cansada e adormece muitas vezes a sorrir.
Eles também se sentem
A característica mais marcante da M. são os sorrisos. Pois comigo agora estão mais dificeis. No primeiro dia que fui trabalhar, demorei uma hora e meia a arrancar um! Quando acordou e me viu em casa, fechou a cara e nada, nem meiguice, nem gracinha nenhuma a fez sorrir para mim. Fiquei triste, triste. A minha filha literalmente amuou comigo e estava-me a castigar! No segundo dia, foi igual. No meu colo, eu a dar-lhe miminhos e beijinhos e a sacana nada. Vem a Lúcia faz-lhe um simple "psiu!" do lado de lá e ela vai e atira-lhe um grande sorriso! Chegou o pai, diz um "olá filha!" e ela vai e lança-lhe um sorriso com um "ah!" de contentamento. Eu tive de trabalhar para o conseguir... Não só já custa deixá-la sozinha com a ama e ela ainda me castiga por cima. Ingrata! Vá lá, no terceiro dia já me recebeu com um sorriso e reagiu logo à brincadeira. Também, desta vez, consegui chegar a horas da mamada a seguir à sopa, por isso em vez de ir ao biberão, foi logo comigo. Deve ter achado que o pedido de desculpa era suficiente...
Regresso ao trabalho...
Sabia que era difícil, sabia que me iria custar, não imaginava que fosse assim. Primeiro, já não estava habituada a acordar tão cedo (não esquecer que tenho uma filha que acorda sozinha depois das 9h) - eram 7h15 quando me levantei. Depois de me arranjar e estar despachada, fui tirar a M. do berço, que dormia tranquilamente. Cortou-me o coração senti-la a torcer-se de preguiça no meu colo enquanto a levava para mamar. Mamou a dormir, depois de refilar um bocadinho. Chegou a Lucia entretanto, que assim que acabou a mamada ma tirou dos braços para tratar dela. Foi tipo filme - eu a segurar sem largar, enquanto ela gentilmente a puxava para si... Depois tinha de sair de casa. A lágrima ameaçava perigosamente no canto do olho. O B. via-me a andar para trás e para a frente, tipo barata tonta, sem saber o que fazer. Acabei por me decidir e fui ao quarto da M. dar-lhe um beijinho (muitos) de até logo. Não parei para olhar. Dei muitos beijinhos e saí disparada para a ama não ver a figura. Já no elevador o B. deu-me a mim muitos beijinhos, enquanto dizia que eu já sabia que isto tinha de acontecer. Correram-me as lágrimas a caminho de Sintra. 5 meses, 24h sobre 24h com a nossa filha, é muita carga de uma só vez. No trabalho fui bem recebida. A colega de sala está de férias, por isso fiquei sozinha na sala, mas foram-me vindo dar umas palavras, para não me sentir tão desamparada no primeiro dia - afinal as colegas são todas recém-mães, por isso sabem bem o que custa. Não sabia o que fazer pois o chefe não teve tempo para mim de manhã - o trabalho foi escasso. As 15h30 demoraram uma eternidade a chegar - dou graças pelo horário de amamentação! Quando chegou a hora, desci as escadas num tiro, enfiei-me no carro e fui directa para casa - ia com fogo no rabo! Cheguei a casa cheia de vontade de lamber a cria, mas a malandra estava a dormir!!! Tive de esperar que acordasse, mas depois vinguei-me...
Vida de dondoca
A outra face da medalha de ter alguém em casa para fazer tudo é que se deixa de ter o que fazer em casa. Como queria ver como a M. se dava com a Lúcia, também não tratei da filha, pelo que que durante uma semana tive a verdadeira vida de dondoca à séria (quer dizer, à séria seria com massagens e esplanadas com outras dondocas, mas não faz mal). Tive tempo de me demorar no banho, fazer a depilação, arranjar sobrancelhas e unhas, de ir ao café com uma amiga de barriga e passear pelas lojas para ver o que havia de novo. Não fosse a solidão, porque quem conheço não tem esta vida, até me dava bem com isto, desde que é claro, tivesse um entretém para a mente se exercitar. Ou seja, tenho perfil para não fazer quase nenhum, desde que acompanhada...
Que personagem infantil você é?
quarta-feira, 9 de abril de 2008
Ama - Primeiros dias
Foi terrível... A Lúcia chegou às 8h15, com a M. a mamar. Disse-lhe para ir arrumando o quarto enquanto isso. Ela lá foi sem dizer palavra. Depois da mamada, passei a M. para o seu colo, para ela tratar do resto - arroto, fralda, limpar cara, etc... Escuso de dizer que foi um aperto tal façanha, estando eu em casa e podendo fazer isso tudo. Não fui capaz de largar as saias à fralda da minha filha e por isso fui fazendo companhia e brincando com ela enquanto a Lúcia tratava de outras coisas. Quando chegou a hora da sopa, expliquei-lhe tudo e peguei na M. para lhe dar a dita. Antes perguntei retoricamente se ela queria dar ou se preferia ver da primeira vez. Felizmente, ela respondeu que queria dar e tirou-ma do colo. Foi mais esperta do que eu... Almoçou comigo, sem grandes conversas e à tarde, arrumou e limpou mais um bocado. Sempre que a M. chorava ou refilava por estar sozinha, ela vinha prontamente, conversava com ela, brincava um bocadinho, punha-lhe música e seguia para o que estava a fazer, não lhe pegando ao colo. Note-se que a M. estava na espreguiçadeira ao pé de mim na sala... Ao final do dia, o meu balanço era 50/50. Estava cheia de medo de estarmos a cometer uma grande asneira... No dia seguinte, voltou a aparecer, desta vez já a M. tinha mamado, por isso mal tive tempo de a ter ao colo. Tirou-ma logo do colo e foi tratar dela. Desta vez ouvi-a a conversar meigamente com a minha filha - tentei não me meter. Quando apareceu na sala, estava de roupa mudada e ar satisfeito. Felizmente, uma amiga telefonou e acabou por almoçar lá em casa, obrigando-me a abstrair da M. e a facilitar a vida à Lúcia. Para além disso, foi-se embora com uma opinião positiva da ama, o que me deixou um bocadinho mais reconfortada. À tarde, disse à Lúcia que podia pegar na M. ao colo, pois eu não tinha nada contra isso (a pergunta da entrevista assustou-a!...). Depois disso, andou sempre com ela ao colo, até a querendo adormecer assim depois da sopa. Tive de dizer que colo era muito bom, mas q.b. A criança ainda adormece sozinha, não a estraguemos... Ao 3º dia, estava mais à vontade, já falava um pouco comigo e até cantou, não, desafinou à grande e à francesa, para a M. Depois da 1ª mamada da manhã, mudou-lhe a roupa, lavou-lhe a cara e limpou-lhe os olhos, penteou-a e pôs cheirinho no cabelo (o meu comentário de que o pai gostava do cheiro da água da Uriage no cabelo foi registado). Canta-lhe o "Papa a papa" da Cerelac, que resulta muito bem e já dá passeios com ela para ir ver os cães porque a "M. ri-se muito com os ãos". Ao 4º dia mandou-me uma mensagem às 5h30 a dizer que a filha estava muito doente e por isso não ia - "que parecia mal faltar logo assim, mas era por motivo de doença". Ficámos de pé atrás, mas às 17h30 mandou outro sms a pedir desculpa, mas "só àquela hora tinha conseguido sair do hospital". Liguei-lhe e disse-me para ficar descansada porque na 2ªfeira já ia... E foi, com a justificação do hospital e tudo! Resumindo, de 0 a 10, dou-lhe 6,8, a caminhar para o 7. Tendo em conta de que sou a mãe e que nunca irei dar mais de 9, porque ninguém é tão bom quanto eu, não me parece mal para a primeira semana...
Ama - Escolha
Foi dificil escolher. A Damiana era mais simpática e afável, parecia despachada e tinha excelentes referências. Para além disso, mora perto e à porta do metro. O senão era ter um português muito incorrecto e tinha uma apresentação que encaixava menos naquilo que nós imaginamos como ama de uma criança da nossa classe social (não consigo dizer isto sem parecer elitista... Não tenho nada contra seja quem for, mas temos sempre exigências maiores ou menores a nível de maneiras e saber estar. Para tentar explicar, quando perguntei do colo disse que achava muito bem e que os africanos até andavam com os bébés a tiracolo para não ficarem sozinhos). A Lúcia era mais correcta a falar e nas maneiras (penso que o termo é que é mais "fina" ou "limada"), é filha da Sra. Maria, que eu conheço há anos e de quem gosto bastante, e tem 3 filhos, por isso domina bem a situação. Aliás, na entrevista fez-me perguntas pertinentes acerca dos hábitos e necessidades da M. O senão é que é casada e tem o apoio financeiro do marido, por isso precisa menos, tem 3 filhos, aumentando a probabilidade de faltar por doença, mora mais longe, pareceu mais calada e parada e pediu mais € 50, valor já difícil para nós. Depois de muito falarmos e fazermos contas, liguei para a Damiana. Chegámos à conclusão de que teria mais dificuldade em arranjar emprego, precisava mais de algo certo, e acima de tudo tinha criado uma maior empatia com o seu dinamismo e sorriso rasgado e permanente. Disse que me ligava às 18h a confirmar - ia a outra entrevista primeiro. Adoraram-na também e ofereceram mais 100€, valor incomportável para nós... Chorei outra vez. O B. olhou para mim e depois da frase "entre mortos e feridos alguém há-de escapar" ligou para a Lúcia. Propôs-lhe menos € 50 e ela aceitou. Ao que ele respondeu: "então amanhã por volta das 8h apareça"...
Ama - Entrevistas
Ambas as senhoras do Ocasião traziam referências. Combinámos para o dia seguinte à noite, para nos conhecermos. Fomos buscar, à vez, ambas ao Metro, por ser mais fácil para elas. A primeira deixou-nos cheios de desalento. Não falava, não mostrou grande interesse, nem ligou à M. que com os seus sorrisos ia mostrando que também ali estava. Se já estávamos aterrorizados, mais ficámos. A segunda encantou-nos. Uma rapariga com 32 anos, de sorriso fácil e muito afável, coerente nas respostas e sobretudo muito interessada na M. Eu tinha um papel A4 repleto de perguntas, escritas a verde, e fui perguntando uma a uma, algumas inteligentes, outras total e completamente disparatadas. Quis ver a reacção a tudo, até ao dito papel... Para perceberem, até perguntei o que achava do colo e da televisão... Teve nota positiva. No final, passei-lhe a M. para o colo, que por nunca ter visto ninguém de cor, ficou parada com um ar espantadíssimo a olhar para ela directamente. Como não lhe arrancava nenhum sorriso, pus as mãos em posição para vir para o meu colo, mas a Damiana não desistiu e tanto lhe falou que acabou por conseguir o pretendido - um valente sorriso. Foi embora mais contente. Combinámos com a Lúcia, a filha da empregada da mãe da Carla, e conhecêmo-la no dia seguinte. Com 20 e tais (não sei ao certo), 3 filhos dos 7 aos 2 anos, cara meiga e respostas certas ao meu papel. Também gostámos dela, mas assustou-nos o facto de morar mais longe e ter 3 filhos, apesar de estarem com a avó. Para além disso, criou menos empatia, por ser mais reservada e calada. Liguei para a referência da Damiana, a senhora onde trabalhou até agora (durante 5 anos), que só lhe teceu elogios. Disse-me maravilhas e fez-me acreditar que era de confiança. Faltava uma semana. Falei outra vez com a amiga enfermeira e pedi uma opinião amiga. Achou que era de tentar e que numa semana se conseguia ver muita coisa. Fui para casa a pensar que o Não era certo, por isso, não havia nada como tentar...
terça-feira, 8 de abril de 2008
Ama - Procura 2
Depois, lembrei-me da namorada do cunhado mais novo que foi criada, junto com o irmão, por uma rapariga que cresceu com eles (começou aos 20, tendo agora 41). Liguei-lhe e ela disse que ia ver. Por um mês não a consegui - a mãe da Sofia dispensou-a e tinha-lhe arranjado emprego num infantário um mês antes. Não fosse isso e tinha ficado connosco. Ainda tentei um estratagema baixo com uma emboscada - dar-lhe a conhecer a M. e os seus sorrisos cativantes sem saber ao que ia para a convencer, mas não chegou a isso porque ela está feliz no infantário onde ficou. Quando recebi o sms a confirmar que não havia nada a fazer quanto à Florbela, chorei. À séria. Arrependi-me de todas as decisões disparatadas que tomei até hoje a nível profissional, sem excepção, inclusive, a maldita empresa de animação turística que todos os entendidos no assunto acham que é uma galinha de ovos de ouro e que não consegui pôr a funcionar de maneira nenhuma por pura maldade do sistema de oferta de turismo em Portugal. Já se tinham passado duas semanas desde então e o tempo era escasso. O B. não tinha levado mesmo a sério esta história da ama, porque achava que não iriamos conseguir arranjar alguém em tão pouco tempo. Mas a minha decisão já estava intrinsecamente dentro de mim, e quando ele se apercebeu disso e me viu naquele estado, mexeu-se. É verdade. Mais uma vez, foi ele. Foi à net, e procurou noite adentro. Tanto andou, que ligou para umas quantas pessoas com anúncios. Eu lembrei-me da Carla. Uma irmã de uma amiga que ficou amiga também e que nos tinha arranjado há uns anos uma mulher-a-dias fantástica, que não fosse o facto de já ter falecido devido à sua saúde, seria a pessoa indicada para deixar a M. (soubemos da sua morte com o telefonema que fizemos à Carla - que fique finalmente em paz D. Albertina, pois bem a merece). Podia ser que conhecesse alguém... Ela ia ver com uns amigos que tinham passado pelo mesmo e gostado de 2 ou 3 pessoas, podendo ser que ainda tivessem o contacto delas. A uma semana de trabalhar, tinhamos 3 possibilidades: duas do Ocasião e uma da Carla - a filha da mulher-a-dias de há mais de 15 anos da sua mãe estava desempregada...
Ama - Procura 1
Comecei por me tentar lembrar de quem nos poderia ajudar. A primeira tentativa passou pela mãe de uma amiga de barriga, que fica com a neta e mora muito perto de nós. Ofereci-me para contratar uma ajuda e assim tomarem conta de duas em vez de uma. Não era possível. No dia seguinte, foram buscar a roupa lá a casa para passar e lembrei-me que talvez a dona da empresa, minha amiga, conhecesse alguém. Indicou-me uma senhora que eu já conhecia, por ter feito limpezas em nossa casa através da sua empresa. De muita confiança, ao ponto de lhe deixar o seu filho, brasileira, educadora de infância, no desemprego por ser ilegal. Decidimos conhecê-la e se gostássemos dela, tratariamos de tudo para que ficasse legal e devidamente contratada e inscrita. Não podia encontrar-se connosco naquele dia, marcou para o dia seguinte e não apareceu porque a sua boleia tinha disparatado, não aparecendo, nem dito nada. Confirmei que era verdade. Passou-se o fim-de-semana e nós a roer as unhas que já não tinhamos. Na 2ª feira voltou a marcar para as 20h no metro. Fui buscar o B. à mesma hora e esperámos por ela. E esperámos. 15 min depois, liguei e depois de várias tentativas, atendeu-me o marido a dizer que ela não ia, nem iria, e que tinha avisado a amiga em comum para me avisar... Ainda bem que tal aconteceu assim - provou de uma forma simples que não interessava nem ao menino Jesus... Fiquei com vontade de bater em alguém. Se já estávamos aterrorizados com a ideia da ama desconhecida, mais ficámos. Mas como eu sou teimosa, seguimos em frente. A política era: o certo é ir para o infantário, se não for, melhor...
Ama - Decisão
Fomos à consulta dos 4 meses. Com o trabalho a espreitar na esquina, a pediatra perguntou-nos como iamos fazer. Explicámos que não tinhamos avó, nem ninguém da família a quem confiar a M., pelo que não havia alternativa ao infantário. Ela insistiu na pergunta, se não conheciamos ninguém de confiança, pois era muito melhor para a M. ficar em casa até aos 2 anos, devido às doenças que iria evitar. Como não conheciamos, virou o disco e disse que não era drama nenhum, que iria com certeza correr tudo bem e que a M. era uma fortalhaça. Mudámos de assunto e este ficou por aqui. O dia seguinte foi terrível para mim. Pensei, matutei, magiquei e inventei. No fim, decidi. O B. chegou a casa à noite e comuniquei-lhe que tinha tomado uma decisão, se ele estivesse de acordo - queria contratar uma ama lá para casa. Por seu lado, a conversa da médica também tinha surtido efeito na sua cabeça - ele também queria o mesmo. Um dos grandes motivos porque nunca ponderámos esta hipótese a sério e com calma foi o facto de financeiramente tal não ser possível. Tendo em conta que existia algo para onde canalizar todos os meses uma parte considerável de dinheiro, à conta da Different Ways, não havia forma de tornar a intenção em algo de concreto. Ao afagar o pouco cabelo da minha filha, a minha decisão passou por desistir do meu sonho mal-nascido, que só me estava a dar dor de cabeça, em prol de algo bem mais precioso - o bem-estar da M. Problema: faltava um mês para eu começar a trabalhar... O B. falou com a amiga enfermeira, que apoiou a ideia de deixar a M. em casa, e assegurou-nos de que em tão pouco tempo era possível perceber se quem nós escolhêssemos tinha valor e era de confiança. Fomos para casa amadurecer a decisão...
Infantário
Como não temos avó para tomar conta do rebento (uma já morreu e a outra vive a 400 km), ainda enquanto grávida, discutimos as várias hipóteses e chegámos à conclusão de que era melhor algo que ficasse perto do meu trabalho, pois este fica a 50 km de casa, por forma a eu chegar rapidamente, havendo alguma urgência. Em Sintra, foram-nos aconselhados dois muito bons: o João de Deus, em Albarraque, e o Catarina de Bragança, a caminho das praias. O conselho veio de um amigo de longa data que acabou agora o curso de educador de infância, depois de um percurso atribulado em engenharia civil, tendo sido o melhor aluno do ano e convidado para dirigir a parte do infantário do João de Deus da Figueira da Foz (onde está agora). Levou-me a Albarraque, apresentou-me às pessoas e fez-me sentir segura quanto à hipótese de lá pôr a M., ao dar-me a conhecer algumas coisas que os pais não chegam a ver e ao perceber o carinho que existe por lá. Fomos ao outro e também gostámos - a própria directora fez-nos a visita guiada e demonstrou imenso cuidado, carinho e noção do que andam a fazer. Vantagens do primeiro: é um dos infantários mais conceituados de Lisboa, é uma IPSS, pagando-se de acordo com os rendimentos (penso que para nós não devia fazer grande diferença), utiliza o método da cartilha, facilidade em entrar graças ao amigo, muito bem cotado a nível de preparação e boa-educação entre os professores da primária que recebem os seus alunos. Desvantagens: é um berçário com um máximo de 25 bébés com 5 pessoas responsáveis - é um facto que chegam, até porque nunca ocupam os lugares todos por regra (têm um acordo com a Tabaqueira que os obriga a tal), mas a probabilidade de apanhar doenças é maior. Vantagens do segundo: é uma vivenda fechada, com o máximo de cuidados com a segurança, boa formação da parte do pessoal, muito boas condições, com jardim e salas com excelentes acessos (inclusive janelas para os pais espreitarem sem serem vistos), uma enorme compreensão pelos stresses das mães galinhas e uma sala só com 9 bébés. Desvantagens: frequentado por meninos bem (os netos do Jardim Gonçalves andam lá), cheios de manias e vícios, entrando alguns para a primária com a etiqueta de mal-educados (no sentido de gritarem mais e falarem menos). O que nos fez decidir? Um episódio caricato no segundo... Estávamos à conversa com a directora no jardim, quando um menino passou e sem querer foi contra ela, seguindo caminho sem água vai, nem água vem. Ela chamou-o e calmamente, explicou-lhe que tinha de ter cuidado e ver por onde andava, perguntando-lhe de seguida o que faltava, ao que ele respondeu pedindo desculpa. Até aqui excelente. O problema foi o a seguir... Ela, não satisfeita, perguntou-lhe "desculpe, quê?", ao que ele retorquiu "desculpe, babá querida"! Não consegui imaginar a minha filha chegar a casa e dizer, com pronúncia de Cascais, "olá, mamã queridaaa"!!! Mas à parte isto, é muito bom.
Cocó...
Com o início das sopas, a caquita liquída e amarelada deu lugar a uma coisa mais sólida, acastanhada e mal cheirosa. Na primeira destas, com o pai a comandar as tropas, só deu para ver a sua cara de agoniado, com o vómito a querer aparecer... Nem deu para perceber como era, tal foi a pressa em esconder a porcaria! Hoje em dia, o pai até já diz que é preciso reduzir na cebola, porque o dito cheira muita àquela... Digam lá se não está a ficar expert na coisa?! ;)
Cusca!!!
Nunca vi! Tem mesmo a quem sair (ao pai, entenda-se)... Observa tudo com uma atenção enorme, procura os sons todos à volta dela, não descansa enquanto não os descobrir, esboçando um sorriso quando consegue e reage imenso às luzes. Agora deu-lhe para fazer o mesmo quando mama... Depois de ter mamado 5 min (tempo durante o qual consegue extrair 90% do que precisa, segundo os especialistas), começa a cuscar. Se eu, o pai ou outra pessoa com voz mais alta falar, espreita. Fica parada a olhar para mim ou para trás, vê o que tem a ver e depois volta ao trabalho. Se reagirmos à sua pausa, sorri, olha mais um bocadinho e depois pega outra vez na mama a rir... Muitas vezes não aguento e desmancho-me a rir com a expressão dela. Resultado: não chega a pegar outra vez. Olha, abre a boca em frente à mama, volta a olhar, volta a abrir a boca, volta a olhar, ri-se imenso e com ar de traquina (como quem já fez asneira e ficou satisfeita) volta a mamar, para uns segundos depois fazer o mesmo se sentir que eu ainda estou a rir... Em suma, é assim que agora percebo que já não quer mais. Sacana da miúda!
1, 2, 3, uma colher de cada vez
Uma colega do B. recebeu o livro do pediatra na consulta dos 4 meses com a indicação de que era assim que devia fazer as sopas do filho. Fiz uma pequena pesquisa na net e descobri comentários positivos ao dito, por isso, o B. comprou-o. Quando o folheei achei algumas receitas estranhas e diferentes do indicado pela nossa pediatra, por isso decidi não inventar e seguir à risca o papel de instruções da sra dra. Assim, fui alternando os pigmentos - primeiro o verde, depois o branco e depois o laranja (aliás como a amiga enfermeira também tinha ensinado) - até a M. provar um pouco de tudo. Só faltam os bróculos e a couve por serem os mais indigestos. Ontem, fui com a M. à médica tirar dúvidas (estupidamente, foi tão somente uma forma de me sentir mais segura por vir trabalhar hoje...) e levei o tal livro. O comentário foi: "pois... não está errado do ponto de vista médico, mas...". Basicamente, é muito diferente da típica alimentação que nós fazemos em casa diariamente, sendo que o objectivo da introdução dos alimentos também passa por habituar o paladar da criança. Sopa com farinha de arroz ou puré de cenoura com maçã não se enquadra muito naquilo que depois vamos comer em família. Parece-me a mim que é melhor não inventar muito até aos 6 meses, depois há lá coisas que talvez sejam engraçadas de experimentar. Veremos...
Batata doce e fruta
Experimentámos os doces possíveis de dar agora. Com a sopa de legumes, já bem habituada, tudo vai às mil maravilhas. Já percebe a lógica da colher e já a vai aceitando sem chuchar de língua enrolada. Com a sopa de batata doce e a fruta (para já só maçã e pêra) nem se fala. A primeira tentativa, como com todos os sabores novos, doces ou não, faz uma careta de experiência nova. Saboreia a primeira colher como um enólogo a bebericar um vinho desconhecido, e depois começa a comer como se fosse algo que já tivesse comido muitas vezes. Abre a boca e abana a cabeça como um passarinho esfomeado e não tolera grandes atrasos. Tive a ousadia de coçar o nariz entre duas colheradas de maçã e a criatura refilou!!! Boca abençoada!...
segunda-feira, 7 de abril de 2008
Babetes
Estou mestre no assunto, tendo em conta que a minha filha precisa de uma esfregona e de uma esponja permanentemente atrás a limpar... Recomendo os da Bébéconfort - são redondos, com velcro para apertar atrás e plastificados na parte de trás. A vantagem é que as abas que colam atrás são mais largas e por isso, mesmo deitada, o leite bolsado não passa para a roupa ou para detrás da cabeça - a M. faz-me lembrar a rainha Elizabeth I com aquelas golas lindas... Para além disso, têm dois tamanhos, o 0 e o 1, pelo que acompanham o crescimento da criança. Depois para a sopa, recomendo os da Zara: são quadrados e traçam atrás nas costas, ficando coladinhos ao corpo, não sujando nada mais do que o necessário. A desvantagem é que são de pano, por isso, por vezes, as nódoas são chatas de tirar. Quando eles crescem mais um bocadinho, enquanto ainda nas sopas dadas por nós, a Bébéconfort tem uns todos de plástico, muito bons, de enfiar os braços, sem mangas. Têm é de ficar bons no pescoço porque senão, por serem de plástico, sobem para a cara e sujam tudo do queixo para baixo, inclusive a roupa que está por baixo...
Máquina das sopas
Ofereceram-nos a Easymeal da Chicco para fazer as sopas da M. Põem-se os legumes no recipiente e deixa-se cozer. A coisa apita quando acaba o tempo da cozedura (máx de 30 min) e depois põe-se a lâmina, tritura-se e está feita a sopa. É prática e tem a vantagem de cozinhar os legumes a vapor. Penso que será essa a grande vantagem em relação a fazer a sopa à maneira antiga. A desvantagem: têm de se se cortar os legumes muito pequeninos porque senão não cozem bem e depois dá-se sopa com a cenoura quase crua no meio do triturado. Resultado? Não a comeu, pois está claro!!!
