Ontem e hoje a ama da M. ficou doente. Fiquei eu em casa a tomar conta dela. Ontem, o passeio da manhã foi perto de casa, por entre prédios e ruas vazias. Hoje achei que merecíamos melhor e por isso levei-a à Quinta das Conchas, um jardim público simpático e muito verde. Fomos logo cedo, artilhadas para lá passar a manhã até à hora do almoço. Foi engraçado ver o encontro de gerações - maioritariamente, só se viam avós com os netos. Uma data deles, com as brincadeiras e conversas típicas de avós. Uma senhora que mal se mexia, estava a ajudar a neta de um ano a aprender a andar "Ummm, doiiissss, três!" - é fantástico a energia e força que se arranjam quando se trata dos nossos. Passeei por entres as árvores, fazendo metade da Quinta, até que a M. adormeceu. Encostei-me a um banco e folheei uma revista que levava comigo até ela acordar. Parece que ela adivinhou que devia aproveitar aquele bocadinho e antecipou o fim da soneca. Calcei-lhe os sapatos, tirei-a do carrinho e fiquei ali na brincadeira com ela. Sempre que passava alguém, ela metia-se olhando fixamente e sorrindo. A maioria ria-se e seguia, alguns acenavam e outros pararam para se meter com ela. Umas quantas senhoras riram-se, falaram, deram conselhos e acima de tudo recordaram. No fim, iam embora contentes e de cara iluminada a comentar "Mas que simpática", dando uma última olhadela para trás. Assim, ontem, conseguimos fazer uma quantidade de velhotes felizes. Fiquei com a nítida sensação de que a maioria dos que pararam eram solitários sedentos de uma conversa qualquer, quanto mais de uma bebé sorridente que lhes fez a festa por algo tão simples como um olá. Quando viemos embora, vinha babada e cheia. Babada por todos terem adorado tanto a minha filha. Cheia de uma sensação positiva de ter feito a boa acção do dia.
Há 8 anos
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