Tem-no de certeza e bastante!!! A M. não pára um segundo, nem sequer quando está sentada. Se eu a sentar ao meu colo no chão enquanto lhe tento ler um livro, ela pura e simplesmente não sossega. Ora põe as pernas para um lado, ora põe para o outro, ora se vira de barriga para baixo, ora se levanta para cair de chofre, ora se deita e escorrega pelas minhas pernas abaixo, ora... Cansados? Também eu fico! É impressionante como ela não sabe o que são mais do que 5 segundos quieta. Sem exagero! Um dia que tenha de aprender a brincar ao "Macaquinho do Chinês" vai perder na certa! Ficar como uma estátua é pedir-lhe muito! A quem sai? A mim, pois está claro. Eu até a ler era assim: começava sentada direita no sofá e acabava de pernas para o ar, encostadas às costas do sofá, e de cabeça no chão - literalmente! O que eu mais oiço contarem-me era que as minhas pernas não sossegavam um bocadinho, mesmo quando estava presa na cadeirinha. Onde será que já vi esse filme?!
sábado, 7 de março de 2009
Escondidos
O meu pai veio passar a tarde com ela cá a casa. Aliás, a M. tem tido o privilégio de muita brincadeira com o avô A. nestes últimos tempos. Parecem dois miúdos e por vezes nem sei qual o pior... Naquele dia, quando cheguei a casa do trabalho, vi os dois à janela a ver as vistas. Estacionei e subi para casa. Quando saí do elevador, estavam os dois escondidos atrás da esquina, com o meu pai a dizer-lhe baixinho para não fazer barulho, para aparecerem quando eu desse sinal de vida (atenção - só apareceram, sem gritinhos, nem cucus. Seria pedir demasiada abertura ao sr. coronel :) ). Depois, riram-se os dois e a minha filha em vez da costumeira festa de boas-vindas que me faz, ignorou-me e seguiu caminho para ao pé do avô para fazer cambalhotas!...
Faz de conta
A avó comprou-lhe no chinês um conjunto de objectos de cozinha - pratos, talheres, frigideira, copos, tachos. Isto porque em casa dela, a M. não fazia outra coisa que não fosse brincar com uns parecidos da prima. Foi o melhor presente que já lhe deram, depois da bola (que também foi a avó que lhe deu...). Não larga aquilo nem por nada. Quando quer brincar, vai buscar a lata do leite onde eu lhe arrumei esta tralha, e enquanto vai dizendo "iá papa!" vai fazendo de conta que come com a colher. Vem nos trazer o prato ou a panela e faz de conta que nos dá de comer. Depois traz o copo e obriga-nos a fazer que bebemos. Houve uma manhã que foi ter com o pai à cama só para lhe dar a "iá papa!"... A nossa princesa já tem brincadeiras de menina e acima de tudo, o que me surpreende é a sua capacidade de imitar e já brincar ao faz de conta. É de facto, giro acompanhar estes pormenores da sua evolução.
Estufa Fria
Lembrei-me da minha infância e como me levavam com alguma frequência à Estufa Fria e ao parque infantil respectivo, por morarmos muito perto dali. Há um lago com patos e gansos e o jardim tem galos, galinhas e pavões. Eu adorava lá ir dar pão aos patos e aos peixes (na altura também havia cisnes) e depois dependurar-me nas barras para aprender a fazer cambalhotas com o meu pai. Assim, fomos com a M. ao jardim da minha infância, para repetir com ela a experiência. Foi um sucesso. Levámos pão num saquinho e, tal como no meu tempo, sentei-a no muro de pedra e atirei o pão aos nossos enfartados amigos (já não se fazem patos como antigamente! Parecia que nos estavam a fazer um favor!...), fomos ver os outros bichos e deixámo-la andar à vontade. Como o lago fica junto à Alameda Eduardo VII, depois do iogurte do lanche, começámos a descê-la. Se dependesse da M., iamos a pé até ao Rossio! Andou, andou, andou, e não queria subir a Alameda - só descer. Fez as delícias de muita gente, especialmente de alguns velhotes solitários que esperavam ver algo que lhes despertasse o interesse de um banco de jardim (é mesmo triste...). Não chegámos a ir ao parque infantil, experimentar o escorrega, pois estava imensa gente, tudo maior do que ela e podia correr mal. Quando a pusemos no carro, vimos uma M. feliz e cansada. Aliás, estávamos todos três cansados! Foi de facto uma excelente tarde!
Lápis de cor
Como ainda tenho os lápis de cor da minha infância (É verdade! Fazia colecção para ter as cores todas e mais algumas, chegando a surripiar alguns na escola por ser uma cor que eu ainda não tinha...), achei que seria engraçado mostrar à M. aquelas coisas mágicas, que fazem riscos numa folha de papel. Sentei-a na cadeira de comer e puxei daquele novo brinquedo. Risquei e fiz desenhos e ela adorou. Tentou segurar num, mas não conseguiu por não ter força para riscar. Isto porque em vez de tentar segurá-la com a mão toda, tentou imitar-me, segurando-o já com os dedos. Demorou alguns dias a perceber onde aplicar a força, mas agora já domina a coisa e já gatafunha pelo papel afora. Por vezes, ela vai-nos dando lápis a lápis para nós riscarmos um bocado, dizendo a cor à vista. Mas o normal, é pedir-nos que façamos desenhos para ela adivinhar. Ainda por cima têm de ser bonecos que ela identifique... Como ninguém cá em casa nasceu artista, nem sempre é evidente, mas pelo menos a colher e a tigela, o gato, o peixe, a pêra, a sua Lola, o sol, o pato, o caracol e o pássaro ainda se consegue fazer... De todos os desenhos possíveis, o que ela gosta mais é o da mão. Ponho a mão dela ou a minha em cima do papel e contorno os dedos, por forma a que ela fique desenhada. Adora a meio do processo tirar a mão depressa, como se estivesse a pregar uma partida. Hoje em dia, passa a vida a pedir para ir para a cadeira de comer, apontando para a gaveta onde os lápis estão escondidos. Foi uma brincadeira com sucesso. Tenho mesmo de lhe comprar uns lápis próprios para bebés, para poder sair da cadeira e não correr riscos...
sexta-feira, 6 de março de 2009
Concerto para bebés
Pela primeira vez, soltou-se e largou à aventura para o meio do palco para ouvir melhor os instrumentos. O normal é ficar junto a nós, mesmo que a curiosidade já aperte. Mais uma vez se viu como ela gosta de ir a este espectáculo, que já se tornou numa rotina mensal cá em casa.
Parapeito e popós
A nossa sala, assim como o quarto dela, têm um grande defeito: as janelas vão até 50 cm do chão e têm um parapeito interior muito acessível. A M., graças à sua genica imparável, descobriu um sítio fantástico para se empoleirar. Ainda por cima é uma janela com vista para os popós que ela tanto gosta. Agora, em vez de 50, são precisos 500 olhos para a vigiar, e temos de rapidamente descobrir uma solução para estas janelas tão acessíveis...
quinta-feira, 5 de março de 2009
Palmada no rabo
No entanto, já comprovei que uma palmada no rabo também surte efeito, ao contrário da palma da mão. Não sei se por parecer mais uma palmada (na mão confesso que às vezes mais parece uma festa com mais força...), se por ter um maior factor de surpresa, se pura e simplesmente ela entende assim porque sim. O que é certo é que há uns dias, apanhei-a a esticar o dedo para a tomada, para tentar tirar a protecção, acto por mais do que uma vez condenado e repreendido (e o quanto!...). Fui por detrás e sem qualquer pré-aviso, dei-lhe uma palmada no rabo de fralda, enquanto soltava um não forte. Ficou espantada, ponderou chorar, mas não o fez e veio ter comigo aflita, para se agarrar às minhas pernas, a dizer "mamã! mamã!". Como quem me pede muitas desculpas. Voltei-lhe a explicar o mesmo de sempre, com muitos nãos à mistura e ela pareceu perceber, pois por alguns tempos, evitou tomadas.
Palmada versus castigo
Sou apologista de uma boa palmada no rabo quando estritamente necessário, optando pelos castigos e a compreensão do porquê na maioria das vezes. Como a M. ainda não tem idade para perceber castigos, comecei por nãos veementes e decididos, mostrando-lhe que estava efectivamente zangada com determinada atitude. A minha filha basicamente borrifou-se para o assunto e o normal é continuar, nem que seja numa de desafio, como reacção. A palmada na palma da mão vem então para primeiro plano. Resultado? Uma gargalhada... Sonora... É assim. A M. não tem medo das palmadas e como não damos com força, o resultado é provocar mais a moçoila. Tentei então segurá-la. Quando está a mexer em algo que não deve, ao fim de alguns avisos, seguro-lhe nas mãos, por forma a ela ficar imobilizada. Desespera. Fica pior do que eu sei lá, chora, atira-se para trás e contorce-se para se soltar. Fico inamovível e após algum choro, pergunto-lhe calmamente se já se acalmou. É engraçado como isto costuma ter um efeito tão positivo. De lágrimas gordas a cairem-lhe dos olhos, olha para mim e tenta auto-dominar-se. Chega a engolir em seco para conseguir parar de chorar, quando percebe que essa é a forma de atingir a liberdade. Como é possível alguém tão pequeno já ter esta capacidade de compreensão... Uma das vezes, pude comprovar como este método é eficaz com a M. Estava sentada em cima da mesa da sala a brincar comigo. Quando descobriu o centro de mesa com folhas e pétalas secas foi um ver se te avias. Meteu logo a mão lá dentro apesar das minhas negas. Retirei-lhe a mão três vezes. À quarta, nem dei pré-aviso. Segurei-lhe nas duas mãos e ali ficámos até ela se acalmar. Como não tenho nenhuma filha prodígio ou que fuja à norma para a idade e que é teimosa como as mulas, é claro que voltou a meter a mão lá dentro, espalhando tudo. Voltei ao mesmo mais uma vez, só a soltando quando parou com o cinema. Expliquei-lhe que não mais uma vez e deixei-a no mesmo sítio, mesmo ao lado da tentação. Tive de esconder a cara por várias vezes... A M. olhava para o centro de mesa e de soslaio para mim, chegando a levantar a mão na sua direcção. Eu nunca me pronunciei ou manifestei. O certo é que o medo de ficar sem se mexer outra vez, impediu-a sempre de levar avante os seus planos, não voltando a lá meter a mão. É claro que no fim, dei-lhe os parabéns e fiz uma festa cheia de palmas por se ter portado tão bem. A educação pela positiva tem muitos mais frutos do que aquela que apenas oprime e realça a negativa... Penso eu de que...
Educar...
É a parte mais díficil de ser-se pai: educar. Tem muito que se lhe diga e nesta matéria as opiniões são tantas e tão diferentes que por vezes é quase como a religião e a política - deviam ser banidas das conversas sociais para evitar discussões. Ser-se Pai implica ser-se mais do que um amigo, implica ser-se uma figura de autoridade, que serve de farol e ao mesmo tempo de âncora a uns seres que nos imitam a nossa vida inteira. O não é uma palavra essencial (como a tia S. diz, é contingente) e a firmeza e coerência das nossas atitudes como pais e pessoas são fundamentais. Parte de nós germinar uma planta, que terá de crescer sozinha, com o seu próprio esforço, mas em torno da nossa estaca, que a orienta sempre para cima ou para a frente, graças à sua rectidão. Quando estes pequeninos nos olham com uns olhos de cão abandonado, nos desafiam com um sorriso malandro para nos desmancharmos com o disparate ou choram com verdadeiras lágrimas de crocrodilo a rolarem cara abaixo ainda se torna mais díficil a tarefa. Porém, sou da opinião que não devemos ceder e quebrar perante tais desafios. Quando é não, é não até ao fim, mesmo que a certa altura já não nos apeteça continuar com aquilo. Cá em casa, o não é mais firme na boca de um de nós. Um de nós descamba mais depressa e rola pelos olhos doces da filha que nos tentam qual Medusa. Nem sempre, mas às vezes, encarreira outra vez e tenta não descarrilar mais, apoiando-se numa maior firmeza do outro. Só espero que com isto, um de nós não esteja condenado a ser o mau da fita. Até porque não é isso que faz com que eles gostem mais ou menos de nós. Faz sim com que tenham mais ou menos respeito, mais ou menos necessidade de conquistar, por não sermos um dado tão adquirido e garantido.
Puca- puca-puca!
No ioga para bebés, aprendi alguns exercícios que tento repetir em casa. Um deles é o comboio. Sento-anas minhas pernas de costas paa mim, levanto e desço as pernas para acompanhar o ritmo e vou dizendo "pouca-terra! pouca-terra!". A certa altura, levanto-lhe o braço e desço como se puxasse uma corda, gritando "uh-uh!", imitando assim o antigo apitar do Quim. Há já uns tempos, que oiço a M. a dizer baixinho e divertida "puca-puca-puca!" sem parar. Eu achava que era um som como outro qualquer até ao dia em que o associei. Fiz-lhe a brincadeira do comboio e ela imitou-me com aquele "puca-puca-puca!", arrematando com um "uuuhhh!" fininho. São de facto verdadeiras esponjas as crianças.
Imitações
São de chorar a rir! Já imita o cão, a vaca e a ovelha com os típicos "ão! ão!", "mu!" e "mé mé!". É engraçado como ela distingue o nome do som desta última. Apesar de usar a expressão "mé-mé" para ambos, o balir é mais demorado. O gato faz "aaauuuu!", o galo faz "cócó!" e o pato faz "cá-cá!". Até o perú faz "pu-pu!". Até aqui tudo normal. Depois, passamos aos engraçadinhos, que gostamos de mostrar ao mundo, para babarmos com as suas apetências. O tigre tem um som parecido com um limpar de garganta arrastado. O macaco faz um "uh! uh!" muito, muito agudo e baixinho. E o nosso preferido, com 12 pontos, é o porco. Franze o nariz, põe a boca em bico e tenta roncar como nós fazemos. E costuma sair um som muito parecido! O seu ar, de cara toda franzida a tentar imitar o porco vale a pena ver.
Olhos de azeitona
Não me canso de os mirar. Tem uns olhos escuros, muito expressivos e sorridentes, que não param de observar tudo e todos. Fazem-me lembrar as azeitonas pretas, que quase reluzem por serem carnudas e escuras, tão perfeitas que dão vontade de comer mesmo não se gostando. São assim os olhos da nossa princesa, espelhos de uma alma cheia de energia e movimento. É o meu desejo que estes olhos lindos nunca deixem de sorrir, como agora, como se tivessem uma gargalhada pendurada a querer sair.
Adormeceu sentada
Uma destas noites, depois de muitas voltas e viravoltas na cama e um deita-te mais ríspido da minha parte, a M. acabou por sossegar da ginástica nocturna e ficou sentada na cama de mão dada comigo de fora das grades da cama. Ali ficou, encostada aos pés da cama, a chuchar na sua pêpê, muito sossegadinha e séria, a observar-me, sentada no chão ao lado da sua cama. Encostei a cabeça aos joelhos para descansar e acabei por passar pelas brasas uns minutos. Quando voltei a levantar a cabeça, a M. ainda estava na mesmíssima posição, só que os seus olhinhos observadores a brilharem no meio do escuro já não se viam. Apercebi-me de uma respiração mais pesada, aproximei-me e vi-a a dormir sentada na mesma posição inicial. Coitadinha, rendeu-se ao João Pestana, mas só porque já não teve forças para mais...
Propriedade exclusiva
Sou eu. O pai não tem autorização para me agarrar por muito tempo ou me abraçar. A M. vem logo, logo direitinha a nós, agarra no braço ou na perna do pai e começa a puxar enquanto chama por mim. É cá uma ciumenta!!!
Ai! Ai!
Desengane-se quem pensa que a expressão é nossa quando ela se porta mal. Também não é nenhuma interjeição de dor. Dou um doce a quem adivinhar, antecipando já a resposta, por ter a firme certeza que ninguém adivinha: é parte do refrão da canção da "Saia da Carolina". É uma das suas músicas preferidas e quando quer que a cantemos, levanta os braços em jeito de rancho folclórico e exclama "Ai! Ai!". Aliás, a nossa filha deve ter herdado os genes lá de chima do pai, pois quando quer que alguém lhe cante algo, levanta os braços e gira o tronco como que a dançar. Parece mesmo que anda no rancho, tal como o B. andou, e que vai dançar o "Vira". E se não é esta canção, é outra qualquer que faça parte do nosso reportório. O que lhe interessa é que haja cantoria para ela poder dançar, algo que ela definitivamente adora. Por vezes, estamos nisto eu sei lá quanto tempo, atendendo às solicitações infindáveis da madame. A avó e a minha tia também já alinham, pondo-nos a todos a cantar às suas ordens.
Noites aos bochechos
Andou uma semana com um horário manhoso à brava. Apesar de adormecer tarde e a más horas, acordava às 4h, às 6h e um dia outra vez às 7h00. Não percebi o porquê até hoje. Só sei que não achei gracinha nenhuma! Felizmente, já passou.
Sono leve
É quase impossível não acordar a M. de manhã se fizermos barulho. Por barulho entenda-se, não algo mais forte, mas sim por exemplo o som de deslizar da porta do roupeiro do quarto dela. Se nos esquecemos de tirar o casaco à noite, é certinho que ela vai acordar connosco, por mais cuidado que se tenha ao abri-la. Já à noite, depende. Virá-la logo a seguir a ter adormecido, não costuma provocar reacções, mas já desisti há muito de lhe tentar mudar a fralda ou dar-lhe o biberão a meio da noite. Vira-se de barriga para baixo e começa literalmente aos coices até acordar por completo. Depois, é um castigo para adormcer outra vez.
Thi-thi!
Hoje em dia já não sou senhora dos meus domínios. A casa-de-banho então é local interdito à solidão. Se para lá for, é certinho que a M. vem atrás no micro-segundo imediatamente a seguir, não importa o que estiver a fazer no momento. Assim, tive de me habituar a partilhar um sítio, que para mim era sagrado (já percebo o que queria dizer a mãe do meu afilhado, quando há uns anos largos, me disse que quando eu tivesse filhos eu ia ver que a casa-de-banho deixaria de ser um domínio exclusivo...). À conta disso, a M. aprendeu mais um conceito: o xi-xi. Quando me vê sentada na sanita, olha para mim, arreganha os dentes e com ar maroto exclama "thi-thi!". Eu lá lhe explico que é isso mesmo e que ela também faz, só que para a fralda. Quero acreditar que em tudo, se pode tirar algo de positivo, desta feita uma pré-aprendizagem do futuro penico. Quem sabe... Se calhar não estou a delirar... :)
quarta-feira, 4 de março de 2009
Pombas
Fui passear para o jardim com ela. Deixei-a ir a pé para poder disfrutar do passeio à séria, implicando com isso passar o tempo todo (sem exagero) a controlar as mãos, que apanhavam tudo do chão com um único objectivo - a boca -, assim como a evitar tombos e fugidas para sítios menos próprios. Já por várias vezes, nos apercebemos que ela adora animais. Não importa quais. Pássaros, como já aqui contei, é uma das suas paixões, conseguindo detectá-los no ar, bem lá longe, da janela de casa. Costumo pensar que a minha filha vive com a cabeça lá em cima e, não sei porquê, identifico-a com uma das minhas personagens preferidas: Fernão Capela Gaivota. Neste nosso passeio, vimos algumas pombas no jardim. Apontava para elas e tentava apanhá-las, é claro, sem sucesso. Comecei a dizer-lhe para as chamar, enquanto eu própria o fazia. "Pomba! Anda cá! Pombinha!". Pouco tempo depois, saiu-lhe mais uma palavra: "Pomba". Assim, tal e qual. Sem bebelês pelo meio. Depois, era vê-la, a andar na sua direcção enquanto dizia "Pomba! Popita! Cá!". Foi um fartote de plumas naquela tarde e mais algum linguajar aprendido pelo caminho...
Pede em condições
A M. tem o péssimo hábito de pedir as coisas com gemidos. Quando não sabe o nome do que pretende ou quando já está a pedir há tempo demais (o que para ela são só alguns segundos), aponta e começa a gemer, tipo "ãh! ãh! ãh!" em versão de disco riscado. A ama tenta explicar-lhe que aquele "ãhãhãh" não se faz, mas sem sucesso. Quanto a mim, já descobri o truque. Costumo parar, olhar para ela e calmamente digo-lhe para pedir em condições. Ela imediatamente pára com os gemidos de solicitação e emite um "ahhhhhhh!...." baixinho e longo, carregando nos "h". Como se tivesse acabado de beber algo fresquinho e lhe tivesse sabido bem, com uma entoação de malandrice e não de saciada. Como nem sempre lhe dou o pretendido, o normal é voltar aos gemidos. O engraçado, é que agora, por vezes já nem preciso de lhe dizer para pedir em condições. O meu olhar e mão levantada resultam por si só e lá solta ela aquele "ahhhhhh!..." já tão típico. É um começo...
Jeito para o teatro
A M. agora dá-se a uma grande encenação quando é contrariada. Se lhe negamos algo, faz como todos os outros bebés: chora, ou melhor, faz que chora. É uma lamechiche perfeitamente distinta do choro a sério, que não convence ninguém. Até aqui nada de novo. O cómico é a forma como ela o expressa. Costuma levar as mãos à cara, e enquanto abana o corpo para a frente e para trás, vai dizendo "ah bebé! ah bebé!", com um ar desoladíssimo. Imaginem uma carpideira em ponto pequenino e com imenso talento. É a M... Chego a ter de me esconder para ela não me ver rir à gargalhada, não me conseguindo controlar de todo quando ela começa com isto. Como não é suposto gozar com a cara dela e nem é o mais pedagógico, eu tento, juro que tento. Mas nem sempre consigo. Quando não aguento e rebento à sua frente, fica danada comigo e chora mais ainda. Depois, passa por ter de lhe perguntar o que se passa e calmamente lhe explicar que a chorar não vai conseguir nada. Ela acaba por se acalmar, mas o jeito para o teatro está lá. Se calhar, temos uma Eunice Muñoz cá em casa e não sabemos!...
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Fotografias
Já reconhece as pessoas mais chegadas da família nas fotos. As nossas e as delas já as sabe de cor e vai apontando para cada uma e dizendo "pai", "mãe" e "bebé". Em casa da minha sogra, no quarto do tio, há uma foto dele com a tia S. Sempre que se lembra, foge para lá para namorar aquela, não importando estarem lá os originais. Chama-me para ver o "ti", usando a mesma palavra para ambos. As fotos das primas também se intitulam "bebé", apenas para eu de seguida lhe dizer o nome das duas. Agora, descobriu uma foto que tenho no quarto dos meus pais. Pediu para ver e quando eu lhe disse que eram a avó e o avô, olhou para mim e repetiu "ó!". Agora, quando entra no nosso quarto, pede a foto para repetir vezes sem conta "ó!". Fico feliz M. por saber que identificas a tua outra avó, nem que seja pela fotografia.
Cantoria da avó
Nesse fim-de-semana, no final do almoço de sábado, ao colo do B., a M. ouvia a avó a cantar entusiasmada canções típicas da Beira. Tanto a avó cantou, que a certa altura, começámos a ver os olhos a fecharem-se, a cabeça a pender e um esforço enorme para não se render. A avó apercebendo-se disso, continuou firme com a sua cantoria. Não é que adormeceu ao colo do pai?! Inacreditável...
Viagem infernal
É ponto assente. Viagens longas com a M. só em certas alturas do dia: ou de manhã, logo a seguir ao pequeno-almoço ou à tarde, logo a seguir ao almoço ou ao lanche. Isto porque a M. assim dorme pelo menos duas horas de sesta, momento de sono que pode ser feito sentada, fazendo o resto da viagem a refilar. Ela não gosta de estar sentada muito tempo, muito menos gosta de estar presa. Dormir à noite é na cama, pelo mesmo motivo - o mexe, o vira e o revira são pronunciados com veemência durante o sono - por isso já não resulta o truque de ir para Penedono tarde para ela fazer a viagem a dormir. Esta última viagem foi assim. Saímos depois de jantar, para ver se ela adormecia mais cedo com o embalo do carro e iamos descansados. Foi pior a emenda do que o soneto! Queria dormir, mas sempre que estava quase a adormecer, tentava virar-se de rabo para cima, algo impossível na cadeira do carro. Chorava e ficava irritada, conseguindo tudo menos dormir. Foi uma viagem de quatro horas looooonga para todos, comigo virada para trás muito do tempo, com pouco descanso e muito choro à mistura. Só quando se viu ao colo da avó é que descansou e riu-se, como se nada tivesse acontecido...
Bofetada
Acho que a M. não vai ser daquelas crianças que se vão deixar ficar. Na ginástica, estava ela a empurrar uma salsicha, algo que ela adora fazer, quando a amiguinha B. decidiu que aquilo era dela. Basicamente, encostou-se a ela e foi empurrando para o lado, para conseguir tirá-la dali. A M. pouco contente com a brincadeira, olhou para ela e com ar de poucos amigos, sem emitir qualquer som de pré-aviso, deu-lhe um empurrão com a mão na cara. Não lhe vou chamar bofetada pois faltou o "paf", mas só faltou isso para usar essa definição... A outra, um pouco maior, não se intimidou e aqui vai disto: empurrou-a da mesma forma. Como é maior e tem mais força, fez a M. cair para trás, deixando-a sentada no chão. Foi quando eu intervi, assim como o pai da B., pois a M. já se tinha levantado e aparentava querer continuar naquele pequeno jogo, sem se sentir intimidada... Ora, vamos lá ver: nunca te deixes ficar e se te derem, dá também, mas agora começar é que não!!!
Jantar entre amigos
Convidámos a nossa XXL e a família Pocahontas para jantar num sábado lá em casa. Assim, aproveitávamos e matávamos todos saudades da primeira, a M. tinha a sua amiga só para ela por uma noite, para além de convivermos um pouco entre amigos. Para nosso espanto e deleite, a amiga XXL manteve-se firme na combinação, sem mais 500 compromissos à mesma hora e aos quais nunca consegue dizer que não, e não apareceu nenhuma grávida ou recém-mamã aflita a interromper a ceia. A M. e a Gui deliraram e fartaram-se de brincar, havendo eu sei lá quantas trocas de meiguices. A sua amiga chegava a correr para a apanhar e abraçar pelas costas, atirando-a ao chão, o que ela achava natural. Andaram de mão dada, partilharam brinquedos e jantar e riram-se imenso. Nós gozámos da companhia de uns bons amigos, que partilham ao mesmo tempo a mesma experiência que nós, dando gozo acompanhar a evolução delas e nossa como pais a par e passo. A querida XXL fez as delícias das meninas com um brinquedo para cada uma e ainda foi brindada com um "tá! tá! tá!" que a M. imitou quase na perfeição a certa altura da noite. A Gui aterrou já fora de horas, por volta da meia-noite, dormindo na cama da nossa M., deixando a nossa piquena, bem desperta, sem perceber onde estava a amiga. Perguntava-me pela bebé, e não aceitando a resposta do está a fazer ó-ó, disparava a correr para o quarto dela para a ir chamar. A partir dali, fizemos uns sprints até à porta do quarto, para evitar que ela acordasse a Gui. Já era cerca da 1h da manhã quando demos por terminado o jantar, dizendo um até à próxima a estes amigos que surgiram graças à gravidez e que tão bem nos acompanham (o objectivo de primar pela diferença é sem sombra de dúvida algo mais do que alcançado...). A M. adormeceu com o biberão, ainda perguntando pela bebé mais umas quantas vezes e no dia seguinte, quando acordou e eu lhe perguntei quem estava em casa, referindo-me à minha tia, ela iluminou a cara com um sorriso e exclamou "bebé!!!". Não, filha, não era, mas fica prometido que é uma experiência a repetir. Soube mesmo muito bem, tanto a adultos como a bebés. Um obrigada a todos pela companhia!
O gato cor de lalanja
O B. comprou uma quinta interactiva bilingue na Chicco, com os animais e respectivos sons. A coisa até está engraçada, apesar de eu achar que já não são precisos mais brinquedos destes. Fui experimentando os bonecos todos e verifiquei que, mais uma vez, como em todos os brinquedos da M. até hoje, a versão em inglês é muito mais correcta na linguagem. Por exemplo, em inglês o passarinho azul em tom paternalista, tranforma-se num blue bird very british (e não num little blue bird). Mas a pólvora, descobri-a quando cheguei ao gato cor-de-laranja... Não é que o senhor diz nitidamente "o gato cor-de-lalanja"!!! Chorei a rir. Já o B. não achou graça nenhuma e fez aquilo que ele sabe fazer tão bem: reclamou. A Chicco já respondeu, pedindo um contacto telefónico paa falarem. Sempre estou para ver o que vão dizer... ;p
Tem cocó
Já nos vem comunicar, de mão na fralda, na zona das virilhas, que tem cocó. Não se rala muito com isso, seguindo geralmente à sua vida, salvas raras excepções, em que vai insistindo nesse facto, repetindo de boquinha meia fechada "Cocó! Cocó!". Não creio que o objectivo seja mudar a fralda, pois a guerra para a deitar no muda-fraldas continua, mas sim comunicar-nos aquele facto. Pode ser que seja um primeiro passo para a aprendizagem do penico daqui a uns tempos.
Trapalhice
Nisso sai a mim... Eu não sei o que é passar por um tapete, por um móvel ou uma porta, sem o virar de alguma forma, tirar do sítio ou ir contra a ombreira. Com 36, ainda não sei o que é ter pernas sem nódoas negras, chegando ao cúmulo de me arranhar na parede de tinta de areia e magoar-me noutras partes do corpo. A M. parece que vai pelo mesmo caminho. Apesar de já andar há quase dois meses, ainda tropeça imenso, inclusive nos seus próprios pés. Então andar às arrecuas parece ser uma das coisas que a acompanham diariamente. De vez em quando, vê-se a M. a começar a dar uma espécie de saltinhos para trás, uns passinhos mais rápidos e... Pumba! Lá dá ela mais um bate-cu... Até a professora de ginástica já confirmou esta sua faceta e que é uma herança genética da minha pessoa... O que vale é que é previdente. Normalmente, olha para onde põe os pés e tem cuidado a descer das coisas. Menos mal. Assim, tem-se aleijado pouco. Quanto ao rabiosque, a fralda ainda lhe ampara a queda.
Atchim! Saúde!
Quando alguém espirra, a M. olha para mim de sorriso expectante. Eu exclamo "saúde!" e ela desmancha-se a rir. Habituei-a a isto e agora não importa quem, nem onde, é este o ritual. Agora, temos uma variante: a M. aprendeu a imitar o espirro, repetindo quase nas pontas dos pés, enquanto estica o pescoço, "Tsi!". Depois, é só eu dizer o saúde da praxe, para ela se deliciar. Um dia, estivemos nisto eu sei lá quanto tempo, acabando por perder a noção de quem se estava a rir mais.
Parece um chinês
A M. agora fala pelos cotovelos. Anda o dia inteiro para trás e para a frente, enquanto vai debitando cá para fora o seu charabia. Ela fala, fala, fala, usando imenso os sons "ati" e "atê". Conversa imenso e muitas vezes dirige-nos a palavra, sentindo-me eu incapaz de a acompanhar naquelas chinesices todas. Acho que é isso que parece: um chinezinho pequenino, muito sorridente, muito mexido e muito conversador, ignorando o facto que nós, seus interlocutores, não falamos a sua língua.
Outras palavras
- maínho - cavalo marinho
- pó - porta
- ta - flauta
- pá - palmeira
- body (com pronúnica perfeita!)
- pin - pintainho
- pinpin - pinguin
- nhonha - anona
Horários de sono
A pediatra perguntou-me qual era o horário. Respondi-lhe que não tinha. A única coisa consistente é no adormecer tarde - nunca antes das 23h30. Já o acordar era conforme, sabe-se lá do quê... Tanto acorda às 9h00, como às 12h00, como a meio da noite, ficando acordada mais de duas horas, obrigando-nos a levantar de madrugada. A Dra. Margarida aprovou o biberão da noite apenas porque era essencial para a adormecer, senão era de eliminar, e concluiu aquilo que nós já sabíamos: que há crianças sem padrão de rotina no que toca a dormir. É aguentar e fazer os possíveis por implementar um horário, mas sabendo à partida como isso seria difícil. Usou uma boa expressão, que me parece bastante adequada: cá em casa vive-se uma pequena ditadura, que gira em torno da rainha que põe e dispõe. O que fazer? Aguentar... Depois da médica dizer isto, não há muito a fazer. Uma explicação possível é o facto de a M. estar numa idade em que o cérebro absorve tanta informação que é normal que tenha mais dificuldade em desligar e descansar. Outra, é o facto de estar em casa e não ser obrigada a acordar sempre à mesma hora e a gastar energias no infantário. Seja qual for o motivo, agora, ficamos contentes quando o biberão resulta e não é preciso ir para o chão do quarto, esperar que ela adormeça, por vezes até uma hora e meia, ficando com o rabo quadrado...
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
15 meses
Fomos à consulta dos 15 meses no dia a seguir a celebrar a data. A pediatra, de quem sou cada vez mais fã, ficou espantada com a criança. Assim que entrámos no consultório, a M. foi para o chão e foi ter com ela. Esta tem um saquinho com brinquedos para entreter a miudagem, tendo entre outras coisa, uns cubos ocos que têm ao centro um animal. São umas coisa pequenas, que nada têm de evidente para uma criança tão pequena. A M., encostada às suas pernas, às tantas diz do nada "cão!". Como não vi nada, questionei-a, enquanto procurava o cão. A médica, ao mesmo tempo, fez um gesto de boquiaberta e respectivo fechar da boca e disse: "Estou parva! Oh mãe! O cão está aqui!". Dentro do dito cubo, estava um cão malhado mínimo, que a M. identificou quase de imediato. Depois de uns minutos com ela, chamou-lhe atrevida e confirmou aquilo que já sabíamos - a M. está hiper-estimulada e já diz imensas coisas. Deu os parabéns à ama e aos pais pelo trabalho feito. Não queria crer quando lhe contei o que a M. responde quando se lhe pergunta pelo pai, dizendo de seguida "pão" e "papa", repetindo aquilo que a Lúcia lhe ensinou: que o pai foi comprar pão e papa. Ao que parece, aos 15 meses não é evidente associar dois conceitos a uma ideia e muito menos expressá-los. Quando lhe falei na ginástica e na natação, riu-se e perguntou a brincar se também não estava no inglês, ao que eu lhe respondi que ainda ponderámos, mas já não nos era possível suportar mais uma actividade. Não fez mais comentários... :) Quanto a números... Tem 10 dentes: 4 em baixo e 6 em cima. Tem 77 cm de altura, ou seja, está entre o percentil 50 e 75. Continua cabeçuda, estando no percentil 90. E... Tem 11,760 kg, ou seja, percentil 90... O comentário foi "Está fofa...". A pediatra não se mostrou excessivamente preocupada, mas frisou que o seu dever é não deixar que a M. seja "fofa". Assim, manteve a "dieta" que eu lhe impus: uma refeição mais completa ao almoço e só sopa e fruta ao jantar. Sendo a sopa sem carne ou peixe,visto que ao almoço já come a quantidade diária necessária. Escuso de dizer que o tradutor interno do B. foi ouvir "fofinha", desdramatizando por completo a parte da M. estar gordinha... :) No final, enquanto a observava, a palavra de ordem da pediatra foi: "Não se preocupem com a vossa filha! Ela está gloriosa!", explicando que desde a última consulta, três meses antes, ela evoluiu imenso e dando-nos a entender que em matéria cognitiva e de desenvolvimento está muito acima da média. Não podia em mim de inchada. E o pai, então rebentava pelas costuras... Que bom que é saber que o esforço está a compensar!
Já endireita a chucha
Finalmente, já dá pela diferença. Agora, sempre que enfia a chucha na boca, endireita-a se esta ficar de cabeça para baixo. Já não tem razão de ser, o espanto de muita gente, quando a via a chuchar a sua pêpê ao contrário.
Aninha-se
A M. está mais mimalha. A criança que não quer muitos apertos ou colo, já o pede, de braços esticados e dizendo "có!". Depois, tem momentos. De manhã, chega a aninhar-se, muito aconchegada, de queixo apoiado no nosso ombro, com um ar de satisfação só visto, sem se mexer, só a disfrutar daquele momento só nosso. Eu chamo-lhe o miminho da manhã e sabe-me que nem ginjas! Mas, com isto não quero dizer que já gosta de colo à séria. Apenas já aprendeu a oferecer-se, e a nós também, bocadinhos destes, que por serem curtos e poucos, têm muito mais valor.
Manhãs difíceis
A M. entrou numa fase mais complicada. Está muito apegada a nós, sobretudo a mim. As segundas-feiras são terríveis, com choro à mistura e muitos chamamentos da minha pessoa. A Lúcia chega a mentir, quando lhe telefono, dizendo que não, que foi só quando nós saímos de casa de manhã, que depois passou, para, no final da tarde, quando chego a casa, me confessar que a M. passou o dia a perguntar por mim e a chorar. Acorda cedo, apanhando-nos ainda em casa, apesar de não ter dormido tudo e não me larga. Até parece que tem um radar que detecta movimento e a avisa que está na hora de sairmos, por forma a nos impedir. Nem me vestir em condições consigo, com ela a esticar-me os braços e a pedir colo, enquanto choraminga meia desesperada. Mal ouve a chave na porta e percebe que é a Lúcia a entrar, desata num pranto que até dá dó. Depois de sairmos, ainda demora uma hora ou mais a conseguir adormecer outra vez, para dormir o que ainda falta. Um dia, chegámos a sair meios a correr para não prolongar o sofrimento. Custa-me horrores deixá-la e tenho vontade de ceder e ficar. Bem sei que é uma fase, que se habitua, mas não deixo de ficar impressionada com aquele ser pequenino a chorar pelos meus colo e miminhos.
Costas acima
Apesar de já ter quase 15 meses, ainda não me livrei dos cocós que saiem pela fralda, que borram a roupa toda, chegando à terceira camada, e mesmo até ao pescoço... Desta vez, foi literalmente até meio das costas e mais uma vez saltou de seguida para o lavatório para se lavar. Oh filha! Então isso nunca mais acaba?!
Vaidosa
Mais uma prova de que à mãe não sai nesta característica, que parece cada vez mais vincada. A M. não tem muito cabelo, mas os caracóis já começam a dar o ar da sua graça, dando-me vontade de comprar coisas giras. Há uns tempos, na vã esperança de que até lá tivesse motivos para a usar, comprei-lhe uma fita cor-de-rosa com umas flores brancas, para a festa de anos. Já dá para tentar imaginar como será, e com um bocadinho de boa vontade, a fita já pode ter uso (acabo sempre por desistir de a pôr, por achar que se calhar ainda não se justifica, mas em casa vou fazendo experiências...). Assim, pu-la no cabelo e para a convencer a mantê-la no sítio, exclamei "Ai, tão linda! Que linda que ela está!". A minha filha endireitou-se, levantou a mão e de palma da mão virada para cima, fez um gesto como que a ajeitar uma farta cabeleira nas pontas (imaginem uma senhora a confirmar que as pontas estão todas enroladas para dentro), com um ar muito feliz. Disse-lhe para se ir mostrar ao pai, o que ela prontamente cumpriu, dirigindo-se à sala. Este exclamou o mesmo, deixando-a ainda mais feliz. Era vê-la a andar de um lado para o outro a revirar as mãos como quem dança sevilhanas, sem nunca tocar no cabelo, e olhando para nós com um ar inchadíssimo. Pirosa!!!
Tontas!
Muitas vezes, é assim que a chamo. A ama adoptou o mesmo termo, doirando a pílula de vez em quando para "tontita". Não é que a míuda apanhou a coisa e agora também diz "tonta!" ou "totita!"? Se lhe perguntarmos quem é tonta, ela imediatamente ri-se à malandra e responde na mesma moeda umas quantas vezes. Para além disso, algumas vezes, do nada, sai-lhe a palavra, sempre com a mesma cara de quem pregou alguma e ri-se, ri-se. Não sei o que é mais engraçado: se o ar de gozo que põe, como de quem sabe perfeitamente o que aquilo quer dizer e acha piada que seja verdade; se a entoação que lhe dá, como se fosse uma madeirense, mesmo uma viloa profunda, com o seu "toanta!"... Até parece que conhece as suas raízes naquela ilha...
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
O clic na natação
Até há pouco tempo, a M. considerava a natação uma pausa kit-kat. Adorava, mas para ficar de molho e boiar à custa do esforço do pai, enquanto os outros colegas se esforçavam por mergulhar e chapinhar. A professora não parecia muito preocupada e eu francamente achava que um dia isso iria mudar, apesar de me aborrecer ela parecer andar ali por andar. A paciência tem as suas virtudes e é bem verdade. Um dia, em finais de Janeiro, numa aula, a M. começou a fazer chap-chap quando solicitada. Ficámos espantados com o ar dela de quem já fazia aquilo há imenso tempo. Desde então, participa, mergulha, chapinha imenso e diverte-se muito mais nas aulas. E a professora agora já investe mais na nossa M. e vai-lhe dando desafios cada vez mais difíceis. Ora até que enfim, que fez o clic!!!
Thá!
Habituou-se a chamar ao líquido que se bebe do biberão, com excepção do leite, "thá!", ou seja chá. Isto porque ao princípio, bebia mais chá do que água, para se habituar a esta, algo difícil de início. Assim, hoje em dia, um biberão com água é "thá!". Até aqui nada de novo, desde há muito. Giro, giro foi um dia a M. entrar na zona da piscina, e com um ar deliciado, apontar para a água e gritar de felicidade: "Thá!!!". Escuso de dizer que me desmanchei a rir, certo?
Cabeça molhada
Banho é com ela, e até vai para a porta da casa-de-banho quando chega a hora, dizendo com um ar feliz "Bã! Bã!". Ponho alguma água na banheira e lavo-a toda, passando pela brincadeira com a bonecada. No final, ligo o chuveiro e vou brincando com o jorrar da água e as suas várias partes do corpo, para se habituar a banhos mais calmos e banhos mais rápidos. Porém, quando começo a dar o banho tenho que esclarecê-la logo se é dia de lavar a cabeça ou não. Isto para prepará-la, pois a M. detesta lavar o cabelo. Se avisar que é dia, é mais fácil depois. Assim, que começo a molhar a cabeça, põe-se em pé num ápice, tenta espetar a cabeça para fora da banheira, enquanto choraminga em tom de refilanço. O champô já não faz confusão, voltando ao mesmo quando lhe volto a molhar a cabeça para o tirar. Cheguei à conclusão de que o problema está na água nos olhos. Mas só no banho em casa, pois na piscina, este problema não se coloca. Ou melhor, não gosta do chapinhar por causa da água na cara, mas não refila. O mais engraçado, é quando ela refila com a água. Quando entende que já chega, ou seja 30 segundos depois, começa a dizer "Já tá! Já tá!". Com o tempo, tem vindo a melhorar, mas continua a não gostar.
A nossa cama
Só serve para uma coisa: coboiada. Dormir que é bom, é uma função que a M. desconhece. Se nos lembrarmos de a levar para lá de manhã, para gozarmos um pouco da ronha matinal de fim-de-semana, a única coisa que conseguimos com isso, é levantarmos-nos mais depressa ainda. Isto porque a M., assim que se apanha em cima dela, põe-se em pé e anda de um lado para o outro, espreita para trás da cabeceira, atira-se de rabo ou mesmo de cabeça, dando valentes mergulhos. Nós ficamos com o coração mais acelerado, por causa das possíveis quedas e batidas de cabeça e não descansamos nada. Tentar deitá-la e encostá-la a nós, independentemente da hora, seja a meio da noite ou de manhã, tem sempre o mesmo resultado: uma enguia enérgica que ficou presa na rede e se quer soltar. É que nem para ela é boa e tenta aproveitar o bem-bom!!!
Vó
Foi a primeira e única vez que lho ouvi. Ao telefone com a avó, saiu uma só vez da sua boca e depois fugiu. A avó ficou triste por não ter ouvido, mas eu reconfortei-a, assegurando-lhe de que irão sair muitas e muitas mais "avós" da boca dela daqui para a frente. No entanto, até hoje não repetiu... Se calhar, é mau feitio... ;)
Sangue
Foi a primeira vez que o vimos a sair da M. Foi na brincadeira do xó-xó, uns dias depois, pois ela tinha um brinquedo na mão que ia roendo enquanto cavalgava, até que este se espetou na gengiva com um pouco mais de força. Ela chorou, o pai stressou e ficou sem saber o que fazer, enquanto eu lhe dizia para procurar o biberão da água para tentar estancar com o frio. Lá se apercebeu do que eu pretendia e reagiu, tendo eu de acalmar dois em vez de um. Não foi nada de especial, mas aquele sangue vermelho a sair da boca fez-me impressão. Mas como disse ao B., não será a última vez e se calhar esta nem foi das piores...
Xó-xó do pai
Xó-xó ou às carrachitas são as expressões que lá para cima se usam para as cavalitas lisboetas. Esta proeza é só do B., pois eu não tenho costas, nem força para tal, sobretudo quando estamos na rua e dá jeito pará-la por uns momentos. Ora, uma noite, ele decidiu experimentar fazer de cavalo à séria. Pôs-se de gatas e pediu-me para a segurar em cima dele. Foi andando pelo corredor, enquanto imitava o relinchar e o balancé daquele animal. A M. delirou. Riu-se imenso e segurava-se como podia naquelas costas enormes da sua perspectiva. Não é que quando ele parou, de cansaço, ela, qual amazona experiente, deu aos pés como que a picar o cavalo?! E resultou, porque o pai, apesar de ofegante, achou-lhe tanta piada que arrancou outra vez. A brincadeira só parou quando as forças lhe faltaram e era vê-la de volta dele, a pedir mais e a tentar empoleirar-se outra vez.
Beijinhos
Começou por dá-los a pedido de boca aberta, tipo peixe. Molhava um bocadinho, mas nada de extraordinário. Depois, aprendeu a fechar a boca e fazer um biquinho muito discreto. Agora, escancara a boca de par em par e espeta a língua de fora! Mais um bocadinho e parece um cão a querer lamber a malta de felicidade... Há quem estranhe, como a amiga Gui, que ficou a olhar para ela com um ar de "mas afinal o que é que tu queres com essa língua?...".
Mãe! Mãe! Mamã!
Agora, é assim... Só o meu nome é que surge no meio do escuro da noite e atravessa o corredor até ao nosso quarto. Sempre que acorda é aqui a je que é chamada à recepção... Isto porque durante demasiado tempo, quando ela acorda a meio da noite e choraminga, o B. não ouve e como tenho pena, levanto-me sempre eu. O pai agradece, ficando no seu canto e dando alguns coices suaves, para eu me levantar. Assim que entro no quarto, põe-se em pé, pede-me colo e vai dizendo baixinho, com ar ensonado, "mãe! mãe! Pai?". Quer-me a mim para perguntar pelo pai!!! Não há direito... Um dia, impus-me e obriguei o B. a ir no meu lugar. Foi recambiado. Devolvido à procedência. Berrou e chorou até aparecer a mãe. Uma mãe cheia de sono, aborrecida e mal-disposta, que nem foi muito querida, mas mesmo assim era a mãe... Enfim, com o tempo habitua-se outra vez à figura paterna a meio da noite. Nem que para isso, tenha de chorar um pouco mais.
Horário de sono
Adormece à meia-noite, uma da manhã. Isto implica que não se consiga fazer rigorosamente nada à noite em casa. A nossa menina precisa de muuuuita companhia e apesar de saber brincar sozinha, quando nos apanha em casa (especialmente a mim), só quer é atenção. Há que compreender: a rapariga passa o dia em casa com a ama, por isso quando o universo aumenta para mais dois, aproveita todos os bocadinhos com as restantes pessoas que compõem o seu mundo. Isto é tudo muito bonito, não fosse o facto de já não ter tempo para mim. A seguir ao jantar, tenho de ir logo para o chão da sala ou do quarto e brincar como já não me lembro de brincar há muito. O cansaço às vezes já espreita, mas é só do meu lado. Ela está fresca que nem uma alface ou faz por estar, pois a sua política é: "Render ao sono? Nunca!". E consegue... É claro que também ajuda dormir até às 13h00, não é verdade... Sim, porque a madame dorme seguidinho, de fralda cheia até mais não, na boa até à hora de almoço... Ao fim-de-semana sabe bem, mas não sei se as noites sem tempo compensam...
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Beijinho mágico
Adoptei esta técnica para quando ela se magoa. Dou um beijinho e depois sopro para fazer desaparecer a dor. Resulta sempre, a não ser, é claro, que seja uma dor intensa. Assim, ela já se habituou a vir ter connosco de mão levantada a fazer que chora e a dizer "Mão! Mão!", a solicitar o serviço de reparações rápido. Até aqui nada de especial. Até ao dia, em que veio ter comigo à cozinha, meia dobrada, de rabo espetado, com as duas mãos a apontar para o dito de fraldas e a chorar. Tinha caído de rabo em cima de um brinquedo no quarto e aleijou-se no seu bum-bum. E agora estava a solicitar o beijinho mágico no dito!!! Não deixei de cumprir o meu dever de curandeira, mas por entre muitos risos...
Dáti!
Quando a M. não adormece com o biberão, deitamo-la e sentamos-nos no chão ao lado da cama até ela adormecer. É peremptório ter companhia para não desatar num pranto desalmado e nós já nos rendemos às evidências de vez. Mas, a nossa M. não se fica só assim. O normal é fazer trinta por uma linha até acalmar e tentar adormecer. Senta-se, levanta-se, salta agarrada à grade, esfrega a cara no colchão de rabo espetado, dá com as pernas nas grades, espeta as mãos para nos sentir. Enfim, qualquer coisa serve para espantar o sono, não importando o quão exausta já esteja. Quando sou eu a ficar com ela, acabo por me zangar e digo-lhe uns quantos "deita-te!" ríspidos para a impressionar. A reacção é sempre a mesma: mergulha imediatamente e fica sossegada... 2 minutos! Depois, volta ao mesmo. Assim, o meu "deita-te!" ainda sai umas quantas vezes até ela não voltar a levantar-se e devagarinho ir adormecendo. No outro dia, a M. olhou para mim durante o dia no quarto e disse "dáti!". Não percebi e a ama disse-me que tinha estado com aquilo durante o dia, mas ainda não tinha apanhado o que era. A M. voltou ao mesmo, apontando na direcção da cama. Ao fim de umas quantas insistências, percebi. Estava a apontar para a cama e a repetir o que eu lhe digo à noite...
Bebé
Ou seja, Gui. A sua amiguinha de eleição é sinónimo de ginástica e a sua cara de felicidade no carro em direcção da aula, enquanto vai repetindo vezes sem conta "bebé!", como quem diz que vai voltar a ver a amiga preferida, já é conhecida até da ama, que lhe vai dizendo que sim, que vai ver a Margarida, até meio caminho, ao aproveitar a boleia até perto do metro.
Pulseiras modernas
Sopa
Continua a marchar, mas tem de ser densa. Ou é um creme espesso ou uma sopa com muita coisa para mastigar e pouca água. Cá sopas ralas não são para o seu bico. Chega a chorar assim que a vê, se nãof for do seu agrado. E não convém ver o segundo prato antes do tempo, senão manda a sopa à fava... A ver se ela não sabe o que é bom?!
Já tá!
É a frase que a M. usa sempre que acha que já chega. Não interessa o quê: desde o mudar da fralda ao vestir, passando pelas brincadeiras quando já se saturou. Olha para mim com um ar decidido e diz um perfeito "Já tá!". Tenho de lhe dizer que está quase e que já falta muito pouco, para ela perceber que já não demora. Agora adoptou esta técnica quando come. Por vezes (nem sempre!!!), abana a cabeça e diz-me o "já tá!" típico, de sorriso na cara. Se lhe pergunto se quer mais, ela volta a abanar a cabeça e vira a cara. Mensagem recebida, filha!
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
2 colheres
Já quer aprender a comer. Isso implica várias coisas. Primeiro, muita mão, roupa, cabeça, cadeira e mãe sujas. Segundo, muito mais tempo disponível para estes momentos do dia. Terceiro, a necessidade de termos duas colheres a uso em cada refeição. Enquanto uma serve para lhe levar um pouco de comida para a boca, a outra serve para ela ir treinando. Depois, vamos trocando. Enquanto ela mastiga a comida e a colher, eu dou-lhe mais uma colherada para a boca. O normal é virar a colher ao contrário quando esta está a chegar à boca, fazendo com que a maior parte da comida caia no colo ou no chão. Por causa disso, por vezes convenço-a a ajudá-la, segurando-lhe a mão enquanto a colher vai do prato até à boca. É engraçado assistir a esta aprendizagem, mas confesso, que tenho de fazer um esforço para ter paciência e aguentar-me firme enquanto vejo a comida escorregar pela barriga abaixo... Ah! E sopa ainda não tem direito a tentativas independentes... O máximo que permito é agarrar na colher quando esta já está a chegar ao seu destino e sempre com a minha ajuda. É que a única vez que não o fiz, até as pestanas comeram sopa!!!
Bolas e bolas de sabão
Já sabe que há sempre uma altura com bolas e outra com bolas de sabão na aula de ginástica. De tal forma, que quando lhe falo na ginástica ela imediatamente me diz "bão!". Depois, já no ginásio, de tempos a tempos vai até à porta onde as coisas estão guardadas e aponta, dizendo "Bão! Bão!". Quando chega o momento tão esperado, a M. dirige-se rapidamente para a professora e costuma ser das primeiras a receber a bola amarela. Depois, é vê-la aos pontapés à bola, normalmente sempre com a esquerda, como a professora me chamou a atenção. É isso, ou pedir-me para fazer cestos no cesto de basquete que há no ginásio. Mas é engraçado, apesar da sua paixão por aquele esférico amarelo, e até tentar roubar mais bolas aos restantes colegas de aula, quando chega a hora de a entregar, a tarefa é facílima. Basta cantar a canção do arrumar e ela parte prontamente na direcção da professora de braços estendidos. Com esta paixão e a mania de dançar por dá cá aquela palha, ou vai ser futebolista ou bailarina, a miúda!
10 minutos
Li no blog de uma grande amiga, que tal como eu, se preocupa a 300% com o bem-estar da sua filha. É bom saber que fazemos o que deve de ser e que mantemos firme os sentimentos dos nossos filhos... É esse o nosso objectivo: fazê-los felizes e com isso sermos também felizes.
Mário Cordeiro, pediatra, disse na semana passada numa conferência organizada pelo Departamento de Assuntos Sociais e Culturais da Câmara Municipal de Oeiras, que muitas birras e até problemas mais graves poderiam ser evitados se os pais conseguissem largar tudo quando chegam a casa para se dedicarem inteiramente aos seus filhos durante dez minutos. Ao fim do dia os filhos têm tantas saudades dos pais e têm uma expectativa tão grande em relação ao momento da sua chegada a casa que bastava chegar, largar a pasta e o telemóvel e ficar exclusivamente disponível para eles, para os saciar. Passados dez minutos, eles próprios deixam os pais naturalmente e voltam para as suas brincadeiras. Estes dez minutos de atenção exclusiva servem para os tranquilizar, para eles sentirem que os pais também morrem de saudades deles e que são uma prioridade absoluta na sua vida. Claro que os dez minutos podem ser estendidos ou até encurtados conforme as circunstâncias do momento ou de cada dia. A ideia é que haja um tempo suficiente e de grande qualidade para estar com os filhos e dedicar-lhes toda a atenção. Por incrível que pareça, esta atitude de largar tudo e desligar o telemóvel tem efeitos imediatos e facilmente verificáveis no dia-a-dia. Todos os pais sabem por experiência própria que o cansaço do fim de dia, os nervos e stress acumulados e ainda a falta de atenção ou disponibilidade para estar com os filhos, dão origem a uma espiral negativa de sentimentos, impaciências e birras. Por outras palavras, uma criança que espera pelos pais o dia inteiro e, quando os vê chegar, não os sente disponíveis para ela, acaba fatalmente por chamar a sua atenção da pior forma. Por tudo isto e pelo que fica dito no início sobre a importância fundamental que os pais-homem têm no desenvolvimento dos seus filhos, é bom não perder de vista os timings e perceber que está nas nossas mãos fazer o tempo correr a nosso favor. (in Boletim de Julho da Acreditar)
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Rabo assado
Não. Assadíssimo... O dia com o avô teve um senão. O normal é pedir-lhe para ficar com ela só meio dia, pois apesar do jeito que tem para tomar conta dela, fazendo cambalhotas e vendo livros, entre outras coisas, o mudar da fralda é mais crítico. Para além de se baralhar um bocado e demorar a perceber qual a frente e qual o verso, quando é cocó o resultado não é bom. Isto porque os cocós da M. são extremamente moles e por isso borram, literalmente, tudo. Ora, tratando-se de uma menina, há sítios mais recônditos do que outros a limpar... O meu pai nem tem ideia. Nem vale a pena explicar, porque em sítios bem mais óbvios a coisa também não fica bem limpa, para além do que por vezes até a roupa fica um pouco mal-tratada... Resultado: ao final do dia, a M. tinha feito 3 valentes cocós, todos limpos pelo avô. A primeira coisa que fiz quando cheguei a casa foi enfiá-la na banheira, antecipando um pouco esse ritual. Quando tentei lavar-lhe a papoilita, como carinhosamente diz a tia P., desatou num berreiro inacreditável. Quando fui ver... Até me doeu. Estava vermelha desde a frente até atrás e não havia cantinho poupado... Foi um castigo para a lavar, depois para a limpar e sobretudo para lhe mudar as fraldas seguintes. Liguei para a tia XXL, pois está claro, que me sugeriu limpar sempre com esguichos de soro fisiológico, em vez de toalhitas (eu uso sempre compressas não esterilizadas e água), secar sempre com o secador do cabelo a frio e muita pasta de zinco. Avisou-me da possibilidade de ficar em ferida, o que felizmente não aconteceu. A sua cara de alívio com o secador até dava dó... Ainda demorou uns dias a curar e nós aprendemos para todo o sempre que um dia inteiro com o avô dá mau resultado. Ele, coitado, nem chegou a saber, para não ficar com problemas de consciência...
Dia com o avô
A ama adoeceu e faltou uns dias. O meu pai prontificou-se a ficar com a neta e sem ele dar por isso, calhou-lhe o dia inteirinho... Habituado a só ficar de manhã ou só à tarde, teve de se arranjar desde as 8h30 até às 18h00, hora a que eu cheguei. Parece que brincaram o dia todo, sem sestas pelo meio, tal foi a excitação. O meu pai só me dizia "ela não pára!" e ela encantada ria-se. Depois de jantar, em questão de minutos, a M. aterrou na cadeira de comer e já não conseguiu mais ter qualquer reacção. Liguei para o meu pai, para lhe perguntar algumas coisas e atendeu-me a tia. O avô, disse-me ela, estava no sofá a dormir, depois de ter discursado uns momentos sobre a actividade imparável da neta. Assim, naquela noite, duas pessoas com tendências noctívagas, e com a mania que dormir é só muito tarde, adormeceram por volta das 21h00, coisa inédita na família... Ficaram os dois derreados com a aventura do dia!...
Tunga! Pumba! Pum!
Quando a M. cai, costumo dizer "Pumba!" para ela não se assustar. Quando a empurro no carrinho, nos momentos em que ele embate nas paredes, grito "Pum!". A M. pegou nisto tudo e somou-lhe mais um - "Tunga!". São os sons que ela usa quando algo cai no chão ou vai contra qualquer coisa, independentemente de ser ela a tirar ou não. É engraçado o ar de safada que costuma pôr ao dizer estes sons...
Já espera
Quando acorda de madrugada, geralmente faço-lhe o biberão da manhã para ver se a menina adormece outra vez. Habitualmente, isso implicava guerra: aquela hora da manhã, ela quer é colo e eu já não consigo fazer o biberão enquanto tento aguentar aquele peso. Por isso, costumávamos ter choro até conseguir ir para o colo com o dito na boca. Desta vez, correu melhor. Levei-a ao colo para a cozinha enquanto lhe explicava que ia fazer o biberão. Ela olhou muito séria para mim e depois sorriu de orelha a orelha. Quando chegou a parte de a sentar no chão, lá lhe expliquei o porquê e pedi-lhe para ficar muito sossegadinha. Não é que desta vez a impaciência perdeu a vez?! Ficou ao meu lado, sentada em cima do tapete da cozinha, muito séria, enquanto me ouvia a explicar os passos todos da feitura do seu leitinho. Nem queria acreditar! Depois, levantou-se e calmamente, deu-me a mão e, de Lola na outra, foi mansamente atrás de mim até à sala. Fez-me lembrar aqueles postais queridos de meninos com um boneco a arrastar pelo chão. Que bom que é já não haver estes cinemas! Mas, atenção! É só de vez em quando, porque a impaciência ainda é uma das suas grandes características...
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Escova de dentes
A menina gosta de trincar. Ou melhor, gosta de morder quando apanha alguma coisa dentro da boca. O resultado são muitos gritos quando chega a hora de lavar os dentes com a dedeira... Gritos nossos, entenda-se... Já tentei de tudo para ela parar, mas como nada surtiu efeito e ela continuava encantada com essa nova brincadeira, desisti e passei à escova de dentes. Agora, esfrego primeiro eu, para depois passar-lhe para as mãos aquela coisa gira, com uns pêlos espetados e que até são fáceis de arrancar. Não está nada fácil a tarefa de lavar os dentes...
Processo cognitivo
De repente, sentimos uma diferença enorme na M. em termos de compreensão. Já percebeu por completo a lógica do encaixe das formas nos buracos dos seus vários brinquedos com essa função. Já reconhece a maior parte dos animais que tem, desde os animais da selva à ovelha e aos bichos aquáticos do banho. Percebe aquilo que lhe pedimos, desde o ir mostrar ao pai, ao sentar, ao deitar ou desempenhar certa tarefa numa brincadeira. Já responde a algumas das nossas perguntas, como se quer mais, se gosta ou qual das coisas quer. Já reconhece os membros da família mais chegada pelo nome, apesar de só os ver muito de vez em quando. É um caminhar sempre em frente que nos surpreende e encanta.
Uvas
domingo, 18 de janeiro de 2009
Mais palavras
O normal é apreender uma das sílabas, regra geral a primeira. Algumas delas já são velhas, às quais atribuiu mais do que um significado.
- cacol ou cucol (caracol)
- ti (tigre - já era tio)
- ca (cavalo ou macaco)
- Nana (banana)
- nhona (anona)
- pê (pêra - que já era peixe)
- pu (pomada)
- bão (tubarão - que já era bolas de sabão e balão)
- tê (estrela)
- pupu (peru)
- e uma vez disse com um ar muiiiito malandro, "papinha"!!!
Aos pares
Os seus amigos funcionam aos pares, um para cada mão: o peixe de borracha (a Doris do Nemo) é com a tartaruga (da mesma colecção); o tigre com o elefante (ambos de plástico); a ovelha com o ornitorrinco (de peluche, provenientes da Nova Zelândia e da Austrália); o caracol e a abelha de madeira; e duas bolas do jogo de eleição.
Crises de nervos
Passou a isso, a exteriorização do seu mau feitio. Fica logo zangada, faz cara feia, chora alto, anda de um lado para o outro, enquanto vai abanando os braços ou batendo com as mãos uma na outra, como se estivesse a sacudir a farinha. Tenho três formas de a parar: ou ignoro, ou fico a olhar muda com uma cara mista de incrédula e reprovação, ou pergunto-lhe o que é isso com cara séria. Costumam resultar as três, mas a primeira é a mais eficaz. Espero sinceramente que seja só uma fase...
À terceira só cai quem é burro...
A terceira tentativa de me deitar as unhas, uns dias depois, foi apenas isso - uma tentativa. Assim que encostou a mão à minha cara e viu o meu ar, segundos antes de eu levantar a mão, parou e ficou com os dedos em posição, encostados à minha bochecha, com uma cara de "será que vou a tempo?". Foi. Depois, fez-me uma festinha, mas daquelas pouco meigas, como que a disfarçar o primeiro gesto, mas o suficiente q.b. para mesmo assim eu perceber a intenção original. Não voltou a repetir a gracinha até hoje.
Segunda palmada
No dia seguinte, pelo mesmo motivo. Desta vez, o pai nem se apercebeu, só dando conta depois de me ouvir dizer um "Madalena!" muito feio. Ela olhou para mim, olhou para o pai, continuando com essa reacção, alternando o olhar de um para o outro. O B. perguntava-lhe o que se tinha passado e o que tinha ela feito, com um ar sério e eu mantive a minha cara de zanga. O cómico é que quando olhava para mim fazia cara séria, como que a avaliar a situação, quando olhava para o pai, fazia o beicinho genuíno, como que a ameaçar o choro. Mas choro que é bom? Nem vê-lo!!! Segurou-se e aguentou-se à bronca como gente grande. Ou seja, com o pai fica mais sentida do que comigo... O final da história também foi igual: beijinhos distribuídos e muito sentidos, pelo que acho que estamos no bom caminho...
Primeira palmada
Foi na noite de fim do ano... E ainda por cima a dobrar... O seu mau feitio tem-se vindo a revelar cada vez mais. Bem sei que saiu ao pai e puxa à mãe, mas ela conseguiu refinar... Anda com a mania de teimar até mais não, fazer birra por tudo e por nada quando contrariada, com choros sonoros e agora levanta também a mão. Bem sei que faz parte, e que está na idade de testar todos os limites, mas parece-me que esta menina vai ser complicada, se não tivermos cuidado. Estava eu no chão a brincar com ela, quando teimou que tinha de mexer nas velas da mesa de apoio, estando careca de saber que não pode. Disse-lhe que não, e ela ignorando-me por completo, insistiu. Estivemos nisto até que eu me irritei e tirei-a de ao pé da mesa em peso com um não muito sério. Não é que a criatura levantou-me a mão e deitou-me as unhas à cara! E com cara de má!!! Nem pensei. Assim que senti as unhas, ela sentiu a palmada no rabo. O B., que estava ao lado, fez o mesmo, e por isso em simultâneo virou-lhe a mão e deu-lhe uma palmada na dita. Peguei nela e puxei-a para ao lado para ela perceber que estava mesmo zangada com ela, enquanto ambos lhe dizíamos que tinha sido muito feia. Numa fracção de segundos, o seu pequeno cérebro processou a informação e desatou a chorar. Ficou mesmo sentida, porque de dorida não tinha nada, visto que as palmadas foram para enxotar moscas. Mesmo assim, fiquei com o coração mais pequenino e tive vontade de vacilar... O pai, logo de seguida, sentiu-se também e agarrou nela, explicando-lhe que não podia ser, quase estragando tudo. O que vale é que a avó lá lhe disse para a largar, enquanto dizia à neta para me fazer uma festinha para pedir desculpa. Acabou por me dar um beijinho muito sentido, outro ao pai e todos fizemos as pazes. O vaticínio da avó, que já cá anda há uns anos e deve saber o que diz: "Vai, vai! Vai-se ver grega, vai!"...
Fim de ano com os avós
Graças ao funeral, que implicou a chegada a Lisboa às 16h00, de 31 de Dezembro, os meus sogros acabaram por ficar cá em casa a festejar o final de mais um ano connosco. A M. estava nas suas sete quintas com os avós para partilhar os brinquedos. A avó fez as suas delícias e apanhou em três tempos o seu linguajar, decifrando que "pê" é peixe e que isso implica também a tartaruga e dando-lhe abébias no que toca a comida. Graças à presença dos avós e à comida que tinhamos em farta para a ocasião, a M. acabou por se desforrar e até eu desisti e deixei que comesse o pão que quisesse. Os avós de cansados, adormeceram e eram 23h50 quando a avó acordou estremunhada, que por sua vez, estremunhou o marido, para fazerem tchim-tchim à meia-noite. Eu estava à espera de detectar tampas de panela a bater às janelas e, assim que as ouvi, corri ao despique, deixando o B. um tanto ou quanto envergonhado e a sogra a rir à gargalhada e a dizer que já tinha valido a pena vir a Lisboa. A M. adormeceu pouco depois da passagem do ano e nós fomos para a cama com o sabor de uma "festa" simpática, caseira e confortável. Pelo menos, começar, começou bem! :)
Bebés!!!
No último dia do ano, o B. foi a Montemor-O-Novo, a um funeral de uma tia paterna que morreu de repente. Eu fiquei em Lisboa com a M. e aproveitei a manhã para tentar a sorte nos saldos. Levava a M. no carrinho, condição sine qua non para conseguir fazer alguma coisa. Entrei na Massimo Dutti, com descontos de 60% (é incrível o que a crise faz...) e estava eu a ver calças quando a M., rindo e gritando "Bebé! Bebé!", topou, no meio das pessoas, um bebé e uma menina com talvez mais um ano do que ela. Uma Beatriz que se viu na obrigação de entretê-la, porque de cada vez que lhe virava costas, ela chorava, mas chorava! A nova amiguinha saltitava, dançava, fazia cenas de filme cómico, atirando-se para o chão, e a M. dava gargalhadas, pondo a loja inteira a rir um bom rir. Mas sempre que a Beatriz ia ver do irmão ou da mãe, que não parava de experimentar roupa, a minha menina chorava baba e ranho. Estive à vontade cerca de uma hora dentro da loja, sem ver roupa, a tentar convencer a minha filha de que a Beatriz se tinha ido embora, para dois minutos depois esta voltar a aparecer. Acabei por desistir daquela loja e passei a outra. Na segunda loja, estava uma menina com os seus 4 anos com a mãe. A M. mais uma vez, grita "Bebé! Bebé!", mas esta não era nenhuma Beatriz, que tinha jeito para a comédia e escondeu-se atrás das pernas da mãe. Sairam da loja e, consequentemente, eu também. É que a M. voltou a chorar desalmadamente com a ida daquela potencial amiga. Resumindo: todas as crianças que ela viu naquela manhã eram primeiro motivo de risos e gargalhadas desproporcionais, logo seguidos por um choro sentido, digno de fado, por se irem embora. Compras com ela sozinha outra vez? Só se não tiver remédio!!!
Sentada no bam-bam
O carrinho de empurrar também se transforma num carrinho de sentar. Um dia, virei-o e sentei-a nele, empurrando-a corredor fora. Ao fim de algumas tentativas frustradas, porque os pés arrastam pelo chão e impedem-no de avançar, lá lhe consegui fazer entender que tinha de pôr as pernas para cima para andar. Agora, quando se senta no carrinho, levanta as pernas e apoia-as ao lado do volante, dizendo "Pé! Pé!" como quem diz "Já sei! Vês?". É de chorar a rir. Só não tem graça é o cansaço de andar a correr corredor afora, enquanto ela se diverte no seu bam-bam. Ufa!!!
Ti!
O tio Filipe é o "ti". Ao chegar a Lisboa de viagem, entrou em casa e foi direitinha para o quarto a gritar "ehhh!" de contentamento, reconhecendo o seu espaço e os seus brinquedos. Depois do reconhecimento feito, veio para a sala, olhou em volta e começou a perguntar pelo "ti". Tantas vezes perguntou, connosco sempre a dizer que não estava, que acabei por lhe ligar só para ela o ouvir falar. Só se calou depois do telefonema e de alguns beijinhos dados ao telefone. Já aqui ficou bem frisada a sua paixão por ele - é só mais uma prova de que se mantém.
Andar bem
Os dias passados em casa da avó na brincadeira com a prima, puxaram por ela e veio para Lisboa a andar bem. Ainda vai ao chão gatinhar, mas cada vez menos. Mas a sua característica de trapalhona parece confirmar-se. Tropeça imenso nos seus próprios pés e é engraçado vê-la às arrecuas até acabar por dar um bate-cu pouco discreto. O que vale é que não é muito maricas e por isso segue caminho sem muita conversa.
Natal
Um dia cheio de polvo frito, rabanadas (que nós chamamos de fritas lá para cima), filhoses, doces e muita, muita confusão. O dia é infernal, com os entras e sais de toda a gente, os meus cunhados até à última a trabalhar na padaria (é a época de maior trabalho) e eu a tomar conta da pequenada com a ajuda do B. Calhou-me a mim cumprir o papel de tia e madrinha e dei banho às três, vesti e sequei o cabelo, dando-me a certeza da loucura que é ter mais do que um, com pouca diferença de idade, especialmente se forem terrabentas como as duas mais pequenas... O jantar na casa dos meus sogros é constituído por vários pratos: açorda de bacalhau, bacalhau cozido e arroz de polvo. A açorda é tradição da casa do sogro que a mulher respeita anualmente, o bacalhau porque faz parte da ceia de Natal na Beira Alta e o arroz de polvo porque sim. Confesso que já tenho saudades do bacalhau guizado que a minha avó do norte fazia na panela de ferro preto de três pernas à lareira, com colorau. As sobremesas são mais que muitas, mas nunca faltam duas coisas: o pudim de ovos e o doce de serradura. Gabo-me de este último ter sido importado por mim da minha família da Madeira para a tradição desta família. Sentamos-nos à mesa já tarde, por causa da mercearia e padaria que fecham tarde naquele dia, mas com muito barulho e gargalhadas pelo meio. Os presentes foram antecipados porque a pequenada já não aguentava mais, e lá se distribuiram. Primeiro a prima mais velha, depois a mais nova. A M. para o ano vai entrar nestas andanças, mas desta vez ficou-se entretida no meio dos papeis de embrulho, sem perceber o que se estava ali a passar. Com sorte, ainda há polvo frito, num dos pratos que a sogra escondeu pela casa - este ano foram 8 kg de polvo e, mesmo assim, houve guerra... No final, fica-se à conversa, já tudo meio a dormir, tendo eu ficado sossegada a ver um filme, para cumprir pelo menos uma das minhas tradições de Natal.
Prima Matilde
Como de costume, fomos passar o Natal lá acima. A M. adora as primas, mas em especial a mais nova, que tem apenas mais um ano do que ela. Aquela por sua vez, tem uma verdadeira a-do-ra-ção pela sua prima pequenina. Faz tudo o que esta faz, até comer, que não é o seu forte (a mãe já me disse que, se a M. lá ficasse 15 dias, a sua filha engordava o que precisava!). Enquanto lá estamos, passam os dias inteiros juntas a brincar. A casa parece outra, cheia de barulho e correria, gritinhos e guinchinhos de felicidade. Confesso que chego ao fim do dia de rastos, de andar atrás das duas. O que uma tem a mais na fala, tem a outra no andar, mas não é por isso que não se entendem. No meio do charabiá delas, passam o dia de volta dos seus afazeres. Para a M. a prima é a "bebé ", já a outra chama-lhe "manena". A continuar serão super-amigas no futuro, sobretudo quando já não se sentir a diferença de idades. Serão férias super-divertidas, e ainda mais se os pais a deixarem vir com a nossa M. uns dias, para a praia ou para a capital. A nossa, é certo, irá de férias com os avós, algo que consideramos essencial para o seu imaginário, para o seu crescimento e desenvolvimento e para a sua relação com aquela parte da família que está tão longe no dia-a-dia.
Tia Sofia
Tenho de fazer aqui menção a esta personagem também da nossa vida. A M. adora gente e dá-se bem com todos, mas tem uma predilecção por esta amiga especial, de sorriso sempre pronto na cara. Talvez por já ter feito baby-sitting (quando fomos ao cinema), talvez por acompanhá-la desde que nasceu, talvez porque faz parte da sua personalidade carismática. O mais certo é que é um pouco de tudo. Seja o que for, a M. não a pode ver. Vai direitinha a ela, a pedir colo, ao ponto de um dia chegarmos as duas a casa ao mesmo tempo, e apesar de eu ser a mãe e de já não me ver desde manhã, ignorar-me e solicitar a sua atenção. Nem o meu colo quis e chorou quando a viu sair porta fora. O engraçado é que esta amiga é quem é mais "má" com ela. É quem lhe dá as negas quando são precisas, quem lhe diz que não há birras, quem lhe faz cara feia e séria, mesmo que tenha uma vontade desalmada de se desmanchar a rir, para lhe mostrar que não está a gostar. E a M. acata tudo. Com ela não há grandes choros, insistências ou birras (ela também não é criança para muito disso, verdade seja dita). A mãe agradece a disponibilidade e a amizade de índole pedagógica, que não inclui bonecada só por ser giro e que corresponde à vontade de ensinar e ajudar a educar. Esperemos que a amizade perdure, independentemente do futuro!
36...
Detesto Dezembro. Começa com os meus anos, que já não me animam. Já lá vão os tempos em que tinha dificuldade em marcar mesa para mais de 30 fiéis malucos que seguiam noite dentro até de madrugada a celebrar comigo. Hoje em dia, não consigo fazer festa, mesmo que queira, porque os amigos já são poucos, todos têm a sua vida e a altura é complicada. Ainda por cima, como sagitariana que sou, sofro do complexo de Peter Pã, como tal, não quero crescer. E digamos que estar a 4 anos dos 40 não anima muita gente, especialmente quando ainda assim, algumas coisas da vida estão por estruturar... Este ano, a coisa não melhorou. O pai e a tia esqueceram-se o que não ajudou. O que valeu foi a festa de anos da Gui, que celebra a data no mesmo dia do que eu - que me permitiu estar em ambiente de festa e distrair-me um pouco - e... o meu jantar de anos surpresa!!! A colega e amiga do trabalho, percebendo que a coisa não estava fácil para estes lados, combinou às escondidas com o B. o jantar na casa dela e, junto com mais duas malucas, organizaram-se. Não apanhei nada. A neura era tal, que nem quando o B. me disse que íamos jantar para os lados de Mafra e que por isso podíamos passar em casa dela em Sintra, quando ele nunca lá tinha estado antes, me fez perceber. Ou melhor, desconfiei e até imaginei que seria isso, mas como não queria mais uma desilusão, fiz força para não acreditar até ter a certeza. Ainda me caiu uma lágrima quando me apercebi de que era verdade... Foi um jantar simpático, com muita comida, risos e boa disposição e um bolo de aniversário, o suficiente para terminar bem o dia, porque afinal, o que interessa não é a quantidade, mas sim a qualidade. Obrigada, malta, fez-me bem!
Não jantei...
Ou melhor, jantei mal e porcamente... A M. pedincha comida sempre que a vê. É inacreditável... Janta primeiro, pratos bem cheios com fruta no fim, e mesmo assim, quando vê a nossa comida começa logo a puxar os casacos, a esticar-se na ponta dos pés, a gemer e a gritar "papa!". O pai nestas coisas é muuuuuito mais permissivo do que eu. Basta ela insistir um bocadinho e lá vai ela, sem fome nenhuma, para o seu colo para ir depenicando do seu prato, quando não lhe come parte da refeição... Desta vez, zanguei-me. Disse que não e não deixei. E fui dizendo, a um e a outro sucessivamente, não parecendo que nenhum estivesse a perceber o que eu estava a dizer. A certa altura, o B. zangado, olha para mim e diz-me "então tenta lá tu que ela não coma! Vá!". Meio dito, meio feito. Larguei os talheres, levantei-me, peguei nela ao colo e sentei-me no sofá a ler um livro. Nem meio minuto depois, já tinha esquecido a comida e o pai jantou em condições. Eu tive de esperar pelo final e depois comer a correr, não fosse ela ter mais ideias... Então afinal, era assim tão difícil?!
Lola com rodas
Depois de comprarmos o casaco, passámos à parte dos brinquedos por causa dos presentes de Natal ainda por comprar. A certa altura, a M. dislumbrou no meio da confusão, no chão, um conjunto de Lolas com rodas. Não consegui mais tirá-la dali. Sentou-se no chão e ia brincando com uma e com outra, com uma alegria só vista. Depois de alguns minutos largos naquilo, acabámos por lhe comprar uma como o nosso presente de Natal. Agora, é vê-la andar pela casa com o fio na mão, de braço bem levantado acima da cabeça e ficar enervada por a sua vaquinha de estimação levantar voo, em vez de rolar pelo chão... Mas quando consegue, com a nossa ajuda, fica mesmo contente. :)
Casaco novo
A avó tem o ritual de oferecer um casaco pelo Natal às netas - O casaco bom do Inverno. Como não conseguiu oferecer o vestido dos anos, visto que o B. insistiu em assumir essa função, passou o casaco para o aniversário e uma roupa nova para aquela ocasião. Fiquei eu encarregue de o comprar na grande Lisboa. Optámos por ir ao El Corte Inglês, por terem mais opção de escolha, apesar das pegas que já lá tivemos. Tinhamos em vista um da Laranjinha, cor-de-rosa, em fazenda, muito à senhorinha, estilo clássico, mas nas suas pesquisas na net, o B. tinha visto outras coisas, cujas marcas estão representadas naquela loja. A primeira tentativa de ida saiu gorada - fui buscá-lo ao metro para irmos directos, mas a M. assim que o viu entrar para o carro, desatou num pranto que queria o pai, e alguns "apai" depois, este não foi senhor de seguir em frente e voltou para trás para pegar ao colo a sua princesa (sem comentários...). Da segunda vez, uma semana depois, foi mais fácil e sem choros e por isso pusemos-nos a caminho. Chegados lá, experimentou o da Laranjinha, que ficava bom de tamanho, pelo que poderia não durar o Inverno todo, por isso desistimos da ideia. Foi quando vimos um da Kenzo pelo qual nos apaixonámos e que não tinha nada a ver com o primeiro. Ao vesti-lo, ficou perfeito. As cores são fantásticas e é muito quentinho, com pêlo por dentro. Mais tarde, num site que também o vendia, o B. ainda descobriu mais uma vantagem: não tem avesso, ou seja, funciona dos dois lados... Obrigada, avó, fico linda com ele!
sábado, 17 de janeiro de 2009
Ombros, barriga e joelhos
Na ginástica, tivemos uma aula em que se canta aquela conhecida canção do corpo humano, adaptada de inglês para português. A certa altura, é a vez dos ombros, da barriga e dos joelhos, pondo-lhe as mãos nas respectivas partes do corpo para perceberem. A M. não pareceu dar grande importância a tal exercício. Chegadas a casa, estava eu a secá-la do banho, quando lhe falei na barriga. E ela, prontamente, levou ambas as mãos aos ombros e logo, logo de seguida aos joelhos, com um ar muito satisfeito, tipo "vês? Aprendi!". Ou seja, aprendeu que aquele conjunto de palavras corresponde ao conjunto daqueles dois sítios. Fiquei surpreendida com o facto de ter assimilado os conceitos só com aquela primeira tentativa, apesar de se ter trocado um bocado. É espantoso como, nestas idades, estes pequeninos cérebros são verdadeiras esponjas! Foi uma trabalheira para desfazer a confusão, mas agora, já sabe o que são os ombros e o que são os joelhos, mas regra geral um segue-se ao outro, mesmo sem pedir. A barriga está por perceber, mas haveremos de lá chegar.
O meu martírio diário
É de tal maneira, que chega a nem querer ouvir o resto - assim que passa à segunda página, já se foi embora, para voltar logo a seguir à carga. São eles: a Branca de Neve, curiosamente o primeiro livro que recebeu, e o Winnie conta, que tem uma espécie de mini-ábaco para contar as bagas que o ursinho vai apanhando. O objectivo dela é encontrar os pássaros na Branca de Neve e ouvir-me cantar e andar com as bolas de um lado para o outro com o Winnie. O Bam-bam!
Como já deu para perceber pelas fotos, a M. tem um carrinho de empurrar. Quando o B. o comprou não lhe deu importância nenhuma porque não andava. Agora que que já dá passos sozinha, mesmo que atabalhoadamente, já acha graça à coisa. Ponho-lho à frente e ajudo-a a endireitá-lo, indo sempre atrás, não vá a sua trapalhice fazer das suas. Costumo imitar o som de um carro a andar, usando a onomatopeia "bam! bambambaaaaaam!". Depois, quando vai contra a parede, grito "Pum!!!". Em minutos adoptou este som, e agora, quando vai contra alguma coisa ou quando atira algo ao chão que faça barulho, grita "Pum!". Mas não foi só isso que aprendeu... Uns dias depois de começarmos com esta brincadeira, estava eu na sala e a M. vem ter comigo a pedir "bam-bam". Não percebi. Pedi-lhe para me explicar o que pretendia, ao que ela dirigiu-se para o quarto e apontou para o dito carro, dizendo "bam-bam!". O que ela queria era aquele brinquedo ao qual associou o som que eu uso para brincar com ele!!! Ficou o nome. Cá em casa, todos os carros são popós menos o dela, que é bam-bam!
Bebelês
A ama já lhe ensinou mais umas das palavras básicas de bebelês - popó. Não sei se foi com a janela a ver os carros a passarem ou se foi com o livro que tem um tractor, pois é tudo o mesmo: popó. Já a ovelha é mémé, pato é cuá-cuá ou cá-cá, galinha e galo é cocó. Não me lembro de mais nenhuma, mas deve havê-las... É de facto muito mais fácil de aprender a falar assim para eles. E eu que tinha a intenção de ensinar logo a palavra correcta, sem bebelês pelo meio... Mais uma daquelas regras de antes do nascimento, que são muitas vezes utópicas, e que rapidamente se desfazem com a realidade...
Onde estão?
Ginástica
Apesar do esforço que isso implica, foi uma excelente ideia inscrever a M. no The Little Gym. Tanto o prof. Rodrigo, como a prof. Vi. são excelentes naquilo que fazem - o primeiro mais calmo e a segunda mais dinâmica, mas ambos muito focados na evolução das crianças e na aprendizagem dos pais, regra geral sem descuidar nenhum de nós. Não podia estar mais contente. A M. adora tudo. O normal é primeiro ficar algum tempo a observar, mais do que a participar, mas depois costuma alinhar em tudo na maior. Aprendeu há pouco tempo a cambalhota para trás, mas essa eu não faço em casa com receio de me falhar a força e fazer asneira com o pescoço. Já a preensão na barra paralela é outra conversa. De acordo com os professores, é normal os bebés não darem importância nenhuma a certas coisas e gostar muito de fazer outras. No caso da M., ela pura e simplesmente não quer nem saber de se agarrar à barra e ficar pendurada. É uma questão de tempo e perseverança, que é coisa que não falta naquele espaço. Apesar de gostar de tudo, há duas coisas que a M. não dispensa: as bolas e as bolas de sabão. Já sabe onde estão guardadas e por vezes leva-me até à porta e aponta como que a pedi-las. A bola é média, amarela e feita de um material tipo forro de casaco, por forma a que eles consigam agarrá-las. Já as bolas de sabão saiem de uma espécie de pistola que dispara ene bolas ao mesmo tempo de vários tamanhos. Quando finalmente se vão buscar (fazem ambas parte de todas as aulas, apesar de poderem ter funções diferentes de semana para semana), ela prontamente se põe na linha da frente. A bola é agarrada com firmeza, passeando-se pela sala como se se tratasse do seu maior tesouro, não vá algum dos colegas ter ideias. Por vezes atira ao chão para dar pontapés, outras pede-me para ir ao cesto de basquete encestar com a minha ajuda. Já as bolas de sabão são para apanhar com o dedo indicador, ficando muito séria a olhar. Mas de tudo o que a M. já lá aprendeu até hoje, a mais útil é uma canção. Quando acaba um exercício e temos de arrumar o objecto em causa, canta-se "Está na hora de arrumar, arrumar, arrumar! Está na hora de arrumar as .... no lugar!" A M. nem pestaneja - vai pela minha mão entregar até a bola que tanto gosta. Em casa, experimentei a técnica. Não é que resulta?! Assim, nunca ou quase nunca temos choros...
Natação - insatisfeitos
Como quem vai à ginástica sou eu, a natação compete ao pai. Só nos dias em que ele não pode serei eu a fazer a vez. Assim, o normal é eu ficar a ver de plateia para depois a vestir enquanto o B. toma banho e se arranja. Por vezes parece-nos que a professora não liga grande coisa à M., muito porque ela é a mais nova, no meio de muitos, e ainda não sabe fazer o que os outros fazem e também porque ela não é grande adepta de exercício físico e por isso a maior parte dos exercícios são para ser aldrabados ou nem sequer tentados. A sua predilecção é entrar para dentro de água (prioridade máxima) e ficar ali a demolhar, lambendo avidamente as mãos por estarem molhadas, o que se torna um ciclo vicioso. Ainda não fez o clic do nadar e parece que a professora está mais ou menos à espera dele pacientemente. Por vezes, é um pouco frustrante para nós ver os outros mais evoluídos, a fazer chap chap ou a mergulhar (entenda-se saltar para dentro de água para os braços do pai) com vontade e a nossa M. também não. Para além disso, o horário não facilita nada - 18h15 implicam o B. sair muito cedo do trabalho e eu vir a correr de Sintra para chegar a horas de ajudar à saída da aula. Ao fazermos a inscrição, ficámos em lista de espera para a aula seguinte - 19h00. Mas como as turmas estão cheias, esperámos. Até que um dia... Na aula dela estavam também dois gémeos, que chegavam sempre atrasadíssimos. Uma certa vez, ouvi os pais a combinarem com a professora a passagem para a aula seguinte. Achei que devia tentar a sorte também. Falei e ela confirmou que havia uma vaga e deixou. Ficámos de confirmar até ao dia seguinte e quando ligámos para o ginásio, estes disseram que isso não era assim. Resumindo: a professora não pode fazer as coisas à revelia da secretaria e estes quando se aperceberam da vaga ligaram a única pessoa que estava à nossa frente, que aceitou. Ficámos nós em espera na mesma... Fomos falar com o responsável que, depois de perceber a história toda, abriu a excepção de aumentar a turma de 8 para 9 crianças. Não gostámos da ideia. Se com 8 já é o que é, com 9 seria pior... Mas parece que a política do Megacraque é mesmo assim: se as crianças não comparecem todas frequentemente, então, para maximizar os lucros abrem vagas. Demonstrámos bastante o nosso descontentamento e ficámos à experiência para duas aulas em Janeiro às 19h00, para depois dizermos de nossa justiça. A ver vamos...
