sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Carrinho

Perdi a cabeça e uns tempos depois, fui lá buscar o carro da mesma marca... Enquanto anda, toca uma música super-engraçada, que põe a M. a abanar-se toda, acende e apaga as luzes e ainda tem uma cenoura escondida no porta-bagagens que ao puxar-se regressa ao sítio, tremendo por todo o lado, com um "bzzzzzz!" divertido.

Espelho

Com base nas dicas da Dodot (tem um site fantástico, com bastante informação) sobre os brinquedos adequados para as crianças dos 0 aos 12 meses, andava à procura de um espelho para ela brincar. Já aqui fiz antes a referência de como ela gosta de se ver ao espelho (como, aliás, todos os bebés nesta fase). Só descobri o da Imaginarium, que me parecia excessivamente caro (como quase tudo lá) para o efeito, por isso continuei à procura. Um dia, lembrei-me de procurar na net o site da Taf Toys, marca de um cubo fantástico que lhe comprei. Fiquei fã da marca. Têm coisas lindas e só tenho pena de não a ter descoberto mais cedo, pois há coisas que já não são adequadas para a M. (como por exemplo, um brinquedo que se pendura nas costas do banco de trás do carro enquanto eles vão no ovo, e por isso de costas para a estrada, com estímulos aos quais eles conseguem chegar). E de facto, tinham um espelho. Mas encontrá-lo cá?... Enfim, reservei a ideia de o encomendar via net, sem estar muito convencida, pois o preço, com as despesas de envio, acabava por se aproximar da Imaginarium. Entretanto, tive de ir buscar a cadeirinha para o carro à loja em Sintra e descobri que a senhora também tinha descoberto a marca, tendo-se tornado sua representante. Encomendei o espelho sem compromisso. Quando regressei de férias, já tinha recebido um telefonema a dizer que já lá estava para eu ir ver - é muito giro, tem três fases - pendurado na cama de grades, deitado no chão e depois em pé - e custa quase metade do preço do outro. Trouxe-o. A M. também adorou e mais uma vez provou que é uma espertalhona. Quando cheguei a casa com ele, abri o embrulho com ela ao colo. Pus-lho à sua frente e ela como de costume começou a mirar-se e a rir-se para si mesma. A certa altura, ao ouvir-me falar, em vez de olhar para mim directamente, baixou a cabeça, para poder espreitar e ver-me através do espelho. A seguir fez o mesmo com a ama. Pôs-nos a rir às duas com a gracinha.

Quando chego a casa

Na maior parte das vezes, quando chego a casa, está no jardim com a ama, na sua aprendizagem da difícil tarefa que é aprender a andar. Quando me vê ao longe, começa a dar saltinhos de contente, a querer dar passos de gigante, enquanto se abana toda e dá guinchinhos de satisfação. Dá-me cá um gozo!!!

A saia do pai

Não o largava. Teve uma fase depois das férias, que eu pura e simplesmente só existia na ausência do seu mais que tudo. Esticava-lhe os braços a pedir colo, ia atrás dele com o seu "nha! nha! nha!" característico, aflita por ele ir "só ali, filha!" e eu era ignorada com uma pintarola que só vista! De manhã, depois de mamar, queria o pai. À tarde, quando ele chegava, queria o pai, ao ponto de ele não ter tempo de se desembaraçar do fato e da gravata ou mesmo lavar as mãos. Confesso que por mais bonito que seja e mesmo satisfatório, a pontinha do ciúme está lá. Sobretudo, quando quer sair do nosso colo para o dele... Agora já acalmou, já partilha o entusiasmo pelos dois outra vez.

O nosso blog!...

Uns dias depois das férias, o B. perguntou-me à mesa: "então, já se escreveu alguma coisa no nosso blog?". "Já se escreveu"?! O "nosso" blog?! Perguntei. Resposta: "é nosso, então não é sobre a nossa filha?" E esta, hein?! Comecei esta aventura como uma forma de desabafar sobre os problemas da vida com um bando de desconhecidos, que eventualmente me descobrisse no meio do caos que é a internet. Com o nascimento da filha, pouquíssimo tempo depois de me intrusar nestes meandros, comecei gradualmente a tornar isto num diário para um dia mais tarde lhe oferecer. Mas sempre na perspectiva de algo mais anónimo, mais livre, por não saberem quem eu sou ou a minha família. Agora, dou por mim a ser lida por uma quantidade generosa de amigos, alguns desconhecidos, que me deixam aliás comentários engraçados, e por um marido sedento de ver por escrito aquilo que acontece com a sua filha. Ainda um dia, arranjo outro que ninguém vai descobrir de quem é para poder dizer as maiores baboseiras que me apetecer!... ;)

Anona

A M. adora fruta, não importa qual. Nem posso falar em preferência, porque com todas, debruça-se toda na cadeira de comer, torce-se para chegar mais depressa à colher e até dá o jeito à mão esquerda como se estivesse a dançar sevilhanas, ao som de muitos "hhumm!" de satisfação. Se tivesse mesmo, mesmo de escolher, acho que votava na melancia, mas se calhar foi por nas férias ter havido muita... Já provou as "normais" - banana, maçã, pêra e afins, assim como as de época, tal como meloa e companhia, cereja e uvas. Das tropicais também já tomou conhecimento: papaia e manga marcham lindamente. Foi a vez da preferida da mãe e da avó materna. Provou anona, fruta da minha segunda terra, a Madeira, que apesar de ter dado uma trabalheira a tirar caroços (na ilha, são 3 vezes maiores e quase não têm estes incómodos...), foi um sucesso.

Os dentes de cima

Já apareceram! Nem demos por ela. No sábado de manhã a seguir ao regresso de férias, estava o B. a tentar tirar-lhe um bocado de papel irresistível ao provar (...) quando sentiu qualquer coisa na gengiva superior. Espreitou, voltou a passar o dedo e descobriu dois dentes - um já totalmente saído e a crescer, o outro a rebentar. Depois de "oh filha! Nem demos conta!..." (ainda damos uma importância enorme a todas as novidades ao pormenor), foi uma festa e o B. ligou logo à mãe a contar. E afinal, parece que fomos os últimos a saber... Na segunda, quando contei à ama, ela com naturalidade respondeu que sim, que já sabia e que até já tinha mostrado ao avô, que por sua vez já tinha contado à tia. Por um lado, ainda bem - é sinal que não lhe doem...

Contrariá-la

Chegados de férias, o normal era insistir, insistir, insistir até ficar irritada e chorar. Como não tinha sorte com essa estratégia, com uma outra qualquer distracção, acabava por apontar, olhar para nós e fazer "Da! Da!"... Até que um dia... Temos uma mesinha de apoio na sala, com umas velas pequeninas e um cinzeiro de estimação do B. A M. adora levantar-se agarrada a ela - fica mesmo à sua altura - e tentar atirar tudo para o chão. Como de costume, assim que a vi a agarrar-se à borda da dita mesa, preparei-me para a lenga-lenga do "não, não!". À primeira nega, olhou para mim e esboçou um sorriso gigante. Fiz um esforço, segurei-me e voltei a dizer "não, não!". Ela vai e... esboça um sorriso gigantérrimo, acompanhado de um "hhhhum!" malandreco. Fiz das tripas coração, respirei fundo e voltei à carga - "não, não!". Vai daí, olha para mim, testa-me em segundos e... solta uma gargalhada cristalina!... Desculpem os manuais de pais perfeitos, mas não fui capaz. Desmanchei-me com ela e ri a bom rir. Escuso de dizer que depois tive de lhe tirar a vela da mão, certo?...

Paul Newman

Desde que o descobri no início dos anos 80, tinha eu acabado de entrar na adolescência, que fiquei fã. Qual Tom Cruise, qual carapuça! Paul Newman é que era e o homem já ia nos seus 50s. Lindo de morrer, com uns olhos azuis profundos e uma simetria de cara (e não só...) fora do normal, não deixou qualquer ponta de fora no seu trabalho como actor e realizador. Ser humano com consciência democrata e marido fiel de 50 anos (coisa rara em Hollywood), é um exemplo para muitos. Morreu esta semana. Deixou-me uma pequenina tristeza por já cá não estar, mas como diz o Bono, é fácil lembrar um nome, mas, mais difícil, é recordar o que se fez em nosso nome, por isso, fica aqui um tributo a um Senhor, que marcou mais do que uma geração.

"Paul Newman interpretou vários papéis inesquecíveis. Mas aqueles que o orgulharam mais nunca foram campeões de bilheteira: marido devotado, pai e avô amoroso, filantropo dedicado. O nosso pai era um raro símbolo de humildade, o último a reconhecer que o que ele fazia era especial. Intensamente reservado, fez a diferença na vida de muitas pessoas graças à sua generosidade. Até ao fim da sua vida, o nosso pai foi incrivelmente grato pela sua sorte. Nas suas palavras, "era um privilégio estar aqui". Ele será orgulhosamente lembrado por aqueles cuja vida ele tocou e deixa-nos com uma extraordinária inspiração para prosseguir. "

(Carta das filhas, divulgada no dia a seguir à sua morte)

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Já foi!!!!!!!!!!

Vendi! Vendi! Vendi! Vendi! Vendi! Vendi! Vendi! Vendi! Já se foi embora para o Algarve!!!!! Quando chego a casa já não está parada a olhar para mim e a recordar-me diariamente do meu fracasso, com ar misto de abandono e desafio. Vade retro Satanás! Xô bicho! Só não consegui ficar feliz ao vê-la ir embora devido à incapacidade do meu marido em se revelar feliz também. Nem disfarçar conseguiu... Já só falta dar o golpe final para acabar com a miséria e o suplício do animal. Acabou-se o sonho e a vontade de ser diferente, de sentir-me útil e completa. No dia em que a M. nasceu, desisti, encasquetei na minha cabeça que não dava mais para insistir em bater no ceguinho. Esperei mais uns meses para fazer a vontade ao marido, que tem mais dificuldade do que eu em assumir um erro, mesmo que este não seja dele. Sei que vou ficar sempre com a mágoa de não conseguir ser dona de mim própria, mas como diz o meu pai, o tempo tudo amansa - não cura, isso não, mas ameniza o sentimento.

Mais uma evolução e mais um truque

No dia 18 de Setembro, a M. andou agarrada ao sofá pela primeira vez sozinha. Estava em pé numa das pontas e eu pus-lhe a amiga Lola na outra ponta, incentivando-a. Primeiro hesitou. Depois, avançou. Como eu fui fazendo claque, acabou o percurso a rir-se imenso e a querer repetir. Para além disso, no mesmo dia, demonstrou ser exímia em sentar-se devagarinho no chão, caindo de rabo, em cima da fralda fofinha. Agarra-se com força com uma mão, enquanto dobra os joelhos muuuiiittoooo devagar, com muuuiiitttaaaa cautela, para não fazer pum! E consegue sempre! Quanto ao truque, foi a ama que passou o dia a atirar beijinhos para ela entender. E conseguiu. Agora, quando atiramos beijinhos, ela abre a boca exageradamente, põe a mão à frente toda aberta e fica-se por aí. Falta a parte do atirar, mas não faz mal, já acho a minha filha a mais esperta de todos. :)

Quase que percebeu

O tambor da Chicco tem de um lado vários botões para tocar música e um central para simular o som daquele instrumento musical. Do outro lado, tem uma tampa com três recortes, por onde é suposto a criança enfiar as formas geométricas correspondentes. A M. adora a parte da música (faceta cada vez mais notória, aliás), mas eu sempre tentei o outro lado sem grande sucesso. Um dia, na brincadeira no chão com ela, tentei mais uma vez. Desta vez, com a tampa directamente apoiada no chão, para que as formas não desaparecessem para dentro do tambor. Pus o triângulo no respectivo buraco e mostrei várias vezes. Após variadíssimos "ah! encaixou!", ela entendeu e começou a atirar a peça para o sítio com um bocadinho mais de perícia e com um objectivo mais determinado. Ficou-se por aí, mas já foi um bom começo!

Rolha

É o que a chucha é hoje em dia. De chucha, aponta para as coisas e faz uns "ehs!" abafados para chamar a atenção. Se se lhe tirar a rolha, começa logo, logo, a palrar nos seus "da-da-das!". É de chorar a rir.

Colinho da Lúcia

Já aqui disse que a M. não é muito de mimalhices - ao nosso colo está o tempo suficiente de satisfazer a carência, que é reduzido, querendo ir para o chão num instante. Acalmá-la ao colo, distraindo-a com qualquer brincadeira, é quase impraticável, pois passa a vida a tentar sair do colo e ir à sua vida. Como disse a professora de ioga, a visão romântica de mimar a filha ao colo no nosso caso, é só isso mesmo - romântica. Ora, não é que a desgraçada no colo da ama não é assim?! No segundo dia de regresso de férias, cheguei a casa desejosa de a ver e pegar ao colo, achando que o mesmo se daria do outro lado. Estava no colo da ama e veio logo para o meu, mas ao fim de uns minutos, quis regressar à base. Estendi-lhe os braços outra vez, ao que ela respondeu imediatamente da mesma forma. Sorri, contente por não ter perdido o jeito... Mas afinal... Estendeu o braço, agarrou na chucha que eu segurava na minha mão direita e endireitou-se para ficar no colo da sua amiga!... Afinal, era a chucha que ela queria!!! Não bastando, uns dias depois, cheguei a casa e estavam as duas calmamente sentadas no sofá a ler um livro. Perguntei o que faziam e a ama respondeu que estava a acalmá-la para ver se a conseguia depois pôr a dormir! Questionei-a sobre a eficácia de tal truque, convicta de que não teria muitos bons resultados, ao que ela afirmou que não, que resultava bastante bem... Deprimi, só por uns segundos, por não dominar tal arte...

Bengala

Depois da experiência do sobe e desce no Algarve (no recinto da messe, o quarto era o mais em cima possível e a sala de refeições o mais em baixo) e da minha aventura sozinha para o ioga, dei-me por vencida e concluí que o B. era capaz de ter razão: era urgente comprar um carrinho que pesasse menos uns quilos. Assim, sem sequer ter estudado fosse o que fosse (inédito, certo?!), confiei no B. e fomos à loja do Campo Pequeno, que tem umas meninas tão simpáticas e explicadoras, comprar um carrinho-bengala. Optámos por um McLaren, com bastante reclinação de costas e um apoio para os pés rebatível. É o mais leve do mercado e tem um fecho a toda a prova de bebés mais mexidos e curiosos. Só tem um senão: a pala não é propriamente grande, pelo que será preciso comprar uma sombrinha para o ano. É tão leve que por vezes me esqueço e a M. quase que levanta voo ao subir os passeios!... É claro que o pai já ouviu umas quantas vezes a piada inevitável: "afinal teve a filha primeiro um Mclaren do que o pai! Ainda por cima vermelho!"...

Visitas ao e do avô

No domingo de regresso, aproveitei que o B. estava incapacitado com uma violenta dor de dentes, dei-lhe ouvidos, fiz um esforço enorme e meti-me a caminho de Santa Cruz. Sabia que o meu pai e tia estavam lá, e sem avisar, fiz a surpresa. O medo de piadas que originassem discussões era mais que muito, especialmente, tendo em conta os últimos acontecimentos, mas decidida a virar costas no primeiro segundo de guerra, avancei. Afinal, a surpresa foi tão boa e a felicidade daí resultante ainda maior, que correu muito bem. Ficaram ambos tão contentes por ver a M. ali pela primeira vez (foram precisos 10 meses para conhecer a casa de praia do avô...) que nem se atreveram a tal. As minhas conversas com o meu pai limitaram-se ao tempo (tu as bien raison, Virginia!) e até o deixei sozinho com a neta, enquanto fui ao café com a tia. Ficaram a brincar com o quadro dos cavalos e dos cães e ela nem deu pela minha falta. Quando me vim embora, não houve um comentário da parte do sr. coronel de "ainda bem que vieste" ou um obrigado, mas nas entrelinhas do seu olhar, percebi que sim. Depois, nessa semana, a M. teve direito a três visitas do avô - dia sim, dia não. Era uma alegria pegada de brincadeira no jardim atrás das pombinhas quando eu chegava. O meu pai, com receio que o estranhar continuasse (antes das férias, a M. chorou ao ir para o colo dele) e aproveitando o embalo e domingo, evitou tanto tempo de ausência e apostou forte nas visitas em quantidade, para além da qualidade. Ainda bem para a minha filha!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Mama mi!

Foi o que ela disse, na segunda manhã, deitada no muda-fraldas, de braços estendidos para mim, enquanto chorava por me ver a ir embora...

A nossa ausência

Durante toda a primeira semana, a M. chorou de manhã quando saímos de casa. Assim que percebia que estava a chegar a hora, pimba! Começava o pranto. Queria o pai à força toda, que por sua vez tem dificuldade em negar um colo tão desejado. Acabámos por optar sair sem grande alarido, para que ela não percebesse - só chorava se não estivesse distraída com alguma brincadeira. Damos-lhe o beijinho do até logo, acabamos de nos arranjar e depois saímos. Um dia, estava à janela da cozinha a ver os carros (passatempo preferido desde muito pequenina) e a ama caiu na asneira de lhe mostrar os pais a entrarem no carro. Acenámos um adeus e ficámos a saber mais tarde que, primeiro riu-se imenso, para depois chorar quando nos viu entrar para o carro. O B. no segundo dia, já em parafuso, só me perguntava com ar preocupado, "só gostava de saber porque é que ela chora tanto!...", com cara de desconfiado. Foi preciso uns quantos dias para perceber que era mesmo de tantas férias juntos e de uma "idade" que já implica mais entendimento das coisas... Por mim, foi o argumento para continuar a amamentar: enquanto não parar de chorar por ficar sozinha, não lhe vou dar outro argumento para chorar. Bem basta um choque de cada vez...

Desmame - tentativa n.º 2

A promessa tinha de ser cumprida. Estupidamente, em vez de aproveitar as férias para calmamente a habituar a um novo ritual, esperei pelo primeiro dia de trabalho, três semanas depois de muita festa e miminhos. Não consigo justificar tamanho disparate, a não ser que andei a adiar o inadiável. Segunda de manhã, chegou a Lúcia, já a M. estava acordada. Eu não lhe tinha dado colo para não despoletar reacções desnecessárias. O B. fez a minha vez, passando o testemunho à ama enquanto fazia o biberão. Eu andava nervosamente para trás e para a frente em casa, feita zombi, sem saber o que fazer às mãos. Todo o meu ser me atirava tipo imã para ao pé dela, tendo de me contrariar a cada instante, nas minhas vãs tentativas de racionalização. A certa altura, a M. saturou-se de tanta demora e chorou. Queria-me a mim e tentava saltar do colo da sua amiga para o meu. Escuso de dizer que não correu bem. Acabei por sair porta fora, a chorar, deixando-a a ela a chorar também. O B. ainda me tentou consolar, sem grandes resultados, dizendo que o meu papel estava cumprido, que não sabia o que é que eu ia fazer quando ela saísse à noite pela primeira vez, que eu não a podia ter sempre debaixo da minha saia... Enfim, conversa que nem adianta e que chega a irritar. Só mesmo quem passa pela experiência percebe o quão fundo vai a questão, nem sequer tendo a ver com ser-se homem ou mulher. Fui-me embora de carro a chorar - por ter de ir trabalhar outra vez, por terem acabado as férias, por não poder ficar com a minha filha o dia inteiro. Todas estas razões foram elevadas a um quociente absurdo pelo sentimento que predominava: sentia-me traidora e, acima de tudo, vazia, oca. Não sei explicar melhor. No semáforo vermelho, ainda ao pé de casa, abracei-me a mim mesma para compensar o buraco gigante que se tinha construído e molhei a cara com lágrimas salgadas, com a decisão que ainda não era desta.

Desmame - tentativa n.º 1

O médico já me deu ordem aos 6 meses da M. e a pediatra confirmou - já não faz nada pela M. e faz-me mal a mim. Mas... Primeiro, li que a OMS defende a amamentação até ao ano de idade. Segundo, tenho leite que nunca mais acaba, parece-me um desperdício, para não falar no dinheiro que se poupa. Terceiro... E acima de tudo, ela gosta e eu também... Durante as férias, ainda em Quiaios, tentei mentalizar-me de que estava na altura. Já andava a fazer curativos ao mamilo há mais de um mês e achei que o bom que poderia ter já não justificava o desconforto, que gradualmente evoluiu para a dor outra vez. Por isso, tentei. Só dei de um lado e deixava descansar o outro, dando o B. suplemento para compensar. Durou dois dias. À terceira manhã, a M. chorou desalmadamente ao fim de alguns minutos a mamar. Concluí, junto com o pai, que a fonte estava a secar. Assim, passou ao biberão em exclusividade durante outras duas manhãs. E eu... A encher, a encher, a encher... Tive de tomar banho antes de ir para a praia para, com o chuveiro, aliviar as mimosas, de cheias que estavam, enquanto a ouvia a chorar por a mãe não lhe ligar nenhuma e deixá-la sem o mimo matinal. Ao terceiro dia... Não aguentei e quando ela me estendeu os braços, fiz-nos o gosto ao dedo e dei-lhe de mamar. É claro que estava decidido mentalmente que seria assim. O desconforto do peito cheio não se comparava com o desconforto da minha alma pequenina, por isso, dei o primeiro como desculpa "válida" e resolvi o segundo. Prometi ao pai que no regresso das férias daria razão à razão...

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Baby Ioga

No sábado de regresso, tínhamos uma aula experimental de ioga para bebés com a turma C. Como no início das combinações tínhamos sido avisados de que não poderia haver público, nem o pai, assumi que a informação se mantinha e fui sozinha, juntamente com a M., para as portas de Santo Antão. Chegadas lá, reencontrámos o Dunga, o Quiquinho, o Vicas e a Carolina, tudo bebés boom de Outubro e Novembro, que tinham nascido ao som do tac-tac-tac da enfermeira XXL. Afinal, os pais também podiam ir, mas como o B. já não ia a tempo, segui para a aula com a nossa pipoca. Estava um calor infernal e o ginásio ficava no fim do mundo - foi preciso subir uma ladeira, um elevador para deficientes de mecanismo estranho e mais um lanço de escadas, tudo com o carrinho, a nossa chumbinho e ainda o saco com a tralha dela... Nem imaginam como cheguei alagada lá em cima... A aula: muito bom. A M. fez quase todos os exercícios certinhos, sem grandes invenções, seguindo o que a professora cantava e fazia. É claro que teve os seus momentos de distração, querendo ir à sua vida pelo ginásio fora, que tinha tanta coisa estimulante à volta, mas com um pouco de insistência da minha parte, resultou. Em certos exercícios, demonstrou um verdadeiro prazer, outros não se percebeu. Os seus amiguinhos, melhor ou pior, comportaram-se da mesma forma. Nós, pais, estávamos com muitas dúvidas quanto a uma aula de ioga com estes nossos pimpolhos tão mexidos, ainda por cima juntos, mas afinal nem foi assim tão impraticável. Viemos embora satisfeitos com a experiência, não tanto com a mensalidade - € 62,50, uma aula por semana!!! Ninguém alinhou. É pena, pareceu-me algo de importante para o estímulo dos nossos bebés...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Já em Lisboa

Fizemos bem em regressar na sexta-feira - a descompressão de três semanas inteirinhas juntos no laró era essencial para todos nós. O fim-de-semana correu bem, regressando à rotina devagarinho, mas descobrimos como um bebé de meses apanha manhas... A M. não quer dormir na cama graças ao mau (?) hábito de passear todos os dias à noite no carrinho pelas ruas de Lagos. Assim, à noite, não querendo entrar em guerra, o B. decidiu continuar com o mesmo esquema contra minha vontade. Punha-a no carrinho e empurrava-o para trás e para a frente no nosso corredor, que é gigaaaaaaante... Resultou. Pelo menos nos primeiros dias...

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Diário fotográfico de um regresso

Voltámos na sexta-feira, por na messe as entradas e saídas serem feitas neste dia da semana e por acharmos melhor ter uns dias em Lisboa com a M., antes da brutalidade de a deixarmos sozinha outra vez, mesmo que com a sua melhor amiga. Como tínhamos todo o tempo do mundo, optámos por fazer a costa algarvia até Sagres e depois a costa vicentina até Porto Covo, parando nos locais que eu conheço, para que o B. ficasse também a conhecer. Visitámos a Ponta de Sagres, almoçámos em Vila do Bispo e parámos em Odeceixe, Zambujeira do Mar, Cabo Sardão, Milfontes e Porto Covo. Ficam aqui os registos fotográficos de um passeio bonito, em que a M. dormiu o caminho quase todo, sempre acompanhados por um vento estupidamente frio e forte.
Praia de Odeceixe
Zambujeira do Mar
Cabo Sardão
Vila Nova de Milfontes
Porto Covo

Ama

Faço aqui uma pequena pausa para dizer que a ama da M. continua no bom caminho. Precisou de falar comigo durante as férias. Depois de tratar do assunto do seu interesse, perguntou-me pela M., querendo saber quais as novas gracinhas aprendidas. Depois pediu-me para falar com ela. Pus em alta-voz e ouviu-se do outro lado o típico "Olá, cucu!" - é assim que a interpela para cumprimentar e despedir (neste caso é "tchau, cucu!"). A M. rasgou um sorriso, palrou qualquer coisa e olhou demoradamente para o telefone com ar de quem reconheceu a voz. No fim, ainda me disse que já estava com saudades dela. Foi um tiro no escuro, mas que tiro!...

A chave do carro

Como todos os bebés, não a pode ver. Tem uma fita preta dependurada, para podermos pô-la ao pescoço, que ainda a torna mais atraente. Muitas vezes, foi a dita que nos ajudou a sentá-la no carrinho e na cadeirinha do carro. Enquanto ela fazia a sua guerra para não se sentar, um de nós acenava com a cenoura e ela para a conseguir apanhar, acalmava. O problema era tirar-lha para pôr o carro a trabalhar depois... O pior foi uma noite que me esqueci dela na sua mão e atravessei o parque de campismo quase às escuras. Às tantas, o B. perguntou-me por ela e eu fiz clique - estava algures no chão... Depois de retroceder o caminho todo, encontrei-a no meio da estrada, passada a ferro por um pneu. Escuso de contar a fúria do B., certo? Felizmente, apesar das marcas de maus-tratos, funcionou, pelo que a fúria foi tempestade de pouca duração... :^)

Dedo e braços

Já sabe esticar o dedo indicador a pedido, sobretudo se for para fazer como o ET e tocar no nosso, também esticado. Já para se vestir e sair do carrinho, basta perguntar pelo braço e depois pelo outro. Põe-se a jeito, para que tais empecilhos não atravanquem o despachar do vestir e do sair do indesejável. Por vezes, já é quase instintivo. Boa, M.!

10 meses

Passou-os no Algarve. A avó, pois está claro, lembrou-se e telefonou a dar os parabéns. Nós demos uma beijoca grande a uma menina que já aponta, conversa imenso, faz o pitinho ao ovo, bate palminhas, dá mais cinco, muitos beijinhos, sabe o que é um xi-coração e não se nega a dar miminhos, assim como turrinhas, sabe o que é a boca e os dentinhos, já se aguenta uns segundos em pé sem apoio quando está distraída, e se está a revelar uma menina muito teimosa e muito crescida. Quanto a números, não faço ideia - a ida à pediatra é só em Novembro, mas afianço uns 9 kg e qualquer coisa...

Sapatos

Não costumo fazer isto, mas as imensas coisas que um bebé obriga a transportar, levou-me a reduzir as minhas coisas ao essencial. Assim, só levei três pares de sapatos: uns chinelos para a praia, uns mocassins para o dia-a-dia e umas sandálias de salto alto para as saias. Isto trocado por miúdos, significa que na prática só tinha um par de sapatos, pois os chinelos da praia estavam em mau estado e os saltos altos estavam impedidos pela minha coluna (eu é que ainda tento de vez em quando convencê-la de que não faz mal, mas ao final de uma hora, ela volta a explicar que dói). Ora, um belo dia, antes de almoço, os mocassins descoseram-se numa das ruas de Lagos - fiquei com os dedos do pé esquerdo inteiramente à mostra. Foi uma coisa esperta de se ver... Ficaram os chinelos, apesar do seu mau aspecto e os saltos altos, que ainda tentaram a sua sorte duas noites com mau resultado. Não sei se do uso, se da velhice, não é que os chanatos também se descoseram?! Andei dois dias a passear com umas coisas que me magoavam o pé, visto que a parte descosida raspava-me o peito do pé, macerando a pele. Na serra, farto de me ver a coxear cada vez mais, o B. levou-me a Portimão às compras. Ficámos com a impressão de que a cidade é grande (comparando com a pequenez de Lagos, é claro), caótica e com pouco comércio. Não deve muito à beleza. Depois de percorrermos as ruas principais à procura de uma sapataria que ainda tivesse sapatos da colecção de verão, no dia 13 de Setembro, fomos ao único Centro Comercial do sítio. Acabei por comprar em saldos uns mocassins vermelhos na Aerosoles, que não fosse pela situação, não compraria. Fica aqui o registo dos meus sapatos de "Tiáaa" que tanto fizeram o Bruno me gozar, mas que agora até gosto...

Serra

No penúltimo dia, como o vento insistia em ser desagradável, decidimos ir passear para Monchique (disse-me uma grande amiga de lá que não fomos originais - vai tudo passear para a serra quando o tempo não permite uma ida à praia). Foi um passeio agradável, com muito verde (a praga dos incêndios ainda não chegou ali) e um sol amigo. Passámos pelas termas, local prazenteiro onde demos o almoço à M., num banco de jardim, sob o olhar atento de um cão preto, de olhos fixos nos boiões, que fez as delícias da nossa filhota e mexeu com os nervos do pai. Mais uma vez, os seus sorrisos, a sua vontade de comer e os guinchinhos de alegria, conjugados com muitos apontares, puseram uns ingleses a rir e elogiar (Oh, filha! Os anormais que não se dignam perceber que estão no estrangeiro e que por isso não podem, nem devem assumir que somos uma extensão da Britânia, não merecem tais boas-vindas!...). Almoçámos no "Jardim das Oliveiras", já a caminho de Foia, por sugestão da referida amiga, comprámos uma aguardente de medronho no supermercado a conselho de uma local, que acabou por ficar como presente de anos do meu pai (49% de alcool!!!) e descemos a serra em direcção a Portimão, à procura de sapatos.

Figos

Os últimos dois dias foram sobretudo marcados por uma ventania insuportável. A nossa intenção de regressar à lagoa para a M. tomar mais banhocas quentinhas saiu gorada. Por causa disso, um dia fomos procurar uma praia mais abrigada e acabámos na Praia da Luz (a famosa da Maddie), frequentada por gente um pouco estranha, devo dizer. Como o vento não queria amainar, fomos espreitar a Ponta da Piedade, famosa pelas suas grutas. A panorâmica é bonita e o pôr-do-sol estava em plena exibição. O B. levava-a ao colo e a certa altura, parou junto de uma figueira, com a mente nos frutos que tinha visto comer momentos antes por outros turistas como nós. Apanhou um e comeu. Para variar, a M. tirou a chucha da boca e deu os seus já famosos estalinhos. O B. não foi de modas e deu-lhe um a provar. Foi um sucesso! Era vê-los à procura de mais, sendo a M. uma excelente vedora. Ela olhava fixamente para a árvore, o pai seguia-lhe o olhar e lá estava mais um. Vieram os dois lambuzados (eu, para variar, com a mania das fotos e dos filmes, nem provei...) e lavaram-se na mangueira de um senhor que lá estava. No regresso, sem alergias, a M. voltou a dormir no carro, cumprindo o ritual.

Um burro e dois cavalos

No dia seguinte, fomos ter com os nossos amigos a um restaurante conhecido dos locais e ao que parece muito bom em peixinho grelhado - o Chico Zé. O dono aproveitou a tasca do pai e aumentou o espaço, tornando-se popular graças à qualidade e aos preços baixos (actualmente, já não são assim tão baixos). Para além disso, correu o Algarve à procura de velharias e decorou o espaço exterior como se de uma quinta com caminhos para percorrer se tratasse. Fomos ver os animais que estavam ao dispor das visitas dos clientes mais assíduos - um burro, dois cavalos, galinhas e uma pavoa com as suas crias. A M., qual sua mãe, ignorou os galináceos (bicho estúpido, esse!). Achou graça à pavoa e respectivos rebentos, mas não lhes deu grande importância. Agora o burro e os cavalos... Muito bem tratados, tinham um porte extraordinário. Ao colo do B., que fez muitas festas à égua mansinha, mansinha, enquanto lhe explicava o que era, a M. olhava muito atenta, sem grandes manifestações. Estava hipnotizada por aquele animal fantástico, lindo de morrer e com uns olhos castanhos que pareciam falar. Acho que um misto de pasmo e admiração é a melhor descrição. Fiz um esforço para não lhe mexer, antecipando um colo necessário para o pai lavar as mãos, que tresandavam a estábulo. É que como sagitariana que sou, seria contra-natura não ser uma apaixonada por estes animais. Quando viemos embora, a sua única reacção foi ficar a olhar para trás até perder de vista os estábulos, percebendo-se que queria mais daqueles amigos simpáticos. Boa, filha! Fico contente.

Ria de Alvor - Lagoa

A tia Z., oriunda de Lagos, tirou uma semana de férias para percorrer a costa algarvia de uma ponta à outra na sua auto-caravana, acompanhada exclusivamente pelo marido. Assim, na sua passagem por Lagos, telefonaram-nos e passámos o dia juntos na praia, assim como a manhã seguinte. Conhecedora dos recantos da casa, a nossa amiga levou-nos à "maternidade do Atlântico", uma lagoa que fica numa das extremidades da meia-praia, cuja água vai e vem do mar e onde existe uma quantidade parva de berbigão, ostras e peixes para quem quiser apanhar. O caminho para lá não é nada evidente - é preciso primeiro que a maré não esteja cheia para se poder passar pela areia e depois atravessa-se um pontão que não é brincadeira. Felizmente, o nosso jipe ainda serviu para alguma coisa!... Estava uma ventania desgraçada, mas a água estava quentinha, confundindo-se o lugar com uma banheira gigante. Foi a grande banhoca da nossa M. Despi-a e levei-a para dentro de água, experimentando um pouco as várias possibilidades de movimentos de sereia da nossa pipoca. Adorou! Ela foi de costas, plena de confiança e sem hesitar, ela foi de barriga para baixo, mesmo com alguns pirolitos, tal era a ânsia de provar o sal, ela foi saltinhos para chapinhar, ela foi o gatinhar dentro de água. Valeu tudo. Fez as nossas delícias e as dos nossos amigos, que estavam maravilhados com aquela capacidade de apreciar a água sem medos. Mas o vento era mais que muito e já eram 6h da tarde, por isso, acabei por a tirar, só a convencendo de que isso era boa ideia com a visão de um iogurte. O B., juntamente com o tio C., dedicou-se à apanha do berbigão, que se veio a provar é viciante, e a provar o dito cru. Quanto à senhoras, encostaram-se junto a umas rochas a apreciar, tendo a tia Z. ensinado uma nova gracinha à M.: o pitinho ao ovo. Tanto lhe mostrou o dedo e cantarolou que à noite, na esplanada do café, teve o privilégio de ver comprovado o seu esforço. A M. passou os dias a mostrar o seu novo truque e muitas vezes adormeceu a fazê-lo já muuuito devagarinho...

Apontar

Gaivotas. Bicho barulhento e porcalhão que encantou a nossa filha. Quanto a mim, desde que vi o "Pássaros" do Hitchcock, fiquei com uma opinião um bocadinho diferente do Fernão Capelo - coisas da mente... Estando a messe quase à beira-mar, está necessariamente pejada de gaivotas, grandes e lustrosas. Todos os dias acordávamos ao seu som e víamos o seus voos por cima das nossas cabeças. A M. passava a vida com a cabeça no ar, a mostrar o seu interesse por aqueles animais a dançarem no céu. Nós explicávamos que eram pássaros e apontávamos para os ditos. No segundo dia, havendo um pequeno bando pousado no meio do nosso caminho, a M., ao colo do pai, fez um "ãh" exclamativo e... apontou. Ora, a nossa amiga psicóloga já me tinha explicado que não valia a pena repetir e rerepetir os nomes das coisas enquanto ela não apontasse, pois a associação do facto com a palavra só é possível a partir desse momento. Eu andava deserta por mais esta pequena grande evolução. Saltei de contente (é fabuloso como agora pequenas coisas são tão importantes...) e bati-lhe as palmas, confirmando com o meu dedo que eram pássaros. E pronto. Desde então, aponta para tudo, mas sobretudo para o céu. Que a sua postura na vida seja sempre assim: a olhar para cima e não para baixo, com optimismo e esperança. Ah! E escuso de dizer que agora passo a vida a dizer os nomes das coisas, né?!

Palminhas

Finalmente! Depois de vários meses a ensinar, tanto eu, como a Lúcia, e apenas obter como reacção uma cara de gozo pura - ficava a olhar para nós com um sorriso de sacana na cara sem mexer uma palha - persisti durante as férias com os meus ensinamentos frustrados. Todas as outras gracinhas foram assimiladas em três tempos, sem exagero, mas as palminhas... Um dia, ao final da tarde, enquanto distraída a olhar para a televisão, a segurava em cima da nossa cama, à espera que o B. saísse do banho, ouvi um som diferente. Olhei e lá estava ela! A bater palminhas para a televisão (estava a dar uma série americana)! Gritei um "Boa, M.!" e fiz-lhe uma valente festa de incentivo, ao que ela correspondeu com um sorriso de satisfação e um "tcha! tcha! tcha!" do seu palrar. A partir daí, ninguém mais a parou e hoje em dia, bate palmas na perfeição, de mãos todas abertas e a fazer barulho. Pronto, está bem, barulhinho, mas não deixa de ser perfeito!...

Banho

O quarto só tinha duche, por isso não era possível encher a banheira para a pipoca tomar banho. Para além disso, o espaço era demasiado exíguo para nos pormos de joelhos. Assim, o pai arranjou solução: tomava duche com ele. Ao seu colo, levava com uma chuveirada, depois era esfregada à jeito de gato, para depois passar-ma para o meio da toalha que eu tinha à sua espera. Só então o pai tomava o seu banho, enquanto eu a besuntava de creme e vestia. Da primeira vez não gostou muito daquela coisa esquisita que jorrava água com alguma potência, mas depois de se habituar à ideia, até se ria e tudo. Era uma palhaçada com o pai, que nem sempre parecia querer acabar. Já eu não me atrevi a tal façanha - o B. só me dizia: "parece uma enguia quando está ensaboada!...".

Comer

Não interessa o quê, nem quando, a M. adora. Temos de comer sempre às escondidas, facto que tira a graça a qualquer eventual gelado que queiramos saborear. Assim que se apercebe que existe algum tipo de alimento nas imediações, estica logo o pescoço e começa a dar estalinhos com a boca. Se nos tentarmos refugiar atrás do seu carrinho, faz um esforço enorme para espreitar para trás - por vezes, vêem-se uns olhos pequeninos e brilhantes, acompanhados por uns "uhs!" insistentes, a tentar ultrapassar a barreira da pala do seu carrinho. Eu acho que noutra vida deve ter sido um cão - parece que tudo o que vai à boca lhe cheira! Isto fez com que as horas de refeição fossem um castigo para nós. O pequeno-almoço, imediatamente a seguir à mamada do acordar, era inteiramente preenchido por côdeas de pão umas atrás das outras, que por não serem muito duras, iam num ápice. Quanto ao almoço e ao jantar... Da primeira vez, demos-lhe antes o almoço no quarto e depois fomos tratar de nós. Uma grande asneira! Passou o almoço todo a gemer e aos saltos no carrinho, subindo e descendo com a ajuda dos calcanhares (os pés parecem os do Charlot!...). Calava-se com côdeas de pão, o que a nós dava a impressão de um bebé que passa fome e se alimenta dos bocadinhos que lhe caiem no regaço... Ao jantar, aqueci o boião e levei-o para a sala de refeições. Enquanto o pai lhe dava de comer, eu servia-me (era self service) e começava a comer. Quando o boião de fruta já tinha ido todo, o B. ia tratar de si, deixando a filha a pedir mais, para cima e para baixo, como que a fazer ginástica para "desmoer". Era então que muito devagarinho, eu lhe dava bocadinhos de melão ou melancia, já preparados para o efeito. Era vê-la a suspirar de satisfação de cada vez que sentia o sabor doce daquela fruta extra. No final da semana, já todos os presentes assíduos da sala de refeições nos conheciam e começavam-se a rir assim que nos instalávamos numa mesa. Depois, era ouvir sempre os mesmos comentários: "realmente, o normal é ver bebés que não querem comer!", ou "até dá gosto de ver!", ou "mas que linda, a papar tudo!". Como a maioria pertencia a uma faixa etária acima dos 50, portanto quase todos avós ou com memórias dos filhos agora adultos, ouvimos umas quantas histórias, a maior parte de comparação. Tão pequenina e já tão popular!...

Lagoa

A tia Z., oriunda de Lagos, tirou uma semana de férias para percorrer a costa algarvia de uma ponta à outra na sua auto-caravana, acompanhada exclusivamente pelo marido. Assim, na sua passagem por Lagos, telefonaram-nos e passámos o dia juntos na praia, assim como a manhã seguinte. Conhecedora dos recantos da casa, a nossa amiga levou-nos à "maternidade do Atlântico", uma lagoa que fica numa das extremidades da meia-praia, cuja água vai e vem do mar e onde existe uma quantidade parva de berbigão, ostras e peixes para quem quiser apanhar. O caminho para lá não é nada evidente - é preciso primeiro que a maré não esteja cheia para se poder passar pela areia e depois atravessa-se um pontão que não é brincadeira. Felizmente, o nosso jipe ainda serviu para alguma coisa!... Estava uma ventania desgraçada, mas a água estava quentinha, confundindo-se o lugar com uma banheira gigante. Foi a grande banhoca da nossa M. Despi-a e levei-a para dentro de água, experimentando um pouco as várias possibilidades de movimentos de sereia da nossa pipoca. Adorou! Ela foi de costas, plena de confiança e sem hesitar, ela foi de barriga para baixo, mesmo com alguns pirolitos, tal era a ânsia de provar o sal, ela foi saltinhos para chapinhar, ela foi o gatinhar dentro de água. Valeu tudo. Fez as nossas delícias e as dos nossos amigos, que estavam maravilhados com aquela capacidade de apreciar a água sem medos. Mas o vento era mais que muito e já eram 6h da tarde, por isso, acabei por a tirar, só a convencendo de que isso era boa ideia com a visão de um iogurte. O B., juntamente com o tio C., dedicou-se à apanha do berbigão, que se veio a provar é viciante, e a provar o dito cru. Quanto à senhoras, encostaram-se junto a umas rochas a apreciar, tendo a tia Z. ensinado uma nova gracinha à M.: o pitinho ao ovo. Tanto lhe mostrou o dedo e cantarolou que à noite, na esplanada do café, teve o privilégio de ver comprovado o seu esforço. A M. passou os dias a mostrar o seu novo truque e muitas vezes adormeceu a fazê-lo já muuuito devagarinho...

Praia

No primeiro dia de manhã, por já ser tarde e não dispormos de muito tempo, fomos à chamada "praia do cagalhão" (facto que viemos a descobrir na altura), que fica mesmo em frente ao parque de campismo e por isso também ao centro da cidade. É assim conhecida porque serve a malta dos parques de campismo (tanto o nosso, como outro), as pessoas que não têm carro e ainda é palco à noite de muita outra coisa. Resultado: muito lixo, sobretudo muitas beatas e muitos bocados de plástico duro de copos partidos. Ora, a M. adora provar de tudo, por isso nessa manhã, por mais atenção que tivessemos, marcharam duas beatas e alguns bocados de plástico bicudos passaram-lhe pela mão. Decidimos com veemência não tornar lá. Assim, à tarde, pegámos no carro e fomos em direcção à meia-praia. Toda a baía de Lagos é composta por esta praia, tendo variadíssimos acessos ao longo da estrada. Experimentámos um bem longe da cidade, junto ao forte - a praia da torre, mesmo junto ao bairro dos indíos do Zeca Afonso. Depois de percorrermos um passadiço por cima das dunas, chegámos a uma extensão de areia sem fim, apenas ocupado por meia dúzia de chapéus, que pintalgavam pontualmente o areal, juntinho à água. Armámos a barraca (tenda, guarda-sol, toalhas, os brinquedos para fora do saco, a fralda de pano que faz falta por causa da areia nos olhos em segundos, eu sei lá!...) e usufruímos do tempo. A água estava fria (de manhã, nem nos molhámos), mas achei que não fazia sentido estar a olhar para aquele mar cristalino e parado e não o provar, por isso, peguei na M. e segui caminho. A partir dessa tarde, os nossos dias de praia foram assim. Uma manhã na praia que começava com uma banhoca pouco depois de chegarmos, com um iogurte ou um boião de fruta com bolacha a seguir e com muita brincadeira e muitos nãos repetitivos às tentativas de degustação dos achados na areia, terminando ou com uma soneca na tenda ainda na praia ou no carro a caminho da messe para o almoço. Por vezes, o sono teimava em não vir e nós aproveitávamos para passear pelas ruas de Lagos até à hora de comer. A seguir ao almoço, íamos à cafetaria da messe com uma vista fabulosa sobre a baía e fazíamos tempo até à hora decente de apanhar sol outra vez, passeando - pela marina, de carro à procura de outras praias, enfim, gozando de um Algarve ainda pouco estragado. A praia da tarde começava novamente com uma banhoca numa água um bocadinho mais quente, um lanche bem saboreado e mais brincadeira e mais nãos. Normalmente, adormecia no carro, no regresso, fazendo com que o pai ficasse no coche a guardar a Bela Adormecida, enquanto eu tomava banho e preparava as coisas.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A Messe

A Messe dos Oficiais de Lagos tem um edifício de quartos no recinto do parque de campismo da tropa. Com uma organização tipicamente militar (que tanto me acompanhou durante a vida), para além das infra-estruturas normais de um parque de campismo, dispõe de uma sala de refeições, uma cafetaria, uma lavandaria e um churrasco com mesinhas de pic-pic. Ficámos num quarto duplo com vista para a baía da Meia-Praia, que era arrumado e limpo diariamente. Quanto à M., apesar de lá disporem de camas para bebés, levámos a sua cama de viagem (o B., não o conhecendo, não confiava nem um bocadinho no sítio para onde íamos e à cautela quis evitar bichos e falta de limpeza indesejáveis), que depois de aconchegada por um edredão gentilmente cedido por uma das senhoras da limpeza, ficou muito mais confortável (a primeira noite foi terrível, com o fru-fru da nossa piquena a virar e revirar na cama e uma rabugice de sonâmbula, por estranhar aquela cama esquisita...). Usámos quase sempre a sala de refeições (barata, mas nada de especial) e a cafetaria com vista desafogada para a baía, que tinha um excelente bolo de chocolate e D. Rodrigos todos os dias. Foi uma agradável surpresa, até para mim, que já conhecia o sítio de há muitos anos, e uma experiência a repetir para o ano.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Deixámos os avós numa sexta de manhã e rumámos em direcção a Lisboa, para no dia seguinte seguirmos para o Algarve. Fomos para Lagos (para mim, ainda um Algarve à séria), para a messe dos oficiais, com acesso a uma sala de refeições em conta, uma semana inteirinha. Acabavam-se assim, o fazer da cama, o cozinhar, o lavar da loiça e o varrer do chão todos os dias. O B., no sábado de manhã, pegou nas malas e, antes de descer de elevador, perguntou-me de sorriso rasgado: "Vamos começar as nossas férias a sério?". Eu ia regressar a um dos lugares do meu imaginário, onde passei alguns verões com uma família amiga e um amor platónico (no último ano, com 16, iniciando-me numa discoteca, o anormal disse-me que eu dançava como uma galinha! Escuso de dizer que, não fosse a minha paixão pela dança, teria desistido das pistas de discoteca na hora...). Ia na esperança de encontrar sol e calor, sem desventuras de chuva pelo meio, um mar calmo e água quentinha (em Quiaios, ainda apanhámos algum tempo instável, apesar de só ter impedido uma visita à praia um dia, por causa da chuva que caiu de manhã à noite). Foi uma viagem pelo meu Sul - recanto de Portugal de minha eleição, sobretudo o Alentejo, que sempre teve a capacidade de me invadir pela sua imensidão e quietude. Chegados lá, instalámos-nos e fomos dar um passeio pela marginal, antecipando os dias que espreitavam do outro lado do horizonte.

domingo, 21 de setembro de 2008

Avós

Deliraram com a semana de férias com a neta. Na praia, a avó adorava brincar com ela, o que para nós era óptimo, pois dava para descansar mais um bocadinho. Mas pouco, porque em minutos a M. fartava-se e disparava a gatinhar praia fora, à procura de novos tesouros para meter na boca... Mesmo assim, era mais fácil. O avô também entrava na brincadeira e adorava tirar-lhe a chucha para lhe fazer pirraça a seguir - era um tira e quase que põe na boca, que demorava a concretizar. A M. ficava de boca aberta à espera, a tentar fechá-la sempre que sentia a sua amiga a tocar-lhe a língua, para nunca conseguir tal façanha. O avô ria-se perdidamente e ela nem sequer se irritava - limitava-se a ficar à espera. A avó conseguiu ensinar-lhe dois truques: o passou bem e... deitar a língua de fora! Estendia-lhe a mão, a perguntar "Passou bem? Passou bem?", ao que ela respondia estendendo a mão também, para ouvir a seguir "Bem muito óbrigaaaaaado! Com uma banana debaixo do raaaaabo!". Adorava. Quanto à língua de fora... Foi no último dia. Estávamos nós a arrumar a tralha (mais que muita), enquanto a avó a entretinha, aproveitando para gozar a neta mais um bocadinho a 200%. Eu bem que a ouvia rir com vontade ao longe, no meio da azáfama das malas e saquinhos. Quando cheguei ao pé delas, estava a M. no seu colo, com um ar super-divertido, e a avó a dizer "Mostra a língua, M., mostra lá". E ela cumpria! Veio a viagem toda a deitar-nos a língua toda de fora. Sim, porque a minha filha não é nada de exageros: não lhe chega um bocadinho, é até onde conseguir. E eu que não gosto nada de ver os miúdos babados! :)

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Gracinhas

Para além de se safar cada vez melhor com o estar em pé, palra imenso. O "mamã" já é algo de familiar e que é associado a pessoas, não importa quem (o pai afina e ainda corrige: "Não é mamã! É papá!"). Quando quer comer, não se fica com qualquer dúvida: dá estalinhos secos com a boca, fechando e abrindo a boca como um peixe. Para além disso, aprendeu a fazer "Juízo!" ou "Tontinho!": leva o punho fechado à testa e bate várias vezes na cabeça, com um ar demasiado cómico de quem está a gozar, para parecer que é coincidência. Este foi o pai que ensinou. Eu tentei durante uns tempos o "Tontinho!" e nada, até que um dia o B. alvitrou "Juízo!" e pegou. Pelo menos, politicamente é mais correcto... Quanto aos beijinhos, aprimoraram - quase nunca se nega a esticar o pescoço e de boca toda aberta nos lambuzar a cara toda enquanto dá um gritinho de satisfação.

Pelada na relva

O avô ficou com o jardim um bocadinho mais careca depois da passagem do furacão M. Adorava arrancar relva e, pois está claro, levá-la à boca. Era engraçado como o fazia por todo o jardim para acabar sempre no mesmo sítio...

O seu chapéu branco

Dormir na praia - onde isso já vai...

... Enquanto os avós não se juntaram a nós, contámos com a ajuda do tio F. para a entreter - tarefa muito bem cumprida, aliás - mas só em casa, porque sua excelência não gosta de praia (dá Deus nozes a quem não tem dentes!...). Assim, posso afirmar que não descansámos muito. Sempre em cima de uma super pilhas Duracell, que gatinha à grande e à francesa e aperfeiçoou a técnica de se levantar agarrada a qualquer coisa, não interessa o quê, e sempre em estado de alerta ligado na luz vermelha, por causa das suas tropelias que já são mais que muitas, chega-se ao fim do dia exaustos. Pouco aproveitei para dormir nas suas horas de sesta, por este ou por aquele motivo, por isso, à noite caía para o lado. Uma característica sempre presente das férias sozinhos com a M.: nunca passámos pelas brasas na praia como antes. Uma coisa que sabe tão bem...

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Agora afocinha

Continua a comer areia, mas agora refinou... Já não leva punhados à boca, não senhor. Agora, vai directo com a boca ao chão para comer a delícia da areia. Quando vem ao de cima, a cara às vezes parece um croquete...

Os nossos dias...

Eram passados com muita calma, disfrutando de cada momento. Acordávamos de manhã com o nosso despertador natural - a M. a palrar, entre as 8h e as 9h30. A cama de grades tem de ficar no nosso quarto, por isso é fácil de ouvir (foi uma das poucas coisas que me fizeram falta durante as férias: as noites descansadas, sem ouvir o arrulhar da M. durante o seu sono). Eu levantava-me, dava-lhe de mamar, enquanto o B. se espreguiçava. Depois, tomávamos o pequeno-almoço e preparávamos a piquena para a praia - um autêntico desafio! Uma verdadeira luta armada de "pára quieta!" e "está sossegada!" para se conseguir pôr o creme protector... Chegávamos à praia relativamente tarde para quem saía por volta das 11h00, montávamos a tenda, abríamos o guarda-sol e estendíamos as toalhas para as ver repletas de areia em segundos - missão atarefada da M. sempre muito bem cumprida. O B. levava-a à água, para lhe molhar os pés (a água estava gélida) e eu andava na areia de gatas ao lado dela, sempre a dizer um não total e completamente ignorado, para a impedir de meter e remeter conchas, pedras, lixo e ademais achados na boca - a figura era bonita... Depois, ou a M. adormecia ao colo do pai à beira da água, ou (a maioria das vezes) íamos embora por causa do calor. Houve dias em que esticámos até às 12h00 por termos a nossa pipoca dentro da tenda qual Bela Adormecida. Chegados a casa, por vezes (quando o sono ou a fome o permitiam), enchíamos a piscina do Ruca (mínima) com água quente da torneira - mordomias! - e ela tomava a sua banhoca da manhã. Almoçada, dormia uma boa sesta - algumas delas na rede comigo a cantar o "Balão do João" (chegou a fazer sestas de 3 horas, coisa inédita num ser que não gosta muito de dormir de dia...), e à tarde seguíamos novamente para a praia, para repetir tudo outra vez. Quando já não conseguíamos mais estar na praia - eramos muitas vezes dos últimos a ir embora - regressávamos para dar banho à nossa pipoca, o jantar e tratarmos de nós. A ideia era sair à noite, mas como somos um pouco (a favor!...) desorganizados, a M. acabava por adormecer, de canseira de um dia cheio, durante o nosso jantar, que acontecia sempre tarde, e já não tínhamos coragem de arrancar para a Figueira para passear.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Quase, quase...

A M. já se segura de pé só com uma mão apoiada durante uns segundos - proeza conseguida no dia 28/08 em Quiaios. Para além disso, já consegue ficar em pé, com um ligeiro suporte da nossa parte sem grandes forças. O avô paterno passou a vida a dizer, com ar inchado - "vai andar antes do ano, vai, vai!"...