É ponto assente. Viagens longas com a M. só em certas alturas do dia: ou de manhã, logo a seguir ao pequeno-almoço ou à tarde, logo a seguir ao almoço ou ao lanche. Isto porque a M. assim dorme pelo menos duas horas de sesta, momento de sono que pode ser feito sentada, fazendo o resto da viagem a refilar. Ela não gosta de estar sentada muito tempo, muito menos gosta de estar presa. Dormir à noite é na cama, pelo mesmo motivo - o mexe, o vira e o revira são pronunciados com veemência durante o sono - por isso já não resulta o truque de ir para Penedono tarde para ela fazer a viagem a dormir. Esta última viagem foi assim. Saímos depois de jantar, para ver se ela adormecia mais cedo com o embalo do carro e iamos descansados. Foi pior a emenda do que o soneto! Queria dormir, mas sempre que estava quase a adormecer, tentava virar-se de rabo para cima, algo impossível na cadeira do carro. Chorava e ficava irritada, conseguindo tudo menos dormir. Foi uma viagem de quatro horas looooonga para todos, comigo virada para trás muito do tempo, com pouco descanso e muito choro à mistura. Só quando se viu ao colo da avó é que descansou e riu-se, como se nada tivesse acontecido...
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Bofetada
Acho que a M. não vai ser daquelas crianças que se vão deixar ficar. Na ginástica, estava ela a empurrar uma salsicha, algo que ela adora fazer, quando a amiguinha B. decidiu que aquilo era dela. Basicamente, encostou-se a ela e foi empurrando para o lado, para conseguir tirá-la dali. A M. pouco contente com a brincadeira, olhou para ela e com ar de poucos amigos, sem emitir qualquer som de pré-aviso, deu-lhe um empurrão com a mão na cara. Não lhe vou chamar bofetada pois faltou o "paf", mas só faltou isso para usar essa definição... A outra, um pouco maior, não se intimidou e aqui vai disto: empurrou-a da mesma forma. Como é maior e tem mais força, fez a M. cair para trás, deixando-a sentada no chão. Foi quando eu intervi, assim como o pai da B., pois a M. já se tinha levantado e aparentava querer continuar naquele pequeno jogo, sem se sentir intimidada... Ora, vamos lá ver: nunca te deixes ficar e se te derem, dá também, mas agora começar é que não!!!
Jantar entre amigos
Convidámos a nossa XXL e a família Pocahontas para jantar num sábado lá em casa. Assim, aproveitávamos e matávamos todos saudades da primeira, a M. tinha a sua amiga só para ela por uma noite, para além de convivermos um pouco entre amigos. Para nosso espanto e deleite, a amiga XXL manteve-se firme na combinação, sem mais 500 compromissos à mesma hora e aos quais nunca consegue dizer que não, e não apareceu nenhuma grávida ou recém-mamã aflita a interromper a ceia. A M. e a Gui deliraram e fartaram-se de brincar, havendo eu sei lá quantas trocas de meiguices. A sua amiga chegava a correr para a apanhar e abraçar pelas costas, atirando-a ao chão, o que ela achava natural. Andaram de mão dada, partilharam brinquedos e jantar e riram-se imenso. Nós gozámos da companhia de uns bons amigos, que partilham ao mesmo tempo a mesma experiência que nós, dando gozo acompanhar a evolução delas e nossa como pais a par e passo. A querida XXL fez as delícias das meninas com um brinquedo para cada uma e ainda foi brindada com um "tá! tá! tá!" que a M. imitou quase na perfeição a certa altura da noite. A Gui aterrou já fora de horas, por volta da meia-noite, dormindo na cama da nossa M., deixando a nossa piquena, bem desperta, sem perceber onde estava a amiga. Perguntava-me pela bebé, e não aceitando a resposta do está a fazer ó-ó, disparava a correr para o quarto dela para a ir chamar. A partir dali, fizemos uns sprints até à porta do quarto, para evitar que ela acordasse a Gui. Já era cerca da 1h da manhã quando demos por terminado o jantar, dizendo um até à próxima a estes amigos que surgiram graças à gravidez e que tão bem nos acompanham (o objectivo de primar pela diferença é sem sombra de dúvida algo mais do que alcançado...). A M. adormeceu com o biberão, ainda perguntando pela bebé mais umas quantas vezes e no dia seguinte, quando acordou e eu lhe perguntei quem estava em casa, referindo-me à minha tia, ela iluminou a cara com um sorriso e exclamou "bebé!!!". Não, filha, não era, mas fica prometido que é uma experiência a repetir. Soube mesmo muito bem, tanto a adultos como a bebés. Um obrigada a todos pela companhia!
O gato cor de lalanja
O B. comprou uma quinta interactiva bilingue na Chicco, com os animais e respectivos sons. A coisa até está engraçada, apesar de eu achar que já não são precisos mais brinquedos destes. Fui experimentando os bonecos todos e verifiquei que, mais uma vez, como em todos os brinquedos da M. até hoje, a versão em inglês é muito mais correcta na linguagem. Por exemplo, em inglês o passarinho azul em tom paternalista, tranforma-se num blue bird very british (e não num little blue bird). Mas a pólvora, descobri-a quando cheguei ao gato cor-de-laranja... Não é que o senhor diz nitidamente "o gato cor-de-lalanja"!!! Chorei a rir. Já o B. não achou graça nenhuma e fez aquilo que ele sabe fazer tão bem: reclamou. A Chicco já respondeu, pedindo um contacto telefónico paa falarem. Sempre estou para ver o que vão dizer... ;p
Tem cocó
Já nos vem comunicar, de mão na fralda, na zona das virilhas, que tem cocó. Não se rala muito com isso, seguindo geralmente à sua vida, salvas raras excepções, em que vai insistindo nesse facto, repetindo de boquinha meia fechada "Cocó! Cocó!". Não creio que o objectivo seja mudar a fralda, pois a guerra para a deitar no muda-fraldas continua, mas sim comunicar-nos aquele facto. Pode ser que seja um primeiro passo para a aprendizagem do penico daqui a uns tempos.
Trapalhice
Nisso sai a mim... Eu não sei o que é passar por um tapete, por um móvel ou uma porta, sem o virar de alguma forma, tirar do sítio ou ir contra a ombreira. Com 36, ainda não sei o que é ter pernas sem nódoas negras, chegando ao cúmulo de me arranhar na parede de tinta de areia e magoar-me noutras partes do corpo. A M. parece que vai pelo mesmo caminho. Apesar de já andar há quase dois meses, ainda tropeça imenso, inclusive nos seus próprios pés. Então andar às arrecuas parece ser uma das coisas que a acompanham diariamente. De vez em quando, vê-se a M. a começar a dar uma espécie de saltinhos para trás, uns passinhos mais rápidos e... Pumba! Lá dá ela mais um bate-cu... Até a professora de ginástica já confirmou esta sua faceta e que é uma herança genética da minha pessoa... O que vale é que é previdente. Normalmente, olha para onde põe os pés e tem cuidado a descer das coisas. Menos mal. Assim, tem-se aleijado pouco. Quanto ao rabiosque, a fralda ainda lhe ampara a queda.
Atchim! Saúde!
Quando alguém espirra, a M. olha para mim de sorriso expectante. Eu exclamo "saúde!" e ela desmancha-se a rir. Habituei-a a isto e agora não importa quem, nem onde, é este o ritual. Agora, temos uma variante: a M. aprendeu a imitar o espirro, repetindo quase nas pontas dos pés, enquanto estica o pescoço, "Tsi!". Depois, é só eu dizer o saúde da praxe, para ela se deliciar. Um dia, estivemos nisto eu sei lá quanto tempo, acabando por perder a noção de quem se estava a rir mais.
Parece um chinês
A M. agora fala pelos cotovelos. Anda o dia inteiro para trás e para a frente, enquanto vai debitando cá para fora o seu charabia. Ela fala, fala, fala, usando imenso os sons "ati" e "atê". Conversa imenso e muitas vezes dirige-nos a palavra, sentindo-me eu incapaz de a acompanhar naquelas chinesices todas. Acho que é isso que parece: um chinezinho pequenino, muito sorridente, muito mexido e muito conversador, ignorando o facto que nós, seus interlocutores, não falamos a sua língua.
Outras palavras
- maínho - cavalo marinho
- pó - porta
- ta - flauta
- pá - palmeira
- body (com pronúnica perfeita!)
- pin - pintainho
- pinpin - pinguin
- nhonha - anona
Horários de sono
A pediatra perguntou-me qual era o horário. Respondi-lhe que não tinha. A única coisa consistente é no adormecer tarde - nunca antes das 23h30. Já o acordar era conforme, sabe-se lá do quê... Tanto acorda às 9h00, como às 12h00, como a meio da noite, ficando acordada mais de duas horas, obrigando-nos a levantar de madrugada. A Dra. Margarida aprovou o biberão da noite apenas porque era essencial para a adormecer, senão era de eliminar, e concluiu aquilo que nós já sabíamos: que há crianças sem padrão de rotina no que toca a dormir. É aguentar e fazer os possíveis por implementar um horário, mas sabendo à partida como isso seria difícil. Usou uma boa expressão, que me parece bastante adequada: cá em casa vive-se uma pequena ditadura, que gira em torno da rainha que põe e dispõe. O que fazer? Aguentar... Depois da médica dizer isto, não há muito a fazer. Uma explicação possível é o facto de a M. estar numa idade em que o cérebro absorve tanta informação que é normal que tenha mais dificuldade em desligar e descansar. Outra, é o facto de estar em casa e não ser obrigada a acordar sempre à mesma hora e a gastar energias no infantário. Seja qual for o motivo, agora, ficamos contentes quando o biberão resulta e não é preciso ir para o chão do quarto, esperar que ela adormeça, por vezes até uma hora e meia, ficando com o rabo quadrado...
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
15 meses
Fomos à consulta dos 15 meses no dia a seguir a celebrar a data. A pediatra, de quem sou cada vez mais fã, ficou espantada com a criança. Assim que entrámos no consultório, a M. foi para o chão e foi ter com ela. Esta tem um saquinho com brinquedos para entreter a miudagem, tendo entre outras coisa, uns cubos ocos que têm ao centro um animal. São umas coisa pequenas, que nada têm de evidente para uma criança tão pequena. A M., encostada às suas pernas, às tantas diz do nada "cão!". Como não vi nada, questionei-a, enquanto procurava o cão. A médica, ao mesmo tempo, fez um gesto de boquiaberta e respectivo fechar da boca e disse: "Estou parva! Oh mãe! O cão está aqui!". Dentro do dito cubo, estava um cão malhado mínimo, que a M. identificou quase de imediato. Depois de uns minutos com ela, chamou-lhe atrevida e confirmou aquilo que já sabíamos - a M. está hiper-estimulada e já diz imensas coisas. Deu os parabéns à ama e aos pais pelo trabalho feito. Não queria crer quando lhe contei o que a M. responde quando se lhe pergunta pelo pai, dizendo de seguida "pão" e "papa", repetindo aquilo que a Lúcia lhe ensinou: que o pai foi comprar pão e papa. Ao que parece, aos 15 meses não é evidente associar dois conceitos a uma ideia e muito menos expressá-los. Quando lhe falei na ginástica e na natação, riu-se e perguntou a brincar se também não estava no inglês, ao que eu lhe respondi que ainda ponderámos, mas já não nos era possível suportar mais uma actividade. Não fez mais comentários... :) Quanto a números... Tem 10 dentes: 4 em baixo e 6 em cima. Tem 77 cm de altura, ou seja, está entre o percentil 50 e 75. Continua cabeçuda, estando no percentil 90. E... Tem 11,760 kg, ou seja, percentil 90... O comentário foi "Está fofa...". A pediatra não se mostrou excessivamente preocupada, mas frisou que o seu dever é não deixar que a M. seja "fofa". Assim, manteve a "dieta" que eu lhe impus: uma refeição mais completa ao almoço e só sopa e fruta ao jantar. Sendo a sopa sem carne ou peixe,visto que ao almoço já come a quantidade diária necessária. Escuso de dizer que o tradutor interno do B. foi ouvir "fofinha", desdramatizando por completo a parte da M. estar gordinha... :) No final, enquanto a observava, a palavra de ordem da pediatra foi: "Não se preocupem com a vossa filha! Ela está gloriosa!", explicando que desde a última consulta, três meses antes, ela evoluiu imenso e dando-nos a entender que em matéria cognitiva e de desenvolvimento está muito acima da média. Não podia em mim de inchada. E o pai, então rebentava pelas costuras... Que bom que é saber que o esforço está a compensar!
Já endireita a chucha
Finalmente, já dá pela diferença. Agora, sempre que enfia a chucha na boca, endireita-a se esta ficar de cabeça para baixo. Já não tem razão de ser, o espanto de muita gente, quando a via a chuchar a sua pêpê ao contrário.
Aninha-se
A M. está mais mimalha. A criança que não quer muitos apertos ou colo, já o pede, de braços esticados e dizendo "có!". Depois, tem momentos. De manhã, chega a aninhar-se, muito aconchegada, de queixo apoiado no nosso ombro, com um ar de satisfação só visto, sem se mexer, só a disfrutar daquele momento só nosso. Eu chamo-lhe o miminho da manhã e sabe-me que nem ginjas! Mas, com isto não quero dizer que já gosta de colo à séria. Apenas já aprendeu a oferecer-se, e a nós também, bocadinhos destes, que por serem curtos e poucos, têm muito mais valor.
Manhãs difíceis
A M. entrou numa fase mais complicada. Está muito apegada a nós, sobretudo a mim. As segundas-feiras são terríveis, com choro à mistura e muitos chamamentos da minha pessoa. A Lúcia chega a mentir, quando lhe telefono, dizendo que não, que foi só quando nós saímos de casa de manhã, que depois passou, para, no final da tarde, quando chego a casa, me confessar que a M. passou o dia a perguntar por mim e a chorar. Acorda cedo, apanhando-nos ainda em casa, apesar de não ter dormido tudo e não me larga. Até parece que tem um radar que detecta movimento e a avisa que está na hora de sairmos, por forma a nos impedir. Nem me vestir em condições consigo, com ela a esticar-me os braços e a pedir colo, enquanto choraminga meia desesperada. Mal ouve a chave na porta e percebe que é a Lúcia a entrar, desata num pranto que até dá dó. Depois de sairmos, ainda demora uma hora ou mais a conseguir adormecer outra vez, para dormir o que ainda falta. Um dia, chegámos a sair meios a correr para não prolongar o sofrimento. Custa-me horrores deixá-la e tenho vontade de ceder e ficar. Bem sei que é uma fase, que se habitua, mas não deixo de ficar impressionada com aquele ser pequenino a chorar pelos meus colo e miminhos.
Costas acima
Apesar de já ter quase 15 meses, ainda não me livrei dos cocós que saiem pela fralda, que borram a roupa toda, chegando à terceira camada, e mesmo até ao pescoço... Desta vez, foi literalmente até meio das costas e mais uma vez saltou de seguida para o lavatório para se lavar. Oh filha! Então isso nunca mais acaba?!
Vaidosa
Mais uma prova de que à mãe não sai nesta característica, que parece cada vez mais vincada. A M. não tem muito cabelo, mas os caracóis já começam a dar o ar da sua graça, dando-me vontade de comprar coisas giras. Há uns tempos, na vã esperança de que até lá tivesse motivos para a usar, comprei-lhe uma fita cor-de-rosa com umas flores brancas, para a festa de anos. Já dá para tentar imaginar como será, e com um bocadinho de boa vontade, a fita já pode ter uso (acabo sempre por desistir de a pôr, por achar que se calhar ainda não se justifica, mas em casa vou fazendo experiências...). Assim, pu-la no cabelo e para a convencer a mantê-la no sítio, exclamei "Ai, tão linda! Que linda que ela está!". A minha filha endireitou-se, levantou a mão e de palma da mão virada para cima, fez um gesto como que a ajeitar uma farta cabeleira nas pontas (imaginem uma senhora a confirmar que as pontas estão todas enroladas para dentro), com um ar muito feliz. Disse-lhe para se ir mostrar ao pai, o que ela prontamente cumpriu, dirigindo-se à sala. Este exclamou o mesmo, deixando-a ainda mais feliz. Era vê-la a andar de um lado para o outro a revirar as mãos como quem dança sevilhanas, sem nunca tocar no cabelo, e olhando para nós com um ar inchadíssimo. Pirosa!!!
Tontas!
Muitas vezes, é assim que a chamo. A ama adoptou o mesmo termo, doirando a pílula de vez em quando para "tontita". Não é que a míuda apanhou a coisa e agora também diz "tonta!" ou "totita!"? Se lhe perguntarmos quem é tonta, ela imediatamente ri-se à malandra e responde na mesma moeda umas quantas vezes. Para além disso, algumas vezes, do nada, sai-lhe a palavra, sempre com a mesma cara de quem pregou alguma e ri-se, ri-se. Não sei o que é mais engraçado: se o ar de gozo que põe, como de quem sabe perfeitamente o que aquilo quer dizer e acha piada que seja verdade; se a entoação que lhe dá, como se fosse uma madeirense, mesmo uma viloa profunda, com o seu "toanta!"... Até parece que conhece as suas raízes naquela ilha...
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
O clic na natação
Até há pouco tempo, a M. considerava a natação uma pausa kit-kat. Adorava, mas para ficar de molho e boiar à custa do esforço do pai, enquanto os outros colegas se esforçavam por mergulhar e chapinhar. A professora não parecia muito preocupada e eu francamente achava que um dia isso iria mudar, apesar de me aborrecer ela parecer andar ali por andar. A paciência tem as suas virtudes e é bem verdade. Um dia, em finais de Janeiro, numa aula, a M. começou a fazer chap-chap quando solicitada. Ficámos espantados com o ar dela de quem já fazia aquilo há imenso tempo. Desde então, participa, mergulha, chapinha imenso e diverte-se muito mais nas aulas. E a professora agora já investe mais na nossa M. e vai-lhe dando desafios cada vez mais difíceis. Ora até que enfim, que fez o clic!!!
Thá!
Habituou-se a chamar ao líquido que se bebe do biberão, com excepção do leite, "thá!", ou seja chá. Isto porque ao princípio, bebia mais chá do que água, para se habituar a esta, algo difícil de início. Assim, hoje em dia, um biberão com água é "thá!". Até aqui nada de novo, desde há muito. Giro, giro foi um dia a M. entrar na zona da piscina, e com um ar deliciado, apontar para a água e gritar de felicidade: "Thá!!!". Escuso de dizer que me desmanchei a rir, certo?
Cabeça molhada
Banho é com ela, e até vai para a porta da casa-de-banho quando chega a hora, dizendo com um ar feliz "Bã! Bã!". Ponho alguma água na banheira e lavo-a toda, passando pela brincadeira com a bonecada. No final, ligo o chuveiro e vou brincando com o jorrar da água e as suas várias partes do corpo, para se habituar a banhos mais calmos e banhos mais rápidos. Porém, quando começo a dar o banho tenho que esclarecê-la logo se é dia de lavar a cabeça ou não. Isto para prepará-la, pois a M. detesta lavar o cabelo. Se avisar que é dia, é mais fácil depois. Assim, que começo a molhar a cabeça, põe-se em pé num ápice, tenta espetar a cabeça para fora da banheira, enquanto choraminga em tom de refilanço. O champô já não faz confusão, voltando ao mesmo quando lhe volto a molhar a cabeça para o tirar. Cheguei à conclusão de que o problema está na água nos olhos. Mas só no banho em casa, pois na piscina, este problema não se coloca. Ou melhor, não gosta do chapinhar por causa da água na cara, mas não refila. O mais engraçado, é quando ela refila com a água. Quando entende que já chega, ou seja 30 segundos depois, começa a dizer "Já tá! Já tá!". Com o tempo, tem vindo a melhorar, mas continua a não gostar.
A nossa cama
Só serve para uma coisa: coboiada. Dormir que é bom, é uma função que a M. desconhece. Se nos lembrarmos de a levar para lá de manhã, para gozarmos um pouco da ronha matinal de fim-de-semana, a única coisa que conseguimos com isso, é levantarmos-nos mais depressa ainda. Isto porque a M., assim que se apanha em cima dela, põe-se em pé e anda de um lado para o outro, espreita para trás da cabeceira, atira-se de rabo ou mesmo de cabeça, dando valentes mergulhos. Nós ficamos com o coração mais acelerado, por causa das possíveis quedas e batidas de cabeça e não descansamos nada. Tentar deitá-la e encostá-la a nós, independentemente da hora, seja a meio da noite ou de manhã, tem sempre o mesmo resultado: uma enguia enérgica que ficou presa na rede e se quer soltar. É que nem para ela é boa e tenta aproveitar o bem-bom!!!
Vó
Foi a primeira e única vez que lho ouvi. Ao telefone com a avó, saiu uma só vez da sua boca e depois fugiu. A avó ficou triste por não ter ouvido, mas eu reconfortei-a, assegurando-lhe de que irão sair muitas e muitas mais "avós" da boca dela daqui para a frente. No entanto, até hoje não repetiu... Se calhar, é mau feitio... ;)
Sangue
Foi a primeira vez que o vimos a sair da M. Foi na brincadeira do xó-xó, uns dias depois, pois ela tinha um brinquedo na mão que ia roendo enquanto cavalgava, até que este se espetou na gengiva com um pouco mais de força. Ela chorou, o pai stressou e ficou sem saber o que fazer, enquanto eu lhe dizia para procurar o biberão da água para tentar estancar com o frio. Lá se apercebeu do que eu pretendia e reagiu, tendo eu de acalmar dois em vez de um. Não foi nada de especial, mas aquele sangue vermelho a sair da boca fez-me impressão. Mas como disse ao B., não será a última vez e se calhar esta nem foi das piores...
Xó-xó do pai
Xó-xó ou às carrachitas são as expressões que lá para cima se usam para as cavalitas lisboetas. Esta proeza é só do B., pois eu não tenho costas, nem força para tal, sobretudo quando estamos na rua e dá jeito pará-la por uns momentos. Ora, uma noite, ele decidiu experimentar fazer de cavalo à séria. Pôs-se de gatas e pediu-me para a segurar em cima dele. Foi andando pelo corredor, enquanto imitava o relinchar e o balancé daquele animal. A M. delirou. Riu-se imenso e segurava-se como podia naquelas costas enormes da sua perspectiva. Não é que quando ele parou, de cansaço, ela, qual amazona experiente, deu aos pés como que a picar o cavalo?! E resultou, porque o pai, apesar de ofegante, achou-lhe tanta piada que arrancou outra vez. A brincadeira só parou quando as forças lhe faltaram e era vê-la de volta dele, a pedir mais e a tentar empoleirar-se outra vez.
Beijinhos
Começou por dá-los a pedido de boca aberta, tipo peixe. Molhava um bocadinho, mas nada de extraordinário. Depois, aprendeu a fechar a boca e fazer um biquinho muito discreto. Agora, escancara a boca de par em par e espeta a língua de fora! Mais um bocadinho e parece um cão a querer lamber a malta de felicidade... Há quem estranhe, como a amiga Gui, que ficou a olhar para ela com um ar de "mas afinal o que é que tu queres com essa língua?...".
Mãe! Mãe! Mamã!
Agora, é assim... Só o meu nome é que surge no meio do escuro da noite e atravessa o corredor até ao nosso quarto. Sempre que acorda é aqui a je que é chamada à recepção... Isto porque durante demasiado tempo, quando ela acorda a meio da noite e choraminga, o B. não ouve e como tenho pena, levanto-me sempre eu. O pai agradece, ficando no seu canto e dando alguns coices suaves, para eu me levantar. Assim que entro no quarto, põe-se em pé, pede-me colo e vai dizendo baixinho, com ar ensonado, "mãe! mãe! Pai?". Quer-me a mim para perguntar pelo pai!!! Não há direito... Um dia, impus-me e obriguei o B. a ir no meu lugar. Foi recambiado. Devolvido à procedência. Berrou e chorou até aparecer a mãe. Uma mãe cheia de sono, aborrecida e mal-disposta, que nem foi muito querida, mas mesmo assim era a mãe... Enfim, com o tempo habitua-se outra vez à figura paterna a meio da noite. Nem que para isso, tenha de chorar um pouco mais.
Horário de sono
Adormece à meia-noite, uma da manhã. Isto implica que não se consiga fazer rigorosamente nada à noite em casa. A nossa menina precisa de muuuuita companhia e apesar de saber brincar sozinha, quando nos apanha em casa (especialmente a mim), só quer é atenção. Há que compreender: a rapariga passa o dia em casa com a ama, por isso quando o universo aumenta para mais dois, aproveita todos os bocadinhos com as restantes pessoas que compõem o seu mundo. Isto é tudo muito bonito, não fosse o facto de já não ter tempo para mim. A seguir ao jantar, tenho de ir logo para o chão da sala ou do quarto e brincar como já não me lembro de brincar há muito. O cansaço às vezes já espreita, mas é só do meu lado. Ela está fresca que nem uma alface ou faz por estar, pois a sua política é: "Render ao sono? Nunca!". E consegue... É claro que também ajuda dormir até às 13h00, não é verdade... Sim, porque a madame dorme seguidinho, de fralda cheia até mais não, na boa até à hora de almoço... Ao fim-de-semana sabe bem, mas não sei se as noites sem tempo compensam...
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Beijinho mágico
Adoptei esta técnica para quando ela se magoa. Dou um beijinho e depois sopro para fazer desaparecer a dor. Resulta sempre, a não ser, é claro, que seja uma dor intensa. Assim, ela já se habituou a vir ter connosco de mão levantada a fazer que chora e a dizer "Mão! Mão!", a solicitar o serviço de reparações rápido. Até aqui nada de especial. Até ao dia, em que veio ter comigo à cozinha, meia dobrada, de rabo espetado, com as duas mãos a apontar para o dito de fraldas e a chorar. Tinha caído de rabo em cima de um brinquedo no quarto e aleijou-se no seu bum-bum. E agora estava a solicitar o beijinho mágico no dito!!! Não deixei de cumprir o meu dever de curandeira, mas por entre muitos risos...
Dáti!
Quando a M. não adormece com o biberão, deitamo-la e sentamos-nos no chão ao lado da cama até ela adormecer. É peremptório ter companhia para não desatar num pranto desalmado e nós já nos rendemos às evidências de vez. Mas, a nossa M. não se fica só assim. O normal é fazer trinta por uma linha até acalmar e tentar adormecer. Senta-se, levanta-se, salta agarrada à grade, esfrega a cara no colchão de rabo espetado, dá com as pernas nas grades, espeta as mãos para nos sentir. Enfim, qualquer coisa serve para espantar o sono, não importando o quão exausta já esteja. Quando sou eu a ficar com ela, acabo por me zangar e digo-lhe uns quantos "deita-te!" ríspidos para a impressionar. A reacção é sempre a mesma: mergulha imediatamente e fica sossegada... 2 minutos! Depois, volta ao mesmo. Assim, o meu "deita-te!" ainda sai umas quantas vezes até ela não voltar a levantar-se e devagarinho ir adormecendo. No outro dia, a M. olhou para mim durante o dia no quarto e disse "dáti!". Não percebi e a ama disse-me que tinha estado com aquilo durante o dia, mas ainda não tinha apanhado o que era. A M. voltou ao mesmo, apontando na direcção da cama. Ao fim de umas quantas insistências, percebi. Estava a apontar para a cama e a repetir o que eu lhe digo à noite...
Bebé
Ou seja, Gui. A sua amiguinha de eleição é sinónimo de ginástica e a sua cara de felicidade no carro em direcção da aula, enquanto vai repetindo vezes sem conta "bebé!", como quem diz que vai voltar a ver a amiga preferida, já é conhecida até da ama, que lhe vai dizendo que sim, que vai ver a Margarida, até meio caminho, ao aproveitar a boleia até perto do metro.
Pulseiras modernas
Sopa
Continua a marchar, mas tem de ser densa. Ou é um creme espesso ou uma sopa com muita coisa para mastigar e pouca água. Cá sopas ralas não são para o seu bico. Chega a chorar assim que a vê, se nãof for do seu agrado. E não convém ver o segundo prato antes do tempo, senão manda a sopa à fava... A ver se ela não sabe o que é bom?!
Já tá!
É a frase que a M. usa sempre que acha que já chega. Não interessa o quê: desde o mudar da fralda ao vestir, passando pelas brincadeiras quando já se saturou. Olha para mim com um ar decidido e diz um perfeito "Já tá!". Tenho de lhe dizer que está quase e que já falta muito pouco, para ela perceber que já não demora. Agora adoptou esta técnica quando come. Por vezes (nem sempre!!!), abana a cabeça e diz-me o "já tá!" típico, de sorriso na cara. Se lhe pergunto se quer mais, ela volta a abanar a cabeça e vira a cara. Mensagem recebida, filha!
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
2 colheres
Já quer aprender a comer. Isso implica várias coisas. Primeiro, muita mão, roupa, cabeça, cadeira e mãe sujas. Segundo, muito mais tempo disponível para estes momentos do dia. Terceiro, a necessidade de termos duas colheres a uso em cada refeição. Enquanto uma serve para lhe levar um pouco de comida para a boca, a outra serve para ela ir treinando. Depois, vamos trocando. Enquanto ela mastiga a comida e a colher, eu dou-lhe mais uma colherada para a boca. O normal é virar a colher ao contrário quando esta está a chegar à boca, fazendo com que a maior parte da comida caia no colo ou no chão. Por causa disso, por vezes convenço-a a ajudá-la, segurando-lhe a mão enquanto a colher vai do prato até à boca. É engraçado assistir a esta aprendizagem, mas confesso, que tenho de fazer um esforço para ter paciência e aguentar-me firme enquanto vejo a comida escorregar pela barriga abaixo... Ah! E sopa ainda não tem direito a tentativas independentes... O máximo que permito é agarrar na colher quando esta já está a chegar ao seu destino e sempre com a minha ajuda. É que a única vez que não o fiz, até as pestanas comeram sopa!!!
Bolas e bolas de sabão
Já sabe que há sempre uma altura com bolas e outra com bolas de sabão na aula de ginástica. De tal forma, que quando lhe falo na ginástica ela imediatamente me diz "bão!". Depois, já no ginásio, de tempos a tempos vai até à porta onde as coisas estão guardadas e aponta, dizendo "Bão! Bão!". Quando chega o momento tão esperado, a M. dirige-se rapidamente para a professora e costuma ser das primeiras a receber a bola amarela. Depois, é vê-la aos pontapés à bola, normalmente sempre com a esquerda, como a professora me chamou a atenção. É isso, ou pedir-me para fazer cestos no cesto de basquete que há no ginásio. Mas é engraçado, apesar da sua paixão por aquele esférico amarelo, e até tentar roubar mais bolas aos restantes colegas de aula, quando chega a hora de a entregar, a tarefa é facílima. Basta cantar a canção do arrumar e ela parte prontamente na direcção da professora de braços estendidos. Com esta paixão e a mania de dançar por dá cá aquela palha, ou vai ser futebolista ou bailarina, a miúda!
10 minutos
Li no blog de uma grande amiga, que tal como eu, se preocupa a 300% com o bem-estar da sua filha. É bom saber que fazemos o que deve de ser e que mantemos firme os sentimentos dos nossos filhos... É esse o nosso objectivo: fazê-los felizes e com isso sermos também felizes.
Mário Cordeiro, pediatra, disse na semana passada numa conferência organizada pelo Departamento de Assuntos Sociais e Culturais da Câmara Municipal de Oeiras, que muitas birras e até problemas mais graves poderiam ser evitados se os pais conseguissem largar tudo quando chegam a casa para se dedicarem inteiramente aos seus filhos durante dez minutos. Ao fim do dia os filhos têm tantas saudades dos pais e têm uma expectativa tão grande em relação ao momento da sua chegada a casa que bastava chegar, largar a pasta e o telemóvel e ficar exclusivamente disponível para eles, para os saciar. Passados dez minutos, eles próprios deixam os pais naturalmente e voltam para as suas brincadeiras. Estes dez minutos de atenção exclusiva servem para os tranquilizar, para eles sentirem que os pais também morrem de saudades deles e que são uma prioridade absoluta na sua vida. Claro que os dez minutos podem ser estendidos ou até encurtados conforme as circunstâncias do momento ou de cada dia. A ideia é que haja um tempo suficiente e de grande qualidade para estar com os filhos e dedicar-lhes toda a atenção. Por incrível que pareça, esta atitude de largar tudo e desligar o telemóvel tem efeitos imediatos e facilmente verificáveis no dia-a-dia. Todos os pais sabem por experiência própria que o cansaço do fim de dia, os nervos e stress acumulados e ainda a falta de atenção ou disponibilidade para estar com os filhos, dão origem a uma espiral negativa de sentimentos, impaciências e birras. Por outras palavras, uma criança que espera pelos pais o dia inteiro e, quando os vê chegar, não os sente disponíveis para ela, acaba fatalmente por chamar a sua atenção da pior forma. Por tudo isto e pelo que fica dito no início sobre a importância fundamental que os pais-homem têm no desenvolvimento dos seus filhos, é bom não perder de vista os timings e perceber que está nas nossas mãos fazer o tempo correr a nosso favor. (in Boletim de Julho da Acreditar)
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Rabo assado
Não. Assadíssimo... O dia com o avô teve um senão. O normal é pedir-lhe para ficar com ela só meio dia, pois apesar do jeito que tem para tomar conta dela, fazendo cambalhotas e vendo livros, entre outras coisas, o mudar da fralda é mais crítico. Para além de se baralhar um bocado e demorar a perceber qual a frente e qual o verso, quando é cocó o resultado não é bom. Isto porque os cocós da M. são extremamente moles e por isso borram, literalmente, tudo. Ora, tratando-se de uma menina, há sítios mais recônditos do que outros a limpar... O meu pai nem tem ideia. Nem vale a pena explicar, porque em sítios bem mais óbvios a coisa também não fica bem limpa, para além do que por vezes até a roupa fica um pouco mal-tratada... Resultado: ao final do dia, a M. tinha feito 3 valentes cocós, todos limpos pelo avô. A primeira coisa que fiz quando cheguei a casa foi enfiá-la na banheira, antecipando um pouco esse ritual. Quando tentei lavar-lhe a papoilita, como carinhosamente diz a tia P., desatou num berreiro inacreditável. Quando fui ver... Até me doeu. Estava vermelha desde a frente até atrás e não havia cantinho poupado... Foi um castigo para a lavar, depois para a limpar e sobretudo para lhe mudar as fraldas seguintes. Liguei para a tia XXL, pois está claro, que me sugeriu limpar sempre com esguichos de soro fisiológico, em vez de toalhitas (eu uso sempre compressas não esterilizadas e água), secar sempre com o secador do cabelo a frio e muita pasta de zinco. Avisou-me da possibilidade de ficar em ferida, o que felizmente não aconteceu. A sua cara de alívio com o secador até dava dó... Ainda demorou uns dias a curar e nós aprendemos para todo o sempre que um dia inteiro com o avô dá mau resultado. Ele, coitado, nem chegou a saber, para não ficar com problemas de consciência...
Dia com o avô
A ama adoeceu e faltou uns dias. O meu pai prontificou-se a ficar com a neta e sem ele dar por isso, calhou-lhe o dia inteirinho... Habituado a só ficar de manhã ou só à tarde, teve de se arranjar desde as 8h30 até às 18h00, hora a que eu cheguei. Parece que brincaram o dia todo, sem sestas pelo meio, tal foi a excitação. O meu pai só me dizia "ela não pára!" e ela encantada ria-se. Depois de jantar, em questão de minutos, a M. aterrou na cadeira de comer e já não conseguiu mais ter qualquer reacção. Liguei para o meu pai, para lhe perguntar algumas coisas e atendeu-me a tia. O avô, disse-me ela, estava no sofá a dormir, depois de ter discursado uns momentos sobre a actividade imparável da neta. Assim, naquela noite, duas pessoas com tendências noctívagas, e com a mania que dormir é só muito tarde, adormeceram por volta das 21h00, coisa inédita na família... Ficaram os dois derreados com a aventura do dia!...
Tunga! Pumba! Pum!
Quando a M. cai, costumo dizer "Pumba!" para ela não se assustar. Quando a empurro no carrinho, nos momentos em que ele embate nas paredes, grito "Pum!". A M. pegou nisto tudo e somou-lhe mais um - "Tunga!". São os sons que ela usa quando algo cai no chão ou vai contra qualquer coisa, independentemente de ser ela a tirar ou não. É engraçado o ar de safada que costuma pôr ao dizer estes sons...
Já espera
Quando acorda de madrugada, geralmente faço-lhe o biberão da manhã para ver se a menina adormece outra vez. Habitualmente, isso implicava guerra: aquela hora da manhã, ela quer é colo e eu já não consigo fazer o biberão enquanto tento aguentar aquele peso. Por isso, costumávamos ter choro até conseguir ir para o colo com o dito na boca. Desta vez, correu melhor. Levei-a ao colo para a cozinha enquanto lhe explicava que ia fazer o biberão. Ela olhou muito séria para mim e depois sorriu de orelha a orelha. Quando chegou a parte de a sentar no chão, lá lhe expliquei o porquê e pedi-lhe para ficar muito sossegadinha. Não é que desta vez a impaciência perdeu a vez?! Ficou ao meu lado, sentada em cima do tapete da cozinha, muito séria, enquanto me ouvia a explicar os passos todos da feitura do seu leitinho. Nem queria acreditar! Depois, levantou-se e calmamente, deu-me a mão e, de Lola na outra, foi mansamente atrás de mim até à sala. Fez-me lembrar aqueles postais queridos de meninos com um boneco a arrastar pelo chão. Que bom que é já não haver estes cinemas! Mas, atenção! É só de vez em quando, porque a impaciência ainda é uma das suas grandes características...
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Escova de dentes
A menina gosta de trincar. Ou melhor, gosta de morder quando apanha alguma coisa dentro da boca. O resultado são muitos gritos quando chega a hora de lavar os dentes com a dedeira... Gritos nossos, entenda-se... Já tentei de tudo para ela parar, mas como nada surtiu efeito e ela continuava encantada com essa nova brincadeira, desisti e passei à escova de dentes. Agora, esfrego primeiro eu, para depois passar-lhe para as mãos aquela coisa gira, com uns pêlos espetados e que até são fáceis de arrancar. Não está nada fácil a tarefa de lavar os dentes...
Processo cognitivo
De repente, sentimos uma diferença enorme na M. em termos de compreensão. Já percebeu por completo a lógica do encaixe das formas nos buracos dos seus vários brinquedos com essa função. Já reconhece a maior parte dos animais que tem, desde os animais da selva à ovelha e aos bichos aquáticos do banho. Percebe aquilo que lhe pedimos, desde o ir mostrar ao pai, ao sentar, ao deitar ou desempenhar certa tarefa numa brincadeira. Já responde a algumas das nossas perguntas, como se quer mais, se gosta ou qual das coisas quer. Já reconhece os membros da família mais chegada pelo nome, apesar de só os ver muito de vez em quando. É um caminhar sempre em frente que nos surpreende e encanta.
Uvas
domingo, 18 de janeiro de 2009
Mais palavras
O normal é apreender uma das sílabas, regra geral a primeira. Algumas delas já são velhas, às quais atribuiu mais do que um significado.
- cacol ou cucol (caracol)
- ti (tigre - já era tio)
- ca (cavalo ou macaco)
- Nana (banana)
- nhona (anona)
- pê (pêra - que já era peixe)
- pu (pomada)
- bão (tubarão - que já era bolas de sabão e balão)
- tê (estrela)
- pupu (peru)
- e uma vez disse com um ar muiiiito malandro, "papinha"!!!
Aos pares
Os seus amigos funcionam aos pares, um para cada mão: o peixe de borracha (a Doris do Nemo) é com a tartaruga (da mesma colecção); o tigre com o elefante (ambos de plástico); a ovelha com o ornitorrinco (de peluche, provenientes da Nova Zelândia e da Austrália); o caracol e a abelha de madeira; e duas bolas do jogo de eleição.
Crises de nervos
Passou a isso, a exteriorização do seu mau feitio. Fica logo zangada, faz cara feia, chora alto, anda de um lado para o outro, enquanto vai abanando os braços ou batendo com as mãos uma na outra, como se estivesse a sacudir a farinha. Tenho três formas de a parar: ou ignoro, ou fico a olhar muda com uma cara mista de incrédula e reprovação, ou pergunto-lhe o que é isso com cara séria. Costumam resultar as três, mas a primeira é a mais eficaz. Espero sinceramente que seja só uma fase...
À terceira só cai quem é burro...
A terceira tentativa de me deitar as unhas, uns dias depois, foi apenas isso - uma tentativa. Assim que encostou a mão à minha cara e viu o meu ar, segundos antes de eu levantar a mão, parou e ficou com os dedos em posição, encostados à minha bochecha, com uma cara de "será que vou a tempo?". Foi. Depois, fez-me uma festinha, mas daquelas pouco meigas, como que a disfarçar o primeiro gesto, mas o suficiente q.b. para mesmo assim eu perceber a intenção original. Não voltou a repetir a gracinha até hoje.
Segunda palmada
No dia seguinte, pelo mesmo motivo. Desta vez, o pai nem se apercebeu, só dando conta depois de me ouvir dizer um "Madalena!" muito feio. Ela olhou para mim, olhou para o pai, continuando com essa reacção, alternando o olhar de um para o outro. O B. perguntava-lhe o que se tinha passado e o que tinha ela feito, com um ar sério e eu mantive a minha cara de zanga. O cómico é que quando olhava para mim fazia cara séria, como que a avaliar a situação, quando olhava para o pai, fazia o beicinho genuíno, como que a ameaçar o choro. Mas choro que é bom? Nem vê-lo!!! Segurou-se e aguentou-se à bronca como gente grande. Ou seja, com o pai fica mais sentida do que comigo... O final da história também foi igual: beijinhos distribuídos e muito sentidos, pelo que acho que estamos no bom caminho...
Primeira palmada
Foi na noite de fim do ano... E ainda por cima a dobrar... O seu mau feitio tem-se vindo a revelar cada vez mais. Bem sei que saiu ao pai e puxa à mãe, mas ela conseguiu refinar... Anda com a mania de teimar até mais não, fazer birra por tudo e por nada quando contrariada, com choros sonoros e agora levanta também a mão. Bem sei que faz parte, e que está na idade de testar todos os limites, mas parece-me que esta menina vai ser complicada, se não tivermos cuidado. Estava eu no chão a brincar com ela, quando teimou que tinha de mexer nas velas da mesa de apoio, estando careca de saber que não pode. Disse-lhe que não, e ela ignorando-me por completo, insistiu. Estivemos nisto até que eu me irritei e tirei-a de ao pé da mesa em peso com um não muito sério. Não é que a criatura levantou-me a mão e deitou-me as unhas à cara! E com cara de má!!! Nem pensei. Assim que senti as unhas, ela sentiu a palmada no rabo. O B., que estava ao lado, fez o mesmo, e por isso em simultâneo virou-lhe a mão e deu-lhe uma palmada na dita. Peguei nela e puxei-a para ao lado para ela perceber que estava mesmo zangada com ela, enquanto ambos lhe dizíamos que tinha sido muito feia. Numa fracção de segundos, o seu pequeno cérebro processou a informação e desatou a chorar. Ficou mesmo sentida, porque de dorida não tinha nada, visto que as palmadas foram para enxotar moscas. Mesmo assim, fiquei com o coração mais pequenino e tive vontade de vacilar... O pai, logo de seguida, sentiu-se também e agarrou nela, explicando-lhe que não podia ser, quase estragando tudo. O que vale é que a avó lá lhe disse para a largar, enquanto dizia à neta para me fazer uma festinha para pedir desculpa. Acabou por me dar um beijinho muito sentido, outro ao pai e todos fizemos as pazes. O vaticínio da avó, que já cá anda há uns anos e deve saber o que diz: "Vai, vai! Vai-se ver grega, vai!"...
Fim de ano com os avós
Graças ao funeral, que implicou a chegada a Lisboa às 16h00, de 31 de Dezembro, os meus sogros acabaram por ficar cá em casa a festejar o final de mais um ano connosco. A M. estava nas suas sete quintas com os avós para partilhar os brinquedos. A avó fez as suas delícias e apanhou em três tempos o seu linguajar, decifrando que "pê" é peixe e que isso implica também a tartaruga e dando-lhe abébias no que toca a comida. Graças à presença dos avós e à comida que tinhamos em farta para a ocasião, a M. acabou por se desforrar e até eu desisti e deixei que comesse o pão que quisesse. Os avós de cansados, adormeceram e eram 23h50 quando a avó acordou estremunhada, que por sua vez, estremunhou o marido, para fazerem tchim-tchim à meia-noite. Eu estava à espera de detectar tampas de panela a bater às janelas e, assim que as ouvi, corri ao despique, deixando o B. um tanto ou quanto envergonhado e a sogra a rir à gargalhada e a dizer que já tinha valido a pena vir a Lisboa. A M. adormeceu pouco depois da passagem do ano e nós fomos para a cama com o sabor de uma "festa" simpática, caseira e confortável. Pelo menos, começar, começou bem! :)
Bebés!!!
No último dia do ano, o B. foi a Montemor-O-Novo, a um funeral de uma tia paterna que morreu de repente. Eu fiquei em Lisboa com a M. e aproveitei a manhã para tentar a sorte nos saldos. Levava a M. no carrinho, condição sine qua non para conseguir fazer alguma coisa. Entrei na Massimo Dutti, com descontos de 60% (é incrível o que a crise faz...) e estava eu a ver calças quando a M., rindo e gritando "Bebé! Bebé!", topou, no meio das pessoas, um bebé e uma menina com talvez mais um ano do que ela. Uma Beatriz que se viu na obrigação de entretê-la, porque de cada vez que lhe virava costas, ela chorava, mas chorava! A nova amiguinha saltitava, dançava, fazia cenas de filme cómico, atirando-se para o chão, e a M. dava gargalhadas, pondo a loja inteira a rir um bom rir. Mas sempre que a Beatriz ia ver do irmão ou da mãe, que não parava de experimentar roupa, a minha menina chorava baba e ranho. Estive à vontade cerca de uma hora dentro da loja, sem ver roupa, a tentar convencer a minha filha de que a Beatriz se tinha ido embora, para dois minutos depois esta voltar a aparecer. Acabei por desistir daquela loja e passei a outra. Na segunda loja, estava uma menina com os seus 4 anos com a mãe. A M. mais uma vez, grita "Bebé! Bebé!", mas esta não era nenhuma Beatriz, que tinha jeito para a comédia e escondeu-se atrás das pernas da mãe. Sairam da loja e, consequentemente, eu também. É que a M. voltou a chorar desalmadamente com a ida daquela potencial amiga. Resumindo: todas as crianças que ela viu naquela manhã eram primeiro motivo de risos e gargalhadas desproporcionais, logo seguidos por um choro sentido, digno de fado, por se irem embora. Compras com ela sozinha outra vez? Só se não tiver remédio!!!
Sentada no bam-bam
O carrinho de empurrar também se transforma num carrinho de sentar. Um dia, virei-o e sentei-a nele, empurrando-a corredor fora. Ao fim de algumas tentativas frustradas, porque os pés arrastam pelo chão e impedem-no de avançar, lá lhe consegui fazer entender que tinha de pôr as pernas para cima para andar. Agora, quando se senta no carrinho, levanta as pernas e apoia-as ao lado do volante, dizendo "Pé! Pé!" como quem diz "Já sei! Vês?". É de chorar a rir. Só não tem graça é o cansaço de andar a correr corredor afora, enquanto ela se diverte no seu bam-bam. Ufa!!!
Ti!
O tio Filipe é o "ti". Ao chegar a Lisboa de viagem, entrou em casa e foi direitinha para o quarto a gritar "ehhh!" de contentamento, reconhecendo o seu espaço e os seus brinquedos. Depois do reconhecimento feito, veio para a sala, olhou em volta e começou a perguntar pelo "ti". Tantas vezes perguntou, connosco sempre a dizer que não estava, que acabei por lhe ligar só para ela o ouvir falar. Só se calou depois do telefonema e de alguns beijinhos dados ao telefone. Já aqui ficou bem frisada a sua paixão por ele - é só mais uma prova de que se mantém.
Andar bem
Os dias passados em casa da avó na brincadeira com a prima, puxaram por ela e veio para Lisboa a andar bem. Ainda vai ao chão gatinhar, mas cada vez menos. Mas a sua característica de trapalhona parece confirmar-se. Tropeça imenso nos seus próprios pés e é engraçado vê-la às arrecuas até acabar por dar um bate-cu pouco discreto. O que vale é que não é muito maricas e por isso segue caminho sem muita conversa.
Natal
Um dia cheio de polvo frito, rabanadas (que nós chamamos de fritas lá para cima), filhoses, doces e muita, muita confusão. O dia é infernal, com os entras e sais de toda a gente, os meus cunhados até à última a trabalhar na padaria (é a época de maior trabalho) e eu a tomar conta da pequenada com a ajuda do B. Calhou-me a mim cumprir o papel de tia e madrinha e dei banho às três, vesti e sequei o cabelo, dando-me a certeza da loucura que é ter mais do que um, com pouca diferença de idade, especialmente se forem terrabentas como as duas mais pequenas... O jantar na casa dos meus sogros é constituído por vários pratos: açorda de bacalhau, bacalhau cozido e arroz de polvo. A açorda é tradição da casa do sogro que a mulher respeita anualmente, o bacalhau porque faz parte da ceia de Natal na Beira Alta e o arroz de polvo porque sim. Confesso que já tenho saudades do bacalhau guizado que a minha avó do norte fazia na panela de ferro preto de três pernas à lareira, com colorau. As sobremesas são mais que muitas, mas nunca faltam duas coisas: o pudim de ovos e o doce de serradura. Gabo-me de este último ter sido importado por mim da minha família da Madeira para a tradição desta família. Sentamos-nos à mesa já tarde, por causa da mercearia e padaria que fecham tarde naquele dia, mas com muito barulho e gargalhadas pelo meio. Os presentes foram antecipados porque a pequenada já não aguentava mais, e lá se distribuiram. Primeiro a prima mais velha, depois a mais nova. A M. para o ano vai entrar nestas andanças, mas desta vez ficou-se entretida no meio dos papeis de embrulho, sem perceber o que se estava ali a passar. Com sorte, ainda há polvo frito, num dos pratos que a sogra escondeu pela casa - este ano foram 8 kg de polvo e, mesmo assim, houve guerra... No final, fica-se à conversa, já tudo meio a dormir, tendo eu ficado sossegada a ver um filme, para cumprir pelo menos uma das minhas tradições de Natal.
Prima Matilde
Como de costume, fomos passar o Natal lá acima. A M. adora as primas, mas em especial a mais nova, que tem apenas mais um ano do que ela. Aquela por sua vez, tem uma verdadeira a-do-ra-ção pela sua prima pequenina. Faz tudo o que esta faz, até comer, que não é o seu forte (a mãe já me disse que, se a M. lá ficasse 15 dias, a sua filha engordava o que precisava!). Enquanto lá estamos, passam os dias inteiros juntas a brincar. A casa parece outra, cheia de barulho e correria, gritinhos e guinchinhos de felicidade. Confesso que chego ao fim do dia de rastos, de andar atrás das duas. O que uma tem a mais na fala, tem a outra no andar, mas não é por isso que não se entendem. No meio do charabiá delas, passam o dia de volta dos seus afazeres. Para a M. a prima é a "bebé ", já a outra chama-lhe "manena". A continuar serão super-amigas no futuro, sobretudo quando já não se sentir a diferença de idades. Serão férias super-divertidas, e ainda mais se os pais a deixarem vir com a nossa M. uns dias, para a praia ou para a capital. A nossa, é certo, irá de férias com os avós, algo que consideramos essencial para o seu imaginário, para o seu crescimento e desenvolvimento e para a sua relação com aquela parte da família que está tão longe no dia-a-dia.
Tia Sofia
Tenho de fazer aqui menção a esta personagem também da nossa vida. A M. adora gente e dá-se bem com todos, mas tem uma predilecção por esta amiga especial, de sorriso sempre pronto na cara. Talvez por já ter feito baby-sitting (quando fomos ao cinema), talvez por acompanhá-la desde que nasceu, talvez porque faz parte da sua personalidade carismática. O mais certo é que é um pouco de tudo. Seja o que for, a M. não a pode ver. Vai direitinha a ela, a pedir colo, ao ponto de um dia chegarmos as duas a casa ao mesmo tempo, e apesar de eu ser a mãe e de já não me ver desde manhã, ignorar-me e solicitar a sua atenção. Nem o meu colo quis e chorou quando a viu sair porta fora. O engraçado é que esta amiga é quem é mais "má" com ela. É quem lhe dá as negas quando são precisas, quem lhe diz que não há birras, quem lhe faz cara feia e séria, mesmo que tenha uma vontade desalmada de se desmanchar a rir, para lhe mostrar que não está a gostar. E a M. acata tudo. Com ela não há grandes choros, insistências ou birras (ela também não é criança para muito disso, verdade seja dita). A mãe agradece a disponibilidade e a amizade de índole pedagógica, que não inclui bonecada só por ser giro e que corresponde à vontade de ensinar e ajudar a educar. Esperemos que a amizade perdure, independentemente do futuro!
36...
Detesto Dezembro. Começa com os meus anos, que já não me animam. Já lá vão os tempos em que tinha dificuldade em marcar mesa para mais de 30 fiéis malucos que seguiam noite dentro até de madrugada a celebrar comigo. Hoje em dia, não consigo fazer festa, mesmo que queira, porque os amigos já são poucos, todos têm a sua vida e a altura é complicada. Ainda por cima, como sagitariana que sou, sofro do complexo de Peter Pã, como tal, não quero crescer. E digamos que estar a 4 anos dos 40 não anima muita gente, especialmente quando ainda assim, algumas coisas da vida estão por estruturar... Este ano, a coisa não melhorou. O pai e a tia esqueceram-se o que não ajudou. O que valeu foi a festa de anos da Gui, que celebra a data no mesmo dia do que eu - que me permitiu estar em ambiente de festa e distrair-me um pouco - e... o meu jantar de anos surpresa!!! A colega e amiga do trabalho, percebendo que a coisa não estava fácil para estes lados, combinou às escondidas com o B. o jantar na casa dela e, junto com mais duas malucas, organizaram-se. Não apanhei nada. A neura era tal, que nem quando o B. me disse que íamos jantar para os lados de Mafra e que por isso podíamos passar em casa dela em Sintra, quando ele nunca lá tinha estado antes, me fez perceber. Ou melhor, desconfiei e até imaginei que seria isso, mas como não queria mais uma desilusão, fiz força para não acreditar até ter a certeza. Ainda me caiu uma lágrima quando me apercebi de que era verdade... Foi um jantar simpático, com muita comida, risos e boa disposição e um bolo de aniversário, o suficiente para terminar bem o dia, porque afinal, o que interessa não é a quantidade, mas sim a qualidade. Obrigada, malta, fez-me bem!
Não jantei...
Ou melhor, jantei mal e porcamente... A M. pedincha comida sempre que a vê. É inacreditável... Janta primeiro, pratos bem cheios com fruta no fim, e mesmo assim, quando vê a nossa comida começa logo a puxar os casacos, a esticar-se na ponta dos pés, a gemer e a gritar "papa!". O pai nestas coisas é muuuuuito mais permissivo do que eu. Basta ela insistir um bocadinho e lá vai ela, sem fome nenhuma, para o seu colo para ir depenicando do seu prato, quando não lhe come parte da refeição... Desta vez, zanguei-me. Disse que não e não deixei. E fui dizendo, a um e a outro sucessivamente, não parecendo que nenhum estivesse a perceber o que eu estava a dizer. A certa altura, o B. zangado, olha para mim e diz-me "então tenta lá tu que ela não coma! Vá!". Meio dito, meio feito. Larguei os talheres, levantei-me, peguei nela ao colo e sentei-me no sofá a ler um livro. Nem meio minuto depois, já tinha esquecido a comida e o pai jantou em condições. Eu tive de esperar pelo final e depois comer a correr, não fosse ela ter mais ideias... Então afinal, era assim tão difícil?!
Lola com rodas
Depois de comprarmos o casaco, passámos à parte dos brinquedos por causa dos presentes de Natal ainda por comprar. A certa altura, a M. dislumbrou no meio da confusão, no chão, um conjunto de Lolas com rodas. Não consegui mais tirá-la dali. Sentou-se no chão e ia brincando com uma e com outra, com uma alegria só vista. Depois de alguns minutos largos naquilo, acabámos por lhe comprar uma como o nosso presente de Natal. Agora, é vê-la andar pela casa com o fio na mão, de braço bem levantado acima da cabeça e ficar enervada por a sua vaquinha de estimação levantar voo, em vez de rolar pelo chão... Mas quando consegue, com a nossa ajuda, fica mesmo contente. :)
Casaco novo
A avó tem o ritual de oferecer um casaco pelo Natal às netas - O casaco bom do Inverno. Como não conseguiu oferecer o vestido dos anos, visto que o B. insistiu em assumir essa função, passou o casaco para o aniversário e uma roupa nova para aquela ocasião. Fiquei eu encarregue de o comprar na grande Lisboa. Optámos por ir ao El Corte Inglês, por terem mais opção de escolha, apesar das pegas que já lá tivemos. Tinhamos em vista um da Laranjinha, cor-de-rosa, em fazenda, muito à senhorinha, estilo clássico, mas nas suas pesquisas na net, o B. tinha visto outras coisas, cujas marcas estão representadas naquela loja. A primeira tentativa de ida saiu gorada - fui buscá-lo ao metro para irmos directos, mas a M. assim que o viu entrar para o carro, desatou num pranto que queria o pai, e alguns "apai" depois, este não foi senhor de seguir em frente e voltou para trás para pegar ao colo a sua princesa (sem comentários...). Da segunda vez, uma semana depois, foi mais fácil e sem choros e por isso pusemos-nos a caminho. Chegados lá, experimentou o da Laranjinha, que ficava bom de tamanho, pelo que poderia não durar o Inverno todo, por isso desistimos da ideia. Foi quando vimos um da Kenzo pelo qual nos apaixonámos e que não tinha nada a ver com o primeiro. Ao vesti-lo, ficou perfeito. As cores são fantásticas e é muito quentinho, com pêlo por dentro. Mais tarde, num site que também o vendia, o B. ainda descobriu mais uma vantagem: não tem avesso, ou seja, funciona dos dois lados... Obrigada, avó, fico linda com ele!
sábado, 17 de janeiro de 2009
Ombros, barriga e joelhos
Na ginástica, tivemos uma aula em que se canta aquela conhecida canção do corpo humano, adaptada de inglês para português. A certa altura, é a vez dos ombros, da barriga e dos joelhos, pondo-lhe as mãos nas respectivas partes do corpo para perceberem. A M. não pareceu dar grande importância a tal exercício. Chegadas a casa, estava eu a secá-la do banho, quando lhe falei na barriga. E ela, prontamente, levou ambas as mãos aos ombros e logo, logo de seguida aos joelhos, com um ar muito satisfeito, tipo "vês? Aprendi!". Ou seja, aprendeu que aquele conjunto de palavras corresponde ao conjunto daqueles dois sítios. Fiquei surpreendida com o facto de ter assimilado os conceitos só com aquela primeira tentativa, apesar de se ter trocado um bocado. É espantoso como, nestas idades, estes pequeninos cérebros são verdadeiras esponjas! Foi uma trabalheira para desfazer a confusão, mas agora, já sabe o que são os ombros e o que são os joelhos, mas regra geral um segue-se ao outro, mesmo sem pedir. A barriga está por perceber, mas haveremos de lá chegar.
O meu martírio diário
É de tal maneira, que chega a nem querer ouvir o resto - assim que passa à segunda página, já se foi embora, para voltar logo a seguir à carga. São eles: a Branca de Neve, curiosamente o primeiro livro que recebeu, e o Winnie conta, que tem uma espécie de mini-ábaco para contar as bagas que o ursinho vai apanhando. O objectivo dela é encontrar os pássaros na Branca de Neve e ouvir-me cantar e andar com as bolas de um lado para o outro com o Winnie. O Bam-bam!
Como já deu para perceber pelas fotos, a M. tem um carrinho de empurrar. Quando o B. o comprou não lhe deu importância nenhuma porque não andava. Agora que que já dá passos sozinha, mesmo que atabalhoadamente, já acha graça à coisa. Ponho-lho à frente e ajudo-a a endireitá-lo, indo sempre atrás, não vá a sua trapalhice fazer das suas. Costumo imitar o som de um carro a andar, usando a onomatopeia "bam! bambambaaaaaam!". Depois, quando vai contra a parede, grito "Pum!!!". Em minutos adoptou este som, e agora, quando vai contra alguma coisa ou quando atira algo ao chão que faça barulho, grita "Pum!". Mas não foi só isso que aprendeu... Uns dias depois de começarmos com esta brincadeira, estava eu na sala e a M. vem ter comigo a pedir "bam-bam". Não percebi. Pedi-lhe para me explicar o que pretendia, ao que ela dirigiu-se para o quarto e apontou para o dito carro, dizendo "bam-bam!". O que ela queria era aquele brinquedo ao qual associou o som que eu uso para brincar com ele!!! Ficou o nome. Cá em casa, todos os carros são popós menos o dela, que é bam-bam!
Bebelês
A ama já lhe ensinou mais umas das palavras básicas de bebelês - popó. Não sei se foi com a janela a ver os carros a passarem ou se foi com o livro que tem um tractor, pois é tudo o mesmo: popó. Já a ovelha é mémé, pato é cuá-cuá ou cá-cá, galinha e galo é cocó. Não me lembro de mais nenhuma, mas deve havê-las... É de facto muito mais fácil de aprender a falar assim para eles. E eu que tinha a intenção de ensinar logo a palavra correcta, sem bebelês pelo meio... Mais uma daquelas regras de antes do nascimento, que são muitas vezes utópicas, e que rapidamente se desfazem com a realidade...
Onde estão?
Ginástica
Apesar do esforço que isso implica, foi uma excelente ideia inscrever a M. no The Little Gym. Tanto o prof. Rodrigo, como a prof. Vi. são excelentes naquilo que fazem - o primeiro mais calmo e a segunda mais dinâmica, mas ambos muito focados na evolução das crianças e na aprendizagem dos pais, regra geral sem descuidar nenhum de nós. Não podia estar mais contente. A M. adora tudo. O normal é primeiro ficar algum tempo a observar, mais do que a participar, mas depois costuma alinhar em tudo na maior. Aprendeu há pouco tempo a cambalhota para trás, mas essa eu não faço em casa com receio de me falhar a força e fazer asneira com o pescoço. Já a preensão na barra paralela é outra conversa. De acordo com os professores, é normal os bebés não darem importância nenhuma a certas coisas e gostar muito de fazer outras. No caso da M., ela pura e simplesmente não quer nem saber de se agarrar à barra e ficar pendurada. É uma questão de tempo e perseverança, que é coisa que não falta naquele espaço. Apesar de gostar de tudo, há duas coisas que a M. não dispensa: as bolas e as bolas de sabão. Já sabe onde estão guardadas e por vezes leva-me até à porta e aponta como que a pedi-las. A bola é média, amarela e feita de um material tipo forro de casaco, por forma a que eles consigam agarrá-las. Já as bolas de sabão saiem de uma espécie de pistola que dispara ene bolas ao mesmo tempo de vários tamanhos. Quando finalmente se vão buscar (fazem ambas parte de todas as aulas, apesar de poderem ter funções diferentes de semana para semana), ela prontamente se põe na linha da frente. A bola é agarrada com firmeza, passeando-se pela sala como se se tratasse do seu maior tesouro, não vá algum dos colegas ter ideias. Por vezes atira ao chão para dar pontapés, outras pede-me para ir ao cesto de basquete encestar com a minha ajuda. Já as bolas de sabão são para apanhar com o dedo indicador, ficando muito séria a olhar. Mas de tudo o que a M. já lá aprendeu até hoje, a mais útil é uma canção. Quando acaba um exercício e temos de arrumar o objecto em causa, canta-se "Está na hora de arrumar, arrumar, arrumar! Está na hora de arrumar as .... no lugar!" A M. nem pestaneja - vai pela minha mão entregar até a bola que tanto gosta. Em casa, experimentei a técnica. Não é que resulta?! Assim, nunca ou quase nunca temos choros...
Natação - insatisfeitos
Como quem vai à ginástica sou eu, a natação compete ao pai. Só nos dias em que ele não pode serei eu a fazer a vez. Assim, o normal é eu ficar a ver de plateia para depois a vestir enquanto o B. toma banho e se arranja. Por vezes parece-nos que a professora não liga grande coisa à M., muito porque ela é a mais nova, no meio de muitos, e ainda não sabe fazer o que os outros fazem e também porque ela não é grande adepta de exercício físico e por isso a maior parte dos exercícios são para ser aldrabados ou nem sequer tentados. A sua predilecção é entrar para dentro de água (prioridade máxima) e ficar ali a demolhar, lambendo avidamente as mãos por estarem molhadas, o que se torna um ciclo vicioso. Ainda não fez o clic do nadar e parece que a professora está mais ou menos à espera dele pacientemente. Por vezes, é um pouco frustrante para nós ver os outros mais evoluídos, a fazer chap chap ou a mergulhar (entenda-se saltar para dentro de água para os braços do pai) com vontade e a nossa M. também não. Para além disso, o horário não facilita nada - 18h15 implicam o B. sair muito cedo do trabalho e eu vir a correr de Sintra para chegar a horas de ajudar à saída da aula. Ao fazermos a inscrição, ficámos em lista de espera para a aula seguinte - 19h00. Mas como as turmas estão cheias, esperámos. Até que um dia... Na aula dela estavam também dois gémeos, que chegavam sempre atrasadíssimos. Uma certa vez, ouvi os pais a combinarem com a professora a passagem para a aula seguinte. Achei que devia tentar a sorte também. Falei e ela confirmou que havia uma vaga e deixou. Ficámos de confirmar até ao dia seguinte e quando ligámos para o ginásio, estes disseram que isso não era assim. Resumindo: a professora não pode fazer as coisas à revelia da secretaria e estes quando se aperceberam da vaga ligaram a única pessoa que estava à nossa frente, que aceitou. Ficámos nós em espera na mesma... Fomos falar com o responsável que, depois de perceber a história toda, abriu a excepção de aumentar a turma de 8 para 9 crianças. Não gostámos da ideia. Se com 8 já é o que é, com 9 seria pior... Mas parece que a política do Megacraque é mesmo assim: se as crianças não comparecem todas frequentemente, então, para maximizar os lucros abrem vagas. Demonstrámos bastante o nosso descontentamento e ficámos à experiência para duas aulas em Janeiro às 19h00, para depois dizermos de nossa justiça. A ver vamos...
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Tété!
Água do banho
Na banheira, agora, adora abrir a boca, levá-la escancarada à água e beber. Podia-lhe dar para pior...
Gatinhar de sereia
Nunca aqui o referi, mas merece menção. Quando a M. gatinha, as pernas andam aos Ss como se fosse um peixe. Em vez de impulsionar o movimento com os pés, usa mais a força nos joelhos, deixando os pés meios no ar. Assim, estes vão andando ao sabor do gatinhar, de um lado para o outro, tal e qual como um rabo de peixe. É a nossa pequenina sereia...
Subterfúgios
Como não quer andar, tem de arranjar estratagemas para deslocar coisas. Assim, ou as põe à sua frente no chão e vai gatinhando enquanto dá sapatadas com as mãos, atirando-as para a frente, ou usa uma posição estranhíssima que não é nem gatinhar, nem andar. Põe uma perna dobrada como se estivesse de cócoras e a outra estica para o lado. Depois, com uma mão a segurar no objecto, vai andando com a ajuda dos empurrões da outra mão no chão. Ou melhor, vai saltitando desajeitadamente...
Preguiçosa ou medrosa?
Apesar de já ter andado, a M. só dá passos sozinha quando está distraída. Já se põe em pé e até bate palmas e tenta abanar-se para dançar sem apoio, mas andar, que é bom, está escasso. Ainda precisa do nosso dedo indicador para sentir segurança. Já se chegou a agarrar à minha manga, que não lhe dava estabilidade nenhuma, pelo contrário, até a desiquilibrava. Dá pequenos passos entre dois móveis ou do B. para mim e vice-versa, mas de resto, apesar de o saber, ainda não se astreve, como se diz lá para cima... Enfim, é dar tempo ao tempo, até porque eu, como mãe egoísta, nem tenho muita pressa que ela o faça perfeitamente - é mais um passo para fora da minha saia... ;)
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
A meio da noite
Quando a M. acorda a meio da noite, porque aponta para fora do quarto e não descansa enquanto não o consegue, costumamos levá-la para o sofá. Aí, depois do biberão do chá, acaba por se encostar ao nosso peito e relaxar até adormecer. A semana passada, trocou-nos as voltas. Acordou e eu fui lá. Como de costume, apontou para a porta. Levei-a para a sala e tentei sentar-me no sofá. Mas, desta vez, não me deixou. Chorava e resistia, contorcendo-se ao meu colo. Chá, nem vê-lo, até chapadas dava no biberão... Levei-a para a janela da cozinha para ver se os carros de antigamente a acalmavam. Resultou. Ali ficou, ao meu colo, a ver os poucos carros a passarem no Eixo N/S. De cada vez que passava um, eu sussurrava-lhe quase ao ouvido "olha mais um! Este vai para o trabalho" ou "uma mota que vem da festa". Eu sei lá. Sempre que não passava nenhum, primeiro fazia o gesto do "não há" e depois franzia a testa e começava a querer zangar-se, mas felizmente aparecia outro e mais outro. Como 11 kg já pesam e a minha coluna já não é grande amiga de brincadeiras, acabei por ter de me sentar. Voltei para o sofá. Foi um berreiro tal que acordou o B. Este levantou-se e revezou-me. Ao fim de uma hora e tal, conseguiu a proeza de a adormecer e tentou aproveitar a hora que faltava até acordar. Foi uma verdadeira luta para não adormecer... Porque será?
Mais técnicas
Tem mais duas formas de me desmanchar, para além de desviar o assunto para alguma gracinha. Uma é apontar para alguma coisa com muito interesse. Por exemplo, faz isso desde que descobriu a torneira do bidé. Abre-a e enfia a mão até ao cotovelo, ficando encharcada. Como já sei o que pretende, quando a vejo entrar na casa-de-banho, vou atrás e espero. Quando já está em pé, em frente ao bidé, a olhar para a torneira com cara de quem viu o Pai Natal, digo-lhe que não. Ela vai tentando uma e outra vez, primeiro pedindo-me autorização apontando, depois levando lá a mão ou aproximando-se sorrateiramente de lado, e eu sempre firme, vou-lhe recusando a vontade. Até que fico zangada e ponho uma voz mais ríspida. Ela vai e aponta para a banheira com um "ãh!" de interessada impressionante, com um ar muito entusiasmado, como que a dizer que aquele disparate todo não é nada, o que importa é que quer tomar banho! A outra forma de me dar a volta resulta com muito mais eficácia... Quando a coisa já está preta, olha para mim, arreganha a boca, ficando os dentes de baixo à mostra e dá uma gargalhada com a cara toda franzida. Quando me faz isto, não consigo. Regra geral, tenho de esconder a cara para não estragar, mas a espertalhona já me apanha fácil, fácil. Como diz a tia S., sabe-a toda e eu estou tramada...
Pé!
A M. é expert em dar a volta ao contexto quando lhe interessa. Quando lhe estou a mudar a fralda, tem momentos de verdadeira violência. Dá aos pés e quando acerta magoa. Normalmente, faz isso quando já tem a fralda suja aberta. Se calhar, é por sentir a liberdade... Ela vai testando várias vezes a nossa paciência e os seus limites, o que é de louvar, pois só prova que está a evoluir no bom sentido, mas conseguindo que eu fique por vezes efectivamente chateada. Agora, sou eu que imponho mais respeito, tendo o B. mais dificuldade. Ponho uma cara séria, digo o nome dela, seguido de umas quantas negas, num tom de repreensão e espeto o dedo. A parte do dedo parece ajudar a manter o respeito. Quando ela vê que a coisa já não está mesmo nada de feição para ela, olha para mim com ar de sacana, levanta a perna e sai um triunfante "pé!". Como quem "olha a gracinha que eu sei fazer!". Tenho de me segurar e respirar fundo para não me desmanchar...
Ginetes
Está a ficar com um feitio!... Quando quer alguma coisa e não tem, seja porque ela própria não consegue ou porque não deixamos, cerra os poucos dentes que tem, encosta o queixo ao peito, abana a cabeça e dá aos braços enquanto parece que rosna. É de uma impaciência a toda a prova, não querendo esperar por nada quando está determinada a obter algo. Tenho de me impor com firmeza, senão temos o caldo entornado. Costumo perguntar-lhe com ar sério "o que é isso?", friso uns quantos nãos se necessário e ela lá percebe. Se começa a chorar porque não lhe dou logo o que ela quer, digo-lhe para se acalmar e dizer-me com calma o que quer. Costuma resultar. Lá pára de chorar e aponta com um sorriso malandro para o objecto do seu desejo. Mas nem sempre. Já tive de a deixar a chorar no meio do chão, porque atirou a cabeça para trás numa birra a querer ficar má. Como não lhe ligo, acaba por perceber a mensagem. Já o B... a coragem para se impor é diferente e tanto lhe dá para tentar o mesmo que eu, como para ceder quase à primeira. A sua princesa já sabe e por isso agora vai tentando primeiro a sorte com ele, a ver se pega. E às vezes sai-lhe a lotaria. Depois tenho de lhe recordar a ele o que devia ter feito e ele lá tenta a custo contrariar aqueles olhos pestanudos e expressivos que o derretem tanto. A ver vamos se não vou ser a má da fita...
Pescoço
Tal e qual como eu: é o seu ponto fraco. Derrete-se toda e desmancha-se às gargalhadas quando o pai lhe dá beijocas gordas ou faz-lhe cócegas no pescoço. É o nosso calcanhar de Aquiles. Mas o pai tem um condão maior do que o meu. Comigo, ri-se e torce-se toda, mas com o pai dá gargalhadas contínuas de a levarem ao cansaço. E quando o pai pára, estica o pescoço e põe-se a jeito, a pedir mais, oferecendo-lhe a dádiva de a ver rir outra vez. Rimos-nos todos sempre muito com aquelas gargalhadas contagiantes e cristalinas.
Andou!!!
De domingo para segunda-feira, dia 8 de Dezembro, ainda com 12 meses, a M. andou. Estávamos a conversar na sala da tia J. com o B. a tentar gerir as cambalhotas da M. e do F. ao mesmo tempo. A nossa pipoca estava excitadíssima e lá por já ser uma da manhã não a impedia, nem ao seu amigo de ter a energia para algo mais. Às tantas, viu uma fotografia do F. com meses em cima de uma mesa de apoio. Começou a querer chegar ao "bebé!". O B. começou a distanciá-la da moldura e largava-a para ela chegar lá. Não é que andou?! Depois de muitos pininhos, como diz o tio F., ao longo das semanas anteriores, e algumas mostras de que estava quase, quase, naquele fim-de-semana, lá se dignou andar. Estávamos todos tão entusiasmados que só visto. A tia J. fez um ar de vitória por ter andado na casa dela e o tio J. estava morto de sono, mas feliz. Eu e o pai estávamos nas nuvens. É impressionante como algo tão básico e elementar para o ser humano pode ser uma vitória e uma conquista tão grande. Se foi assim com o andar, nem imagino quando for com o ler, o entrar para a faculdade, o casar, o ser mãe... Acho que vamos ficar cheios com tanta emoção. E ainda bem!...
Mana mais velha
Caiu do sofá
Apanhei o maior susto até hoje com ela. Estava a brincar no sofá comigo. Pôs-se em pé, encostada às costas do sofá no mesmo instante em que o B. me fez uma pergunta. Na fracção de segundos em que olhei para o lado, a M. literalmente mer-gu-lhou... Quando olhei, estava ela em pleno voo, a ir direitinha ao chão de cabeça. A cena foi vista em câmara lenta tal foi o susto. Eu que não tenho memória visual quase nenhuma, tenho presente a imagem em slow motion a reproduzir-se na minha cabeça, sempre que me lembro de tão ínfame episódio... Já não fui a tempo de nada e ela caiu. Ouviu-se o bonc da cabeça a bater no chão e um choro imediatamente a seguir. Um choro intenso de dor. Agarrei nela ao colo e tentei acalmá-la, enquanto o B. tentava pôr as mãos na sua cintura para pegar ele nela ao colo. Mas o meu abraço e olhar determinado fizeram-no entender que nem valia a pena. Estava tipo leoa a lamber a ferida da cria e ai de quem lhe tocasse... Assim, enquanto a M. chorava no meu regaço, o B. com uma presença de espírito impressionante, foi buscar gelo dentro de um pano da loiça (quase que partia a gaveta do congelador...). Quando voltou, lá ma conseguiu tirar, sentou-a no seu colo e pôs-lhe o gelo na testa, enquanto eu ia vendo livros com ela para a distrair. Ela deixou e parou de chorar. Quando tudo tinha passado, já com a mossa vermelha a desaparecer da testa graças ao gelo, foi ao colo do pai para a cozinha, enquanto eu chorei feita Maria Madalena... É que para além do susto, o sentimento de culpa invadiu-me de uma forma parva. Bem sei que é o primeiro de muitos, haverão outros se calhar bem piores, mas este eu vi, este foi comigo. Ainda por cima careca de saber como os sofás são perigosos e como a pequenada não deve andar lá em cima. Enfim, passou... Aprendi a lição e o B. disse uma grande verdade: ainda bem que foi comigo, porque se tivesse sido com ele, acho que o tinha comido vivo...
Trouxe a meia
Foi no outro dia. Estava eu no sofá distraída, eis senão quando chega-me a piolha à minha beira de meia na mão. Estende-me a mão e diz-me "mêa!". Pois é. Já tem ideias a cachopa. Tive de lhe calçar a dita, senão não me largava o resto da noite...
domingo, 14 de dezembro de 2008
Quase, quase...
Bailarina
Até a ama já previu o seu futuro. Não pode ouvir uma música que começa logo, logo a dançar. Não importa o género, nem quem canta. E o engraçado é que tem ritmos diferentes, tendo várias formas de expressão a sua dança. Se for uma melodia suave, roda o tronco de um lado para o outro. Se for uma rockalhada, dobra as pernas e levanta um braço. Se for uma pimbalhada, levanta os dois braços e abana-se. Diz quem já viu que até dá ao rabiosque quando toca o telemóvel da ama com o seu kuduro... Há uns dias, experimentei pôr no VH1. Nem de propósito! Estava a dar o Top dos anos 80 e os Dire Straits estavam a tocar "Money for nothing". A miúda adorou! Encostou-se à mesinha da sala, levantou um braço e abanou-se toda, cabeça inclusive! Continuou com os Duran Duran e só acalmou com a Whitney Houston. Parece que tem bom gosto!...
Mamã e caca: palavras universais
Qualquer pessoa, desde que não seja um bebé, é "mamã". Quando não sabe o nome, é isso que chama. Até o pai, que vive frustrado por ela não dizer papá, apesar de o saber. Já para todas as coisas que ela não sabe ou não consegue dizer o palavra usada é "caca"... Esta linda palavra aprendeu-a num instante com o pai. Estava a meter uma porcaria qualquer do chão na boca e o B. rapidamente lha tirou e disse "não comas isso que é caca". Logo de seguida, saiu da boca dela, um perfeito e sonoro "caca!". E parece que sabe que é asneira, pois a entoação é sempre essa. Diz sempre a segunda sílaba com mais ênfase, como se estivesse a dizer um palavrão. É de chorar a rir. Agora, tudo é caca, basta não saber o nome. Bem que se diz que o mau aprendem eles logo, sem sequer serem ensinados!...
Abana a cabeça
Já diz que não com a cabeça quando não quer comer mais. Temos sempre de confirmar, perguntando-lhe umas quantas vezes. Está quase sempre a falar a sério, mas ainda tem umas quantas vezes que são só a fingir e, por isso, lá abre a boca para mais uma colher. Com o tempo, deixa de se confundir e torna-se mais fácil.
Perfume
Parece que nisso vai sair ao pai... A ama todos os dias de manhã, depois de a vestir e arranjar levanta-a e exclama "está linda!" umas quantas vezes, ao que ela reage com um sorriso de satisfação. Agora, quando lhe pomos o perfume que nos saiu como presente da Imaginarium, põe-se a postos: estica a cabeça para a frente, inclina-a e fica à espera da borrifadela. Não é que liga mais a isso do que eu?!
Evolução
Todos os dias vemos coisas novas, novidades nas gracinhas e a compreensão a evoluir a olhos vistos. Está mesmo a ficar crescida a nossa pipoca! Alguns dos pontos altos da sua evolução diária: - já reconhece algumas partes do corpo. De cima para baixo, já sabe o que é o cabelo, as orelhas, os olhos, o nariz, a mão e os pés, - já reconhece as formas do seu tambor e encaixa-as no sítio certo, assim como as rodelas do pino colorido, - sabe o que é pôr o chapéu, mesmo que seja um dos copos da sua pirâmide preferida, - percebe o que é sentar, deitar e levantar (melhor compreendido com uma solicitação de upa!), - se lhe peço para trazer algo, ela sorri e com ar maroto vem até mim com o objecto na mão para mo entregar.
Paladares
Já come da nossa comida. Aliás, fez greve à carne cozida e sem sal, e fecha a boca com determinação à comida saudável que fazemos para bebés. Até hoje, ainda não houve nada de que ela não gostasse. Adora qualquer fruta, até o ananás, prefere o peixe à carne e polvo põe-na a salivar. Até a uma tangerina com casca já deu uma dentada, o que provocou uma careta, para voltar à carga imediatamente a seguir. Só a sopa é que tem de ser sempre primeiro e sem mais nada à vista, senão tenta fazer gazeta ao prato que os miúdos por excelência se baldam.
Pai fora
Com algum alívio e muita pena nossa, o patriarca da família, o tio J., morreu, depois de algumas semanas de sofrimento. À tarde, o B. pôs-se a caminho de Coimbra para o velório e para o funeral no dia seguinte e ficámos as duas em casa sozinhas. Foi a primeira vez que a M. não viu o pai chegar a casa antes de jantar e passou uma noite sem ele. A meio da noite, ia para a porta da rua, levantava-se e apoiada nela, olhava para mim e interrogava-me "papá?", de palma da mão virada para cima. Tive de lhe explicar umas quantas vezes que o pai não estava e só no dia seguinte o ia ver. Na hora de ir para a cama, o biberão não foi suficiente e tive de me sentar no chão ao lado da cama dela para a convencer de que estava tudo bem. À meia-noite, ao fim de uma hora, lá adormeceu, depois de muitas certificações em como eu continuava de plantão. Deitei-me cansada e triste. Duas horas depois, às duas da manhã, acordei com o choro, para mim já normal do ritual da noite. Tirei-a da cama, acalmei-a e voltei a deitá-la. Ficou-se, mas com um sono muito agitado. Estive ainda um bom bocado com a minha mão em cima da sua cabeça para ela dormir mais em paz. Tornei-me a deitar, mas algo me fez ligar a televisão do quarto e deixá-la ligada. A partir daí, vi todos os números no despertador - a M. acordou de hora a hora a chorar até às 7h00... Ela chorou, às 3h, às 4h, às 5h, às 6h e finalmente às 7h, hora a que lhe dei o biberão de leite. Ou foi a falta do pai, ou fui eu que lhe passei a tristeza, ou algo mais. Não sei... Só sei que foi uma noite para esquecer!!!
Noite adentro
Tivemos uma fase looonga de más noites. Depois de adormecer com o biberão, acorda cerca de duas horas depois a chorar. Depois, é a luta para não adormecer outra vez. Acendemos a luz da casa-de-banho e entramos no quarto dela. Ela aponta imediatamente para a porta, na direcção da luz e temos porque temos de levá-la para fora do quarto. O truque é levá-la para a sala, para ir na direcção da luz, sentarmos-nos no sofá e encostá-la ao nosso ombro. Nós recostamos para trás e ela aninha-se em cima de nosso corpo e acaba por acalmar com a batida do nosso coração e o calor do nosso corpo. O chá às vezes resulta e depois de beber a litrada adormece confortada. Por vezes, acorda mais uma vez e temos de voltar ao mesmo. São noites aos soluços, com muito sono e choro à mistura. Hoje em dia, o ritual antes de ir para a cama é sempre o mesmo: deixar o biberão da manhã meio pronto para só ser necessário aquecer a água, caso acorde de madrugada, deixar um biberão de chá na sala para o que der e vier, assim como a manta a postos para a enrolar e um sono mais alerta para um choro assustado.
