O vocabulário foi evoluindo também nesta matéria. Enquanto aponta para a gaveta onde os blocos de cera e os lápis de cor estão guardados, começava por pedir as "bolas", o desenho mais solicitado, para me explicar que queria desenhar, ou melhor, que queria que eu desenhasse para ela. Passou para os "pátis", tentativa gorada de dizer "lápis", passando a exigir os lápis de cor em vez dos blocos de cera, que eu com tanto carinho lhe comprei. Dão-lhe mais gozo usar... Depois, percebeu que os desenhos que lhe fazemos podem ser pintados. Assim, começou a pedir o "pinta" para fazer o mesmo pedido. Finalmente, descobriu a palavra certa. Por isso, hoje em dia, leva-nos pela mão até à gaveta, abre-a, põe-se na pontinha dos pés, toda esticadinha, enquanto vai apalpando às cegas o conteúdo daquela, enquanto pede incessantemente - "desenios, mãe!". Tudo isto para dizer que os lápis não são uma forma de controlar a nossa irrequieta pipoca, pois os desenhos são maioritariamente para serem feitos por nós, para ela depois riscalhar, "pintando" com muita arte aquilo que nós fizemos. Ou seja, temos de estar sentados ao lado dela e a seu mando desenhar uma bola, uma pêra, um pato, uma flor, eu sei lá... Isto se depois não receber uma ordem a dizer "pinta, mãe!". É claro que nós a incentivamos ao "do it yourself", mas sempre connosco ao lado. Há que ver as vantagens: adquiri uma apetência que não tinha... A colega de sala já me topou e goza com os treinos quando estou ao telefone a desenhar distraidamente florzinhas. :)
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Não cai!
A M. é muito cuidadosa em determinadas situações, por vezes até demais. Devido a uma escorregadela, descobriu que o chão de mosaico molhado é muito escorregadio. Ficou cheia de medo de cair, não importa onde. Se estiver em pé de alguma coisa e eu lhe disser para ter cuidado, ela repete logo "Cai" com um ar muito entendido, enquanto acena com a cabeça para cima e para baixo, agarrando-se a nós com firmeza. Se o chão da casa-de-banho estiver molhado, começa logo a olhar para o chão, a andar meia marreca e meia aflita, confirma-me que o "schão tá moiado! Cuidado! Cai!", pondo-se a andar dali para fora. Já se estiver sentada, olha para mim com uma cara de sabida, explicando-me que "não cai!"...
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Traumatismo craniano
- A vigilância após o traumatismo craniano não termina no hospital. A criança deverá ser acompanhada em casa, por um adulto responsável durante as primeiras 24 a 48 horas a seguir ao traumatismo craniano, estando atento aos seguintes sinais/sintomas:
- - cefaleias intensas/fortes dores de cabeça;
- - alteração na sensibilidade dos membros (falta de força);
- - vómitos compulsivos (mais de 4 ou 5 vezes pelo menos);
- - visão de duas imagens;
- - agitação ou comportamento diferente do habitual;
- - alteração da consciência ou sonolência excessiva;
- - convulsões;
- - emissão de líquido claro anormal pelo nariz ou ouvidos.
- Explicou-me a pediatra que pancadas secas na farte frontal da cabeça, mesmo fazendo galos gigantes no segundo a seguir à pantufada, dificilmente provocarão um traumatismo craniano, pois é uma zona muito, mas mesmo muito dura. Já a parte parietal (os lados da testa) é muito frágil. Se acontecer uma cabeçada mais forte, esperar, não pelo galo, mas sobretudo pelos primeiros 4 sintomas que estão acima descritos. Quanto ao ficarem muito parados e com pouca reacção, é preciso saber distinguir o que é reacção à dor e o que é alteração da consciência. Isto porque por vezes a dor é tão forte, que podemos ter uma reacção vagal, que pode incluir ficar sem forças, suar, ficar com a temperatura baixa (suores frios) ou com a visão meia enublada, deixar de ouvir normalmente, ficar tonto e por vezes chegar a desmaiar. É uma reacção nada grave, que por vezes acontece associada a qualquer dor intensa, que passa rapidamente se nos deitarmos, de preferência com as pernas mais elevadas.
Vómitos
- O QUE É O VÓMITO? O vómito define-se como expulsão esforçada, voluntária ou involuntária, do conteúdo gástrico, pela boca. Habitualmente é precedido de náuseas e acompanhado de palidez, aumento da frequência cardíaca, “suores frios” e prostração. Independentemente da causa, vómitos persistentes podem desencadear a desidratação.
- COMO AVALIAR A DESIDRATAÇÃO?
- Para reconhecer se a criança está a ficar desidratada deverá ter em atenção a presença dos seguintes aspectos/sinais:
- - Irritabilidade ou prostração;

- - Sede mais acentuada que a normal para a criança;
- - Olhos encovados;
- - Mucosas (língua, lábios …) pouco húmidas ou secas;
- - Presença de prega cutânea;
- Pinçar o abdómen da criança e observar o retorno da pele, quanto mais lento maior a prega cutânea.
- Se observar estes sinais e/ou se os vómitos persistirem contacte o médico.
- O risco de desidratação é mais elevado quando a criança:
- · Faz aleitamento artificial (uma vez que o aleitamento materno confere factores de resistência à infecção ao contrário do aleitamento artificial);
- · Tem idade inferior a 12 meses;
- · Está mal nutrida;
- · Tem um número de vómitos igual ou superior a 3 por dia;
- · Tem um número de dejecções igual ou superior a 6 por dia.
- A prevenção da desidratação pode e deve ser iniciada pelos pais e pelos prestadores de cuidados às crianças, logo que se instalem os primeiros sinais de doença.
- COMO TRATAR OS VÓMITOS?
- Nas crianças, o uso de antieméticos não está indicado, salvo em situações muito excepcionais e com indicação médica, uma vez que não é eficaz e pode ter efeitos secundários graves. O tratamento dos vómitos passa pela prevenção e correcção da desidratação e realimentação. Assim, os pais deverão fazer uma pausa alimentar, após o vómito, durante um período de uma hora (reiniciando pausa sempre que tenha um novo vómito). Após a pausa alimentar, oferecer um pacote de açúcar ou uma bolacha Maria com doce. Passada mais meia hora, iniciar muito lentamente a rehidratação oral, dando uma colher de sopa de cinco em cinco minutos durante uma hora de uma das seguintes formas: aleitamento materno, solutos polielectrolíticos e glicosados (ex.: acessíveis nas farmácias sem prescrição médica: Miltina, Dioralyte ou Redrate) ou água chalada (chá preto fraco açucarado, que se faz fervendo 1 litro de água durante 10 minutos, ao qual se junta uma saqueta de chá preto durante alguns segundos, 4 colheres de sopa rasas de açúcar e 1 colher de café rasa de sal). Depois, iniciar gradualmente uma dieta ligeira e pobre em gorduras, em pequenas quantidades não forçando a criança a comer.
- Se amamenta o seu filho, continue a fazê-lo como habitualmente.
- Se os vómitos persistirem, sobretudo em crianças pequenas, apesar de cumpridas as indicações acima referidas contacte o médico.
- QUANDO IR AO MÉDICO?
- É importante saber que por si só os vómitos não são sinónimo de gravidade. Os pais devem recorrer ao médico se verificarem as seguintes situações:
- · Criança com idade inferior a 3 meses;
- · Mau estado geral;
- · Agravamento dos sinais de desidratação;
- · Vómitos recorrentes mesmo em pausa alimentar ;
- · Intolerância da criança à hidratação oral e realimentação (por manter vómitos, ingestão insuficiente ou recusa alimentar);
- · Vómitos com sangue;
- · Diminuição da quantidade de micções e volume das mesmas .
- De forma a transmitir uma informação mais detalhada os pais devem, ainda, ter em atenção os seguintes aspectos:
- · Circunstâncias em que ocorre o vómito e relação com refeições (ex.: desencadeado por tosse; em jacto; induzido – “puxar o vómito”);
- · Qualidade do vómito (ex.: alimentar; bilioso, com secreções, sangue vivo ou digerido);
- · Se os vómitos ocorrem com dor de cabeça associada, de madrugada ou ao levantar da cama;
- · Número e frequência dos vómitos;
- · Sintomas associados: febre, diarreia, dor abdominal, cefaleias, convulsões, dores de ouvidos, dores de garganta, tosse, dispneia, disúria…;
- · Medicação que está a fazer (antibióticos, analgésicos, anti-epiléticos);
- · Possibilidade de intoxicação;
- · Novos hábitos alimentares (diluição dos biberões; quantidade excessiva de nutrientes e eventual introdução do novos alimentos na dieta);
- · Factores psicológicos (perdas ou mudanças recentes, relação com os pais, ansiedade nas refeições).
Diarreia
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Cábulas
A pediatra da M. continua a marcar pontos. Das várias vezes que a nossa filha ficou doente, ela teve sempre a paciência devida para pais de primeira vez e no fim da consulta, explicou tudo o que devíamos saber sobre o assunto que ali nos levava, entregando no fim um papel com a informação toda. Ficam aqui as dicas para as eventuais futuras dúvidas.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Bacio
Já começámos a tentar pois a M. mostrou-se muito desconfortável com a xalda xuja.
Achámos que a dica da pediatra fazia sentido: ou um bacio ou um redutor para a sanita com apoio para os pés (como ela muito bem disse: não é fácil fazer força com os pés no ar...). O B. foi à procura do bacio especial. Depois de muita pesquisa na net, procurou e optou pelo da BabyJörn (eu ia pelo da loja dos 300 - bacios são bacios...), que tem uma divisória anti-salpicos e o centro sai para se despejar mais facilmente. Como não havia rosa, veio um todo branco. Nunca pensei que houvesse toda uma filosofia na concepção de um simples bacio!... :)
Na Cadeira de Bacio BabyBjörn® a sua criança pode estar sentada o tempo necessário. Com a concepção ergonómica e as formas suaves, a cadeira torna-se um bom início de uma vida sem fraldas, para a sua criança. A cadeira tem encosto alto, apoio cómodo de braços e espaço suficiente para as pernas. O bacio interior é fácil de retirar, esvaziar e limpar. Tem uma protecção anti-salpicos eficaz que faz com que nada saia para fora. Tem ainda uma tira de borracha por baixo que mantém a cadeira
de bacio estável no mesmo lugar.
Babete novo
Cadeira nova
Precisávamos com urgência de uma cadeira para a M. comer fora de casa. Nenhum de nós comia sossegado em casa dos avós ou num restaurante que não tivesse cadeira, porque a M. não pára quieta. Não estando amarrada, representa disparate na certa. Para terem noção, tal como os meus pais há 35 anos atrás, bebemos café à vez, para segurar nela à vez senão, ou está em cima da mesa, ou está na rua... As cadeiras normais, que se encaixam nas mesas, não são uma boa solução, pois nem todas as mesas se adaptam a este sistema.
Costumamos ir a um restaurante na pontinha que tem umas cadeiras muito jeitosas e, um dia, perguntámos onde comprar uma, pois nunca as tínhamos visto à venda. Deram-nos o site e depois de telefonar, fomos à única loja que representa esta marca em Lisboa, na Av. João XXI. Descobri uma loja fabulástica, com imensos jogos didácticos e lindos de morrer. Acho que vou lá gastar parte da minha fortuna. Para além disso, tinham de facto as ditas cadeiras. Se pedirmos factura para restaurante ou comerciante, ainda temos direito a desconto. São carotas (cerca de 75€ sem o desconto), mas fantásticas. Adaptam-se a quase todas as cadeiras, pois aumentam e diminuem de tamanho conforme a necessidade e são altamente seguras pois ficam presas à cadeira por um cinto que passa por baixo daquela. Recomendo vivamente! A M. também gostou, pois finalmente pode sentar-se à mesa sozinha e quando chega a hora de comer, comunica que vai comeri na queda nova...
http://www.golpedegenio.com/HandySitt.html
Pirraça do tio
O tio F. adora fazer-lhe pirraça. Se a M. chora por birra, ele começa a imitá-la até a ver bem irritada. Ela não pára de chorar, pelo contrário, com os nervos aumenta o volume. Depois temos duas vertentes: se estiver a chorar ao colo do pai, levanta a mão e bate no pai, com cara de má para o tio. Se estiver ao meu colo, levanta a mão, ouve um "Madalena!" à laia de aviso seco e consiso da minha parte e fica com a mão no ar sem saber o que fazer. Ao tio é que não levanta a mão...
Manhosa
Portou-se mal. Peguei na mão dela e dei-lhe uma palmada na palma da mão. Repetiu a façanha, Voltei a dar. Voltou a repetir com ar de desafio. Voltei a dar, sem me demover. À terceira, virou-me costas sem emitir som, foi até à porta da casa-de-banho e chorou para o pai... Preciso de tecer mais comentários?...
Bio!
Dicas
A M. já dá dicas. Quando não a percebemos, ela repete a palavra várias vezes. Se continuarmos sem preceber, arranja uma palavra alternativa para percebermos. Por exemplo, "ua" tanto dá para lua como rua. Se eu perceber rua e ela quer dizer lua, depois de alguma repetição, faz um ar paciente e diz "nôte", ou seja noite, para eu perceber que é algo relacionado com a noite, logo é a lua. Esperta, não?! :)
Estrada
A M. sai a mim sem tirar nem pôr em muita coisa. Uma delas é a sua irrequietude non-stop. Eu, com a idade dela, andava de trela. Cor-de-rosa, é certo, mas mesmo assim, trela. O meu pai ouviu muitas bocas e diz que a todas respondia igual: "ature-a você!". Isto porque um dia, depois de muitos dias parecidos, com dois anos, em pleno Chiado, em 1974, quando ainda não havia centros comercaiis e por isso a Baixa pombalina era o centro do mundo, na altura do Natal , soltei-me da mão dele e fugi rua abaixo. Diz ele que consegui fintá-lo por entre as pernas das pessoas e que só me conseguiu apanhar no Rossio, parada à beira da estrada, a olhar para cima, à espera que algum adulto me desse a mão para atravessar a estrada. Esta proeza - esperar por uma mão adulta - foi-me incutida desde sempre já por causa desta minha particularidade de fugir a correr. E resultou. Tendo em conta que a M. foge a correr assim que se apanha fora do carrinho, transfiro para a filha a mesma preocupação. Assim, a lavagem cerebral já começou. Sempre, mas sempre que estamos à beira de uma estrada, paro, baixo-me e pergunto-lhe o que é aquilo. Ela já sabe e responde: "a mão" prontamente. E eu repito "muito bem, é a estrada, por isso tens de dar a mão". O conceito já apreendeu. Aplicar na prática está mais difícil. É que a M. adora gozar connosco e uma das maneiras que arranjou foi precisamente esta. Correr para o meio da estrada. O que vale é que faz isso sempre à porta de nossa casa, numa estrada de estacionamento, onde raramente há carros. Nas outras nunca tentou. Mas cada brincadeirinha destas dá direito a castigo e a uma repreensão dura e séria com muitas ameaças de dói-dói pelo meio. Acaba por me dar a mão mansamente para atravessar a estrada. Irra, é cada corrida que damos!!! :S
O futuro deles
Aderi ao movimento cívico LimparPortugal. Mandei a todos e mais alguns um convite e sei quem não aderiu. Sem qualquer desmérito por ninguém (continuo a gostar de todos vocês na mesma!!!), tenho pena que nem todos tenham a mesma consciência cívica, ecológica e até humana. Tudo começou com um mail que circulava na net com um filme do YouTube a mostrar que a Estónia conseguiu limpar as suas matas em apenas 5 horas, graças a 50.000 voluntários. Achei extraordinário ver do que os Homens são capazes quando querem. Comentei com a colega de trabalho que seria a primeira a aderir se algo surgisse assim em Portugal. Surgiu. Aderi logo conforme prometido. E prometo que, a não ser que esteja com 40º de febre, estarei lá no dia marcado. Tudo começou porque uma pessoa, Nuno Mendes, decidiu lançar o mesmo desafio aos membros do seu LandMania Clube de Portugal e este aceitou o desafio. A data prevista é dia 20/03/2010 e é uma iniciativa séria e cheia de vontade. Bem sei que muitos acham que isto está mal, mas não assim tanto, ou que alguém vai tratar disso por nós, ou que não percebe o suficiente para se pronunciar. Também haverão muitos que não acreditam que esta iniciativa vai se concretizar, que de boas intenções está o inferno cheio ou até mesmo que é preciso primeiro limpar em casa e depois na rua e o tempo é escasso. Fica aqui um site e um filme que devem ser vistos. Quem sabe, com dados concretos e referências reais essa consciência não surja?... É o futuro da M. e dos nossos filhos que está penhorado por nós e pelas gerações anteriores. Há que remediar isso, nem que seja em pequenas grandes acções destas... Pensem nisto muito a sério e depois de sorrirem por verem mais uma vez a Cristina a delirar, vejam e oiçam com atenção o filme de 20 minutos que aqui deixo. http://www.storyofstuff.com/index.html
Rua
Quando estamos em Quiaios ou em Santa Cruz, a M. só quer uma coisa: rua. E para que não haja dúvidas, massacra-nos o juízo até conseguir a soltura para o jardim correspondente. Ambas as casas dos avós têm jardim e muita coisa para descobrir. Comer na rua é uma delícia para ela e um desespero para mim que passo a vida a chamá-la para mais uma colherada de sopa. É que há muito que fazer e por isso entre mastigadelas, corre, apanha pedras, mexe na terra, eu sei lá. As suas brincadeiras preferidas são mexer na terra, andar com a vassoura, brincar com as conchas que a avó tem num canteiro, melhor dizendo, tinha, e andar com uma bola, não importa qual, desde que se assemelhe a algo esférico. Em Quiaios teve uma desaventura com urtigas e por uns tempos - poucos - apontava para as plantas e dizia picos enquanto se afastava. Em ambas as casas, descobriu os caracóis, os caroços, as árvores de fruto, as formigas, as lagartas, a lama, ficar suja até dentro da fralda, provou terra e outras coisas que eu nem quero saber. Se estiver comigo (o pai não é tão liberal), é sujar até um não acabar, ficar com as unhas nojentas e precisar de um banho para almoçar, lanchar ou outra coisa que não seja brincar no jardim. Este fim-de-semana, em Santa Cruz, foi descalça para a horta do avô, apanhou alface, brincou com o balde na terra e eu enchi-lhe o regador vezes sem conta para regar as couves. Fizemos bolos com a lama e as formas dela da praia e quando já estava imprópria para consumo, enchemos a mini-piscina do Ruca que comprámos no ano passado com água quente da torneira e ela "nadou" antes de almoçar. Saiu a terra, qual o problema?! O resultado? A minha tia estava a falar com ela à mesa e ela já nem segurava a cabeça do sono que a invadia sem dó nem piedade... Só à noite a seguramõ dentro de portas e é porque já é de noite.
Cavalos
Adora animais. Os cavalos estão incluídos nesta sua paixão. Em Quiaios, fomos ao centro hípico, algo familiar e um pouco entregue ao Deus-dará. Entrámos na cavalariça sem ninguém por perto e por isso, fizemos festinhas em quase todos os cavalos que lá estavam. A M., ao colo do pai, foi vendo, até estender a mão para fazer o mesmo. Dava guinchinhos de contentamento e andava feliz da vida a fazer festinhas a um e a outro cavalo. Mas houve um especial. Um cavalo enorme preto que se encantou pela nossa M. e que a seguia com o olhar para onde quer que o B. se virasse. Ela, em contrapartida, só queria aquele - "cau pêto!". De tal maneira, que ainda hoje quando fala em cavalos, menciona logo o cavalo preto que viu naquele dia. Contei a história ao avô, que depressa arrematou: "ai sim? Então quando tiveres idade ensino-te a andar a cavalo.". Aqui a mãe, insurgiu-se. Passei a minha adolescência a pedir isso mesmo, para levar sempre com a mesma resposta: "ponho-te na equitação se quiseres". A burrinha, por questão de teimosia nunca foi e por isso à conta das casmurrices não sei andar a cavalo... Quando lhe atirei essa ao ar, remediou logo "Pronto. Ponho-te na equitação na GNR", olhando para ela. Menos mal... :)
'Roz!!!
Já aqui ficou bem claro que a M. adora comida. Arroz não é excepção, tendo-se passado o seguinte episódeo à conta do seu apetite voraz. Temos o hábito de pôr no parapeito da janela os restos de comida que sobraram da refeição. É uma maneira de juntar tudo para colocar no frigorífico de uma só vez. Até aqui tudo bem, nada de anormal. Problema? A M. já chega a este parapeito... Quando demos conta, estava sentada no chão, de tupperware cheio de arroz entre as pernas, a lambuzar-se. Isto depois do jantar!!! Escuso de dizer que a partir daí não ficou mais nada naquele parapeito. Ou melhor, houve alguns esquecimentos, que implicaram semi-corridas para apanhar as várias caixas antes de chegar ao chão... Ufa!...
Méda!
É verdade... Táo pequena e a minha filha já aprendeu a palavra... Não tenham pensamentos pecaminosos! São moedas!!! Ai essas cabeças!... Temos uma bilha em barro gigante em casa, que é suposto ir enchendo, com o intuito de um dia fazermos uma viagem. A primeira demorou 2 anos a encher e quando a partimos à martelada (foi uma festa!), tinha mais de 1000€... Esta foi comprada logo a seguir, mas encher que é bom estava mais escasso. Agora, com a M., tornou-se quase um movimento cívico... A M. aprendeu que as moedas se pôem na bilha e por isso, basicamente, crava todos os que passam lá por casa, pedinchando médas para a bia. E ninguém, ou quase niguém, tem coragem de lhe negar uma. Tem dias que me aparece na sala a arrastar a minha mala a pedir as ditas cujas!... É ao ponto de ver a M. a sacar dos porta-moedas e virar de cabeça para baixo, sacudindo fortemente, para confirmar que já não há mais... À filme, mesmo!... É claro que só tem autorização para fazer isto com a tia e o avô, porque os próprios deixam. Com a restante população só pede. O normal é lembrarem-lhe e ela passa ao ataque. Excepção feita ao desgraçado do meu padrinho, que já está velhote, e aquando da visita, tirou o porta-moedas para lhe dar uma nota. Ela, ao longe, viu luzir as amiguinhas do coração e gritou "médas!". Os meus padrinhos ficaram parados a olhar para mim, enquanto eu explicava. Então, o senhor decidiu ser amigo e deu-lhe uma moeda. Mas a criança não se contentou. Então se havia lá mais, porque lhe estava ele a dar só aquela. Não interessava se era a maior... Foi uma risota para todos e uma vergonha para mim, vê-la a rapinar moeda a moeda, até deixar a bolsinha vazia, virada ao contrário, com ar espantado por já não cair mais nenhuma... Eu a ralhar e a minha madrinha a dizer para deixar estar. Nem imaginam... Resumindo: a bilha já não é nossa, é da M. Ou seja, já não há viagem, mas a vantagem é que assim está a encher e bem depressa!!! :)
Amigos
Também já tem um elenco de nomes que associa aos amigos que a acompanham. Tem o grupo nuclear da ginástica que consiste na Mia(Margarida), na Pita (Filipa, mãe desta), na Anana (Joana), no Io (o prof. Rodrigo), no Quico e no 'Ui (Rui, pai da Joana). Depois, tem a Tita e o 'úbe, a Letícia e o Rúben, filhos da Lúcia, que já foram lá a casa passar o dia com ela. Finalmente, tem o 'cádo... Este é o pai da Margarida, que ela viu muito poucas vezes, mas que ela nunca esquece e inclui no grupo da ginástica, apesar de nunca o ter visto lá, apenas por ser pai da amiguinha que ela vai ver no ginásio...
Guta
A Guta é a Lúcia, a sua ama do coração, que costuma entrar no rol de familiares em 3.º lugar... Foi uma guerra aprender o seu nome. Enquanto que quase que nem foi preciso repetir os outros todos para ficarem na memória, este estava difícil. Repetia eu, repetia a ama e, nada, para tristeza desta, que via todos com nome, menos a pessoa que mais tempo está com ela. Um dia, cheguei a casa e a Lúcia sorridente, inchada mesmo, comunicou-me que era a Guta. Agora, já vai evoluindo para Guxia. Como penso que a amiga prefere ficar com um diminutivo carinhoso, tal como a tia S. que prefere "Pi", não corrijo e vou-me referindo sempre à Guta, em vez de Lúcia. Tem dias que a M. chega a casa e chama por ela, mesmo se esta já se foi embora. Depois de confirmar que aquela não está em casa, lá afirma que a Guta de nôte pa caja Tita e 'úbe comeri babis e pêias (tradução: vai para casa da Letícia - filha mais nova - e do Rúben - filho mais velho - comer bolachas e pêras...) :)
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Pequenos milagres
A M., como todos os seres vivos, é um pequeno milagre. A diferença entre a M. e estes, é que ela é o Nosso pequeno milagre. Eu e o pai participámos e participamos diariamente para que continue a sua jornada e a conquista de pequenos grandes passos. Mas nem tudo é da nossa autoria e estou convicta que, por vezes, é ela que participa para que nós consigamos pequenos milagres. A exemplo disso, foi a sua última vitória, e digo vitória, pois será ela quem mais ganhará com este milagre em concreto. O pai e o avô fizeram das tripas coração e tentaram. O avô começou e o pai arrematou e conseguiram. Foi uma prova do que sentem pela filha, pela mulher e pela neta e uma prova do que são capazes. Mas é certo que isso só foi possível graças ao pequeno milagre que é a M. É engraçado como um pequenino milagre conseguiu tão grande milagre... E ainda bem. Ganhámos todos com isso - menos solidão, menos tristeza, uma maior participação na sua vida e uma coisa chamada Família, algo que já fazia falta há muito tempo. A ela, já lhe agradeci directamente. Aos outros: em meu nome e no da minha filha, um muito obrigada aos dois por mais este esforço e esta prova de Amor.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Tem medo!
A M. deu em medricas... Aprendeu a palavra "medo" com o chuveiro. Estava a tomar banho comigo e eu liguei-lhe o chuveiro para ela o poder segurar, enquanto eu me esfregava. Não quis, rabujando um bocadinho, com uns "não! não!" pelo meio. Perguntei-lhe se tinha medo do chuveiro, ao que obtive uma resposta afirmativa. Aprendeu a palavra. Um dia, chegámos a casa estava o pai a aspirar o chão. Entrou, encostou-se à porta da rua e não se mexeu dali enquanto aquele barulho não acabou e o pai não desligou o "Dôí". Depois disso, passou a ter medo do aspirador. Ao ponto de uma noite ter de adormecer de luz acesa, de mão dada, a olhar para mim, muito quietinha, por causa do malfadado electrodoméstico! Passava pelo armário da cozinha, onde o dito está arrumado, e afastava-se a dizer "tem medo". "Medo do quê, M.?". "Dôí...". Depois disso, a tia S. foi com ela à Worten e andou de volta dos aspiradores, para lhes fazer "festinhas"... Tantas fez que já se habituou à ideia daquele electrodoméstico amigo. Um dia, dei com ela a a chegar-se devagarinho ao aspirador e a tocar-lhe devagarinho. Afastava-se, ficava a olhar e voltava à carga. Agora, o discurso mudou: "Não. Não tem medo.". "Não tens medo do quê, M.?" "Dôí!", com um ar de vitória. Boa, M! Mais uma conquista!!!
Cores
Já conhece uma catrefada delas. Graças ao lápis de cera de abelha que lhe comprei - são uns blocos rectangulares, não nocivos e que não se partem, com 8 cores - a M. aprendeu num instante. Comecei na ginástica a bater nos colchões coloridos, enquanto dizia as cores respectivas. Ela achava graça à brincadeira e ia batendo atrás de mim, à espera que eu gritasse "azul!". Depois, começámos a dizer as cores de tudo o que nos rodeava, primeiro as primárias, depois outras mais difíceis. Com os lápis, arrematámos. O pai arranjou um jogo engraçado que refinou a capacidade: como ela adora bolas, mesmo desenhadas, ele fazia uma bola de cada cor e depois pedia-lhe para pôr o respectivo lápis em cima da cor correspondente (esperto, não?). Conhece o preto, o branco, o azul, o roxo, o amarelo, o verde, o vermelho, o castanho, o laranja, o rosa e o cinzento. Aprendeu por esta ordem, o que fez com que na consulta dos 18 meses, quando a pediatra perguntou se ela já sabia alguma cor, a M. identificou um brinquedo roxo. O espanto da médica foi o de ela não conhecer, na altura, a cor das meninas - o rosa... Tive de explicar que os lápis dela não tinham essa cor, mas sim o roxo, daí conhecer uma cor tão pouco evidente para um bebé e não reconhecer uma bem mais evidente para a maioria da população...
Adormecer
A M. ainda adormece acompanhada. Primeiro, já no quarto, às escuras, tenho de lhe dar "miminhos", afagando-a ao colo, enquanto canto algumas canções infantis reduzidas quase aos refrões. Ela enfia a cara no meu pescoço, esconde o dô-dô entre o meu peito e ela e ali fica a respirar profundamente. Depois, digo-lhe que está na hora de ir para a cama e, após uma pequena negociação, lá vai resignada, com a certeza que eu fico ali. Tenho de ficar no puf até ela adormecer, e por vezes, até tenho de lhe dar a mão ou segurar-lhe nos pés. Isto, após uma ordem concisa que apenas diz no escuro: "mão!". Nunca consigo sair à socapa, até porque ela vai-me dirigindo a palavra e só depois de um bom bocado, quando eu me zango e quando ela já está mesmo quase, quase a adormecer, é que ela se cala de vez. Saio do quarto sem leh mexer pois pode acordar por dá cá aquela palha e depois é um inferno. Quando me vou deitar, entre 1 e 2 horas depois, vou sempre espreitar a filha. Só temos esta janela temporal para lhe mexer e mesmo assim sem grandes sacudidelas. Mudar-lhe a fralda a meio da noite implica acordar, por isso, evitamos. Ponho-a com a cabeça na cabeceira da cama - costuma adormecer ao contrário para me poder ver no puf - e tapo-a. Agora no verão, nem chego a tapá-la, pois ela transpira desalmadamente e ao fim de 5 minutos, se lá for espreitá-la, o lençol já voou... Depois, o ritual é sempre o mesmo: afago-lhe a cabeça e digo-lhe para dormir bem, com os anjinhos e com a avó, para depois dizer uma reza antiga - "Anjo da guarda, minha companhia, guarda a minha alma de noite e de dia". É estranho eu fazer isto, mas sem saber explicar melhor, acho que devo... Mal não faz, por isso... Acabo com um beijo na testa ou onde consigo chegar. É a parte que mais gosto, pois normalmente tenho direito a um suspiro profundo como resposta. Um suspiro que me enche por completo e me rouba inevitavelmente um sorriso. Tem uma boa noite, M.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Pá e Vassoura
É uma das diversões preferidas em casa da avó: ir buscar a pá e a vassoura, gigantes para este ser pequenino, e tentar usar. Por vezes parece uma cena de filme cómico, com toda a gente a fugir do cabo da vassoura, que anda descontrolado de um lado para o outro, ao sabor das suas voltas e contravoltas. Esperemos que mantenha o gosto por ambas na adolescência!!!
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Galaró
Dia de ginástica. Muita agitação como de costume. Uma corrida pelo tapete afora, um tropeção e... Pimba! Um mergulho com a testa direitinha ao alvo - o pilar de uma trave. Vi o galo crescer no meio da testa em segundos. Nem queria acreditar que era possível visualizar a coisa. A M. chorou ao colo e depois ficou parada, sem grandes reacções. Arrotou três vezes. Foi o suficiente para decidir levá-la às urgências (mãe de 1ª água, bem sei...). Fui a casa buscar o B., senão o drama seria maior, e seguimos para o hospital, onde por acaso estava a pediatra da M. de serviço. Tivemos sorte. Viu-a logo e explicou que estava tudo bem. A parte frontal é demasiado dura para fracturas, pelo que será muito difícil que uma mera pancada, mesmo que seca, cause maiores danos para além de galos. A zona parietal, sim, é que é de preocupar, pois fractura muito facilmente. A falta de reacção dela pode ter sido só a reacção à dor. Prescrição: muito gelo e Arnigel, um stick feito à base de arnica que é bom para nódoas negras e galos. Mais um susto. Pequenino.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Evoluída
Tem de ser... Não consigo não contar, mesmo que pareça que me estou a vangloriar... A tia S. é psicóloga e está a especializar-se em psicologia infantil, o que me permite ter muitas dicas do trabalho feito em casa com a nossa filha. Há uns tempos, contou-me que fez uma avaliação a uma criança com mais meio ano do que a M., o que nesta idade faz muita diferença em termos cognitivos. No final do teste, concluiu que aquela menina estava dentro dos parâmetros normais, na escala de 50 em 100. Mas também concluiu que ela sabia fazer menos coisas do que a M., o que implicava que ou o teste não estava bem feito, ou a M. é super inteligente. Questionou o seu professor e mentor, um supra-sumo na área em Portugal nesta matéria. Resposta: "a sua sobrinha não é super-dotada, está é sobre-estimulada. Se os pais quiserem e tiverem paciência conseguem pô-la a ler aos 4 anos.". Não vou tão longe, mas que inchei, inchei... Não tem explicação, o perceber-se o como se está a fazer um bom trabalho com os nossos filhos.
1, 2, 3
Há cerca de mês e meio, a minha tia estava a entretê-la enquanto eu lhe mudava a fralda. Pegou na mãozita dela e foi contando devagar os dedos - um, dois, três, quatro, cinco! Tantas vezes disse, que a M. tentou repetir o som. Ficámos espantadas, a minha tia em êxtase por ter iniciado a M. nos primórdios do contar. A partir daí comecei a contar tudo o que desse para contar - os degraus, os dedos, as bolas, não interessa. Não me estiquei para além do três, por achar já estar a pedir muito da filha. Hoje em dia, já conhece bem o 1, 2, 3, tentando imitar o som. Sai qualquer coisa como "hmmm, dêêê, têêês!". E se lhe perguntar quantos balões estão no livro, apesar de ainda não saber contar (também não é nenhum génio!!!) já percebeu a lógica e diz aleatoriamente "dêêê" ou "têêês". Boa!
Pai à nora
É engraçado como ser-se macho faz tanta diferença. O B. é um pai dedicado, sem sombra de dúvidas - brinca, lê livros, dá de comer, adormece, enfim faz tudo com a filha, sem excepções. Porém, o pai tem muito mais dificuldade em perceber o que a filha diz do que eu. Às vezes, alguma palavra que para mim já é conhecida, para ele não é nada evidente. É certo que, por exemplo, as brincadeiras com ele são menores do que as minhas, pelo que não apanha certos pormenores. Mas não é só por isso. Eu faço por prestar atenção às palavras mal-amanhadas da M. para depois saber o que querem dizer. Se não tiverem um som parecido com a real, chego a repeti-las em voz alta para não me esquecer. Para além disso, parece que tenho um sexto sentido que me faz interpretar correctamente o pretendido pela petiz. O B. não consegue esta proeza. É hilariante a cara dele quando eu gozo com ele por não perceber a filha... No outro dia, por exemplo, a M. pediu ao pai "quio!" incessantemente, enquanto ele estava perto do frigorífico.
- - "Leitinho? Agora?"
- - "Quio! Quio!"
- - "Sim, filha, já vais papar..."
- - "Quio! Quio!". Ele olhou para mim com ar interrogativo, ao que eu expliquei: - "Queijo..."
- - "Ahhhh! Queres queijo! Toma."
Gajos... :)
Toc! Toc! Toc!
Um dia, enquanto fazia o jantar, com a cadeira de comer da M. na cozinha para esta ter companhia sem estar ao colo, tive de inventar brincadeiras para a distrair, pois já estava a ficar irrequieta. A certa altura, lembrei-me da brincadeira americana do "Knock, knock! Who's there?" e experimentei. Bati com os nós do dedo no armário ao pé da M. e disse "Toc! Toc! Toc! Quem é? É a Madalena que quer ir para o colo!". Resultou. Ficou parada a olhar para mim e, depois de perceber o conceito com alguma repetição minha, imitou. Agora, de vez em quando lembra-se da brincadeira e começa. Bate com as costas da mão em alguma coisa, enquanto me desafia com um "Tó! Tó!". Eu pergunto quem é e ela responde "bebé!", ao que eu completo com uma frase, descrevendo o momento, como por exemplo, "é a madalena que tomou banho!". Estamos nisto ainda um bom bocado, tendo eu de fazer frases diferentes de cada vez que há um "toc! toc!". Dá jeito, sobretudo quando ela se está a portar mal, pois se eu usar essa frase, ela diz "shim!" e sossega por uns instantes, por vezes o suficiente para eu conseguir o que pretendo. O pai é que ainda não apanhou a brincadeira, ficando a miúda pelo "tó! tó!" sem resposta...
Papapapa!
Novo castigo... Sempre que entramos no carro, a M. pede "mais!". Comecei por lhe perguntar o que queria ela mais, até que aprendeu a pedir "mico!"... Ou seja, música, ou seja, os CDs dela, ou seja, horas de música infantil... Neste momento, o CD preferido é o do Concertos para bebés. Adora. Quando entra no carro, às vezes ainda nem entrou, já está a pedir o "papapapa". Durante o concerto ao vivo, há pelo menos uma música em que eles aprendem a noção de ritmo, batendo-se com as mãos nas pernas para acompanhar a melodia. Esta a M. já aprendeu muito bem. Em várias músicas do CD, as mais agitadas, ela vai batendo com as mãos nas pernas com um ar super divertido. Para além disso, já temos um início de cantoria, com a capacidade de entoar a melodia. Isto porque algumas partes do CD são com bebés que vão entoando uns pequenos "papapa", que ela já imita na perfeição. Com isto tudo, concluí que a M. gosta de música clássica, o que significa que tenho de me educar nesta área para aproveitar este início de gosto. Vai ser difícl, já que não percebo patavina do assunto, mas vou tentar!... Esperemos que o jeito para a música se mantenha. Até porque quem tem jeito para música, também tem jeito para a matemática, e isso sim, era algo que me faria muito feliz, tendo em conta a minha falta de jeito...
Imitar
Há já uns tempos que a M. gosta de nos imitar naquilo que consegue. Já há imenso tempo que tenta contrariar o biberão para aceder aos copos. Pode nem ter sede, mas se nos vir a beber, seja pelo copo ou pela garrafa, pede logo o "pó". Vamos experimentando, com pouca água no copo e a mão por baixo do queixo, para ela aprender a não derramar, mas ainda não é muito evidente. Costuma ter tanta ânsia em beber, que sorve e larga antes de tempo, ficando toda molhada no peito se não tivermos cuidado. Mas já é óptimo esta iniciativa toda! Com o tempo lá chegará.
Guerra para vestir
É um stress! Não se consegue vestir a M. sem se ficar enervado e a suar em bica. O normal é desatar aos saltos em cima da cama ou deitar-se de barriga para baixo de rabo espetado com cara de gozo. Pedir para ficar sossegada é mentira, vai dar ao mesmo que nada. Visto-a em movimento, enquanto vai mergulhando ou passando de gatas, quando consigo que o abanar de pé não tire as calças, até que me aborreço de vez e sento-a de costas para mim. Nem sempre isso é evidente, pois ao agarrar nela para a pôr em pé costuma transformar-se num esparguete cozido humano, escorregando até ao chão. A partir daqui não lhe dou grandes hipóteses de movimento, o que implica choradeira. Acaba por se calar e vestir mansamente o que falta - quase tudo - para se pôr a milhas assim que apanha uma aberta ou um descuido meu...
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Tem, tem!
Sempre que vejo a fralda da M. mais cheia, pergunto-lhe se tem cocó ou xixi. Antes, para não variar, ela dava-me sempre a resposta negativa com veemência. Se eu confirmasse o contrário, respondia-lhe sempre "tem, tem!". Aprendeu assim, tal e qual. Agora a resposta à mesma pergunta não é um mero sim, mas antes um "Tem, tem!" simples e conciso.
Diálogo
Um dos primeiros diálogos, que calhou ser com o pai, há cerca de um mês. Ficámos ambos sem palavra. Acho que foi a primeira vez que nos apercebemos como já se consegue comunicar com a nossa filha.
- - "Pai! Pai! 'eitinho!"
- - "Queres leitinho?"
- - "Quê'u!"
- - "E a fralda? Não precisa de ser mudada?"
- - "Shim!"
Bem sei, bem sei. Nada de extraordinário. Acho que só percebe quem já passou por esta etapa, em que deixamos de ouvir palavras soltas, que são respostas meio entabuladas às nossas perguntas simplificadas para o efeito, para conseguirmos um diálogo, mesmo que curto e sem grandes elaborações. É demais!!!
Boa!
A M. tem uma forma gira de me mostrar que já me topou. Quando lhe pergunto alguma coisa que implica apontar para o objecto solicitado, para ver se já percebeu, ela prontamente aponta e, sem hesitações ou expressão de maior contentamento diz "Boa!", dispensando-me do elogio. Mudei de registo e passei a dizer que linda ou muito bem. Não é que a miúda também mudou de registo? Agora diz "'inda! Bem!"!!! Até parece que me está a gozar, tipo "dahhhh!".
Previdente
A M. é muito previdente. Aprendeu com a primeira explicação que o aquecedor queima, apontando à distância, enquanto repete "tá quen!". Na banheira, depois de duas escorregadelas assustadoras, não sai de cima do tapete, ficando com os dedos dos pés à beirinha, a pedir-me o brinquedo que está fora do alcance. Em Quiaios, explicámos-lhe no primeiro dia que a lareira fazia um dói-dói muito, muito grande e que só podia estender a mão para lá para perceber como estava quente do sofá, distância mais do que segura. Nem tentou chegar perto - ao longe aponta e diz "dói-dói!". Demonstrou curiosidade pelo caixote do lixo, pelo que optei por lhe tirar logo a ideia, antes que... Segurei-a e expliquei-lhe que era caca e que fazia dói-dói na barriga. Agora, passa por um e diz logo "caca!". Boa M.!
Dião!
É fanática por aviões. Desde que lhe mostrámos uma vez um no céu, não quer outra coisa. Quando vê um, grita "Dião!" e depois começa o seu incansável "Maisss! Maisss!". Passa que tempos de nariz no ar, à procura de mais aviões, exigindo-nos a sua presença, como se fôssemos capazes de sacar aviões do bolso por artes mágicas. E é difícil fazê-la perceber de que não há mesmo mais. O que vale é que, por vezes, lá aparece de facto mais um para a contentar...
Ateta
É a palavra que a M. usa para os pronomes demonstrativos e indefinidos que conhece, ou seja, quando se quer referir a esta/aquela/a outra (serve para o masculino também). Exemplos práticos:
- - Tem uma bola na mão e quer aquela - aponta para a bola enquanto repete ateta;
- - O lápis da mão esquerda e este lápis na mão direita - mostra o primeiro, dizendo tis, mostra o segundo, dizendo ateta;
- - Pergunta pelos avôs - pergunta pelo avô, ao que eu respondo que não está. Pergunta então pelo outro avô, dizendo ateta.
É preciso saber decifrar o código!!!
terça-feira, 12 de maio de 2009
Mais palavras
Já são imensas e começa a ser difícil apontar todas, por isso ficam as mais usadas:
- ua - lua ou rua
- ento - vento
- tchu - chuva
- eiti'u - leitinho
- paia - praia / papaia
- má -mar
- pé - pedra
- té - terra
- qué - café
- au - óculos
- big'o - umbigo
- nai - sinal
- tantas
- bio - libro
- tso-tso - xó-xó (cavalitas)
- inda - linda
- bem
- aqui
- ali
- piu - pássaro
- cóuo - colo
Igualzinha, igualzinha...
Pode ser chapada ao pai, mas tem duas características muito minhas. A primeira é rir por antecipação. Quando percebe que vamos fazer uma brincadeira ou cócegas, basta a cara para ela se desmanchar à gargalhada, porque ela não faz por menos. Lembro-me muitas vezes de um colega de faculdade que topou o meu fraco e de vez em quando olhava para mim com cara de asneira, dizia o meu nome com tom misto de gozo e aviso e... espetava o dedo indicador à frente do meu nariz. Não havia vez, mesmo, que eu não me desmanchasse ali mesmo, com uma gargalhada parva non-stop, que entrava num círculo fechado, impedindo-me de parar facilmente. A segunda é ser do contra. Sempre que me perguntam alguma coisa, seja se quero comer ou se gosto de algo, a primeira palavra que assoma na minha mente e que maioritariamente sai da boca é não. Por vezes, é sem pensar, sem realmente achar que não. A M. é igualzinha. A primeira resposta é sempre não. Mesmo se a pergunta for: "queres papa?". Depois, espanto-me e pergunto outra vez. Ela então arrepia caminho e já diz que sim, visto que como criança que é ainda não tem aquela mania de "já disse que não e por isso agora não volto atrás para não parecer contraditória e prefiro ficar a ver comer"...
Dar a escolher
Já sabe o que quer, sem grandes dúvidas. Muitas vezes, já lhe dou a escolher a fruta da sobremesa. Opto por duas, mostro-lhas e deixo-a decidir. Ela fica toda contente e não pede sempre a mesma coisa, sabendo variar, mesmo que todas as noites uma das opções seja banana. Também nos livros, já lhe dou essa liberdade. Todos os meses, compro-lhe um livro no hipermercado com a ajuda da M. Vou com ela até à secção da livraria, escolho três e mostro-lhos, perguntando-lhe qual ela quer. Olha para os três com ar interessado e selecciona um, raramente voltando atrás na decisão. Quando a M. escolhe, pergunto-lhe se é aquele mesmo que quer, ao que normalmente obtenho um sim verbal e um acenar de cabeça convicto. E atenção! Nada de fitas ou birras porque quer todos. Percebe que é só um. Uma das vezes, vi uma senhora a olhar pelo canto do olho com um ar de "Está parva! Então a miúda lá sabe o que quer com aquela idade! aquilo ainda vai dar para o torto...". Depois de ela assistir à cena até ao fim, fiz um ar de "Viste? Toma!", seguindo caminho e deixando-a parada com cara de espanto. Mania que as pessoas têm de que criança implica burrice!!!
Ritual nocturno
Todas as noites temos o ritual de ir para a cama: a M. lava os dentes, toma as gotas do fluor, mudo-lhe a fralda e deixo-a escolher até quatro livros. Ela lá vai até à estante, dizendo ou tirando, quando consegue, os livros pretendidos para aquela noite, confirmando com um sim convicto de cabeça. É engraçado como esta criança tão pequena já sabe tão bem o que quer. Alguns dos livros já têm nomes. Por exemplo, os do Ruca ou o do Noddy são "Cuca" e "Nódi", "A mão pintada" é a "mão", um desdobrável sobre as cores que acaba com um balão é o "bão" e por aí afora. Depois, sentamos-nos na cama de visitas, que ainda está no quarto dela, e leio-lhos um a um. A M. não gosta de os ouvir ao colo - tem antes de se sentar ao meu lado, encostada, ou melhor, refastelada, no meu flanco esquerdo, chuchando violentamente, enquanto massaja as orelhas da Lola. No final da leitura, ou quando dá sinais de cansaço por já não ser capaz de ouvir o livro até ao fim, declaro o fim da sessão, pego nela ao colo e vamos à sala dar um beijinho de boa-noite ao pai. Dá o beijinho prontamente e depois, durante uns tempos, logo a seguir, quando saímos da sala enquanto o pai lhe vai dizendo para dormir bem, começava a fazer cara de choro e desatava num pranto só visto. Um choro sentido, convicto e sonoro, mas sem guerras, como alguém resignado à sua sorte. Arranjei uma forma de a acalmar e convencer de que está na hora da cama com as ovelhas fluorescentes que estão coladas na parede por cima da sua cama. Basicamente, perguntava-lhe quem é que estava à espera dela para fazer ó-ó, ao que ela me respondia por entre o choro "mé-mé!". E eu lá lhe explicava que elas já estavam fartas de esperar para dormir com ela e ela parava com a fita, pedia-me miminhos por instantes e para atirar de seguida o corpo para o lado, para se deitar. A certa altura, era de tal forma, que ela assim que entrava no quarto, antes que eu dissesse alguma coisa, dizia logo por entre os soluços, "mé-mé!!!", assumindo que aquele era o seu desgraçado destino. Era mesmo cómico. Com o tempo, habituou-se à ideia e hoje em dia, já não chora. Só tem uma exigência, ou melhor duas: tenho de ser eu a cumprir o ritual e quando a deito depois do meu beijo de boa-noite, tenho de me sentar no puff até ela adormecer, sem grandes fitas. Ou seja, tenho pelo menos para cerca de uma hora de ritual nocturno todos os dias, mas sabe-me bem...
A curiosidade...
...neste caso não matou o gato, mas enfureceu um formigueiro inteirinho. A M. achou que aquele monte de terra tinha um ar estranho, ou talvez apetitoso, não sei especificar. Ainda tentámos agarrar-lhe a mão, mas já não fomos a tempo. Assim, que levantou a parte de cima do formigueiro, eram aos milhares, mínimas, a sairem em catadupa do buraco. E está claro, que muitas delas subiram mãos e pernas acima da malvada que lhes rebentou com o tecto. Era ver a M. a correr e a abanar-se toda, enquanto gritava aflita, "Ai! Ai! Ai! Ai! Ai!!!". Acho que aprendeu a lição, porque há uns tempos, quando ela ia a deitar a mão a outro monte de terra, relembrei-lhe a experiência, segurando-a e perguntando-lhe: "Não mexas... Não te lembras das formigas da terra?", parou, avaliou e olhando para mim com ar entendido, respondeu, "Tsi!", seguindo em frente...
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Cena de filme
Os nossos cunhados e sobrinhas foram passar uma semana a Paris, tendo ido nós buscá-los ao aeroporto no regresso. Passo a descrever a cena, digna de um guião de filme meloso. Imaginem a coisa com banda sonora e em câmara lenta, á moda dos anos 80... A M. estava a brincar com o tio Filipe no átrio das chegadas, quando vimos a família aparecer na porta. Chamei a M. e disse-lhe para ver quem vinha lá. A Matilde, por sua vez, vinha ao colo da mãe com ar ensonado e cansado, escondendo a cara no seu cabelo. A minha cunhada, do seu lado, também lhe perguntou quem estava ali. A M. olhou para cima, à procura e viu. Esboçou um sorriso rasgado, de orelha a orelha, e começou a correr na direcção do fim da rampa, a rir um bom rir, gritando "Bebé!". Em simultâneo, a Matilde espreitou por entre o cabelo da mãe e viu a prima à sua procura. Soltou um guinchinho de felicidade e começou a tentar mergulhar para o chão, de tal forma que a mãe teve dificuldade em não deixá-la cair. Assim que a pousou em segurança, desatou a correr rampa abaixo, enquanto ri-a à gargalhada e dizia "Ma'ena!" sem parar. Chegaram ao pé uma da outra ao mesmo tempo, pararam, esboçaram um sorriso, não sei como, ainda maior e deram um abraço gigante, do tamanho do mundo. Assim ficaram um instante, para a seguir seguirem à sua vida, de mão dada, por exigência da minha filha. Deixaram-nos a todos parados a ver, sem grande reacção, embevecidos com tamanha felicidade e amizade. Foi bonito. Só tive pena de não ter a câmara de filmar para registar um momento único, que poucos realizadores conseguirão reproduzir. Acham que estou a exagerar? Talvez, mas num centésimo. Tenho testemunhas que não me deixam mentir...
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Ovos de chocolate
A vantagem desta Páscoa sobre todas as próximas que virão? Os ovos e as amêndoas de chocolate que a M. recebeu. Ou melhor, que os pais receberam. E eu que já não recebia guloseimas na Páscoa, este ano foram tantas!... É que a nossa filha ainda não sabe o que é chocolate. Desconfia que aquela coisa que levamos à boca deve ser boa - pudera! Come-se! -, mas certezas, certezas, não tem. Quando a avó chegou e lhe pôs nas mãos um ovo da Kinder gigante, eu exclamei - "Uma bola torta! Que giro! Dá cá que a mãe guarda". Ela sem tempo para muito e sem grandes hipóteses, cedeu e ficou a olhar para aquilo intrigada, enquanto desaparecia da sua vista. Ainda não foi desta que fiz o gostinho ao dedo da avó... :)
Páscoa
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Drops of Jupiter
A minha avó materna deu-me uma vez o melhor conselho, adaptado à realidade do século 21, está claro, que já algum dia recebi: acaba de tirar o curso, viaja durante dois anos e conhece o mundo, volta, arranja emprego e compra casa. Só depois, casa-te. Filhos só dois anos depois de casada. Uma senhora nascida em 1905 tinha esta visão... Por isso, levanta voo, sonha, descobre-te e conhece o mundo. Descobre a amizade e o amor, vive, não sobrevivas e nunca, mas nunca te esqueças de que a felicidade está em ti, independentemente de tudo o mais. É o meu maior conselho... Eu cá estarei para te dar a mão, para te empurrar no meio do medo do teu primeiro voo e para aplaudir todas as conquistas que obtenhas.
- Drops of Jupiter - Train
- Now that she's back in the atmosphere
- With drops of Jupiter in her hair, hey, hey
- She acts like summer and walks like rain
- Reminds me that there's time to change, hey, hey
- Since the return from her stay on the moon
- She listens like spring and she talks like June, hey, hey
- Tell me did you sail across the sun
- Did you make it to the Milky Way to see the lights all faded
- And that heaven is overrated
- Tell me, did you fall for a shooting star
- One without a permanent scar
- And did you miss me while you were looking at yourself out there
- Now that she's back from that soul vacation
- Tracing her way through the constellation, hey, hey
- She checks out Mozart while she does tae-bo
- Reminds me that there's time to grow, hey, hey
- Now that she's back in the atmosphere
- I'm afraid that she might think of me as plain ol' Jane
- Told a story about a man who is too afraid to fly so he never did land
- Tell me did the wind sweep you off your feet
- Did you finally get the chance to dance along the light of day
- And head back to the Milky Way
- And tell me, did Venus blow your mind
- Was it everything you wanted to find
- And did you miss me while you were looking for yourself out there
- Can you imagine no love, pride, deep-fried chicken
- Your best friend always sticking up for you even when I know you're wrong
- Can you imagine no first dance, freeze dried romance five-hour phone conversation
- The best soy latte that you ever had . . . and me
- Tell me did the wind sweep you off your feet
- Did you finally get the chance to dance along the light of day
- And head back toward the Milky Way
Doente
A M. apanhou gastrenterite outra vez. Mesmo em casa, mais protegida, estas doenças apanham-na na esquina desprevenida, e por um lado ainda bem. Desta vez, o que mais nos afligiu foram os vómitos, já que eram a dormir e de barriga para cima. Na primeira manhã, quem deu conta foi a ama que ao chegar, foi espreitá-la e nos chamou a perguntar o que era aquilo. Era uma massa arrocheada espalhada pela cama e cabelo da M. A coitada vomitou o jantar que incluia uvas e acabou por adormecer outra vez sozinha, sem ninguém por perto, acabando por ficar com aquela nhanhisse pegajosa seca. Senti um peso de culpa de 5 toneladas a cair-me em cima. Como foi possível eu não ter ouvido, não ter acordado? O cansaço era muito, mas caramba, a minha filha vomitou e teve de safar-se sozinha, durante a noite, com a cara, o cabelo e a cama sujos... Fui trabalhar com os pés pesados e com aquela imagem na cabeça. Horrível... Durante o dia, muita diarreia e falta de apetite, da praxe nestas coisas. Nessa noite, deitei-a e fui espreitando. Vomitou outra vez, de cabeça para cima. Foi um repuxo que caiu em cheio na cara. Assustada, chorou desalmadamente. Foi preciso dar-lhe banho a meio da noite e depois de muito mimo, creme e roupa lavada, decidi - dormi com ela na cama do tio, o tio ficou no sofá e o pai na nossa cama. Não quis correr o risco de ela se engasgar com o próprio vómito. Foi um sono solto, cortado às 3h com uma descarga de diarreia, com uma filha que se virava e revirava no canto dela, sem se chegar a mim. No dia seguinte, ainda com o ritual da diarreia diurna, tive de chegar tarde a casa, assim como o B. A minha tia, que foi lá jantar pelo seu dia de anos, ficou com ela depois da ama sair. Ligou-me a dizer que a M. tinha feito diarreia, que estava toda borrada e se eu demorava muito. Como continuava atrasada, disse-lhe o que lhe devia vestir e liguei para o B. para se despachar. Quando este chegou a casa, meia-hora depois, estava a M. aos saltos em cima da cama, de fralda, sem roupa, embrulhada numa toalha toda borrada, que foi limpando a porcaria que saiu para fora da fralda e que a titi nem detectou (ainda me perguntam porque não confio neles para ir passar férias...). Nessa noite, voltou a vomitar na cama às 5h, pelo que o B. decidiu levá-la para a nossa cama. Dormi mal, com ela às voltas. Tive medo que ficasse com a manha de dormir connosco, mas temos sorte - a M. continua a preferir dormir sozinha e parece que percebeu que aquilo foi uma excepção devido à doença. Já passou, mas foi uma aventura e tanto...
Colecção de bolas
O meu pai está a desempenhar cada vez mais o seu papel de Avô, ou seja, o de mimar, mimar, mimar. Ele e a minha tia foram um dia lá a casa e, para não variar, levaram a M. à rua para passear. Perto de nossa casa há uma papelaria, que entre muitas outras coisas, vende bolas. Umas bolas pequenas, mesmo a jeito da mão de um bebé de 18 meses, de várias cores e desenhos e que saltam q.b.. Escuso de voltar a explicar o quanto a nossa filha adora bolas. Diz quem viu, que se colou à montra da loja e com a cara e as mãos escarrapachadas no vidro, ia repetindo incessantemente - "Bola! Bola! Bola!". A titi não resisitiu e entrou. Comprou não uma, mas duas bolas para gáudio da petiz. Quando cheguei a casa, veio à porta exibir a sua nova aquisição, enquanto se ouvia o meu pai a resmungar: "Pois. Não podias ter comprado só uma. Tinham de ser logo duas! Habitua-a, habitua-a e depois me dirás...". Ouvi o sr. coronel falar e achei normal - essa era a sua função de pai, certo? No dia seguinte... Cheguei a casa e tinhamos avô outra vez. Desta feita, a M. apareceu à porta com, não duas, mas três bolas! A ama por entre sorrisos lá me explicou que desta vez tinha sido o avô, que escondido na sala, não se dignava dar-me a honra da sua presença. Sorri e entrei. Meti-me com ele. "Mais uma?!". "Ela não largava a montra e não se calava com as bolas!..." "Hum... Então a teoria é bonita, mas é só para a tia?..." "Oh! Pfffff!....", fez ele, enquanto encolhia os ombros e me virava as costas. Sem comentários... :)
Medicação - dúvidas
Como a constipação deixou-me algumas dúvidas, mandei um e-mail à pediatra para perceber algumas coisas. Como me parece útil, aqui fica…
Ben-U-Ron: serve para febre e dores - Brufen: serve para febre e dores, tem acção anti-inflamatória que o ben-u-ron não tem - Oxolamina: serve para tosse seca/irritativa - Maxilase é anti-inflamatório - Actifed: p/ o ranho
Quando tem febre deve dar em primeiro lugar o ben-u-ron. Pode fazer ben-u-ron de 6/6 horas se tiver febre. Se a febre voltar com um intervalo inferior a 6 horas, deve dar Brufen. O brufen pode dar no máximo 3xdia (8/8 horas). O oxolamina é um xarope para a tosse e deve ser dado 5ml de 8/8 horas. É independente do ben-u-ron e brufen e pode ser dado ao mesmo tempo. Se tem muito ranho deve dar actifed 5ml 1 a 2 x dia. O oxolamina e actifed podem dados durante 5 a 7 dias seguidos.
Não há diferença entre o Ben-U-Ron supositório e o xarope - deve dar 5ml do xarope ou 250mg supositório.
Supositórios
A M. constipou-se. Como tinha bastante febre, demos-lhe Ben-U-Ron, alternado com Brufen. Mas como fomos ensinados com supositórios, pensámos que seria melhor continuar com a mesma linha de procedimento. Pela primeira vez, a M. reagiu. O primeiro fui eu que pus e a M. choramingou. Lá a distraí e ela esqueceu até ao dia seguinte a experiência. Na manhã seguinte, comigo ao lado, a ama fez o mesmo. Chorou, enquanto dizia "Dói-dói!". Durante uns tempos, a M. ganhou repulsa ao muda-fraldas, alapando-se a nós sempre que tentávamos mudar a fralda no dito. Tinhamos de ir para cima da cama do tio, para a convencermos, e mesmo isso era difícil...
Letícia
A Lúcia tem uma filha com 3 anos. Já nos pediu autorização para a levar duas vezes, tendo tido como resultado uma enorme diversão para a M. por ter tido só para si uma amiguinha para brincar um dia inteirinho. Como a experiência foi positiva para a nossa filha, concordámos dizer à Lúcia que podia levar a filha de tempos a tempos - ou um dia por semana ou de 15 em 15 dias, conforme lhe desse jeito. Desta forma, a M. aprende a lidar e conviver com outras crianças, sem ser naquelas horas estipuladas na ginástica e na natação. Ainda por cima, a Letícia é mais velha, obrigando-a a gerir as suas capacidades sociais. O B. comunicou-o à ama, que apesar de não parecer muito interessada, lá apareceu uma sexta-feira com a filha. A M. delirou. Passaram o dia na brincadeira e quando cheguei a casa, a M. estava extasiada com a "bebé", chamando-me para a ver vezes sem conta. Percebi porque é que a Lúcia não está muito disponível para repetir a experiência com mais frequência. Estava com uma cara de cansaço por demais evidente, muito porque a filha é algo mexida. Julgo que o melhor termo para a definir é beirão - é terrabenta... Não pára um segundo, sempre a a falar e, muitas vezes, tentando contrariar as ordens da mãe. Quando comentei com a ama que parecia cansada, o comentário foi: "prefiro 4 Madalenas a 1 Letícia...". Pois... Esperemos que isto não invalide mais visitas da amiguinha lá a casa.
Birras
Já começa a querer fazê-las... E das beras... Chora sempre que é contrariada, com um volume em crescendo, correndo-lhe lágrimas gordas cara abaixo, atira-se para trás, por vezes chega a tentar bater. Tantas vezes nos zangámos por causa desta última atitude que agora levanta a mão, olha para nós de soslaio e finge que a parede, a mesa, a cadeira, whatever, é mau-mau. A parte do choro está mais difícil. O meu olhar reprovador ou ignorá-la continuam a ter sucesso. Já percebeu que tem de se acalmar quando lhe levantamos a mão em sinal de stop. É engraçado vê-la a tentar controlar o choro sozinha, engolindo em seco, para pedir outra vez o que quer, com mais calma. Se lhe dizemos que não outra vez, às vezes descamba. O B. cede facilmente, com um "oh, filha!" um deixar cair dos braços de vencido e com muitas tentativas de distração com o intuito de parar o choro. Eu bem me zango com o pai para ignorar ou impor-se, mas com pouco sucesso. Ele já percebeu a lógica, mas tem uma grande incapacidade de a aplicar na prática. Ela já percebeu as regras do jogo e está diariamente a testar os limites. Eu não quero uma filha irritante e mimada!!! Ai! Ai! Ai!
Sestas
A M. não gosta de dormir, é algo mais do que assente. A noite já está controlada, já havendo um ritual mais ou menos estabelecido. Durante o dia, já a conversa é outra... Com a ama, tem dias que nem dorme, muito, penso eu, porque esta não quer perder muito tempo com o assunto - estamos a falar de talvez perto de uma hora ou mais - e muito porque não consegue gerir as visitas do meu pai, que não têm hora certa e são imprevisíveis. Ao fim-de-semana, temos mais sorte. Como temos mais tempo, saímos, brincamos e cansamos. Para além disso, temos o embalo do carro como um extra bastante vantajoso. Assim, connosco, a M. chega a dormir sestas de 2 horas depois de almoço. Preocupada com o regime de sono da nossa pipoca, pedi conselhos à pediatra. Disse-me que as 9/10h de sono nocturno lhe pareciam bem, mas que a sesta do dia era essencial e não devia falhar. Disse-me o que eu já sabia - criar um horário sempre igual, que com a repetição cria o hábito. Falei com a Lúcia e dei-lhe instruções: todos os dias tem de dormir pelo menos uma sesta. Já a pensar nas férias da praia e na saída desta às 10h30/11h00 e nos fins-de-semana em que queremos passear à tarde, orientei-a para o horário da manhã, antes do almoço. Ao mesmo tempo, impus ao meu pai a regra do telefonema prévio antes da visita, para saber se está a dormir ou não. A M. já vai dormindo de manhã, mas muitas vezes só dorme meia hora. À tarde, a Lúcia também já vai conseguindo convencê-la a ir até ao país dos sonhos, mas não me parece muito evidente. A ver vamos se não sai à mãezinha que, desde muito cedo, deixou de dormir sesta, contrariando as regras todas...
N.º 5!!!
Uma máquina
Há duas frases na ginástica que ficaram mais presentes na minha memória: o prof. Rodrigo comentar ironicamente que a M. está cada vez mais levezinha, sempre que pega nela para exemplificar qualquer exercício e o comentário da prof. Vi a falar com uma amiga quando viu a M. a entrar na sala. Apontou para ela e disse: "a M. é uma máquina! Faz tudo o que lhe mandam sem hesitações!". Sorri agradecida e entrei atrás da M. Mas cá por dentro, babei... :)
Comeu sozinha
Já sabe comer sozinha, usando tanto a mão direita como a esquerda para agarrar na colher. Eu não imponho nada, mas tendencialmente acaba na mão direita. Pode ser que seja como eu que só uso a esquerda para cortar direito com tesoura, tal e qual como a minha mãe. Agora, tem dias. Por vezes começa e acaba com a colher, outras vezes acaba com a mão. Quando está para aí virada, come tudo sozinha e sem grandes badalhoquices. Até sopa já marchou só pela mão dela! É claro, que é preciso ter paciência e sobretudo um pano à mão para limpar tudo o que saltou fora, mas mesmo assim, está muito bem. Boa! Como ela própria diz, depois de nos ouvir a dizer-lho várias vezes.
Já pede colo
A M. descobriu que se esticar os braços para cima e pedir com ar de cãozinho abandonado "cóuo" costuma ter sorte...
Jerónimo de Sousa
Estava a M. sentada na cadeira de comer, eis senão quando, apontou para a televisão e exclamou "Ô!" toda satisfeita. Olhei e quando vi o Jerónimo de Sousa a falar no telejornal soltei uma gargalhada. A nossa pipoca confundiu estes dois homens que em nada são iguais, a não ser numa cara mais comprida e num cabelo meio grisalho. A minha tia disse que era dos óculos, pois está claro.
Avô
Tem uma loucura só vista pelo avô A. De tal maneira, que houve um dia que calei o choro do ir para a cama, dizendo-lhe que tinha de dormir, pois depois do ó-ó grande o avô ia lá a casa para ir à rua com ela. Parou logo de chorar, perguntou "Ô?". Eu confirmei e ela conformada deitou-se sem mais arrelias. Adora ir passear com ele para a rua e passa tardes na rua atrás dos pombos, e do cão, e dos outros "bebés", pelo menos de acordo com o relato que ela me faz a posteriori. Este por sua vez, já não sabe passar um dia sem ir lá a casa para brincar com ela. Vai disfarçando, dizendo que não pode ir todos os dias da semana senão ela fica mal habituada, mas depois aparece, muito porque é ele que já está habituado... Descobriu na nossa dispensa um pacote de milho para pipocas que levou sumiço numa tarde com as pombas, para no dia seguinte trazer outro comprado. Pelo que percebi, agora tem sempre milho no carro. Como diz a minha sogra, as pombas de Telheiras são tão finas que não comem um milho qualquer, mas sim um de pipocas... A regra de ouro dos passeios com o avô é simples: desde que não leve nada à boca a M. pode fazer o que quiser, pelo que quando chego a casa, ela está disfarçada de filha de cigano. As unhas negras, as mãos sem explicação, a roupa tão suja que chega a ser preciso tira-nódoas para terra e relva e até a cara está coberta de terra. Ou seja, ficar badalhoca é a regra imposta pela brincadeira entre neta e avô. O meu pai está tão encantado por aquela Sereia, que no dia a seguir a ralhar com a minha tia por esta lhe ter comprado duas bolas só porque a M. se colou à montra, chegou a casa com uma terceira bola. A lógica do "habitua-a mal, habitua e vais ver" pelos vistos só se aplica aos outros. Ele é excepção. E quando me meti com ele, perguntando para que era mais uma bola, ele encolheu os ombros e respondeu: "Ela não saía da montra! É uma loucura por bolas!", soprando desconfortável. Hum-hum...
Música do Manel
Há uns largos meses atrás, expliquei aqui que cantava a música"Olha a bola Manel" do José Barata Moura para adormecer a M. Tinha um efeito soporífero eficaz, mesmo que demorado. No outro dia, tentei outra vez o mesmo truque. A M. estava excitadíssima e, quando a deitei, estava literalmente aos saltos e semi-cambalhotas na cama. Percebi que não ia correr bem e como ela passava a vida a tirar as meias só para me desafiar, optei por tirá-la da cama e, à media luz, mudá-la para um babygrow com pés. Ao mesmo tempo, ia falando baixinho e fazendo festinhas para a sossegar. Resultou. A certa altura, estava a M. sentada no muda-fraldas, de chucha na boca, com olhos de sono e muito sossegadinha a olhar para mim. Lembrei-me daquela bebé que adormecia com as minhas cantorias e tentei a sorte. Assim que comecei a cantar "Olha a bola Manel", os seus olhos escureceram, a cara fechou e fez um beicinho de cortar o coração. Chorou! A M. chorou com aquela música porque associou a ir dormir e isso era o que ela não queria. Já tentei mais vezes sem ser na hora de dormir e o resultado não é muito positivo. Uma das minhas músicas de infância preferidas parece ter sido banida...
Tau
Já aprendeu a dizer adeus. Levanta a mão e baixa os dedos, enquanto diz "Tau!". Para se despedir, ou opta por este ou pelo atirar do beijinho, que ainda se fica pela mão na boca. Mas graças a este "tau", pudemos assistir ao nascimento de uma estrela. E com um futuro promissor na carreira de actriz dramática. Senão vejam se não tenho razão. O ritual para se deitar é sempre o mesmo: abrimos as camas (a dela e a nossa), vamos buscar os seus amigos inseparáveis - a pêpê e o dôdô - sentamos-nos no puf a ler os livros que ela escolhe, apagamos a luz do quarto dela e vamos à sala dar um beijinho de boa noite a quem lá está. Distribui mansamente todos os beijinhos solicitados, não importa a quem. Quando chega a vez do pai, faz beicinho e começa a chorar. Um choro típico de quem já sabe o que a espera e não quer, mas que remédio. Depois, vou com ela ao colo para o quarto e acalmo-a até ela pedir para se deitar na cama. Até aqui, nada de extraordinário. Porém, ha duas particularidades dignas de menção: primeiro, já aprendeu que ao entrar no quarto, vou-lhe perguntar quem está à sua espera para fazer ó-ó, referindo-me às ovelhas fluorescentes que estão coladas na parede por cima da cama dela. Agora, a malandra já diz "ah, memés!" por entre o choro quando entra no quarto, já não conseguindo eu por isso qualquer efeito de acalmia. Segundo... Quando entro no quarto com ela a chorar, ao encostar a porta, a minha filha vira-se para ela e, com a mão em posição, vai dizendo com um ar desoladíssimo - "Tau pai, Tau!" com vários soluços à mistura. Parece que vai para a guerra e que nunca mais o vai voltar a ver. Não há noite que eu não me ria, escondendo a cara no seu cabelo, para não a frustrar...
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Tio Filipe
Mudou-se para Lisboa e está temporariamente lá em casa, partilhando o quarto com a M. Não podiam ter dado melhor presente à criança. É uma loucura com ele e a tia S. e a excitação é tal que por vezes a hora de dormir não é evidente. Era "Ti", passou a "Tio", com uma especial entoação no "o" da palavra, quase parecendo um "Tiu". Brincam todos os dias e tem direito a miminhos extra. É de tal maneira, que o pai já passou para terceiro plano... Quando sente a chave na porta, exclama "Tio!", ao que eu explico que não e questiono quem será então. Resposta: "Pi!", referindo-se à namorada dele, a tia Sofia. Só quando lhe dou outra nega e volto a perguntar quem será, é que ela acerta na mouche e lá diz "Pai!"... As primeiras noites foram pacíficas, sem a M. se aperceber que o tio partilhava o quarto com ela - ela deita-se depois e acordava primeiro. Ao fim de uns dias, ela começou a acordar antes dele sair, apercebendo-se de que ele estava ali. Resultado: a meio da noite, estando as camas perpendiculares entre si, a M. levanta-se, agarra-se à barra lateral e olhando para a cama dele, chama "Tio?". Ele, acorda estremunhado, mexe-se sem falar (senão "tinhamos conversa para a noite toda!!!") e ela literalmente volta a aterrar. Diz o tio que a ouve a cair na cama como um peso morto, para logo depois ouvir a respiração de quem dorme. A consequência disto, é termos um tio cansado de manhã, que não ouve o despertador, porque ainda não está habituado a estas andanças nocturnas de um bebé pequeno. Isso e um inchaço enorme por ter um papel tão importante na vida da sobrinha, para além de provocar o riso e o gozo de todos nós...
Em cima de nós
A M. não pára quieta - já ficou aqui bem registado. Mas o não estar quieta quando ouve uma história ou quando tem de estar em pé, perto de nós, ou seja, situações em que, supostamente, deve estar sossegada (conceito que desconhece por completo), significa normalmente uma coisa: pisar os nossos pés. Tem uma necessidade parva de subir para cima de nós, indo pisando as uvas, como quem está a fazer vinho, macerando simpaticamente com os seus 12 kg e meio as bases do nosso corpo. Se estivermos meios estendidos com as pernas esticadas, vai pernas e tudo! Oh M., tu tem dó!!!
Desenhos
Gosta mesmo de comer! Até nos desenhos isso ficou provado. Quando me pede para fazer riscos (sim porque é o mais que consigo fazer...), há sempre duas coisas que têm de estar presentes na folha de rascunho: a colher e a tigela... E não satisfeita, têm de ser desenhadas uma e outra vez, sempre com um "Mai!" iminente, ainda eu não acabei os anteriores.
Imita o cavalo
E muito bem! Começa por fazer o barulho dos cascos a trote e termina com um "Ihhhh!" fininho. Depois, informa: "Cau", palavra para cavalo. Se estiver ao nosso colo, então, abana o corpo para imitarmos o trote enquanto ela reproduz o som de fundo. No que uma mãe se torna! Até já sirvo para montar! Salvo seja... :)
Ti
Descobriu o umbigo. Ou melhor, eu fi-la descobrir, pois tendo em conta a barriga, só puxando é que consegue vê-lo... Mostrei-lhe o meu para ela perceber que todos temos um. A M. foi mais minuciosa: reparou que, ao lado do umbigo, tenho um sinal e que ela também tem um, mínimo, que eu própria não tinha reparado. Assim, agora quando tem a barriga à mostra, obriga-me a mostrar o meu umbigo para depois ir apontando alternadamente para o "ti!" e o "nau!" - os meus e os dela. O B. também já entrou na dança se estiver por perto.
Pau!
Esta parece mal, mas tenho de contar... A M. apanhou o pai a sair da banheira e estranhando a coisa, apontou com um ar interrogativo. Quem me conhece, sabe que sou meia disléxica e por vezes saiem-me palavras da boca que eu própria nem sei explicar (tipo espetafacular ou caixão do lixo, quando o objectivo era camião do lixo). À conta disso, por vezes, senão muitas, saiem disparates. Desta vez, saiu. Com um ar natural, expliquei-lhe que era o pirilau do pai... Em segundos, saiu do lado do receptor: "pau!". Ah, pois é... Agora, na natação, como ainda toma banho no balneário dos homens com o pai e só depois eu visto-a no nosso, é vê-la a apontar e a dizer em alto e bom som: "pau!". O B. passou a sua primeira vergonha com a filha... Ups!... Mea culpa, mea mui grande culpa!!! :)
Lavar a cabeça
Já não lhe faz confusão molhar a cabeça. Adora que eu ligue o chuveiro, para ela escancarar a boca e sentir a água a bater na língua, engolindo grandes golfadas de água atabalhoadamente. Depois, aviso que vou molhar a cabeça, conto até 3 e ela põe-se a postos, em pé , tapando os olhos, enquanto dá gritinhos. Fase seguinte!...


