quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Tété!

É a expressão usada lá em cima em vez do cucu! O B. usa-a muito e eu por arrasto também. Agora, é a M. que a usa. Quando quer esconder a cara ou só os olhos atrás de alguma coisa, para nós lhe ligarmos, exclama "tété!". É tão engraçado ver a sua expressão de divertimento, com aqueles olhinhos brilhantes, como se achasse estar a fazer uma coisa muito esperta. E efectivamente, até está... :P

Tsão!

É a nova palavra dela, que nada mais é do que chão...

Água do banho

Na banheira, agora, adora abrir a boca, levá-la escancarada à água e beber. Podia-lhe dar para pior...

Gatinhar de sereia

Nunca aqui o referi, mas merece menção. Quando a M. gatinha, as pernas andam aos Ss como se fosse um peixe. Em vez de impulsionar o movimento com os pés, usa mais a força nos joelhos, deixando os pés meios no ar. Assim, estes vão andando ao sabor do gatinhar, de um lado para o outro, tal e qual como um rabo de peixe. É a nossa pequenina sereia...

Subterfúgios

Como não quer andar, tem de arranjar estratagemas para deslocar coisas. Assim, ou as põe à sua frente no chão e vai gatinhando enquanto dá sapatadas com as mãos, atirando-as para a frente, ou usa uma posição estranhíssima que não é nem gatinhar, nem andar. Põe uma perna dobrada como se estivesse de cócoras e a outra estica para o lado. Depois, com uma mão a segurar no objecto, vai andando com a ajuda dos empurrões da outra mão no chão. Ou melhor, vai saltitando desajeitadamente...

Preguiçosa ou medrosa?

Apesar de já ter andado, a M. só dá passos sozinha quando está distraída. Já se põe em pé e até bate palmas e tenta abanar-se para dançar sem apoio, mas andar, que é bom, está escasso. Ainda precisa do nosso dedo indicador para sentir segurança. Já se chegou a agarrar à minha manga, que não lhe dava estabilidade nenhuma, pelo contrário, até a desiquilibrava. Dá pequenos passos entre dois móveis ou do B. para mim e vice-versa, mas de resto, apesar de o saber, ainda não se astreve, como se diz lá para cima... Enfim, é dar tempo ao tempo, até porque eu, como mãe egoísta, nem tenho muita pressa que ela o faça perfeitamente - é mais um passo para fora da minha saia... ;)

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A meio da noite

Quando a M. acorda a meio da noite, porque aponta para fora do quarto e não descansa enquanto não o consegue, costumamos levá-la para o sofá. Aí, depois do biberão do chá, acaba por se encostar ao nosso peito e relaxar até adormecer. A semana passada, trocou-nos as voltas. Acordou e eu fui lá. Como de costume, apontou para a porta. Levei-a para a sala e tentei sentar-me no sofá. Mas, desta vez, não me deixou. Chorava e resistia, contorcendo-se ao meu colo. Chá, nem vê-lo, até chapadas dava no biberão... Levei-a para a janela da cozinha para ver se os carros de antigamente a acalmavam. Resultou. Ali ficou, ao meu colo, a ver os poucos carros a passarem no Eixo N/S. De cada vez que passava um, eu sussurrava-lhe quase ao ouvido "olha mais um! Este vai para o trabalho" ou "uma mota que vem da festa". Eu sei lá. Sempre que não passava nenhum, primeiro fazia o gesto do "não há" e depois franzia a testa e começava a querer zangar-se, mas felizmente aparecia outro e mais outro. Como 11 kg já pesam e a minha coluna já não é grande amiga de brincadeiras, acabei por ter de me sentar. Voltei para o sofá. Foi um berreiro tal que acordou o B. Este levantou-se e revezou-me. Ao fim de uma hora e tal, conseguiu a proeza de a adormecer e tentou aproveitar a hora que faltava até acordar. Foi uma verdadeira luta para não adormecer... Porque será?

Mais técnicas

Tem mais duas formas de me desmanchar, para além de desviar o assunto para alguma gracinha. Uma é apontar para alguma coisa com muito interesse. Por exemplo, faz isso desde que descobriu a torneira do bidé. Abre-a e enfia a mão até ao cotovelo, ficando encharcada. Como já sei o que pretende, quando a vejo entrar na casa-de-banho, vou atrás e espero. Quando já está em pé, em frente ao bidé, a olhar para a torneira com cara de quem viu o Pai Natal, digo-lhe que não. Ela vai tentando uma e outra vez, primeiro pedindo-me autorização apontando, depois levando lá a mão ou aproximando-se sorrateiramente de lado, e eu sempre firme, vou-lhe recusando a vontade. Até que fico zangada e ponho uma voz mais ríspida. Ela vai e aponta para a banheira com um "ãh!" de interessada impressionante, com um ar muito entusiasmado, como que a dizer que aquele disparate todo não é nada, o que importa é que quer tomar banho! A outra forma de me dar a volta resulta com muito mais eficácia... Quando a coisa já está preta, olha para mim, arreganha a boca, ficando os dentes de baixo à mostra e dá uma gargalhada com a cara toda franzida. Quando me faz isto, não consigo. Regra geral, tenho de esconder a cara para não estragar, mas a espertalhona já me apanha fácil, fácil. Como diz a tia S., sabe-a toda e eu estou tramada...

Pé!

A M. é expert em dar a volta ao contexto quando lhe interessa. Quando lhe estou a mudar a fralda, tem momentos de verdadeira violência. Dá aos pés e quando acerta magoa. Normalmente, faz isso quando já tem a fralda suja aberta. Se calhar, é por sentir a liberdade... Ela vai testando várias vezes a nossa paciência e os seus limites, o que é de louvar, pois só prova que está a evoluir no bom sentido, mas conseguindo que eu fique por vezes efectivamente chateada. Agora, sou eu que imponho mais respeito, tendo o B. mais dificuldade. Ponho uma cara séria, digo o nome dela, seguido de umas quantas negas, num tom de repreensão e espeto o dedo. A parte do dedo parece ajudar a manter o respeito. Quando ela vê que a coisa já não está mesmo nada de feição para ela, olha para mim com ar de sacana, levanta a perna e sai um triunfante "pé!". Como quem "olha a gracinha que eu sei fazer!". Tenho de me segurar e respirar fundo para não me desmanchar...

Ginetes

Está a ficar com um feitio!... Quando quer alguma coisa e não tem, seja porque ela própria não consegue ou porque não deixamos, cerra os poucos dentes que tem, encosta o queixo ao peito, abana a cabeça e dá aos braços enquanto parece que rosna. É de uma impaciência a toda a prova, não querendo esperar por nada quando está determinada a obter algo. Tenho de me impor com firmeza, senão temos o caldo entornado. Costumo perguntar-lhe com ar sério "o que é isso?", friso uns quantos nãos se necessário e ela lá percebe. Se começa a chorar porque não lhe dou logo o que ela quer, digo-lhe para se acalmar e dizer-me com calma o que quer. Costuma resultar. Lá pára de chorar e aponta com um sorriso malandro para o objecto do seu desejo. Mas nem sempre. Já tive de a deixar a chorar no meio do chão, porque atirou a cabeça para trás numa birra a querer ficar má. Como não lhe ligo, acaba por perceber a mensagem. Já o B... a coragem para se impor é diferente e tanto lhe dá para tentar o mesmo que eu, como para ceder quase à primeira. A sua princesa já sabe e por isso agora vai tentando primeiro a sorte com ele, a ver se pega. E às vezes sai-lhe a lotaria. Depois tenho de lhe recordar a ele o que devia ter feito e ele lá tenta a custo contrariar aqueles olhos pestanudos e expressivos que o derretem tanto. A ver vamos se não vou ser a má da fita...

Pescoço

Tal e qual como eu: é o seu ponto fraco. Derrete-se toda e desmancha-se às gargalhadas quando o pai lhe dá beijocas gordas ou faz-lhe cócegas no pescoço. É o nosso calcanhar de Aquiles. Mas o pai tem um condão maior do que o meu. Comigo, ri-se e torce-se toda, mas com o pai dá gargalhadas contínuas de a levarem ao cansaço. E quando o pai pára, estica o pescoço e põe-se a jeito, a pedir mais, oferecendo-lhe a dádiva de a ver rir outra vez. Rimos-nos todos sempre muito com aquelas gargalhadas contagiantes e cristalinas.

Andou!!!

De domingo para segunda-feira, dia 8 de Dezembro, ainda com 12 meses, a M. andou. Estávamos a conversar na sala da tia J. com o B. a tentar gerir as cambalhotas da M. e do F. ao mesmo tempo. A nossa pipoca estava excitadíssima e lá por já ser uma da manhã não a impedia, nem ao seu amigo de ter a energia para algo mais. Às tantas, viu uma fotografia do F. com meses em cima de uma mesa de apoio. Começou a querer chegar ao "bebé!". O B. começou a distanciá-la da moldura e largava-a para ela chegar lá. Não é que andou?! Depois de muitos pininhos, como diz o tio F., ao longo das semanas anteriores, e algumas mostras de que estava quase, quase, naquele fim-de-semana, lá se dignou andar. Estávamos todos tão entusiasmados que só visto. A tia J. fez um ar de vitória por ter andado na casa dela e o tio J. estava morto de sono, mas feliz. Eu e o pai estávamos nas nuvens. É impressionante como algo tão básico e elementar para o ser humano pode ser uma vitória e uma conquista tão grande. Se foi assim com o andar, nem imagino quando for com o ler, o entrar para a faculdade, o casar, o ser mãe... Acho que vamos ficar cheios com tanta emoção. E ainda bem!...

Mana mais velha

Há cinco anos que andava a dizer que ia a Braga ter com a amiga do coração. Nestes tempos de Dezembro, altura em que me sinto mais frágil, estava a precisar de me sentir rodeada por amigos sinceros e presentes. Por isso, disse ao B. que queria ir. Marcou com ela à minha revelia, com o intuito de me fazer uma surpresa, para o fim-de-semana prolongado do 8. Acabei por descobrir antes do tempo, mas não fez mal. O que eu queria era ir. Na antevéspera, a minha tia pregou-nos a partida: deu-lhe um achaque à porta de nossa casa e foi de charola para o hospital. Depois de algumas horas com exames, a médica de serviço avisou o B. que tinha de ir à psiquiatra outra vez - temos outra depressão à porta ... Aviso: não podia ficar sozinha... Demos voltas à cabeça e acabámos por arranjar uma solução - levámo-la primeiro a Penedono, onde estava o meu pai, dormimos lá e depois seguimos para Braga. Foi um fim-de-semana lenitivo. Estivemos no seio de uma família harmoniosa e que transmite paz e eu estive com a minha melhor amiga, de quem já tinha muitas saudades. Os encontros de fugida, sempre graças à sua persistência em vir a Lisboa de vez em quando, não dão para nada. Só servem para ficar com mais saudades ainda. Não falámos de nada em especial, nem de problemas, nem de preocupações, apesar de também me apetecer. Optei por não o fazer, pois era um tempo tirado para esquecer e não recordar. Uma pausa kit-kat. Os seus filhos estão fantásticos e o mais novo, mais velho um ano do que a M., adorou a presença daquela pequenina amiga - "Sabes, M., sabes, és muito gira!", ao que ela respondia com um sorriso e um "ãh!" que parecia afirmativo, fazendo o B. levar as mãos à cabeça e as mães sonharem com uma aproximação maior das famílias no futuro (ainda não se paga por sonhar, certo? ;) . Foi muito, muito bom. Vim embora um pouco mais consolada, ainda com saudades, que só conseguiria matar vivendo por perto, mas mais apaziguadas. Recordei muitas madrugadas, sentadas no sofá de Campo de Ourique a ver o sol nascer, e a dizer com toda a sinceridade "Bolas! Podias ser homem tu!". Ao que me era respondido "Não. Perfeito, perfeito, era se tu fosses o homem...". Obrigada, J., a ti e aos teus.

Caiu do sofá

Apanhei o maior susto até hoje com ela. Estava a brincar no sofá comigo. Pôs-se em pé, encostada às costas do sofá no mesmo instante em que o B. me fez uma pergunta. Na fracção de segundos em que olhei para o lado, a M. literalmente mer-gu-lhou... Quando olhei, estava ela em pleno voo, a ir direitinha ao chão de cabeça. A cena foi vista em câmara lenta tal foi o susto. Eu que não tenho memória visual quase nenhuma, tenho presente a imagem em slow motion a reproduzir-se na minha cabeça, sempre que me lembro de tão ínfame episódio... Já não fui a tempo de nada e ela caiu. Ouviu-se o bonc da cabeça a bater no chão e um choro imediatamente a seguir. Um choro intenso de dor. Agarrei nela ao colo e tentei acalmá-la, enquanto o B. tentava pôr as mãos na sua cintura para pegar ele nela ao colo. Mas o meu abraço e olhar determinado fizeram-no entender que nem valia a pena. Estava tipo leoa a lamber a ferida da cria e ai de quem lhe tocasse... Assim, enquanto a M. chorava no meu regaço, o B. com uma presença de espírito impressionante, foi buscar gelo dentro de um pano da loiça (quase que partia a gaveta do congelador...). Quando voltou, lá ma conseguiu tirar, sentou-a no seu colo e pôs-lhe o gelo na testa, enquanto eu ia vendo livros com ela para a distrair. Ela deixou e parou de chorar. Quando tudo tinha passado, já com a mossa vermelha a desaparecer da testa graças ao gelo, foi ao colo do pai para a cozinha, enquanto eu chorei feita Maria Madalena... É que para além do susto, o sentimento de culpa invadiu-me de uma forma parva. Bem sei que é o primeiro de muitos, haverão outros se calhar bem piores, mas este eu vi, este foi comigo. Ainda por cima careca de saber como os sofás são perigosos e como a pequenada não deve andar lá em cima. Enfim, passou... Aprendi a lição e o B. disse uma grande verdade: ainda bem que foi comigo, porque se tivesse sido com ele, acho que o tinha comido vivo...

Trouxe a meia

Foi no outro dia. Estava eu no sofá distraída, eis senão quando chega-me a piolha à minha beira de meia na mão. Estende-me a mão e diz-me "mêa!". Pois é. Já tem ideias a cachopa. Tive de lhe calçar a dita, senão não me largava o resto da noite...

domingo, 14 de dezembro de 2008

Quase, quase...

Na ginástica, a professora confirmou as nossas suspeitas - está quase, quase a andar. Só lhe falta um bocadinho assim... Por isso, naquela aula, tentou de tudo para ver se a convencia. A certa altura, pegou num arco, com o qual a M. estava a brincar, pô-lo em sua volta e fê-la agarrá-lo à frente. Enquanto a segurava por debaixo do braço, foi incentivando-a a andar, comigo à frente a chamá-la. Lá andou, sentindo-se segura pela professora, agarrada ao dito arco. A certa altura, a professora largou-a e ela continuou entusiasmada sempre em frente, agarrada à sua bóia de salvação a rir-se imenso pela aventura que estava a viver. No final da aula, a professora vaticinou que a M. na semana seguinte já ia de metro sozinha para a aula...

Bailarina

Até a ama já previu o seu futuro. Não pode ouvir uma música que começa logo, logo a dançar. Não importa o género, nem quem canta. E o engraçado é que tem ritmos diferentes, tendo várias formas de expressão a sua dança. Se for uma melodia suave, roda o tronco de um lado para o outro. Se for uma rockalhada, dobra as pernas e levanta um braço. Se for uma pimbalhada, levanta os dois braços e abana-se. Diz quem já viu que até dá ao rabiosque quando toca o telemóvel da ama com o seu kuduro... Há uns dias, experimentei pôr no VH1. Nem de propósito! Estava a dar o Top dos anos 80 e os Dire Straits estavam a tocar "Money for nothing". A miúda adorou! Encostou-se à mesinha da sala, levantou um braço e abanou-se toda, cabeça inclusive! Continuou com os Duran Duran e só acalmou com a Whitney Houston. Parece que tem bom gosto!...

Mamã e caca: palavras universais

Qualquer pessoa, desde que não seja um bebé, é "mamã". Quando não sabe o nome, é isso que chama. Até o pai, que vive frustrado por ela não dizer papá, apesar de o saber. Já para todas as coisas que ela não sabe ou não consegue dizer o palavra usada é "caca"... Esta linda palavra aprendeu-a num instante com o pai. Estava a meter uma porcaria qualquer do chão na boca e o B. rapidamente lha tirou e disse "não comas isso que é caca". Logo de seguida, saiu da boca dela, um perfeito e sonoro "caca!". E parece que sabe que é asneira, pois a entoação é sempre essa. Diz sempre a segunda sílaba com mais ênfase, como se estivesse a dizer um palavrão. É de chorar a rir. Agora, tudo é caca, basta não saber o nome. Bem que se diz que o mau aprendem eles logo, sem sequer serem ensinados!...

Abana a cabeça

Já diz que não com a cabeça quando não quer comer mais. Temos sempre de confirmar, perguntando-lhe umas quantas vezes. Está quase sempre a falar a sério, mas ainda tem umas quantas vezes que são só a fingir e, por isso, lá abre a boca para mais uma colher. Com o tempo, deixa de se confundir e torna-se mais fácil.

Perfume

Parece que nisso vai sair ao pai... A ama todos os dias de manhã, depois de a vestir e arranjar levanta-a e exclama "está linda!" umas quantas vezes, ao que ela reage com um sorriso de satisfação. Agora, quando lhe pomos o perfume que nos saiu como presente da Imaginarium, põe-se a postos: estica a cabeça para a frente, inclina-a e fica à espera da borrifadela. Não é que liga mais a isso do que eu?!

Evolução

Todos os dias vemos coisas novas, novidades nas gracinhas e a compreensão a evoluir a olhos vistos. Está mesmo a ficar crescida a nossa pipoca! Alguns dos pontos altos da sua evolução diária: - já reconhece algumas partes do corpo. De cima para baixo, já sabe o que é o cabelo, as orelhas, os olhos, o nariz, a mão e os pés, - já reconhece as formas do seu tambor e encaixa-as no sítio certo, assim como as rodelas do pino colorido, - sabe o que é pôr o chapéu, mesmo que seja um dos copos da sua pirâmide preferida, - percebe o que é sentar, deitar e levantar (melhor compreendido com uma solicitação de upa!), - se lhe peço para trazer algo, ela sorri e com ar maroto vem até mim com o objecto na mão para mo entregar.

Paladares

Já come da nossa comida. Aliás, fez greve à carne cozida e sem sal, e fecha a boca com determinação à comida saudável que fazemos para bebés. Até hoje, ainda não houve nada de que ela não gostasse. Adora qualquer fruta, até o ananás, prefere o peixe à carne e polvo põe-na a salivar. Até a uma tangerina com casca já deu uma dentada, o que provocou uma careta, para voltar à carga imediatamente a seguir. Só a sopa é que tem de ser sempre primeiro e sem mais nada à vista, senão tenta fazer gazeta ao prato que os miúdos por excelência se baldam.

Pai fora

Com algum alívio e muita pena nossa, o patriarca da família, o tio J., morreu, depois de algumas semanas de sofrimento. À tarde, o B. pôs-se a caminho de Coimbra para o velório e para o funeral no dia seguinte e ficámos as duas em casa sozinhas. Foi a primeira vez que a M. não viu o pai chegar a casa antes de jantar e passou uma noite sem ele. A meio da noite, ia para a porta da rua, levantava-se e apoiada nela, olhava para mim e interrogava-me "papá?", de palma da mão virada para cima. Tive de lhe explicar umas quantas vezes que o pai não estava e só no dia seguinte o ia ver. Na hora de ir para a cama, o biberão não foi suficiente e tive de me sentar no chão ao lado da cama dela para a convencer de que estava tudo bem. À meia-noite, ao fim de uma hora, lá adormeceu, depois de muitas certificações em como eu continuava de plantão. Deitei-me cansada e triste. Duas horas depois, às duas da manhã, acordei com o choro, para mim já normal do ritual da noite. Tirei-a da cama, acalmei-a e voltei a deitá-la. Ficou-se, mas com um sono muito agitado. Estive ainda um bom bocado com a minha mão em cima da sua cabeça para ela dormir mais em paz. Tornei-me a deitar, mas algo me fez ligar a televisão do quarto e deixá-la ligada. A partir daí, vi todos os números no despertador - a M. acordou de hora a hora a chorar até às 7h00... Ela chorou, às 3h, às 4h, às 5h, às 6h e finalmente às 7h, hora a que lhe dei o biberão de leite. Ou foi a falta do pai, ou fui eu que lhe passei a tristeza, ou algo mais. Não sei... Só sei que foi uma noite para esquecer!!!

Noite adentro

Tivemos uma fase looonga de más noites. Depois de adormecer com o biberão, acorda cerca de duas horas depois a chorar. Depois, é a luta para não adormecer outra vez. Acendemos a luz da casa-de-banho e entramos no quarto dela. Ela aponta imediatamente para a porta, na direcção da luz e temos porque temos de levá-la para fora do quarto. O truque é levá-la para a sala, para ir na direcção da luz, sentarmos-nos no sofá e encostá-la ao nosso ombro. Nós recostamos para trás e ela aninha-se em cima de nosso corpo e acaba por acalmar com a batida do nosso coração e o calor do nosso corpo. O chá às vezes resulta e depois de beber a litrada adormece confortada. Por vezes, acorda mais uma vez e temos de voltar ao mesmo. São noites aos soluços, com muito sono e choro à mistura. Hoje em dia, o ritual antes de ir para a cama é sempre o mesmo: deixar o biberão da manhã meio pronto para só ser necessário aquecer a água, caso acorde de madrugada, deixar um biberão de chá na sala para o que der e vier, assim como a manta a postos para a enrolar e um sono mais alerta para um choro assustado.

Batata frita

No sábado, véspera da festa de anos, dia em que a ama ficou a fazer doces, optámos pelo McNhonald's para um almoço tardio. Comprámos para todos, inclusive para a ama e a filha. A M. comeu a sua refeição primeiro e depois ficou a ver. Hum-hum... Nem deu tempo de sentar em condições, já ela estava a gemer e a esticar o braço para a nossa comida de plástico. Problema: era comida de plástico que não QUERO que ela prove antes de ter termos comparativos com os amiguinhos e por isso suplicar para ser igual à multidão. Por isso, o meu não-não era veemente. Mas... antes da minha nega, já a ama lhe tinha dado uma batata frita para a mão. Segurou-a com um ar intrigado e saboreou. É o termo. Devagarinho e com prazer. Seguiu-se uma segunda que despertou o mesmo prazer. Depois, armei-me em má da fita e disse convictamente que não à ama. Percebeu e por isso, parou. Por causa disso, não conseguiu comer mais sossegada porque a M. não parou mais de pedinchar. Parece que a cachopa sai a mim nas batatas fritas: venham elas! E são todas minhas, muito minhas e só minhas!!! :p

Fomos ao cinema!!!

Desde que a M. nasceu que não sabíamos o que isso era. A avó está longe e o avô e tia do meu lado ainda não são as pessoas indicadas para se deixar a criança. Talvez quando ela tiver mais idade... Temos duas voluntárias: a madrinha e a tia S. Como a madrinha mora em Sintra e tem de vir com o filho cá para casa, acaba por não ser uma solução muito viável, apesar da sua boa-vontade. Sobra a tia S, com quem a M. se dá lindamente. Depois temos outro problema: o pai galináceo... Convencê-lo a deixar a sua princesa sem um de nós enquanto vamos sair é um caso sério. Por isso, optei por ser pragmática. Para celebrar o meu aniversário como mãe pedi um presente: ir ao cinema. Combinei com a nossa amiga e fui informando o B. do facto. A reacção foi sempre de nega, mas uma nega tímida, pelo que fui insistindo naquele dado adquirido da ida ao cinema. Chegados ao dia, parece que o B. lá deu autorização à tia S. para combinar comigo a saída, sob o auspício "mas não me façam muito a vida negra...". Assim, a tia S. jantou connosco e ficou com a M. enquanto nós fomos ver o Mamma Mia. Durante toda a sessão, por entre as gargalhadas, o B. ia espreitando o telemóvel para ter a certeza absoluta, sintética e analítica de que não havia nenhum telefonema que tivesse passado despercebido. Como se isso fosse possível! Tinha o telele na mão, de onde não saiu o tempo todo, que apesar de estar sem som, acende quando alguém telefona... No final, saiu cheio de pressa e viemos direitinhos para casa. A sua cara relaxou ao entrar porta dentro e ouvir uma vozinha de felicidade gritar do quarto "mamã! papá!". A tia S. brincou a noite toda com ela e já estava no quarto dela às escuras a tentar adormecê-la em vão. Parece que, no meio das brincadeiras, passou a noite a ir à porta do nosso quarto e olhar para trás, encolhendo os ombros de palma da mão para cima, com uma expressão de "não há!". Acabou por adormecer ao meu colo com o biberão da noite, que chegou quase à 1h00. Qual deles o pior!... ;)

Biberão da noite

Depois de várias estratégias tentadas, sempre com guerra para dormir, optámos pelo biberão da meia-noite, que a pediatra dispensou, tendo em conta que a M. se alimenta muuuito bem. Assim, cortei no jantar, passando este a ser só composto por sopa e fruta, para caber um biberão três horas depois. Agora entre as 23h e as 0h00, para dar um intervalo simpático após o jantar, fazemos o biberão, que eu lhe dou enquanto trauteio uma melodia de ninar. Normalmente, adormece. Quando acaba o biberão dou-lhe a chucha e ela fica-se, ou na posição em que estava a mamar ou enroscada em mim. Costuma dar uns suspiros ou uns gemidos de quem está aliviada por finalmente estar a descansar. Porque será que é tão difícil render-se ao sono e ao mundo do João Pestana?...

sábado, 13 de dezembro de 2008

Luta para adormecer

A M. é igualzinha a mim - não quer dormir e luta desumanamente para o conseguir. Normalmente, por volta das 22h tentava deitá-la. Dava o beijinho de boa-noite ao pai e seguíamos para o quarto. Depois era conforme, mas normalmente não era fácil. Depois de um pouco de mimo ao meu colo deitava-a, a sussurrar-lhe ao ouvido que estava na hora de fazer ó-ó. De seguida, tinha de me sentar no chão ao lado da cama. Ela ia confirmando que eu estava lá, por entre cambalhotas e tropelias, tudo para não adormecer. Ao fim de uma hora, acabava por se render. Com o tempo, este pequeno esquema foi perdendo efeito... Por já se conseguir levantar com facilidade, por já conseguir resisitir mais tempo e por já conhecer o truque. Assim, começou a chorar quando a punha na cama. Foi evoluindo para uma luta interminável que não permitia o descanso de ninguém durante pelo menos hora e meia. Chage ao cúmulo de estremecer a cabeça e abrir os olhos redondos quando sente que está a quebrar, só para despertar... Isto, é claro, conforme as noites. Mesmo assim, ainda hoje tem noites em que adormece depois de jantar por causa do cansaço da ginástica ou da natação, e aquelas em que a minha presença ao lado da cama é suficiente. Mas a luta continua...

Palavras dominadas

Depois, para além do mamã e papá, tem aquelas que já sabe dizer na perfeição: caca, pão, papa, pé e mão. Estas já saiem sem hesitação ou balbuciares.

Arranhadelas nas palavras

Aqui ficam as palavras já dominadas pela nossa pipoca: Mé-mé (ovelha) páte (pato) papáto (sapato) mêi (meia) cocó (galinha e galo) memmmme (tentativa de mu! da vaca) pê (peixe) pôpê (pompeu - o nome do peixe do livro do banho) bá (bola) bão (balão) tshá (chá)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Presentes

Das várias prendas que a M. recebeu, há duas que acho que devo mencionar: o mé-mé grande e as bolas. É assim que os identificamos cá em casa. O primeiro é uma ovelha de baloiço, comprada na Imaginarium pelas colegas do B. Parece que a primeira intenção era a Lola de baloiço, mas não a encontraram. Pois, ainda bem. A M. adora tudo o que seja mé-més, então um gigante, que baloiça, tem um sininho e bale quando se carrega no botão é o máximo! De vez em quando pede para andar e lá lhe fazemos a vontade. Ainda por cima, tem a mais-valia de ter umas rodinhas que se podem baixar e assim andar pela casa fora de ovelha. O outro foi o presente da tia C., também da Imaginarium, que é uma pirâmide de copos cilíndricos de tamanho decrescente, com um buraco cada um, junto com cinco bolas, duas das quais fazem barulho, que se enfiam em cima para cairem pirâmide abaixo até sairem no buraco da base. A M. não larga aquilo! Na noite em que lhe dei o brinquedo, esteve que tempos a enfiar as bolas no topo para as ver cair e no final bater palminhas de satisfação. Agora, se não está a brincar com o conjunto, anda com as bolas na mão e pede-nos interminavelmente para as tirar de debaixo da cama ou do sofá quando para lá escorregam. Obrigada pelos presentes fantásticos que nos deram!

Obrigada

Para além dos agradecimentos às amigas e amigos que apareceram, ajudaram, se ofereceram e apoiaram, quero aqui deixar um especial para o tio Pipe e a tia S. Uma das coisas de que o B. mais sente falta na cidade é do apoio a que sempre esteve habituado no seio da sua família. Aqui sentimos-nos um pouco perdidos e sem apoios, por motivos que nos ultrapassam, a um, ao outro, ou aos dois - uns longe da vista, outros longe do coração. Os pais do B. não puderam vir à festa de anos da M. pois o meu sogro tinha sido operado na semana anterior, e digamos que 400 km não é a melhor terapêutica a seguir. O meus cunhados também não pois têm uma padaria que não pára para gerir. O B. estava desgostoso e teve alguma dificuldade em aceitar os factos. Foi mais uma vez o salvador da pátria que fez as honras da casa. O mano mais novo pôs-se a caminho e veio à festa da afilhada, que sei ser uma das meninas dos seus olhos. Sem a sua ajuda, assim como a da sua namorada, muitas das coisas não teriam sido possíveis. Por isso, aqui fica o obrigada em directo e o registo de que, mais uma vez, escolhemos bem o padrinho da nossa filha, assim como a sorte de termos esta tia emprestada. Um beijo lambuzado da pipoca e um sorriso amigo dos pais para os dois.

A festa

A comida tinha ar e estava apetitosa, a sala estava bonita e acolhedora. O sítio em si é fabuloso para festas - tem uma sala ampla, cadeiras q.b., brinquedos, uma casa-de-banho com fraldário e outra com WC para os mais pequeninos, uma mini-cozinha e até um micro-ondas. O jardim é enorme e está fechado por um portão, pelo que a pequenada pode correr à sua vontade. Os amigos apareceram todos, com excepção de três que não conseguiram mesmo ir, dando-nos a certeza de sermos acarinhados por todos, mesmo por aqueles que não apareceram, mas que não deixaram de dar um olá. O dia estava lindo, com um sol quentinho a aquecer quem lá estava e a abrilhantar um dia já por si memorável. A tia F. ofereceu-se para tirar as fotografias, o que me tirou um peso de cima e me permitiu estar com todos (obrigada!!!). O meu maior receio semi-confirmou-se com uma tirada muito infeliz do avô, que infelizmente é impossível de controlar, mas as amigas mais chegadas iam gerindo os meus sentimentos em relação a isso e à tia maluca, para que não causassem muitos danos, nem que fosse permitindo-me desabafos discretos por entre os sorrisos para os convidados (um muito e muito obrigada!!!). Os balões fizeram sucesso e a miudagem divertiu-se a rebentá-los, quando estes não o faziam sem ajuda, apesar dos mais pequenos, incluindo a M. não se assustarem nem um bocadinho (confesso que passei a não achar muita graça aos ditos, de tanto salto que dei naquela tarde...). A M. estava delirante com tantos meninos e meninas à sua volta e ia-se revezando por entre os colos de todos, pelo meio de muita brincadeira. Fez as delícias de todos e apesar de eu não ter tido quase tempo nenhum com ela, fui vendo pelo canto do olho a sua felicidade, o que me bastou. A sua amiga mais que tudo, também M., estava lá, vestida de igual (LOL!!!), e a nossa M. choramingava se a via longe do seu alcance, o que mais uma vez, só nos (a mim e à tia F.) deixou felizes, com a certeza de uma bonita amizade. Passou o dia a comer e a gritar "pãeinnn" para quem a quisesse ouvir e raras foram as vezes que eu não a procurei e vi com algo na mão para comer. Os "parabéns" foram bem recebidos por ela, cantados ao meu colo, pedindo segunda volta no final da cantoria, e viu-nos, a mim e ao pai, a soprar o bolo com um ar admirado. No final, o cansaço era tal, que 50 metros depois de termos arrancado, adormeceu no carro a caminho de casa, tendo feito uma birra gigante ao chegar a casa, por ter sido obrigada a ser acordada para se mudar de fralda e roupa, ambas muito sujas. Calou-se a custo e rendida, com um biberão que serviu de jantar e ceia, tendo ido para a cama sem banho. O resumo da história: ainda bem que a fizemos, a primeira festa de anos da M., com todo o orgulho que nos é permitido, ficando estampada a felicidade naquele grupo que quis celebrar connosco um dos dias mais importantes da nossa vida. Ah! E o B. já escolheu o tema dos 2 anos: as flores... :)

O bolo

A conselho de uma colega de trabalho, optei por espreitar o blog onde foi mandado fazer o bolo de despedida de solteira de uma colega e amiga, que devo dizer estava fantástico. Depois de ver uns quantos engraçados, descobri um que era a cara da M. Um 1 gigante, cor-de-rosa, decorado com flores e... a Lola! Era perfeito. O preço não era convidativo, por isso desisti da ideia, mas não sem antes mostrá-lo ao B. em casa. Calhou a madrinha da M. estar cá e também ver. Gostou tanto que fincou pé em como devia de ser aquele o bolo de anivesário da afilhada. Queria tanto, que chegou a oferecer-se para pagar metade, pelo que ficou decidido. Com massa de iogurte por causa dos mais pequenos, ficou o bolo escolhido semanas antes. Estava lindo! Só um senão para preciosistas como eu - os cornos da Lola não são brancos e pontiagudos, mas sim pequeninos, rosa e redondos. Mas nada que alguém para além de mim tenha reparado... ;) http://www.nosemaisebolos.blogspot.com/

Festa - preparativos 2

Quanto à comida, a ama da M., que passou a semana de véspera a dar palpites e a sugerir mais e mais coisas para a festa, disponibilizou-se para fazer os doces, tendo vindo no sábado para tal tarefa, acompanhada da sua filha mais nova. Ela tratou dos doces e assim ficámos com brigadeiros de cacau e outros de coco, gelatinas, um pudim e uma mousse de chocolate caseiros e uma tarte de natas. A avó mandou duas bolas de carne e a tia queques de chocolate. Tudo junto com as quiches feitas no dia anterior, os rissóis, croquetes, chamuças e pastéis de massa tenra encomendados, batatas fritas, umas sandochas de pão de leite e sumos com fartura, decoraram as mesas para os convivas. Fome ninguém ia ter... E eu cumpri os meus dizeres de sempre ao afirmar aos sete ventos que festa que é festa é caseira, sem Mcnhodal's ou Pizzas Hut em série. O B. foi de manhã limpar a sala e pôr as mesas com a ajuda do tio F., enquanto eu tratava do resto em casa, graças à tia S. que fez de baby-sitter à pressão ao brincar com a M. a manhã toda. Ao irem almoçar fora, ainda tiveram o discernimento de repararem que a vela do bolo tinha ficado esquecida na mala da mãe da pasteleira e que por isso era preciso comprar uma, incumbência que lhes coube a eles. Às 14h30, o B. estava quase arrependido, e dizia entre-dentes que era a última vez, que para o ano ia para um daqueles sítios pré-fabricados e plastificados. Às 15h00, já animados e curiosos, de vestido novo, mãe e filha, estávamos a chegar e a abrir a porta aos primeiros convidados, quase mais pontuais do que nós.

Festa - preparativos 1

Depois de alguma relutância da minha parte, acordámos numa festa de anos para a nossa pipoca com mais gente do que nós os três. Como ela fez anos numa segunda-feira, marcámos para o domingo seguinte, no espaço dos Francisquinhos (espaço neutro, grande e com jardim). Para não variar (é uma característica muito nossa), deixámos tudo para a última. Comprámos os pratos, copos e talheres de plástico (minha rica ecologia!...) semanas antes e até alguns balões, mas o resto da decoração também não. Na semana que antecedia o grande dia, nos bocadinhos que tínhamos, andávamos feitos loucos à procura de toalhas descartáveis, balões, fitas e outras coisas e loisas giras e em conta para a festa. Pois está claro, que algumas das coisas ficaram para o próprio dia. Nesta onda, na véspera, comprámos fitas de manhã, as toalhas (ainda por cima uma tinha defeito - tinha um buraco gigante no meio que obrigou à compra de outra na noite de sábado!!!), mais plásticos e mais balões à tarde. Saímos do Colombo às 18h00, indo o B. para a sala e eu, entregue à filha, fui a correr para o estacionamento do Continente para receber o bolo de aniversário. Com a parvoeira da desorganização ainda preguei um susto à pasteleira que, trinta minutos antes da entrega, em Almada, recebeu um telefonema meu, já meia enervada, a dizer que pedia desculpa, que esquecesse, mas já não dava, que não tinha tempo e que tinha de desmarcar e que ia inventar eu alguma coisa para não parecer mal. A desgraçada gaguejava e dizia-me para me acalmar, que ela ia entregar o bolo à festa no domingo à tarde, onde era, que ela ia. Foi quando percebi... Eu estava a desmarcar a manicure e tinha marcado o número do bolo... O que vale é que a Sara tem sentido de humor... Entre banho e jantar da M. não consegui fazer mais nada e fui entretanto chamada à sala da festa, onde a minha opinião era precisa. Lá fui, sem jantar. A sala já estava meia decorada. O B. com uma ideia de festa fabulosa para a filha, exagerou na fotografia e imaginou 200 balões cheios pela sala fora, que encomendou à noite à desgraçada da tia S., talvez para lá ficarem até à manhã de domingo a encher... O tio F., que veio passar o fim-de-semana à capital para estar com a sobrinha na festa, e a tia S., abdicaram do jantar e do cinema para ajudar (lá viram a coisa negra e renderam-se à invasão dos balões) e já tinham bufado e soprado para milhentos balões de todas as cores para fazer um palhaço com aqueles. Ao chegar, ajudei a dispor a restante decoração - fizemos uma espécie de M com uma fita de 14 metros cor-de-rosa, pois está claro, cercada de balões rosa e brancos e deixámos eu sei lá quantos escondidos atrás das cadeiras para a criançada. De regresso a casa, toca de fazer quiches e os saquinhos dos miúdos com as gomas ou os balões, conforme a idade. Escuso de dizer que, mesmo assim, sobraram balões para os próximos dois anos, certo? Deitámos-nos passava da uma da manhã, com a ideia certa de que o dia seguinte não ia ser mais fácil...

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

17h30...

No dia a seguir aos anos da M. recomeçou o horário completo... Acabou-se a saída às 15h30, acabaram-se aquelas horas extra a brincar, a passear e a ir para a esplanada com a filha. Estava deprimida, com uma neura só. Fiz um esforço para controlar a vontade de chorar, que já há uns tempos se quer expandir pela contrariedade que me é imposta diariamente. Naquele dia, às 17h30 em ponto, tinha fogo a queimar-me as solas dos sapatos, e fugi para o carro ainda com o pim! do relógio de ponto a soar atrás de mim. Não consegui nessa semana deixar o carro à porta da estação de comboios e obriguei-o a percorrer todos os dias os quase 30 km de um percurso que inclui o IC19. Agora, o dia acaba já de noite, o frio aperta e a terra de eleição do Eça de Queirós não é a minha. Agora, chego a casa às 18h30, a correr, para não chegar atrasada para a ama me entregar o testemunho. Nos dias da ginástica, nem tenho tempo de dizer olá - quase a chegar, dou um toque de telemóvel para que desçam com a minha encomenda preciosa e sigo caminho com ela a chorar porque a mãe não a cumprimentou condignamente. Nos dias da natação tive de me render às evidências e chego quase no fim para ajudar o pai a dar banho, secar e vestir a pipoca. É isso ou impedi-la de usufruir destes pequenos luxos de que tanto gosta. Não há direito ter filhos para os outros os verem a crescer...

Confesso...

Ok! Ok! Faltou dizer... E parece-me que devo ser honesta para contigo... Ser-se Pai é o papel mais difícil de se interpretar neste teatro da vida. É um emprego a tempo inteiro, um part-time a todo o tempo, uma função que conjuga responsabilidade e diversão. Ensina-se e aprende-se todos os dias. É extremamente difícil conseguir perceber se estamos a fazer bem, se é isto ou aquilo que devemos ensinar, repreender, evitar, proibir ou permitir. Talvez só daqui a muitos anos, quando te tornares numa adulta (espero eu que responsável, inteligente, meiga e amiga), consigamos perceber se o nosso trabalho foi bem concretizado. Trabalho esse que não acaba na tua vida adulta. Continua enquanto cá estivermos, para te dar apoio, ajuda e acompanhamento no que for preciso, apesar de a um outro nível bem diferente. Agora, a preocupação são os alicerces, a fundação. É essa base que deve ser bem esculpida, bem moldada e muito, muito bem fundeada para te dar um fio a seguir daqui a uns anos, quando começares a querer fazer sozinha e te achares a dona do mundo. Confesso: muitas vezes fazêmo-lo às apalpadelas, sem certezas, ou pelo menos com muitas dúvidas, mas sempre, sempre com a plena consciência da nossa responsabilidade. Isso sempre. Por isso, tem sempre presente que qualquer falha foi sem intenção, sem maldade. E sim, confesso: adoro ser mãe. E sim, confesso: estou arrependida de ter esperado tanto tempo. E sim, confesso: se pudesse, eram mais vinte...

Nota da autora: serão negados quaisquer factos aqui relatados e qualquer comentário acerca destas afirmações será objecto de total indiferença (afinal tenho de manter a minha imagem!!!)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

O meu um ano depois

Uma palavra era suficiente para quem me conhece no meu mais íntimo ser: mudei. Ou melhor, Mudei. De Mulher independente, irrequieta e inconformada passei a Mulher e Mãe, muito menos independente, por ter um ser totalmente dependente de mim, com uma capacidade de sentir diferente. Acho que foi essa capacidade que mais mudou em mim: o sentir. Agora, custam-me certas notícias sobre crianças, muito mais do que a impressão social de uma mente esclarecida. Reporto muita coisa ao "e se fosse comigo? e se fosse com a minha filha?". É estranho como isso acontece. A consciência do Mal passa a isso mesmo - Consciência. Com sentir misturado. Também mudei na capacidade de exprimir esse sentir. Já se ouve da minha boca expressões como "meu amor" (só para ti, filha. O teu pai ainda não teve essa sorte...). Apesar de ainda só o conseguir na presença tão somente do teu pai. Terceiros ainda não têm esse privilégio (talvez o tempo ajude)... Estou ainda mais preocupada com o futuro, com o que a História nos reserva e sobretudo, o que reserva à tua geração. Dói-me ver as asneiras da humanidade, que comprometem muitas vezes um futuro risonho aos adultos do amanhã - os sacrilégios contra o planeta, a natureza, a sociedade como ela existe. Os princípios e a ética de ontem transformam-se em algo por vezes incompreensível e até inexistente. Mas também dou muito mais valor ao que já se conseguiu evoluir agora para depois. Aplaudo com muito mais satisfação os sucessos da ciência, da tecnologia, da esperança que surge na forma de tanta coisa, desde umas eleições a mais uma espécie protegida. Em resumo: continuo eu no meu âmago mais íntimo, continuo rebelde e a desejar ser diferente, a querer sempre mais, a acreditar no mesmo, mas mais moderada nas atitudes, mais virada para aquilo que agora me é de mais importante: a família. A minha perspectiva, no fundo, mudou, mais orientada para ti.

O teu um ano depois

Passou-se um ano. Tenho tanta e mais alguma coisa para dizer... Está a acabar uma etapa e a começar uma nova era. Nasceste antes do tempo, impaciente desde o início, um ser pequenino com nota 10, que na primeira noite dormiu agarrada ao meu polegar como se já soubesses que aquele era o teu porto de abrigo. Começaste por ser uma menina muito sossegada, que dormia noites inteiras, e dava dias fabulosos. Eras a minha companhia na tua alcofa, a dormir ou muito quietinha a olhar para mim com esses olhos inquisidores. De uma boa-disposição a toda a prova, muito cedo, revelaste-te uma menina sempre sorridente, seguindo a tua mãe, conhecida por estar sempre a rir. A tua primeira gargalhada saiu cristalina e ficou para sempre gravada nas nossas mentes, e ainda hoje é uma das tuas características mais marcantes. Simpática é a palavra que mais oiço da boca de estranhos, para quem tu sorris por nada e por tudo. És uma apaixonada pelas pessoas, fã n.º 1 do teu querido papá, sabendo que eu não fico atrás, pois a festa quando chego a casa é igualzinha. O tio Pipe é o teu ídolo e o avô A. não lhe fica atrás, sendo para eles que fazes uma pequena guerra para lhes saltares para o colo. Não páras um segundo, sempre a mexer, sempre a gatinhar casa fora, à procura de mais alguma coisa e sempre, sempre a querer a nossa atenção, a não ser, é claro, que aches que não precisas de nós. Já não dormes como dormias, pregando-nos partidas de vez em quando (demasiadas, a meu ver) por causa da pêpê ou por causa de alguma saudade maior do pai ou da mãe. Revelas inteligência na forma como apreendes aquilo que te ensinamos, na forma como contornas algum obstáculo, chegando a nos "esnobar" com o teu sorriso quando vês o caldo entornado. Continuas "à frente" para a tua idade, como diz a tia S., e para nós hás-de ser sempre a n.º 1. Estás sempre cheia de apetite, sempre a querer provar o que te parece de comer, mesmo que não o seja, provocando sorrisos e "ohs!" surpreendidos de quem ainda não te conhece. Num ano transformaste-te numa quase menina, mas ainda és o nosso bebé. Seis palavras para te descrever: sorriso, cativante, esfomeada, determinada, irrequieta e caracol (que a todos deslumbra pela sua determinação em se manter sozinho do teu lado direito da cabeça...).

Esféricos

Como já disse, os balões e as bolas são uma das suas paixões. Agora, os balões passaram de "gapã" para "bão". Já a bola é a "bê", "bo" ou "ba"...

Os seus novos amigos

Nas nossas viagens, adquirimos o hábito de trazer um peluche típico do sítio para o nosso afilhado. Assim, trouxemos-lhe um camelo da Tunísia, uma rena da Finlândia e na lua-de-mel, um canguru da Austrália. Como já íamos com algumas intenções na calha, dessa vez, também trouxemos para nós. Vieram um canguru, um koala e um ornitorrinco da Austrália e uma ovelha da Nova Zelândia. Quando decorei o quarto da M. deixei alguns dos meus bonecos, nomeadamente estes, até porque foram já comprados a pensar nela... Já aqui contei o como é complicado convencê-la a estar quieta para mudar a fralda. O normal é ter de lhe dar para as mãos algo que a entretenha e mesmo isso não surte grande efeito. Agora, está na onda da ovelha e do ornitorrinco, vá-se lá saber porquê. Quando nos dirigimos paa o muda-fraldas, começa a apontar freneticamente para a estante a pedir o "mé-mé". Lá lhe dou a ovelha (que descobrimos 4 anos depois que tem um botão para a fazer balir...) e ela aponta imediatamente a seguir para o que está ao lado - o ornitorrinco, que à falta de melhor, também é "mé-mé". E assim, lá lhe vou conseguindo mudar a fralda sem grandes revoluções, comendo muitas vezes o desgraçado do ornitorrinco algum creme à mistura...

Dedeira

A pediatra mandou começar a lavar os dentes, dando-me a hipótese do flúor em gotas. O B. foi à farmácia, e lá inteligentemente, sugeriram comprar o flúor E uma dedeira e respectiva pasta de dentes para a habituarmos em mais uma rotina. Assim, veio artilhado com os meios certos para começar a tratar dos dentes da filha. Não sabíamos como ia a M. reagir aquela coisa estranha dentro da boca dela. Testámos ao jantar daquele dia. Adorou! Quando chega a hora de limpar a boca, começa a ficar excitada e ri-se de entusiasmo quando vê a dedeira a postos. Deixa limpar a boca a custo e depois abre a boca para saborear aquela coisa mista de banana e morango. Mas, mais do que saborear, ela gosta de... morder!!! É preciso um cuidado enorme para não nos fincar o dente quando menos esperamos, e mesmo com um ar zangado e a dizer ai! ai! ai! ai! (o meu modo de lhe fazer ver que está errada), nem sempre me escapo a uma boa trincadela... O que vale é que, com o tempo, tem vindo a aprender, e já reduziu o hábito canino. No final, salta de contente por ver que vêm aí as gotas. Põe a língua de fora e impacientemente deixa cair 4 gotas que quase a fazem salivar. Eu conto-as em voz alta e no fim, enquanto fecho o frasco ela olha para mim e com ar sabido diz-me: "já tá!".

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Vestido novo

Quando era criança tinha um ritual anual: em Dezembro tinha direito a escolher um vestido novo para estrear no meu dia de anos e voltar a usar no dia da consoada. Normalmente, era um dia animado: iamos 4 à procura da fatiota nova - os meus pais, a minha avó e eu. Também normalmente, as opiniões dividiam-se naturalmente em duas facções: eu e o meu pai gostávamos de um e a minha mãe e a minha avó gostavam de outro. É claro que o desempate era feito pela aniversariante, por isso, o meu pai vinha sempre para casa inchadíssimo por ter mais uma vez acertado... Achei por bem sugerir ao B. instituir esta mesma tradição para a nossa M. Assim, sem qualquer hipótese de conversações, o pai B. assumiu o cargo de comprador oficial da fatiota de festa da filha. Começámos por ir ao Corte Inglês, mas não encontrámos nada que nos dissesse algo. À noite, o B. espreitou a net. Descobriu na Jacadi a colecção "Petite Parisienne" e sentenciou - é este. No dia seguinte, fomos à loja. Depois de algumas tentativas frustradas a descrever uma roupa vista na net, cheguei eu e dei a referência. A senhora foi buscá-lo lá dentro. Veio tudo - o vestido, o body, o gorro e até o cachecol (contra a minha vontade por saber de antemão que não iria ser usado...). Chegou a casa inchado por a sua filha ir igual a uma princesa. Mas houve alguém triste com isto tudo... A minha sogra, nesse mesmo dia, ligou-me a pedir um favor: ir à loja e comprar "o vestido mais lindo que lá houver", como presente da avó... Ainda tentei convencer o B. a prescindir da titularidade da compra, mas em vão. Ficou a avó com o 2º lugar: oferecer o casaco...

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Dormiu com o pai...

Ontem, o B. foi deitá-la. Como não esperou que ela acalmasse primeiro, foi prendado com um choro cheio de soluços à mistura. Não resistindo, tirou-a da cama e pô-la em cima da outra, de visitas, que ainda está no seu quarto. Ali estiveram os dois até à meia-noite, hora em que fui ver se o pai não tinha aterrado por ali mesmo, para descobrir que afinal a menina estava a dormir encostadinha a ele. Hoje de manhã, ainda tentou uma teoria no mínimo interessante: é que esta noite ela não acordou. Ora, isso só podia ser porque ontem não adormeceu a chorar!... Já ouvi desculpas melhores... ;)

Balões

Ama de paixão balões mal cheios para que não os consiga rebentar com o seu agarrar pouco meigo! Farta-se de rir enquanto gatinha velozmente atrás deles. Ontem, durante uma brincadeira, deu-lhes um nome. Ao meu interminável repetir do "balão!", ela respondeu "gápã!", fixando-se firmemente nesta nova palavra. O "pinnnn" também foi usado, mas menos. Dizem que só os pais é que detêm o lêxico dos filhos nos primeiros anos. Não sei não!...

Bolas

Não sei se não será futebolista... Não pode ver uma bola que fica logo maluca. Põe-se no chão e ela vai gatinhando a uma velocidade razoável enquanto vai dando pantufadas com as mãos para a ver rebolar à sua frente. Em casa só tinha uma de pano com um guizo que ela já brinca ao atira comigo na perfeição. Este fim-de-semana, como a avó lhe queria comprar uma coisa qualquer, sugeri uma bola pequena das princesas da Disney, em vez de mais um boneco. Fez as suas delícias e chega a querer ir para dentro do parque porque ela lá está... A sua paixão por bolas é de tal maneira que na semana passada, no hipermercado, começou a ficar quase histérica a apontar para as melancias. Não estava a ver o porquê de tal felicidade por causa de uma fruta que ela não reconhece como tal. Só depois é que percebi: eram bolas!...

Dois passos!

No fim-de-semana, a brincar com o tio F., quis vir ter comigo. Estendi-lhe as mãos e o tio pregou-lhe a partida. Conforme ela deu o passo em frente na minha direcção, ele largou-a e ela muito depressa deu dois passos sem se apoiar a nada. Hoje, repetiu a façanha. Agarrada ao sofá, estendi-lhe as mãos e incentivei-a a vir ter comigo. A rir, voltou-se de frente para mim e deu mais dois passos inteirinhos sem mãos! Também hoje, no The Little Gym, deixei-a seguir caminho, enquanto a vigiava, quando a vi em pé segura a uma almofada enorme para cambalhotas. Quando se soltou, ficou propositadamente dois segundos em pé sem se apoiar. Um pequeno passo para o homem, mas um passo de gigante para um bebé... Pode ser que ainda faça a vontade ao pai e comece a andar no seu dia de anos...

Banheira

Fica louca quando vê a água da banheira a correr. Põe-se em pé a apontar e a pedir para ir lá para dentro o quanto antes. Depois de entrar, fica em pé a chapinhar na água e só depois é que se senta. Os seus brinquedos são sempre os mesmos: o pato da Imaginarium (do qual já aqui falei), o termómetro de água que nunca usámos quando era recém-nascida e que tem a forma de um peixe amarelo e o livro do flutuar (uma bóia amarela em forma de estrela com o peixe chamado Pompeu e que ela quase que já diz bem - "pompê"). Para a conseguir esfregar da cintura para baixo, a técnica é sempre a mesma: começo a atirar água para as costas e para a barriga e ela automaticamente levanta-se e agarra-se à borda da banheira. Dá-me o tempo suficiente de a lavar em condições. Depois, divertimos-nos um bocadinho por nada com a água e os brinquedos. É sempre um bom momento.

Treino para a natação

A banheira tem servido de treino para os dias de natação. O chap, chap, chap é com o bater das mãos e dos pés na água. Agora já se vê água a sair para fora e ela achar normal os salpicos na cara quando a violência do gesto o justifica. Também o deitar de costas é ensaiado. Aviso-a de que a vou deitar e ponho-lhe a mão nas costas. Ela acede deitar-se para trás segura por mim. Mas só um bocadinho!... Parece que estão a resultar, pois já identifica os gestos e não refila muito com o deitar de costas... Amanhã verei os frutos destes meus ensinamentos caseiros.

Natação

A semana passada, estreou-se nos mergulhos. Até agora, sendo a mais pequenina da turma, apenas tinha autorização para se sentar à beira da piscina para se deixar cair nos meus braços, sem mergulhar a cabeça. Desta vez, juntou-se aos colegas de água e ao cair foi mesmo abaixo. Ao sair da água, vinha a fazer os prfff típicos de quem tem água a mais na cara, mas não houve pirolitos, nem choradeira. A professora Ana fartou-se de a aplaudir e ao fim de duas vezes achou que era suficiente. Quanto às outras actividades, adora todas, desde o barquinho (anda aos esses na água virada de frente para mim) ao gatinhar por cima do colchão até ao outro lado, onde eu estou (costuma ser o exemplo para a M. grande da turma, que tem medo de tudo. A coitada da miúda passa a vida a ouvir: "olha a M. pequenina! Ela está a fazer e tu não!"...). A professora de vez em quando faz umas maldades com o regador, para eles perderem o medo da água na cara e a M. nem reage - as nossas investidas na nossa banheira com a água na cabeça surtiram efeito. O chap, chap, chap das mãos e dos pés ainda precisam de mais treino e nem sempre são cumpridos. Para além disso, não gosta de nadar de costas, lutando para se virar quando chega a essa parte. A sua colaboração nem sempre é a desejada - quando é preciso pôr o esparguete debaixo dos braços, passa a vida a tentar tirar aquilo, o que para mim implica um esforço enorme para não a deixar cair de cabeça na água... Adora a bola amarela. Passa a vida a tentar chegar aquela coisa que não pára quieta um bocadinho e que é demasiado grande para conseguir agarrar. Ah! E adora comer o material das aulas - os pesos de esferovite então é à dentada! O cômputo final é extremamente positivo.

Pêpê!

Foi o pai que ensinou. Chucha, alias chupeta, alias, pêpê. Já o diz na perfeição e basta ela cair por qualquer motivo e põe-se logo a olhar para o chão e a dizer com um ar interrogativo - "pêpê?...". E estamos a ficar viciadas na dita. Cheira-me que vai ser um caso sério perder a dependência...

A galinha do vizinho

Ementa para o jantar:

  • sopa de bróculos sem sal - após algumas colheres: "hum... ainda se come, mas deve haver melhor..."
  • massinha com perú cozido sem sal - após algumas colheres: "isto até parece bom, mas há qualquer coisa que está errada..."
  • papaia - a meio da sobremesa: "ok, ok! Isto é docinho... Eu até gosto, mas mesmo assim..."

Não insistimos. Achei que o lanche tinha sido mais pesado ou que pura e simplesmente não tinha fome. Como a M. come sempre bem, não nos preocupámos, deixando um biberão meio preparado para a ceia, mesmo que estivesse já a dormir. Assim, sentámos-nos à mesa a jantar. Cardápio: peixe com batatas assados no forno. A M. espreitou para o prato do pai e... Começou a gemer, a debruçar-se toda sobre a cadeira de comer e a fazer tanto barulho, que mal nos ouvíamos. O que vale é que a pediatra já autorizou o sal. Aliás, é esse o motivo da greve de fome da nossa filha - já tem termo de comparação por ir petiscando dos nossos pratos enquanto comemos. Depois de saber o que é bom, o paladar refinou. Resultado? O B. não jantou, tendo a M. papado tudinho do seu prato. Conclusão? Comida sem sal e só cozida? Comam-na vocês!!!

Demasiado arisca

Na segunda, a M. acordou antes de eu tomar banho. Fui buscá-la e levei-a para ao pé do pai, para que este tomasse conta dela enquanto a ama não chegava. O B., no quentinho da cama, não se querendo levantar logo, especialmente porque estava frio, tentou. Abraçou-a e com muitos miminhos, enfiou-a para debaixo dos lençóis, enquanto a segurava nos seus braços. Hum-hum... A M. debateu-se, torceu-se, contorceu-se e conseguiu. Sentou-se e desatou a passarinhar cama afora com os seus dadás bem sonantes. Foi uma boa tentativa, mas a nossa filha é demasiado arisca para essas façanhas, pai!...

É mesmo do contra!

No sábado tive de acordar às 7h30. A M. achou por bem só acordar às 9h30. No domingo, tinha a manhã por minha conta. A M. estava a pino às 7h20... Irra, filha! Podias ser mais amiga da mãe!!!

Pede a guitarra

O tio F. também estava em Quiaios. Como de costume, tivemos festa e guitarrada. A M. fartou-se de dançar e até experimentou dedilhar naquelas cordas duras. No final do fim-de-semana, já quase de partida, estava a M. ao colo da avó (que fez o gostinho ao dedo e adormeceu-a ao colo), quando viu a guitarra em cima do armário. Apontou, olhou para a avó e fez um "ãhhh" de quem pede. A avó perguntou-lhe se era a guitarra que queria, ao que ela voltou a apontar e desta vez... abanou-se como que a dançar. Como quem, toca lá aquilo que eu quero dançar!...

Neta de padeiro

É mesmo!!! Já por mais de uma vez frisei aqui a sua vontade de comer permanente. Desde que descobriu o pão e o termo que se usa para o denominar, não quer outra coisa. Se me vê entrar na cozinha vai direitinha à zona da caixa do pão, levanta-se e encostada ao armário começa a gritar "pãínnn! pãíinnnn!!!", enquanto aponta, toda esticadinha para o sítio da sua veneração. Aliás, tem dias em que tudo o que seja de comer é "pãíinnn"... É de tal maneira, que já cheguei ao cúmulo de ligar para a minha sogra um desses dias em que a M. andava para trás e para a frente na sala, atrás de mim, a gritar por mais "pãíinnn" só para ela ouvir a nova proeza da sua neta... O avô padeiro e a avó que não consegue resistir a uma côdea de pão (estão-se sempre a rir para ela...) deliram ao vê-la tão desesperada por pão, sentindo uma consanguinidade mais vincada pelo facto de a neta ser a fã n.º 1 daquele alimento, que eles tão bem conhecem por o terem fabricarem tantos anos.

Tirei as teimas

No fim-de-semana fomos até Quiaios ter com os avós. Naquela casa, a M. dorme no nosso quarto, numa cama de grades, ainda do tempo dos anteriores proprietários. No sábado, esteve na brincadeira com a avó e o tio até à meia-noite e depois fomos todos nos deitar. Foi uma festa! Quando se apercebeu de que para além dela, nós também íamos e ainda por cima no mesmo quarto que ela, ali mesmo ao lado, viu-se a alegria espelhada na sua cara. Esteve ainda um bom bocado a atirar a Lola para o chão, entretendo-se a ver o pai a apanhá-la vezes sem conta, para lha atirar para dentro da cama outra vez. A certa altura, não conseguindo ler mais nada, apaguei a luz e deixei-os neste atira-apanha, enquanto o pai jogava mais um pouco no telemóvel. Acabou por adormecer sem qualquer tipo de fita. Às 3h da matina, acordámos com o seu choro. Chorava de tal forma, que nos obrigou a levantar aos dois para preparar o biberão, que acabei por lhe dar eu. Adormeceu na mimalhice do meu colo outra vez, quase uma hora depois. Achei que por aquela noite já estava e aconcheguei-me no bem bom dos lençóis quentinhos numa noite bem fria. Meia-hora depois, acordei com os seus gemidos. Estava a querer chorar, ainda a dormir, fazendo sons meios aflitos. Ao fim de alguns minutos, chorou mesmo e acabou por acordar outra vez. O pai desta vez acalmou-a e ela caiu até de manhã. São mesmo pesadelos. Resta saber se à conta deles, não vai ganhar alguma manha...

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Gui

Amiga de barriga, nasceu no mesmo ano da M. no meu dia de anos e é mais conhecida por Pocahontas, alcunha que lhe foi posta quase à nascença por ter tantas semelhanças com aquela personagem da Disney. As suas características: morenaça, com uma cabeleira farta, que nos seus escassos 10 meses já foi cortado três vezes, de uma alegria contagiante e muito, muito querida. Um pormenor: a sua primeira gargalhada foi dada comigo... :) As mães ficaram amigas e ainda por cima temos a sorte de sermos quase vizinhas. Juntas são do mais engraçado que há. Já se reconhecem perfeitamente e fazem sempre uma festa uma à outra. Ontem, a M. teve o privilégio de receber beijinhos e miminhos da sua amiguinha, que é uma verdadeira mimocas, na aula de ginástica, à qual também aderiu. Como disse a mãe F. e muito bem, temos de fazer por cultivar esta amizade, para que perdure e para que um dia possam partilhar de memórias conjuntas de há muitos anos. São estas amizades que geralmente ficam para sempre e que resistem até às circunstâncias da vida. Para além disso, os seus pais são pessoas que merecem o nosso respeito e confiança, e é também uma amizade que gostaria e faço questão de cultivar. Ainda bem que ainda se conseguem fazer amigos assim!...

A sua amiga

A Lúcia. A ama da M. é a sua grande amiga. Deixa-lhe cortar as unhas, adormece ao seu colo, diz-lhe adeus quando vai embora, está sempre de volta das suas saias lá por casa. Agora com a constipação, deixa-lhe pôr soro no nariz com uma pintarola só vista. Nem precisa de subterfúgios. É só tapar uma narina com um dedo enquanto espreme o frasco para a outra e depois repetir do outro lado. Sem choros, sem refilices, sem guerras. A última: agora, quando a vê ir embora, chora!

Pequeno-almoço na cama

Como não queria que a M. acordasse tão cedo, tinha pedido à ama para não fazer barulho quando chegou. Mas mesmo assim a M. acordou, pelo que a ama tentou uma estratégia nova. Fez o biberão e foi-lho levar à cama, onde ela estava muito sossegada de olho aberto. A M. segurou nele como já é costume e por isso a ama veio-se embora, fechando a porta atrás de si. A M. mamou tudinho, pousou o biberão e com um embalo da sua amiga, que entretanto voltou a aparecer, adormeceu outra vez até às 10h00. Desconfio que se tivesse sido eu a entrar no quarto o resultado teria sido bem diferente...

7 horas de sono

Foi o que ela dormiu na noite anterior. Durante o dia, não fez qualquer tipo de sesta. Quando cheguei a casa, estava a ama a tentar adormecê-la, mas não conseguiu. Peguei nela e fui buscar o B. ao trabalho para tentar a técnica do adormecer com o ronron do motor. Ainda dei umas voltas extra na rotunda das Olaias, mas não resultou. Foi à ginástica e os olhos de sono deram lugar à excitação normal daquelas aulas. No regresso a casa... Adormeceu e ferrou até às 21h30, hora em que chorou para jantar. Depois disso, só adormeceu à meia-noite, para acordar à 1h00 e obrigar-me a ficar no quarto com ela até à 1h50. Às 2h20 acordei outra vez, com um choro que não chegou a exigir a minha presença. Adivinhem a que horas acordou hoje de manhã? Às 8h00... Ou seja, outras 7 horas de sono... Ou seja, em 48 horas, dormiu 16. Tendo em conta que os bebés da idade dela devem fazer um amédia de 12-14 horas por dia...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Já segura na colher

Já há muito que enquanto lhe dou a comida, ela segura numa colher para se ir habituando à ideia. Faz dela batuque, leva à boca e atira ao chão. De há uns tempos para cá que lhe vou mostrando para que serve efectivamente aquele instrumento. Ponho-lhe comida na colher, dou-lha para a mão e sem largar esta, levo-lhe a colher à boca. Esta semana experimentei ajudá-la a comer. Dou-lhe primeiro parte da refeição - a sopa (que como é mais líquida não daria bons resultados) e o princípio do segundo prato. Quando acho que ela já está meia satisfeita, a colher passa para a mão dela e começamos o treino. Sempre com a mão dela na minha, apanhamos um bocadinho de comida e levamos à boca. Depois repetimos e repetimos até acabar o prato. Com a fruta faço o mesmo. E não é que ela gosta? Devo aliás dizer que, se eu não tiver cuidado, ela come mais depressa do que se for eu a dar. Passo a vida a dizer "devagarinho, M.". Não tarda, não me deixa segurar na mão e depois vai ser uma chuva de arroz e outros produtos afins!...

Cambalhotas

Aprendeu na semana passada no The Little Gym. Abre as pernas, põe as mãos no chão e espera que nós lhe demos a volta. Para a frente e depois para trás. Como quem foi às aulas de ginástica foi o pai, eu demorei a perceber a sua intenção. Via-a na posição, mas não associava. Só depois é que me lembrei de a ter visto assim na aula. Experimentei para a frente e ela divertida, depois de aterrar, levantou as pernas a desafiou-me com os olhos. O pai chegou e explicou que a seguir era para trás (não dei conta na aula que também tinham feito assim). Depois da primeira, não quis mais nada. Foi um forrobodó vê-la para a frente e para trás, deliciada com tanta ginástica! Ah! E é mais umas das maneiras que arranjou para não adormecer - para além das outras inúmeras formas de se mexer, põe-se na cama assim vezes sem conta, à espera não sei do quê... :)

Pesadelos e esticões

Disse-me ontem a tia S. (a nossa amiga psicóloga de serviço) que esta fase é normal. Parece que os bebés com um ano começam a ter os chamados pesadelos - reproduzem imagens que absorveram durante o dia e assustam-se pois o seu pequenino cérebro ainda não consegue interpretar o que é e o que se está a passar. Já estava a tentar imaginar o que andava a fazer para que a minha filha tivesse pesadelos, mas a tia S. descansou-me. Não estou a fazer nada - as imagens que ela reproduz podem ser a cara de alguém, um carro ou mesmo um animal que ela tenha visto e assimilado como informação visual. O problema não está no tipo de imagem, mas sim no facto de visualizar coisas a dormir e não saber nem como, nem porquê, o que assusta. Para além disso, é por esta altura ou um pouco mais tarde que eles começam a sentir aqueles esticões que damos quando estamos quase a adormecer, como se o corpo se estivesse a desligar. E quando não se sabe o que isso é, também assusta. Pode ser outro dos motivos. De facto, analisando bem o choro, parece mais de medo do que outra coisa. Chega a chorar já estando ao nosso colo há um bom bocado e de olhos fechados, como se estivesse ainda meia a dormir. Ou é isso, ou é manha...

Dormiu!

Esta noite não chorou. Estava de tal forma de rastos que não deve ter tido forças para isso. Ontem, depois de uma noite de sete horas intervaladas com dois choros, dormiu meia-hora durante todo o dia. Assim, depois de muita resistência pacífica (abanava a cabeça, ria-se para nós, basicamente fez trinta por uma linha para não se render ao João Pestana), adormeceu às 21h30. Durante a noite, acordou duas vezes, mas apenas choramingou, aterrando outra vez, sem ter de me levantar. Acordou às 9h00, sem sequer ter dado conta que nós saímos. Já deu para descansar mais um bocadinho, apesar de ter acordado aquelas duas vezes.

Um dia hei-de...

... ir com a minha filha à Estufa Fria, com pão de três dias no bolso, só para delirarmos com os patos e cisnes a lutar pelo sustento com os peixinhos vermelhos, tal como me levaram a mim em pequena. E talvez comprar doces na velhinha do meu imaginário que por lá parava se ela ainda lá estiver...

De olhos postos no ar

É como a M. passa a vida quando anda na rua. Topa pássaros bem lá no alto e aponta, aponta, aponta com os seus gritinhos divertidos a fazer de banda sonora. Pombas então são motivo de muita alegria. Até parece que já leu o Fernão Capelo Gaivota. Depois, quando levantam voo, põe aquela cara que tão bem faz, de mãozinha levantada, com a palma da mão para fora, e um "ahhhh!", no mesmo tom que eu uso para o meu "não haaaá!!!!". Até já nos põe a nós a correr atrás delas, com ela ao colo, para as ver fugir... É um excelente relembrar do meu imaginário. :)

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Tchau!

Contou-me a ama hoje. Na sexta-feira, ao sairmos de casa, deixámo-la a mamar o biberão, depois de algumas tentativas falhadas de a convencer a nos dizer adeus com a mão. Parece que ao batermos a porta, segurava o biberão com uma mão e com a outra fazia tchau! É mesmo mau feitio!...

Mais uma palavra

Desta feita, foi porque o pai a tentou demover de levar algo à boca - "não comas isso! É caca!". Agora, passa a vida a repeti-la, super-divertida e com voz de caso.

É mesmo uma fase...

Depois daquele biberão à meia-noite, acordámos às 4h00. O chá e o colo do pai calaram-na ao fim de uma hora... Às 7h30 estava a pé... Na noite seguinte, repetiu-se a cena: cerca de 3 horas depois de adormecer, senta-se na cama a chorar e só se cala connosco ao fim de um bom bocado. Eram 2h30, por isso, o B. optou por não lhe dar o leite - um pouco de chá apenas. Acordei às 6h00 para lhe dar o biberão e pô-la novamente na cama. Achei que ia dormir até mais tarde, mas não às 7h15 estava outra vez a chorar... Minutos antes de tocar o despertador... Queremos dormir!!! Vou fazer um piquete à porta do seu quarto! Vou fazer greve de mimos! Vou-lhe racionar a comida! Agora a sério... Quando é que isto acaba?... Quem és tu e o que fizeste à minha doce filha que adormecia às 21h00 e acordava de manhã bem-disposta? :´(

domingo, 26 de outubro de 2008

Falai no mal!!!

Bolas! Esta noite já começou a dança. Estava eu a escrever o último post e ouvi-a a chorar no quarto. Fui lá e tentei acalmá-la na cama. Não consegui, o choro era igual ao da noite passada. Tirei-a da cama e, com ela ao colo, fui-lhe falando baixinho, mas não consegui acalmá-la. Como eu hoje ainda estava acordada, percebi que o choro, nada normal, que parece de medo ou de incómodo, foi todo ele de olhos fechados e com tentativas de adormecer pelo meio. Acabei por lhe dar o biberão de leite, na esperança (pequena, devo dizer) que fosse fome. Para mim, são pesadelos ou então a constipação que não deixa dormir em condições. Veremos o resto da noite. Amanhã vos direi. E com isto me vou, tentar dormir menos aos solavancos... Até amanhã!

Enroscada

A única coisa de boa que teve a cena da noite passada, foi isso mesmo - ela ter-se enroscado em mim e ali ter ficado. Soube-me tão bem! Foi a segunda vez que ela fez isso. A primeira foi quando teve aquelas febres malucas por causa do exantema súbito.

sábado, 25 de outubro de 2008

Más noites

Gabei-a tanto! Vangloriei-me perante tantos pais que se queixavam por não dormir noites inteiras!... A M. já não dorme seguido. Por volta da meia-noite e meia, normalmente quando já estou quase, quase a adormecer, chora por causa da chucha. Por vezes, encontra-a e volta a deitar-se sozinha, por vezes também não. Depois, é conforme. Esta noite acordou às 2h30 a chorar e tive de me levantar para a acalmar. Tirei-a da cama, embalei-a um bocadinho e acabou por se ficar outra vez. Às 3h30, voltámos ao mesmo, mas desta vez sem conseguirmos acalmá-la. De tal modo, que tive de me levantar também, pois o B. já não sabia o que fazer. Depois de um biberão de chá, sentei-me com ela no sofá, ainda a chorar, e ali ficámos meia-hora, com ela enroscada em mim até quase adormecer. Quando estava no quase, quase, chorou outra vez e deixou cair a chucha. Levei-a para o quarto e deitei-a, afagando-lhe a cabeça. Acabou por dormir. Adivinhem a que horas acordou? 7h15!!! Fome não é, com certeza, tendo em conta o que ela come antes de dormir e o facto de não repetir estes episódios todos os dias, que são sempre a horas diferentes. Dor? O B. tem a teoria de que são muitos gases - ela de facto acaba por se aliviar bastante quando pegamos nela, mas acho um pouco rebuscada para razão. Medo? Do quê? Manha? Não a levo para a nossa cama e só a tiro da sua nos dias em que não consegue acalmar. Para além disso, ela própria me pede para se deitar em pouco tempo. Mas que se passa?! Queremos dormir!!!

Constipou-se

É a primeira deste Inverno. E acho que foi o avô que lha pegou (trouxe uma carraspana de todo o tamanho da China). Ou foi isso, ou foi ontem à noite ao sair do carro sem casaco para entrar no prédio. Nada de especial, só umas ranhocas e uns espirros. pelo menos para já...

Voz grossa

A M. não gosta de mudar a fralda como, imagino, todos os bebés da sua idade, salvo raras excepções. Hoje, o B. tentou uma técnica diferente para a demover das suas tentativas de imitação de enguia. Pôs cara séria e engrossou a voz, dizendo num tom firme para estar quieta. Ela ficou muito séria a olhar para ele, sem saber de onde tinha vindo aquilo. Resultou. Já da minha parte, não chego lá - já tentei e ela basicamente ignora-me (já não me tem respeito nenhum...). Mas... Aquela carinha séria e sem se mexer, derreteu-o num instante. Em minutos, mudou o timbre para um mais suave e a fazer um esforço para não destruir totalmente o efeito obtido, ainda disse "não pode ser, não, não", enquanto lhe dava um beijinho na barriga. Ela esboçou logo um sorriso, mas vá lá, aguentou-se o tempo suficiente para pôr uma fralda limpa. Já o vestir foi em pé, como de costume, a tentar sair dali.

Vai ser bonito, vai!...

Ontem, fomos ao Corte Inglês ver roupa. O B. quer oferecer à filha um casaco bom e quentinho pelos anos e achou que ali, com as marcas que tinha, encontrava alguma coisa. Vimos um lindo da Laranjinha que vai ter de esperar mais uns tempos, pois o 12 está-lhe justo e o 18 muito grande. Que venha primeiro o frio a sério e depois logo se vê. Depois, passámos pela secção de brinquedos. Havia uma exposição no meio do chão de bonecos gigantes da Noukies, nomeadamente de uma Lola gigante. A M. delirou. Foi para o chão e agarrava-se ao focinho da vaca a fazer miminhos. A seguir olhava para o lado e fazia o mesmo a outro amiguinho da marca e do mesmo tamanho. Não sabia para que lado olhar. Estava doida! Andava de um lado para o outro a apontar para todos e a olhar para mim com os olhos cheios. Ao fim de um bocado, lá a convenci a fazer tchau e seguimos para o elevador. Não é que apontou para uma data de coisas coloridas e com bom aspecto de brincar pelo caminho. Dava gritinhos e atirava-se toda para a frente e tudo! O comentário do B. ao entrar para o elevador foi elucidativo para o senhor que estava ao nosso lado - "vais ser bonita, vais!..."

Prendas do chinês

É típico. O meu pai foi a Macau, Xangai, Hong Kong e Pequim por duas semanas em passeio. Para mim, pedi-lhe uma máquina de filmar que já ficava como presente de anos. Vá-se lá saber como, sem perceber patavina do assunto, com a ajuda dos amigos, trouxe exactamente aquilo que lhe tinha pedido. Muito obrigada, pai! Para a neta, o que trouxe? Um kispo, uma T-shirt, uma boneca e uma bola de apertar com as mãos, daquelas que se moldam conforme a pressão. O kispo foi comprado junto com um suposto conjunto de saia e camisola, que por aldrabice do chinês foram pagos, mas não embrulhados. Só deu conta cá... Primeira asneira. É um casaco branco, com capucho e de um material estranho, que lembra muito aqueles que se vendem nos nossos chineses. Segunda asneira. A T-shirt tem dois pandas e é a correspondente àquelas com o galo de Barcelos, que se vendem nas lojas de turismo. Tendo em conta que chegou o frio, não a vai vestir. Terceira asneira. A boneca... Não é chinesa, nem típica dos orientes. É uma imitação barata da Tuxa, deitada no chão e que com pilhas esganiça uma música, acende umas luzes vermelhas a fazer de brincos e abana as pernas. A ama disse logo que a filha tinha uma igual e que não prestavam para nada... Quarta asneira. Quanto à bola, parece daquelas que os indianos vendem no meio da rua e cheira a vaselina ou óleo de massagens, pelo que a M. nem lhe tocou. Quinta asneira. Depois da atitude destrutiva, fica a construtiva. O kispo ainda o vai vestir, pois não é assim tão mau. A T-shirt, por coincidência é grande, por isso para o ano ainda serve. A boneca, apesar de horrível, fez as delícias da M. Já da bola não teço comentários... Obrigada pai na mesma, apesar de não teres acertado em nada para a tua neta. O que conta é a intenção, e tendo em conta a personagem que se aventurou nas compras, foi o máximo!!! Mas não deixam de ser compras do chinês... :)

Roupa de Inverno

Chegou mais uma arrumação de roupa, mais um encostar à boxe de saias, calças, vestidos mimosos, lindos de morrer, novinhos em folha e que já não servem. Tirámos das gavetas o que é de verão e organizámos o que já tem para o Inverno. No meio das coisas, apareceram vestimentas do Inverno passado, que já não cabem em mais lado nenhum. Deu-nos a nostalgia, ao nos lembrarmos daquela bonequinha pequenina que mal se mexia e vestia aquelas jardineiras de ganga tão queridas, aquela saia tão fofinha. Às vezes não quero mesmo que ela cresça. Egoísmos de mãe...

Imaginem...

Imaginem-me a tentar apanhá-la para a tentar secar em condições depois do banho. Imaginem-na a gatinhar velozmente cama afora, toda contente, com os seus dadás e a toalha ainda enfiada na cabeça. Imaginem-me a saltar para cima da cama, agarrá-la pelos pés ou pela cintura e tentar puxá-la. Imaginem a guerra que é vesti-la todos os dias depois da banhoca... Ufa!

Molas da roupa

Um dos melhores entreténs que lhe podemos dar. Se nos apanha na cozinha, gatinha até à janela, põe-se de pé e aponta para o cesto das molas da roupa. Fica que tempos a brincar com elas, esvaziando o cesto e depois espalhando-as com a mão. No final, cantamos a lenga-lenga ensinada no Little Gym para arrumar, que nada mais é do que cantar "Vamos todos arrumar, arrumar, arrumar, as ... no lugar!", ene vezes até ela perceber. Agora já sabemos: quando a queremos parada mais de 2 minutos é ir buscar o cesto das molas. O pai hoje tentou a técnica de manhã - enquanto eu me arranjava e secava o cabelo, ele tentou dormitar mais um bocado, pedindo-me o cesto das molas para pôr no chão do quarto. Ainda se aguentou um bocadinho, mas assim que ouviu o secador, largou a tarefa em mãos e começou a gatinhar na minha direcção. Satisfeita a curiosidade, regressou, mas desta vez para massacrar o pai, que desesperadamente tentava fazer de conta que não estava ali. Oh pai! Levanta-te! Isso das molas é giro, mas é só um bocadinho!...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Ladaínha

Lagarto pintado, quem te pintou?
Foi uma velha que por aqui passou.
No tempo da eira, havia poeira
Puxa lagarto, por esta orelha!
Era uma ladaínha da qual já não me lembrava, até a ouvir outra vez da boca da minha tia para a minha filha. Quando era miúda adorava a parte final, que era quando ela fazia que puxava a minha orelha. E parece que a M. vai pelo mesmo caminho.

Parece que sabe

O avô paterno da M., sendo da terra das castanhas, tem vários soutos lá para cima. Por isso, todos os anos temos imensas para assar, cozer, comer cruas ou mesmo piladas (já ressequidas). É uma realidade que pertence à minha existência de sempre e chega a ser ritual. Os amigos já sabem que têm direito a pelo menos provar aquelas castanhas pequeninas, mas docinhas e que tanto gostam, tendo mesmo encomendas de vários quilos todos os anos. Ora, a M. tem o Dicionário por imagens dos bebés sobre a natureza. Uma das imagens é precisamente uma castanha. Já aqui contei que ela adora folhear os livros e que aponta para as imagens para nós dizermos o nome. Pois pode estar cheia de speed e querer só passar as páginas, sem dar tempo de dizer nada ou mesmo ver alguma coisa, mas aquela página tem paragem obrigatória. Ninguém lhe ensinou nada, nem fez um maior realce àquele fruto seco, mas ela adora-o. Pára sempre, aponta e olha para mim a pedir o nome. E se voltar atrás, é ali que faz o stop. Nem a flor, nem o arco-íris, nem mesmo o sol, têm a mesma sorte. Pode ser coincidência, mas não deixa de ser engraçado...

O meu cabelo

Descobriu-o no outro dia. Tinha-o apanhado em rabo de cavalo, mas havia umas pontas caídas que penderam sobre a sua cara quando lhe dei um beijinho. Agarrou na madeixa e com muito jeitinho (para meu espanto) tentou perceber o que era. Estava fascinada. Como estava a gostar, comecei a fazer-lhe cócegas nas bochecha com a dita. Desmanchou-se a rir à gargalhada, o que teve por consequência a brincadeira ter-se prolongado até ficarmos ambas cansadas. Agora, quando me apanha a jeito, tenta agarrar, mas a meiguice é que parece ter-se ficado por ali - é cada puxão se não tenho cuidado!...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Está crescida, a minha menina!

Hoje de manhã, o B. deu-lhe o biberão de leite do pequeno-almoço. Ou melhor, deu-lhe colo... A M. tirou-lhe o biberão das mãos, segurou-o e foi conversando com ele enquanto mamava. Até à última gota!

10h00

Domingo, segunda e terça - três dias a acordar a esta fantástica hora! Ao acordar, parece que exclamou sempre pai e mãe, à nossa procura. Esperancei-me que fosse para se manter. Mas não. Hoje as 7h40 do costume voltaram... Pelo menos já percebi onde está o truque: não tem a ver com comer, mas sim com o número de horas que dorme. Mesmo sem o biberão da meia-noite (que a pediatra proibiu...), se adormecer perto das 23h estica-se até à nossa hora desejada. Como ontem adormeceu às 8h30, as suas onze horas de sono de beleza estavam mais do que completas de madrugada. São de facto verdadeiros relógios!

Tentativas monosilábicas

Já vai falando. Ou melhor, tenta! "Nã" é não, "Cãinnn" é cão (ou zebra, o que me faz acreditar que qualquer animal preenche o requisito), "Pãinn" é pão (eu estava a fazer torradas e ela gemia aos meus pés a pedir, ao que me fiz de desentendida e fui perguntando o que queria, se era pão - tantas vezes tentou que exasperou e saiu-se com esta, que agora repete quando quer comer...), uma "Cuca" (expressão da Beira que se usa em vez do conhecido Cucu! que a minha tia ensinou), "Papéiii" é papinha (com direitos de autor da ama).

Sair do banho

É um drama... Tem de se deixar a princesa reinar uns minutos largos na água, ficando com os dedos dos pés meios encarquilhados para depois se conseguir tirá-la de dentro da banheira. O normal é esticar-se tipo enguia escorregadia - temos de fazer um esforço enorme para não a deixar cair - seguindo-se a técnica do dar às pernas freneticamente no ar, até que não obtendo sucesso, passa ao choro e ao não permitir a toalha. O pai faz-lhe umas graçolas em frente ao espelho, ela levanta o capucho da toalha para espreitar, ri-se e acaba por esquecer a água.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Um dia hei-de...

...saltar e correr pelas ruas a pisar folhas secas, ao som do seu quebrar, com a minha filha.

Tia

Como o meu pai estava para Macau, a minha tia passou o domingo connosco. Fomos buscá-la depois do espectáculo para almoçar e assim que a M. a viu fez-lhe uma festa. Lembra-me eu, que em criança era uma eterna apaixonada por esta tia jovem e solteira que tirava os fins-de-semana para brincar comigo (já na adolescência, com a minha evolução e a sua estagnação, a coisa virou para o torto...). Foi ela que lhe deu o almoço, o que implicou uma muda completa de roupa (a falta de jeito não tem explicação...) e andou com ela na brincadeira a tarde toda. Fomos passear para o Jardim das Conchas (que recomendo pelo espaço, infra-estruturas e verde que tem) e ali estivemos cerca de uma hora, na relva, a ver a M. a lavrar os trevos à sua volta e a tia deitada no chão ao seu lado a fazê-la rir. É giro de ver as gargalhadas que ela lhe saca com os seus disparates. Ajudou no banho e o jantar também foi ela que deu e no final foi-se embora para a M. ir para a cama. Todo este belo quadro só tem um senão: a minha tia não sabe falar baixo, nem sem algum histerismo à mistura. Penso que esse seja um dos factores motivo da predilecção da minha filha por ela. Aqueles "uhhhss!" e "ohhhhs!" todos divertem-na à grande, mas também a deixam sobre-excitada e extremamente cansada. Já para não falar de mim e do B. que chegamos ao final do dia com a cabeça em água... Depois, à noite, o adormecer é mais complicado e difícil. O que lhe vale é a alegria com que a recebe e brinca com ela.

Concertos para bebés

Desta vez, o instrumento convidado era a flauta. Com músicas ao tom do Kusturica, fomos assistindo ao espectáculo pacificamente. Sempre achei que a M. iria disparar palco afora assim que soubesse gatinhar, mas afinal enganei-me. Fica o tempo todo em pé, encostada a nós, neste caso o pai, e assiste a tudo com um ar muito atento. Neste concerto, teve a sorte de ficar ao pé de uma das cantoras, que se foi metendo com ela o tempo todo, proporcionando-lhe um espectáculo mais inter-activo. Até a levou a ver de perto a flauta e mais uma vez se provou que não é nada anti-social: foi sem refilar e nem questionou o facto de ir num colo desconhecido. A flauta a tocar à sua frente teve por consequência um ar muito sério e que nos diverte bastante - faz-me lembrar um boxer com as bochechas realçadas e o lábio inferior a fazer um ligeiro beicinho. O momento esteticamente mais bonito - a bailarina a dançar em pontas com umas bolas luminosas nas mãos - é aquele em que ela mais se fixa. Fica de boca aberta e quase que parece que nem pestaneja... Mais um sucesso, mais uma experiência.

Então e o despertador?

Este domingo era o Concerto para bebés deste mês e nós, como de costume, tínhamos bilhetes para ir ao espectáculo das 10h00. Como a M. acorda todos os dias entre as 7h30 e as 8h00, independentemente da hora de deitar ou do biberão da meia-noite, nem me preocupei em pôr despertador - ela desempenha bem esse papel... No dia anterior, fim-de-semana, acordei às 7h40... Fui-me deitar descansada e ferrei a dormir. Acordei com os seus "dadás" baixinhos e bem-dispostos que vinham do seu quarto. Levantei calmamente a cabeça para espreitar as horas e... 9h58!!! Saltei da cama, fiz o B. saltar da cama e depressa concluímos que àquele concerto já não iriamos. O que nos valeu foi eu trabalhar lá e por isso assistimos ao das 11h30... É mesmo do contra!